Se você participa de uma comunidade cristã há algum tempo já deve ter ouvido alguma vez a história do alpinista que não cortou a corda. Ele buscava superar desafios e resolveu, depois de muita preparação, escalar o monte mais alto de seu país. Partiu sozinho e, a medida que subia foi ficando mais tarde. Como não havia se preparado para acampar, resolveu seguir a escalada. A escuridão cobriu a montanha até que não se via mais absolutamente nada. A lua e as estrelas estavam cobertas pelas nuvens. Quando faltavam cerca de cem metros para atingir o topo, ele escorregou e caiu. Até que, de repente, sentiu um puxão forte que quase o partiu ao meio. Alpinista experiente, havia cravado estacas de segurança com grampos a uma corda fixada na cintura. No silêncio da noite, suspenso pelos ares na escuridão total, restava gritar: 'Oh, meu Deus! Me ajude!' E, uma voz grave e profunda vinda do céu respondeu: 'O que você quer de mim, meu filho?' O alpinista pediu socorro. Ao que a voz perguntou: 'Você realmente acredita que eu posso te salvar?' A resposta foi imediata: 'Eu tenho certeza, meu Deus'. 'Então corte a corda em que está pendurado'... Silêncio. O homem agarrou mais ainda a corda e refletiu. Se fizesse isso morreria. Dois dias depois uma equipe de resgate o encontrou congelado, estava morto. Ele estava a menos de dois metros do chão!
Certamente toda ilustração, assim como as parábolas, possuem suas limitações. Elas servem para transmitir algum princípio ou lição e, portanto, seria tolice querer analisar e questionar todos os seus detalhes. Sem dúvida muitos têm encontrado inspiração nesse relato. Porém, fico pensando se essa mesma história não pode também gerar uma compreensão equivocada sobre a fé. Afinal, a voz que disse 'corte a corda' sabia a que distância o alpinista estava do solo. Por que, então, não dizer tudo? Que tipo de ser se contentaria em simplesmente dizer 'corte a corda' e, por não dar a informação completa, assistir um ser humano congelar aos poucos e morrer de hipotermia?
Muitas vezes temos ouvido também que a fé é 'um salto no escuro'. Dentre os diversos versículos bíblicos utilizados para reforçar esse argumento, um dos principais está em Hebreus 11. 1: "a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos". Ora, se tudo isso significa realmente que a "fé é um passo no escuro", então, tem razão também aqueles que dizem: 'não importa no que você crê, contanto que tenha fé!' Como eu sou daqueles que discordam de ambas as frases, acredito que a fé se baseia em passos firmemente baseados em evidências históricas, como disse Nicky Gumbel. Um filósofo que talvez também tenha influenciado essa idéia de salto no escuro é Soren Kierkegaard ao rejeitar a filosofia racional. A verdade é tomada como mera subjetividade. Acredito, no entanto, acompanhando R. C. Sproul, que "o cristianismo pode conter mistérios e paradoxos, mas não é irracional (...). A Bíblia nos diz para saltarmos das trevas para a luz" e, não o contrário.
Um comentário:
Olá irmão Rodomar,a Paz seja contigo,
Gostei muito das suas palavras,e concordo,ao terminar a leitura saltamos direto para a verdade...
Fé é razão,é culto racional,a Escritura nos adverte incontáveis vezes sobre o buscar entendimento, conhecimento,e sabedoria mais que o ouro...da trevas para luz sempre,e não o contrário...temos que estar sempre dispostos a aceitar que muitas vezes a "luz" que conhecemos pode ser artificial,e que a verdadeira luz precisa ser descoberta pela fé que nos move a pensar,e a discernir entre a verdadeira luz e a falsa luz.
Saltar para luz é uma atitude de fé racional sem dúvidas.
No caso da história do alpinista por exemplo,cortar a corda sem conhecer aquele que assim o orientou poderia ser fatal caso ele estivesse sendo orientado pela falsa luz..."cortar" a corda só quando se conhece realmente aquele que nos guia...
Abraço e fique na paz de Yahushua!
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