Já argumentamos que seguir as leis de Deus é antes uma questão de bom senso do que mera religiosidade sem sentido. Mas, isso não seria destituir o nosso comportamento de qualquer senso de moralidade para um mero pragmatismo? Eu prefiro utilizar a escada ou o elevador para descer um prédio. Será que ao agir assim em vez de simplesmente saltar lá de cima eu estaria mesmo buscando seguir a vontade de Deus? Ou, opto por isso simplesmente porque é melhor para a minha saúde e segurança? Quando eu me importo com as árvores porque ao derrubá-las sei que as cidades ficarão mais poluídas eu não estaria alegando apenas um motivo egoísta? É claro que geramos sofrimento para nós mesmos e para os outros quando violamos a verdade de Deus. Mas, o cristão não age somente por razões pragmáticas. A base de nossa ação é que Deus existe e fez todas as coisas. Amar o próximo, respeitar a natureza, zelar por nossa cidade não é algo em si mesmo. Tudo o que existe tem o direito de ser conforme a ordem criada por Deus. Muito mais do que bom senso, pragmatismo ou medo, é uma questão de confiança irrestrita!
Talvez você argumente que agora estamos entrando em contradição. Afirmamos que viver segundo a vontade de Deus não se trata apenas de motivo religioso. E, agora, dizemos que devemos viver segundo a vontade de Deus simplesmente porque Deus existe. O fato é que há uma maneira como Deus fez todas as coisas e é esta a realidade que temos diante de nós. Exatamente isso. É uma questão de fé. Mas, não uma fé na fé. Mas uma fé em algo objetivo, que pode ser observado, analisado, estudado, testado. Não estou falando de fantasmas ou coisas de algum outro mundo fictício. O que temos é o mundo em que vivemos e que Deus criou para que vivêssemos nele. Qualquer outra explicação para o mundo e a realidade terá seu próprio fundamento que é tão ou mais religioso. A honestidade intelectual exige, no entanto, que consideremos e comparemos todas as visões para ver qual é a mais coerente. Não se trata, portanto, de uma religiosidade arbitrária.
A fé cristã não teme a dúvida, as perguntas e nem mesmo a ciência. Aliás, a ciência moderna é fruto do empreendimento de muitos pensadores cristãos. Os cristãos creem na existência do mundo real. Um mundo que está aí e que pode ser investigado, estudado, pesquisado. Crenças que consideram tudo irreal ou ilusório, ou que acreditam que tudo está possuído de espíritos, não aceitam interferir. Ou porque é perda de tempo ocupar-se com o irreal ou porque não devem profanar os espíritos. Os cristãos, no entanto, creem que a criação é confiada aos seres humanos para que cuidemos e cultivemos. Podemos e devemos interferir. E, assim, desenvolvemos cultura e fazemos ciência. Não significa que temos a capacidade de saber tudo. Mas, também não significa que sejamos incapazes de saber algo.
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