Protestantes do mundo inteiro lembram mais uma vez a Reforma acontecida no século XVI. Muitas instituições cristãs pelo mundo estão se preparando para os 500 anos de Reforma que acontecerá em 2017. Um dos princípios daquela reforma era que a Igreja deve permanecer em constante processo de reforma - Ecclesia reformata et semper reformanda est (igreja reformada sempre se reformando). As ideias de Martim Lutero tornaram-se uma ameaça aos interesses da igreja instituída na época. E, como ele foi expulso, procurou compreender e explicar a verdadeira natureza da igreja, pois a igreja medieval entendia que era ela mesma portadora do poder divino. Isso significava que era a igreja a portadora dos meios de salvação. Logo, ser expulso da igreja era cair em desgraça e ser excluído do próprio reino de Deus.
Foi assim que Lutero falou de igreja visível e igreja invisível. Além das instituições, existe a igreja como corpo místico de Cristo. Isso significa que a igreja como instituição humana (católica, Luterana, Presbiteriana, Assembleia de Deus, etc...) não pode ser identificada como a igreja verdadeira. A igreja é formada por aqueles que creem, a saber, aqueles que formam o corpo de Cristo. Esta somente Deus pode discernir. E, somente o pecado pode nos excluir da Igreja invisível. Quanto à igreja visível, representada pelas instituições, o fato de alguém ser excluído dela não significa, necessariamente, perder a salvação.
Assim, com todas as mudanças em curso, Lutero destacou aquilo que é essencial para o ser cristão e a igreja: a palavra de Deus nas formas da pregação e dos sacramentos do Batismo e da Santa Ceia, a fé, a Bíblia, a oração, o canto comunitário, o amor ao próximo e o sacerdócio gral de todos os cristãos. Sobre esta questão do sacerdócio geral (1 Pedro 2.9) Lutero ficou especialmente feliz, pois encontrou uma fundamentação bíblica contra a ideia de separação entre clero e leigos. Assim, Lutero pode combater com mais convicção a distinção hierárquica na igreja com suas ideias de que ali também existem chefes e superiores. Vê-se, portanto, que passados quase 500 anos, o princípio da igreja reformada sempre se reformando continua bastante necessário. O Evangelho de Jesus Cristo não é dependente e nem se deixa prender por estruturas humanas. O nosso primeiro exercício, portanto, deve ser sempre o de estar atento ao que o Espírito diz à Igreja!
Agradeço a todas as visitas e comentários! Seja bem vindo!!! Que Deus abençoe a tua vida!
terça-feira, 30 de outubro de 2012
terça-feira, 23 de outubro de 2012
O Que é Um Voto Consciente?
Mais um domingo de eleições. É o segundo turno. Assim como a grande maioria dos eleitores eu também gostaria de acreditar que ainda é possível confiar na democracia, na boa intenção dos políticos, e, que algo de substancial poderá acontecer se votarmos com consciência. Não é isso o que todos dizem!? “Vote consciente!”. Não sei se existe voto inconsciente, no entanto, sei que existe muita manipulação, informações distorcidas, campanhas milionárias, agressivas ações de marketing e muita coisa suspeita. Uma conta muito simples é o suficiente para deixar qualquer um desconfiado. Some o valor que um político ganhará em salários pelos próximos quatro anos se eleito e, compare com os valores que ele gastou na campanha. Você verá que tem uma conta aí que não fecha.
Talvez encontremos aqueles que acreditam que um governante cristão ou evangélico seria a solução. Eu já penso que isso não garante nada. Precisamos é de pessoas competentes e comprometidas. O fato de alguém ser cristão ou evangélico não lhe credencia como melhor político ou como alguém que está livre de cair na mesma tentação que qualquer outro. Portanto, não me iludo. O apóstolo Paulo nos chama à realidade: “Não há distinção, pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Romanos 3:22-23). Alguém já disse que a linha entre o bem e o mal não está entre você e eu, mas, passa pelo coração de cada ser humano. Não deveríamos, portanto, nos deixar levar tão facilmente pelas paixões que nos colocam em disputas e campanhas maniqueístas como se tudo fosse apenas “preto e branco”. É emblemático quando ouvimos alguém dizer que está “torcendo” para que determinado candidato vença as eleições ou, quando pessoas comuns chegam a brigar por causa de preferências políticas. Geralmente, estes desconhecem as propostas daquele a quem apoiam, mas, sabem muito bem desqualificar o “inimigo”.
Tive a oportunidade de dizer a um prefeito eleito no último pleito que agora ele ganhará diversos amigos até assumir efetivamente o cargo. E, depois de eleito, ganhará muitos inimigos. Quando os discípulos de Jesus sentiram que se aproximava o momento de tomar o poder (era isso que muitos pensavam que ia acontecer), dois deles vieram com um pedido especial. Um queria estar à direita e outro à esquerda do grande rei quando este finalmente se sentasse no trono. A resposta de Jesus nos ajuda a compreender como as coisas são e como deveriam ser entre aqueles que temem a Deus: "Vocês sabem que os governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. Não será assim entre vocês. Pelo contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo” (Mateus 20:25-26). Quando os nossos políticos compreenderem que foram colocados em seus cargos para servir, então, sim, finalmente teremos governantes dignos e nosso respeito e admiração!
Talvez encontremos aqueles que acreditam que um governante cristão ou evangélico seria a solução. Eu já penso que isso não garante nada. Precisamos é de pessoas competentes e comprometidas. O fato de alguém ser cristão ou evangélico não lhe credencia como melhor político ou como alguém que está livre de cair na mesma tentação que qualquer outro. Portanto, não me iludo. O apóstolo Paulo nos chama à realidade: “Não há distinção, pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Romanos 3:22-23). Alguém já disse que a linha entre o bem e o mal não está entre você e eu, mas, passa pelo coração de cada ser humano. Não deveríamos, portanto, nos deixar levar tão facilmente pelas paixões que nos colocam em disputas e campanhas maniqueístas como se tudo fosse apenas “preto e branco”. É emblemático quando ouvimos alguém dizer que está “torcendo” para que determinado candidato vença as eleições ou, quando pessoas comuns chegam a brigar por causa de preferências políticas. Geralmente, estes desconhecem as propostas daquele a quem apoiam, mas, sabem muito bem desqualificar o “inimigo”.
Tive a oportunidade de dizer a um prefeito eleito no último pleito que agora ele ganhará diversos amigos até assumir efetivamente o cargo. E, depois de eleito, ganhará muitos inimigos. Quando os discípulos de Jesus sentiram que se aproximava o momento de tomar o poder (era isso que muitos pensavam que ia acontecer), dois deles vieram com um pedido especial. Um queria estar à direita e outro à esquerda do grande rei quando este finalmente se sentasse no trono. A resposta de Jesus nos ajuda a compreender como as coisas são e como deveriam ser entre aqueles que temem a Deus: "Vocês sabem que os governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. Não será assim entre vocês. Pelo contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo” (Mateus 20:25-26). Quando os nossos políticos compreenderem que foram colocados em seus cargos para servir, então, sim, finalmente teremos governantes dignos e nosso respeito e admiração!
terça-feira, 9 de outubro de 2012
Venha o Teu Reino
No texto que apresenta o Cristo transfigurado vemos que o desejo de Pedro era permanecer naquele monte: “Que grande momento! Que tal se eu construísse três memoriais aqui na montanha – um para o senhor, um para Moisés e um para Elias?” (Mateus 17.4). Jesus, no entanto, não embarca na empolgação de seu discípulo. O filho de Deus não permanece alheio ao que acontece no sopé da montanha. Seu lugar não é no alto, sendo idolatrado por quem gostaria de coloca-lo em tendas, templos, pedestais, memoriais. Jesus não aceita ser adorado como um ídolo indiferente à realidade. Ele não deseja ser cultuado numa relação vertical, alheio ao mundo e suas dores. Jesus não se prende a lugares, ele é guiado pelo amor às pessoas. Jesus não deseja ser reverenciado como quem resplandece como um Deus, mas, espera que confiemos nele para vivermos como agentes do seu reino ali onde nós estamos.
Jesus não se importa muito com o espetacular. Ele nos encontra no ordinário, nas nossas lutas diárias. Ali, ao pé da montanha, os outros nove discípulos já haviam esgotado seus recursos. Fizeram de tudo e nada conseguiram para ajudar àquele pai com o seu filho. Podemos imaginar os dias difíceis que a família daquele jovem passava com ele nessa situação. Não podiam descuidar um minuto. O menino se feria, se jogava ao chão e até no fogo. Tinha convulsões. Quem de nós não conhece situações assim, de dor, de desespero, de angústia e opressão? Jesus se aproxima e o pai do menino relata os acontecimentos. Jesus não faz nenhum espetáculo público com a dor e o sofrimento daquela família. Jesus age discreta e objetivamente. Jesus removeu a montanha, desceu a montanha... encontrou-se com a realidade de dor e sofrimento, comoveu-se, compadeceu-se e, assim, o reino de Deus se manifestou afastando as trevas. Eis o verdadeiro milagre.
Lá no alto, tudo era normal. Lá não houve nenhum milagre. Aquilo lá era a realidade do reino na sua plenitude. Lá embaixo, não. Ali o reino se manifestou contra os poderes infernais. Um contraste se fez visível! Onde o reino de Deus se manifesta, o reino das trevas precisa recuar. Ainda não nos é dado o direito de permanecermos no monte. De vivermos a plenitude do reino. Ainda estamos vivendo dois reinos sobrepostos. Enquanto isso, oremos “venha o teu reino” e, nos empenhemos como agentes deste reino! O reino ainda não é pleno, mas os seus sinais estão por toda parte.
Jesus não se importa muito com o espetacular. Ele nos encontra no ordinário, nas nossas lutas diárias. Ali, ao pé da montanha, os outros nove discípulos já haviam esgotado seus recursos. Fizeram de tudo e nada conseguiram para ajudar àquele pai com o seu filho. Podemos imaginar os dias difíceis que a família daquele jovem passava com ele nessa situação. Não podiam descuidar um minuto. O menino se feria, se jogava ao chão e até no fogo. Tinha convulsões. Quem de nós não conhece situações assim, de dor, de desespero, de angústia e opressão? Jesus se aproxima e o pai do menino relata os acontecimentos. Jesus não faz nenhum espetáculo público com a dor e o sofrimento daquela família. Jesus age discreta e objetivamente. Jesus removeu a montanha, desceu a montanha... encontrou-se com a realidade de dor e sofrimento, comoveu-se, compadeceu-se e, assim, o reino de Deus se manifestou afastando as trevas. Eis o verdadeiro milagre.
Lá no alto, tudo era normal. Lá não houve nenhum milagre. Aquilo lá era a realidade do reino na sua plenitude. Lá embaixo, não. Ali o reino se manifestou contra os poderes infernais. Um contraste se fez visível! Onde o reino de Deus se manifesta, o reino das trevas precisa recuar. Ainda não nos é dado o direito de permanecermos no monte. De vivermos a plenitude do reino. Ainda estamos vivendo dois reinos sobrepostos. Enquanto isso, oremos “venha o teu reino” e, nos empenhemos como agentes deste reino! O reino ainda não é pleno, mas os seus sinais estão por toda parte.
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
Entre o Topo e o Sopé da Montanha
No capítulo 17 do Evangelho de Mateus encontramos duas cenas narradas em sequência com as quais me ocupei a refletir um pouquinho. O primeiro cenário deste texto é o alto de um monte. Ali Jesus é transfigurado. Três do grupo dos doze discípulos estão com Jesus neste monte. Os outros nove estão em algum lugar lá embaixo tendo que lidar com o pedido de um pai que busca ajuda para o seu filho endemoninhado. Enquanto Pedro, Tiago e João contemplavam o Jesus transfigurado, os outros nove testemunhavam as forças do próprio satanás. Enquanto lá no alto a visão que os três têm é do céu se abrindo, lá embaixo os outros tinham um pedido de socorro em meio à aflição, o desespero, a dor. Lá no alto, a visão do paraíso, lá embaixo, a manifestação dos poderes das trevas. Num lugar, a paz, o sobrenatural que aponta para o reino de Deus. Noutro, a limitação, a impotência, a incredulidade.
Pedro, um dos três que estava com Jesus no alto da montanha, logo percebe o contraste. Ele sabe como são as coisas no sopé da montanha. Por isso, não se contém: “Senhor, é bom estarmos aqui...” Mais do que isso, Pedro se dispõe a construir algumas tendas, criar um memorial, quem sabe, e poder permanecer por ali mesmo. Se os outros nove soubessem como estavam as coisas lá em cima, certamente também desejariam estar lá, provavelmente apoiando Pedro em sua ideia. Sendo sincero, talvez eu também optasse pelo alto do monte, longe dos dramas, das lutas, dos conflitos, do sofrimento, da dor, da injustiça do mundo. Porém, se não temos a montanha, o perigo que corremos é a tentação de fazer do templo, da igreja, dos seus programas, um monte artificial, uma ficção onde nos refugiarmos da realidade. E, se Jesus não aparece resplandecente, se não temos visões, nós as fabricamos. É difícil para nós admitir que, como crentes, a vida é “lá (aqui?) embaixo”, entre pais desesperados, mães aflitas, gritos de horror e a presença do próprio demônio.
O fato é que nós estamos aqui. Embora, seja verdade, que não devemos nos contentar com a realidade como ela se apresenta: com suas dores, sofrimento e injustiça. E, Jesus mostra isso ao deixar novamente a sua glória, descer do monte, repreender o demônio e libertar aquele menino. As trevas não devem prevalecer. Não devemos, jamais, nos conformar. Por enquanto, pelo menos, a vida do cristão é “aqui embaixo”, sem perder a consciência de que o Jesus transfigurado, do monte, também está aqui. Jesus permitiu àqueles três discípulos serem fortalecidos na certeza de onde eles devem se ancorar. Mesmo que depois da mais esplendorosa experiência, algumas palavras caiam como um balde de água fria: “Vamos descer!”
Pedro, um dos três que estava com Jesus no alto da montanha, logo percebe o contraste. Ele sabe como são as coisas no sopé da montanha. Por isso, não se contém: “Senhor, é bom estarmos aqui...” Mais do que isso, Pedro se dispõe a construir algumas tendas, criar um memorial, quem sabe, e poder permanecer por ali mesmo. Se os outros nove soubessem como estavam as coisas lá em cima, certamente também desejariam estar lá, provavelmente apoiando Pedro em sua ideia. Sendo sincero, talvez eu também optasse pelo alto do monte, longe dos dramas, das lutas, dos conflitos, do sofrimento, da dor, da injustiça do mundo. Porém, se não temos a montanha, o perigo que corremos é a tentação de fazer do templo, da igreja, dos seus programas, um monte artificial, uma ficção onde nos refugiarmos da realidade. E, se Jesus não aparece resplandecente, se não temos visões, nós as fabricamos. É difícil para nós admitir que, como crentes, a vida é “lá (aqui?) embaixo”, entre pais desesperados, mães aflitas, gritos de horror e a presença do próprio demônio.
O fato é que nós estamos aqui. Embora, seja verdade, que não devemos nos contentar com a realidade como ela se apresenta: com suas dores, sofrimento e injustiça. E, Jesus mostra isso ao deixar novamente a sua glória, descer do monte, repreender o demônio e libertar aquele menino. As trevas não devem prevalecer. Não devemos, jamais, nos conformar. Por enquanto, pelo menos, a vida do cristão é “aqui embaixo”, sem perder a consciência de que o Jesus transfigurado, do monte, também está aqui. Jesus permitiu àqueles três discípulos serem fortalecidos na certeza de onde eles devem se ancorar. Mesmo que depois da mais esplendorosa experiência, algumas palavras caiam como um balde de água fria: “Vamos descer!”
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