No seu livro A Criação Restaurada o professor de filosofia Albert M. Wolters faz uma afirmação intrigante. “Se os seus atos não se afinam com as suas crenças, você tende a mudar os seus atos ou as suas crenças. Você não conseguirá manter a sua integridade (ou saúde mental) por muito tempo se não fizer um esforço para resolver o conflito” (Albert M. Wolters - A Criação Restaurada, p. 16). Jesus Cristo certa vez falou sobre essa questão da coerência nos seguintes termos: “Vocês os reconhecerão por seus frutos. Pode alguém colher uvas de um espinheiro ou figos de ervas daninhas?” (Mateus 7.16). Pode ser que não dê para mudar um espinheiro fazendo-o de repente produzir figos ou uvas. Mesmo os enxertos possibilitados pelos avanços científicos são ainda capazes de uma mudança essencial. No entanto, o que os Evangelhos ensinam e, no que Wolters concorda, é que nós, seres humanos, podemos mudar. A questão é: queremos?
Obviamente ninguém é 100% coerente em tudo. Nossas idéias mudam, as nossas opiniões mudam. É bom que seja assim. Afinal, uma das virtudes do ser humano é a sua capacidade de aprendizado e adaptação. E, é exatamente essa nossa capacidade que não deveria ser colocada de lado também na hora de refletir sobre as grandes questões da existência. Quando crianças já nos questionamos sobre a vida, Deus e o Universo. Somos questionadores. Vivemos em busca. Normalmente não nos satisfazemos com respostas simplistas. No entanto, sobre algumas questões essenciais há quem defenda a idéia de que simplesmente ‘é melhor não discutir’. Ou seja, fazer de conta que não existe. Um exemplo é o velho ditado que diz que “Futebol, Política e Religião não se discute”. Nada mais incoerente. Basta ver a realidade para constatar que são estes exatamente os temas mais discutidos.
É isso o que Wolters e os Evangelhos estão dizendo. E, o raciocínio lógico também irá confirmar. O ser humano tende a organizar a sua vida de modo que o resultado seja coerente com aquilo que ele acredita. Esta crença será composta de questões desde as mais subjetivas até as mais objetivas. Porém, o que ocorre em nossa época é que para sustentar um discurso que nos faça parecer sofisticados e afinados com o pensamento corrente, preferimos deixar a coerência de lado e repetir falácias, mesmo que para isso tenhamos que quebrar as regras da lógica. Ou seja, sustentamos certas crenças da boca pra fora, mas que são desmentidas por nosso estilo de vida! E sabem o que é mais curioso? Achamos tudo isso normal! E, ainda nos surpreendemos com as neuroses de uma sociedade cada vez mais afundada na crise moral.
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