O leitor mais atento deve ter notado que temos refletido um mesmo tema numa série que iniciou junto com o ano de 2013. Chegamos ao décimo nono texto tratando a respeito de um tema central na vida das pessoas: a vontade de Deus. Não que todas as pessoas fazem desta uma preocupação central em suas vidas. O que queremos dizer é que este é um tema central, quer saibamos disso ou não. A existência de uma Lei Moral pode ser notada mesmo antes de se reivindicar que por trás dela esteja o Deus da tradição judaico-cristã. No entanto, com muito mais propriedade que eu jamais conseguiria fazer, prefiro indicar ao leitor que busque a companhia de um dos maiores autores cristãos do século XX.
Nos últimos dias comecei a reler Cristianismo Puro e Simples de C. S. Lewis. Além desta que é uma obra magnifica, este pensador irlandês deixou um legado que vale a pena conhecer. Textos como Cartas de Um Diabo a Seu Aprendiz, A Abolição do Homem, O Grande Abismo e muitos outros marcaram uma geração de cristãos pelo mundo. Professor de literatura medieval e renascentista, C. S. Lewis ficou mais conhecido no Brasil graças a uma de suas obras que também vem sendo adaptada para o cinema: As Crônicas de Nárnia. Ateu durante boa parte de sua vida, Lewis rendeu-se à fé cristã numa busca séria e racional que durou algum tempo. No livro Surpreendido Pela Alegria ele relata em uma biografia espiritual essa jornada de volta ao pleno cristianismo.
Voltando ao nosso tema, tomo a liberdade de indicar a leitura de Cristianismo Puro e Simples para todos que desejam buscar maior aprofundamento. Na primeira parte da obra, Lewis aborda o certo e o errado como chaves para a compreensão do sentido do universo. Para ele, “os seres humanos, em todas as regiões da Terra, possuem a singular noção de que devem comportar-se de certa maneira, e, por mais que tentem, não conseguem se livrar dessa noção”. As pessoas sabem “que na prática não se comportam dessa maneira. Os homens conhecem a Lei natural e transgridem-na. Esses dois fatos são o fundamento de todo pensamento claro a respeito de nós mesmos e do universo em que vivemos” (Cristianismo Puro e Simples, versão em português pela Martins Fontes, 2009. p. 12). Lewis vai abordar ainda algumas objeções que questionam se tal moralidade não seria apenas um instinto gregário ou fruto de uma convenção social. Trata-se, portanto de uma leitura bastante útil na companhia deste sábio pensador que nos desafia a enxergar a realidade para além dos fatos. Afinal, além de tudo o que nós - seres humanos - fazemos, sabemos que muitas vezes o nosso comportamento deveria ser diferente.
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