Nas últimas semanas muito se comentou a respeito dos dados do censo do IBGE sobre o quadro religioso no Brasil. Entre 2000 e 2010 o grupo denominado de evangélicos foi o que obteve o crescimento mais expressivo: 61,45%. Por outro lado, o grupo de católicos continua decrescendo. É claro que se faz necessário um olhar mais cuidadoso sobre estes números. Enquanto os católicos representam uma denominação (ou instituição) específica, configurando uma relativa unidade, o mesmo não se aplica aos evangélicos. Por evangélico respondem desde adeptos de igrejas neopentecostais até protestantes históricos. E, aqui, existe uma série de questões fundamentais que geralmente passam despercebidos. Por exemplo, entre aqueles que são classificados como evangélicos, existem grupos que possuem uma afinidade maior com os católicos, chegando a desenvolver projetos em conjunto, do que com outros grupos classificados também entre os evangélicos. Logo, seria por demais simplista olhar estes dois movimentos como aqueles que atualmente representam os dois grandes blocos religiosos do país.
Os evangélicos poderiam ser subdivididos em diversas classificações: protestantes históricos – protestantismo de imigração e protestantismo de missão - pentecostais, neopentecostais. E, dentro de cada um destes grupos teríamos ainda uma série de denominações independentes. O que eu gostaria de chamar a atenção aqui, no entanto, é que tanto evangélicos quanto católicos, em última análise, declaram-se cristãos. Portanto, antes de serem grupos opostos deveriam ser parceiros na causa do Evangelho de Jesus Cristo. Olhando por este ponto de vista, daria para dizer que o número de cristãos no Brasil continua o mesmo há muito tempo. Somos hoje quase 87%. Esta é a porcentagem que tem, por exemplo, a Bíblia como texto Sagrado. Considerando que o cristianismo, em sua origem, é um movimento subversivo, de contestação, que não se amolda aos padrões de um mundo injusto, pergunto: onde está este povo? O que estão fazendo? Por que os cristãos parecem fazer tão pouca diferença na política, na sociedade e na cultura brasileira em geral?
Jesus disse que os seus discípulos são sal da terra e luz do mundo (Mateus 5. 13 e 14). Ou os cristãos (católicos e evangélicos) brasileiros ainda não descobriram o que isso significa, ou, declarar-se cristão ainda está longe de significar aquilo a que Jesus estava se referindo por discípulos. É claro que existem, sim, muitos discípulos de Jesus fazendo a diferença por este Brasil afora. Mas, 87%? Não. Nem mesmo 64,6% (Católicos). Infelizmente, pelo que se pode observar, não somos sequer 22,2% (Evangélicos). O IBGE, com suas dificuldades já criticadas por outros, não é capaz de mensurar o número de discípulos que Jesus tem por este Brasil afora. Ao que parece, são poucos. Mas, como o sal, uma pitada já é suficiente para dar um sabor todo especial!
2 comentários:
Rodomar, que ótimo esse texto! Em poucas linhas, vc faz uma reflexão importantíssima!
Obrigada por compartilhar conosco! Posso compartilhar tb?
Suas observações são bem ponderadas e encontram refúgio também no meu entendimento. Há poucas semanas atrás fiz um comentário parecido com uma amiga sobre o trabalho conjunto que deveria ser feito entre os cristãos, independentemente de rótulo denominacional. Enquanto protestantes e católicos "lutam" entre si, o nome de Jesus deixa de ser anunciado. Abrimos nossa boca para nos caluniarmos mutuamente e nos calamos para anunciar Jesus Cristo, O Salvador da humanidade.
Belo texto, parabéns!!
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