Sempre houve tentativas de apresentar Jesus de uma forma “adaptada”. É o que o teólogo anglicano John Stott chama de “tentativas de modernizar Jesus”. Se por um lado esta pode parecer uma iniciativa nobre buscando a relevância de Jesus Cristo para o presente, por outro, há também o risco ou mesmo o esforço deliberado de falsificar totalmente a sua imagem. Ao colocar Jesus em nossa própria roupagem acabamos perdendo de vista sua característica judaica do primeiro século. O fato, porem, é que Jesus não é apenas uma figura mística ou mítica de uma religião qualquer. Estamos falando de uma pessoa real, que viveu num determinado lugar do planeta num determinado período da história. Se os esforços visam nos aproximar desse Jesus a partir de estudos e pesquisas sérias para então perguntar o que ele tem a dizer para os nossos dias, então, o esforço é louvável.
Em seu importante livro Ouça o Espírito, Ouça o Mundo, Stott lista diferentes retratos de Jesus que ilustram as tentativas de moldar um Cristo com apelo contemporâneo. Temos o Jesus asceta que se abstém das coisas do mundo e inspirou os monges e eremitas; o Jesus como pálido galileu, com uma auréola celestial, retratado na arte medieval e vitrais; o Cristo cósmico que governa tudo acima de todos mas, alienado do mundo real; Jesus como o mestre do senso comum, inteiramente humano e nada divino, um mestre moral; o Jesus palhaço de Godspell, o jovem descomprometido que não quer saber de nada sério; o Jesus fundador dos negócios modernos, um verdadeiro garoto propaganda, forte e bronzeado, um líder de convicção ardente que conhece o segredo do sucesso; o Jesus economista que recomenda distribuição igualitária que, para alguns é capitalista, promotor da livre empresa e, para outros, é socialista, um verdadeiro revolucionário; o Jesus lutador da liberdade, um guerrilheiro urbano que vira as mesas dos mercadores.
Enfim, poderíamos acrescentar ainda as diversas encenações, representações mais contemporâneas que se faz apresentando Jesus como um homem casado, com filhos, um Jesus gay, um Jesus negro ou índio, etc. Sem falar das distorções de teologias contemporâneas que apresentam um Jesus que legitime as intenções de seus líderes. Tudo isso seria legítimo se Jesus jamais tivesse existido. Se ele fosse realmente apenas uma lenda, um mito a alimentar a religiosidade de cada um. No entanto, não é o caso. Quer gostemos ou não, houve um Jesus real. A história o comprova. Sua influência no mundo é indiscutível. O simples fato de contarmos os anos como fazemos é prova desta influência. Ao desejar ‘feliz ano novo’ na virada de 2012 para 2013 você estará admitindo a influencia de Jesus no mundo. Estaremos no ano 2013 A.D. que vem do latim “anno Domini” (no ano do Senhor) ou, simplesmente d.C., depois de Cristo. Embora não tenhamos como seguir com uma completa neutralidade em nosso olhar para Jesus, podemos, sim, escutar a Palavra de Deus numa busca humilde e reverente pelo verdadeiro Jesus.
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