O dia dezessete de junho de 2013 ficará para a história como aquele em que o Brasil acordou mais uma vez. Manifestações por todo o país tomaram conta das manchetes. A televisão não consegue mais ter o mesmo poder de distorcer os fatos. A internet e as redes sociais parecem começar a mostrar a sua força. Entre as diversas frases em cartazes erguidos por jovens podia se ler um que dizia: “saímos do Facebook!” Outra marca deste momento é o repúdio demonstrado contra os partidos políticos. Embora algumas bandeiras de partidos pudessem ser vistas, os protestantes em geral as hostilizavam. Em Belo Horizonte a letra de uma canção estampava outro cartaz: “o meu partido é um coração partido”. Enquanto nas grandes cidades do país milhares saem às ruas, na internet, no rádio e na televisão “especialistas” são entrevistados e chamados a dar sua opinião sobre o momento. Embora ainda não se saiba ao certo quais serão as consequências práticas de toda esta mobilização, o Brasil chamou a atenção do Mundo com algo mais que samba, mulatas e futebol.
Os governantes, num país democrático, são eleitos para cargos específicos e devem atender a objetivos bem concretos. Quando estes não cumprem aquilo para o que foram eleitos, a população tem todo o direito de se manifestar. A violência e o vandalismo devem ser repudiados. Dentre as expectativas pelo desdobramento das manifestações vislumbra-se um ano de eleições em 2014. Será que tudo isso repercutirá nas urnas? Pois é fato que muitos dos que hoje ocupam cargos nas diversas esferas de poder precisam ser retirados de lá. As vultosas quantias de dinheiro que são desviados com a corrupção poderiam garantir melhores condições de saúde, educação, segurança e transporte. Aliás, o discurso sobre a falta de recursos para estas questões básicas em contraste com os bilhões gastos para construir estádios suntuosos Brasil afora, soou como um despertador para um país que repousava em berço esplêndido.
A revolução dos vinte centavos extrapolou para uma pauta mais ampla. O perigo é se perder em generalizações e questões intangíveis que dispersam. Também não faltarão aqueles para se aproveitar do momento. Muitos oportunistas tentando se promover à custa! É quase impossível evitar algumas anomalias deste tipo bem como aqueles que saem para depredar o patrimônio público. Existe um risco sempre presente em grandes aglomerações. Mas, se o movimento ainda não mobilizou ao patamar das “Diretas Já” de 1984 ou dos “Caras Pintadas” pelo impeachment de Fernando Collor em 1992, é fato que a mobilização popular volta a pressionar. A primeira eleição direta após a ditadura não foi imediata. E, quando ocorreu, elegeu Collor. Estaríamos demonstrando que estamos aprendendo mais algumas lições sobre democracia?
Nenhum comentário:
Postar um comentário