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sexta-feira, 3 de junho de 2016

Mídia e Relacionamentos

Desde a popularização da televisão já se ouvia que as pessoas deixaram de sentar-se frente a frente para sentarem-se todos voltados para uma tela. Com isso, a crítica é de que a família e as relações humanas sofreram forte influencia da mídia. Todos teriam perdido algo em termos de intimidade, interação e comunhão. Mal sabiam estes que algo ainda mais radical viria. A rede mundial de computadores, o advento das redes sociais e toda a concentração disso num pequeno aparelho que cabe nos nossos bolsos, revolucionariam ainda mais as relações humanas. Nem mesmo uma família unida num sofá em frente à televisão existe mais. Hoje, cada um pode estar no seu quarto ou em qualquer outro lugar deslizando os dedos sobre um smartphone enquanto os ouvidos estão tapados, afastando ainda mais o indivíduo da realidade imediata.
Poderíamos cair facilmente na tentação de tomar tudo isso numa perspectiva meramente negativa. Realmente não se pode negar a fragmentação, a superficialidade e o egocentrismo exacerbado. No entanto, as novas tecnologias também tem trazido uma boa contribuição. Familiares distantes encontram facilidades para manter contato. Em tempo real as pessoas se comunicam com quem está do outro lado do planeta. Amigos que haviam ficado no passado, de repente, se reencontram pelas redes sociais. Existe, portanto, uma perspectiva que permite observar que a mesma tecnologia que afasta as pessoas umas das outras pode, também, aproximar. A questão, mais uma vez, parece estar muito mais em nós mesmos do que nas coisas externas que gostamos de culpar. O problema estaria menos nas coisas em si do que na utilização que fazemos delas.
A criação de Deus foi avaliada por ele mesmo como sendo algo bom, muito bom (Gênesis 1.31). Os primeiros versos das escrituras nos revelam que também a humanidade foi criada sob tal avaliação. Mais do que isso, esta humanidade foi criada com a responsabilidade de dar continuidade à criação. Dominar, subjugar, dar nome, cuidar e cultivar configuram apenas algumas das ações com as quais Deus nos incumbiu. Dentre outras coisas a nossa capacidade criativa reflete a imagem e semelhança de Deus com a qual fomos criados. Mediante tal compromisso e responsabilidade, cabe a nós darmos prosseguimento no desenvolvimento cultural sobre a terra. E, a história revela que é exatamente isso que tem ocorrido. Basta olhar à nossa volta para enxergarmos as maravilhas que a humanidade trouxe à realidade.
Seria de se esperar que o ser humano criado por Deus, fosse capaz de imprimir sobre a obra de suas mãos a mesma beleza, justiça e verdade reveladas na boa criação de Deus. Basta, porém, um passeio pelas ruas, uma olhada no noticiário, para constatarmos que isso não corresponde à realidade. O que foi que aconteceu? Depois do relato a respeito de toda a criação de Deus vem o relato da queda. A rebelião do ser humano que se achou autossuficiente o bastante para abrir mão do seu criador. Logo, as pessoas passaram a forçar sobre a ordem da criação de Deus uma direção que não mais estava em consonância com o belo, o justo e o correto. O potencial criativo não foi perdido. Mas, agora, cada um reflete em sua vida a vaidade, a cobiça, a ganância, a sede pelo poder e dominação. Enfim, a beleza foi manchada, a justiça se corrompeu, a mentira se tornou padrão. Vemos, portanto, que a postura de transgressão é praticamente natural ao ser humano. O perigo está em louvar tais posturas sem nos darmos conta de que podemos estar dando vazão a algo que já se tornou um vício.
Como cristãos, sabemos também, no entanto, que Deus não deixou as coisas assim. Jesus Cristo é aquele que se encarnou para a redenção de todas as coisas (Colossenses 1.19-20). Depois que compreendemos qual é a nossa verdadeira identidade bem como de quem somos súditos, entendemo-nos livres para retomar os propósitos de Deus revelados no livro de Gênesis. Enfim, podemos redirecionar nosso empreendimento, nossa vocação, nosso trabalho, nosso labor cultural pelos padrões estabelecidos lá na criação. A televisão é uma coisa boa. A internet é uma coisa boa. As redes sociais são coisa boa. O aparelho celular é uma coisa boa. Tudo isso revela a capacidade humana de refletir a imagem de Deus com a qual fomos criados. Continuamos criativos, cultivamos coisas novas. O problema, no entanto, é que vivemos sob os efeitos da queda e do pecado. Imprimimos sobre as boas obras de nossas mãos uma direção destrutiva, maléfica, alienante. Mas, será que era para ser assim? Claro que não. Logo, como cristãos, conscientes da realidade, podemos fazer uma diferença real neste mundo. Basta que tomemos o controle de nossas vidas e nos demos conta de que nenhum outro controle pode ser mais forte do que a nossa vontade de viver para a glória de Deus. Aquele que conhece o seu criador perguntará pelos seus padrões para viver neste mundo de forma a sinalizar a realidade de outro reino.
Um dos desafios da vida cristã consiste em ser capaz de olhar para o mundo com discernimento. Um discernimento que possibilita celebrar a beleza e a justiça, mas, que ao mesmo tempo, lamenta a corrupção e toda a injustiça. Em que e em quem nós temos prestado atenção em nossos dias? Somos todos passíveis das mais diversas influencias. A pós-modernidade e toda a sua rede de informações e entretenimento facilita ainda mais que romancistas, dramaturgos, jornalistas, artistas, atletas e cantores populares tornem-se verdadeiros legisladores invisíveis do mundo, como diria o ensaísta e médico psiquiatra Theodore Dalrymple. O quão crítico temos sido diante de tudo o que temos visto e ouvido? O cristão não se rende aos padrões de um mundo caído e imerso na corrupção.
O desafio para nós cristãos, portanto, não consiste na alienação. Tampouco está em apenas tecer críticas ácidas e rejeitar toda a cultura à nossa volta. Existe muito mais de beleza, justiça e verdade a celebrar do que mal a lamentar. Já sabemos qual será o final, portanto, vivamos hoje pela perspectiva da consumação. É vontade de Deus que vivamos neste mundo desfrutando de toda a maravilha da criação. Que existe maldade e injustiça, portanto, não surpreende aquele que conhece qual o potencial corrupto de seu próprio coração. É o apóstolo Paulo quem nos deixa uma orientação sucinta que aponta para o padrão: “irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês. Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:1-2). Em nossos relacionamentos bem como no uso que fazemos de toda a tecnologia à nossa disposição, a orientação é a mesma. Não se amoldem, mas, questionem, investiguem, avaliem tudo e retenham aquilo que edifica. Usar a mente e o senso crítico é fundamental para que possamos conhecer a Deus e viver dentro de sua vontade que sempre foi, permanece e sempre será boa, agradável e perfeita!
O Deus que te redimiu e te reconciliou com Ele mesmo no sacrifício de Jesus Cristo deseja o restabelecimento também de nosso relacionamento em todas as demais dimensões da vida. Quem vive em paz com o seu Deus se reconciliará também com a criação deste Deus, com o próximo e, inclusive, consigo mesmo. Deus nos libertou para isto. Desfrute e cuide do ambiente em que Deus te colocou. Dê uma nova direção para a tua relação com o mundo que Deus criou. Da mesma maneira, imprima uma nova direção para os teus relacionamentos. Você pode ir ao encontro do outro, romper as limitações, erguer os olhos, tirar os fones, trocar o toque de uma tela fria por um abraço quente e apertado. O Deus que se encarnou em Jesus Cristo foi além das tecnologias da época e se colocou ao lado de seus discípulos. Não se trata somente de substituir uma coisa pela outra, mas, de integrar uma realidade maior e mais profunda à experiência da vida. Mude também o jeito de lidar com você mesmo. Reconcilie-se com a sua história, aceite quem você é e deixe que Deus trabalhe aquelas coisas que ainda precisam de cura e reconciliação.
Ninguém melhor do que aquele que te fez para ajudar você a viver uma vida mais plena e cheia de sentido. Além de toda a criatividade que há em nós, também a iniciativa e a capacidade de reordenar as coisas são um reflexo da imagem e da semelhança do Deus que nos criou. É uma questão de referenciais. Julgar tudo pelos padrões do criador e não o contrário. Quando as vozes da moda nos moldam mais do que a vontade de Deus, então, seremos reféns das circunstâncias de uma realidade fragmentada e sem qualquer referencial. Saibamos, portanto, que é Deus, o criador, que estabelece tanto os limites como as responsabilidades e a própria liberdade!

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