Ao lermos o Antigo Testamento, na Bíblia, nos deparamos com um fato que pode soar estranho para os nossos dias. O povo de Israel tinha como hábito sacrificar animais para obter perdão pelos seus pecados. Deus alertou: "não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá" (Gênesis 2.17). Séculos depois o Apóstolo Paulo apenas relembrou que "o salário do pecado é a morte" (Romanos 6.23). O sacrifício de animais, portanto, era uma maneira de o povo expiar os seus pecados. A nossa rebelião e desobediência têm como consequência a morte. Ao sacrificar um animal eles estavam lembrando isso. Essa 'disciplina', digamos assim, ajudou a preparar o caminho para algo maior e definitivo que Deus faria na história.
Eis a essência do Evangelho: "Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3.16). Assim como um animal era morto no lugar de quem realmente pecou, Deus envia o seu próprio filho, Jesus Cristo, que morre definitivamente pelos pecados da humanidade. Esse sacrifício tem dimensões cósmicas e nos reconcilia novamente com Deus. Cristo morre a nossa morte para que possamos desfrutar com Ele a vida na ressurreição. E, isso não é obra nossa, é dom de Deus.
Sem compreender ou não querendo aceitar isso, muitos tem preferido organizar os seus próprios caminhos religiosos em busca de alívio e sentido existencial. Daí nascem as religiões diversas. E, para daí surgirem os mais variados sistemas de exploração e manipulação foi um passo. Os projetos religiosos são arquitetados sobre esquemas de ofertas e sacrifícios. Para estes, a graça é um péssimo negócio. Todo e qualquer esquema religioso que se utiliza e se beneficia de rituais, sacrifícios e ofertas, terá que excluir a graça. Num contexto de exploração e fé mercantilizada, o Evangelho não é bem-vindo.
Lembremos o que aconteceu após Paulo anunciar o Evangelho em Éfeso: "Grande número dos que tinham praticado ocultismo reuniram seus livros e os queimaram publicamente. Calculado o valor total, este chegou a cinquenta mil dracmas" (Atos 19. 19). Sim, a graça elimina todo tipo de esforço humano que equivocadamente achamos necessário para obtermos bênçãos, favores e perdão da parte de Deus. Logo, aqueles que se beneficiam e lucram com os esquemas religiosos, não vão gostar que o Evangelho seja pregado (confira Atos 19. 24-28). A graça elimina a fonte de lucro daqueles que fazem da fé um negócio comercial. O mais importante, porém, é que a graça é libertadora. Deus está plenamente satisfeito comigo por aquilo que Jesus Cristo fez. Pois, por mim mesmo, nada poderia fazer e nem teria a oferecer senão a minha culpa e pecado. "Aquele que não poupou a seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos dará juntamente com ele, e de graça, todas as coisas?" (Romanos 8. 32).
Nenhum comentário:
Postar um comentário