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terça-feira, 30 de julho de 2013

“Esculpida em Carrara”

Depois que passamos a ter filhos notamos o quanto as pessoas fazem observações tentando identificar as semelhanças do bebê com seus pais. Enquanto uns encontram mais semelhança com a mãe, outros já veem a imagem do pai. Fato é que cada indivíduo é único, exclusivo, ao mesmo tempo semelhante e alguém diferente. Além de nos parecermos uns com os outros, existe ainda uma semelhança que diz respeito à nossa origem. É natural que um bebê apresente traços físicos e de personalidade que lembram os seus pais. Mas, com origem, refiro-me, ainda a algo mais. Assim como temos o nosso umbigo que lembra que não fomos feitos de e por nós mesmos, o ser humano também sabe que possui uma origem transcendente. Sabemo-nos, consciente ou inconscientemente, conectados a uma origem, a algo que está além, acima, e é maior do que nós. Por isso, nós estamos invariavelmente inclinados a nos conectar com algo, a buscar pelo que nos completa, que nos preencha e dê sentido. Somos, portanto, também portadores de uma imagem e uma semelhança que reflete esta fonte originadora.

Todos nós possuímos as nossas crenças, teorias e explicações para esta origem. E, como nem mesmo as teorias tidas como científicas gozam de aceitação universal, vivemos num mundo onde cada um acredita naquilo que pareça fazer mais sentido. Como cristãos, cremos que a nossa origem está em Deus. Lemos em Gênesis 1. 27 que “criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Existe uma longa tradição de textos e discussões a respeito do que seria essa imagem e semelhança de Deus no ser humano. Não haveria tempo e espaço aqui para fazermos uma exposição exaustiva a respeito. De forma bem resumida, a tradição reformada do cristianismo acredita que temos aí duas coisas, basicamente: 1) que fomos criados para governar sobre a Terra, sobre a boa criação de Deus; 2) Que existe em nós uma origem fora de nós, o que nos torna seres religiosos, adoradores, cultuadores. Assim como o umbigo lembra que nascemos de outro ser humano, a nossa essência religiosa nos leva a concluir que fomos criados por alguém que transcende o mundo que conhecemos.

Para compreender o primeiro ponto, basta verificarmos o quanto somos criativos, seres culturais, que interferem na realidade dando origem a novas coisas. Foi assim que Deus nos criou. É o mandato cultural. As duas questões estão inter-relacionadas, e, o ser humano criado à imagem de Deus é um adorador. Ele busca e necessita da referência transcendente assim como é fundamental para a criança crescer sob a educação, orientação e referencial dos pais. Sem Deus estamos incompletos! Ninguém é capaz de deixar de sentir esta ausência! A nossa tragédia inicia quando achamos que podemos preenchê-la com algo menor que Aquele que deu origem a tudo!

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* Quando falamos que fulano é o pai cuspido e escarrado, queremos dizer que o sujeito em questão é muito parecido com o genitor. E foi também por ser parecida com sua expressão original que o termo “cuspido e escarrado” surgiu. Ele é, na verdade, resultado de alguns mal-entendidos. No Brasil colonial, os barões do café contratavam artistas para esculpirem seus bustos, num sinal de pompa. Para retratar fielmente o barão, era exigido que sua imagem fosse esculpida em mármore de carrara, famosa pedra italiana conhecida por ser o mármore mais duro que existe. A estátua, que ficava realmente muito parecida com o ilustre modelo, deu origem à expressão “esculpida em carrara”. Acontece que, da cozinha, os criados acabaram distorcendo-a para “cuspido e escarrado”. A nova – e bem mais nojenta – versão acabou pegando.

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