Tempos difíceis! Como diria Cícero: "O tempora, o mores" (Que tempos os nossos! E que costumes!). Por um lado o patrulhamento do politicamente correto deixando tudo mais chato, mais afetado, mais hipócrita! Por outro lado, o cinismo e a indiferença que oprimem, gerando ainda mais incredulidade e acomodação. Todos parecem enxergar o que está errado. Todos denunciam as mazelas e a corrupção. Desde a mais alta cúpula do governo até donas de casa histéricas que espancam seus cachorrinhos, nada escapa às timelines de nossas páginas do Facebook. Se por um lado parece que não se pode dizer mais nada, por outro, se fala até demais. Vulgarização total! Superficialidade e pseudointelectualismo arrotados aos cântaros. Mendigamos um curtir ou, quem sabe, um compartilhar que eleve a nossa autoestima. Frases de autores que nunca lemos, imagens com causas que sequer compreendemos, divulgação da vida privada que vai desde o que comemos no café da manhã até onde estamos no momento (se for um aeroporto ou lugar turístico, melhor, claro!).
Não. Não quero escrever uma mera crítica às redes sociais. Elas até que tem o seu lado positivo. O problema, mais uma vez, somos nós, seres humanos. É a direção que damos para as coisas, ou seja, a maneira como decidimos usá-las que é a questão. Portanto, vida longa às redes sociais e a tudo que elas tem de bom! Vida longa também a nós, seres humanos, para que tenhamos mais tempo para aprender a viver! Uma coisa, no entanto, continua incomodando. Quanto menos tolerância para com os pensamentos mais profundos, quanto menos reflexão e leitura, mais se multiplicará a mediocridade e o lugar comum. O problema é que não é necessário nenhum esforço para se acostumar com o medíocre. Basta deixar a vida te levar. Se você anda de bicicleta, imagine a diferença entre pedalar um caminho morro acima e outro morro abaixo. Se pudéssemos, faríamos sempre estradas que tivessem somente descidas! É claro que este é um absurdo ilógico. Mas quem ainda se preocupa com lógica ou coerência!?
Tudo aquilo que exige esforço e disciplina é impopular. Ler e ver um filme, por exemplo, não tem graça se não for por diversão. Logo, não temos mais “saco” para as coisas chatas que podem nos ensinar algo. Até mesmo escrever mais um texto para este espaço é enfadonho às vezes. Como evitar que isto seja notado? Uma contradição? Esconder nos tempos em que queremos revelar tudo (ou, quase tudo!)!? Não. Ninguém quer se mostrar como realmente é, ou, como realmente se sente. O importante é ser. Mas, se não dá, a gente faz parecer que é.
“Terminando mais um texto para o meu blog” (:
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