O século atual ficou marcado em seu início por um evento que tornou popular uma palavra que até então era menos comum. Desde o onze de setembro de 2001 a palavra fundamentalismo é frequente nos diversos meios de comunicação, livros e universidades. Mas, afinal, o que é o fundamentalismo? De início, eu diria que é apenas mais um daqueles rótulos que alguém cria para taxar aquele que acredita em algo diferente que eu, pois defende pontos de vista contrários aos meus e milita em causas sobre as quais eu discordo. O fundamentalista se opõe ao meu modo de pensar e ousa manifestar sua visão diferente.
Portanto, vejo o termo como algo mais do que simplesmente uma palavra a ser usada para se referir à crença na interpretação literal dos livros sagrados. Como o seu surgimento se deu no protestantismo do sul dos Estados Unidos no século XIX, é mais utilizado no contexto religioso. Assim, ficaram conhecidos como fundamentalistas aqueles que rejeitavam o liberalismo teológico da época. Hoje, basta alguém defender algum valor ou princípio com base em sua crença para ser chamado de fundamentalista. No entanto, fundamentalismo passou a ser atribuído também a movimentos de caráter étnico, econômico e político.
A raiz do termo nos remete às palavras fundamento e origem. Logo, fundamentalista seria alguém que recorre aos fundamentos e às origens daquilo em que acredita ser essencial em sua fé. Assim, fundamentalismo seria algo diferente de fanatismo. Dizem, por exemplo, que alguém é capaz de trocar de parceiro, de religião, de partido, mas, jamais de time de futebol. O fanático segue uma doutrina, um partido, uma religião ou uma ideologia cegamente. Ele simplesmente toma algo como verdade e não aceita discutir a razoabilidade daquilo que abraçou. O fanatismo é capaz de levar uma pessoa ao exagero. Enquanto um fundamentalista ainda é capaz de buscar pelas origens de sua fé e deixar-se confrontar por ideias diferentes, o fanático declara que “futebol, política e religião não se discutem”. Com isso ele está dizendo que não importa se existe algo mais razoável ou coerente sobre aquele assunto no mundo, ele já fez a sua escolha e não está disposto a sequer considerar outros pontos de vista. Neste caso, sequer a possibilidade de diálogo ou debate é possível. O fanático não escuta, ele apenas fala, não aprende, ensina.
É claro que ninguém precisa me apresentar argumentos razoáveis para me persuadir a torcer por outro time de futebol. Este é um tema que não merece a importância que muitas vezes damos a ele. No entanto, em questão de fé, a coisa é, não só importante, mas, fundamental, sim. Pois assim como se crê, é como se vive. O resultado do meu estilo de vida é uma consequência daquilo em que acredito. Portanto, aquilo em que eu acredito não é tanto o que expresso com meu discurso, mas com a minha vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário