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quinta-feira, 25 de outubro de 2018

A Missão de Deus e Uma Hermenêutica Missional

Um dos livros mais importantes sobre o tema da missão publicados nos últimos anos é, sem dúvida, A Missão de Deus, do autor Christopher J. H. Wright. Para aqueles que vem procurando uma maneira de compreender a missionalidade da igreja, certamente esta obra servirá de grande proveito.

O objetivo de Wright, neste livro, consiste em “desenvolver uma abordagem da interpretação bíblica que veja a missão de Deus (e a participação do povo de Deus nela) como uma estrutura na qual podemos ler a Bíblia toda”. Portanto, Wright inicia propondo o que ele chama de uma hermenêutica missional. Mais do que usar a bíblia para buscar nela fragmentos que possam motivar e fundamentar a missão da igreja, ele propõe que a própria bíblia deve ser compreendida à luz da missão de Deus. Logo, Wright destaca que é necessário partir de uma concepção de missão que seja mais ampla do que meramente aquela que a compreende como envio e atividades humanas.

O termo missional vem se tornando popular no meio eclesiástico brasileiro nos últimos anos. Para o autor do A Missão de Deus, "missional seria um adjetivo que denota, “simplesmente, alguma coisa relacionada à missão ou caracterizada por ela, ou que tem qualidades, atributos ou dinâmicas da missão”. A bíblia, assim, é apresentada não tanto como fundamento da missão, mas, sim, um produto da missão de Deus.

O livro de Wright, então, a partir desta perspectiva missional da bíblia, aborda temas como: O propósito para o qual a bíblia existe; O Deus que a bíblia retrata para nós; O povo cujas identidade e missão a bíblia nos convida a compartilhar; A história que a bíblia conta sobre esse Deus e esse povo (o mundo inteiro e o futuro).

Ainda em defesa de uma hermenêutica missional, com base em Lucas 24.45, Wright defende que “o próprio Jesus forneceu a coerência hermenêutica dentro da qual todos os discípulos devem ler” os textos bíblicos do AT, “isto é, à luz da história que conduz para Cristo (leitura messiânica) e da história que prossegue a partir de Cristo (leitura missional)”. Portanto, quando homens e mulheres se deparam com o Deus missionário da Bíblia e se compreendem como povo da missão de Deus, o resultado é uma igreja missional. Deus, e não a igreja, é o tema e a fonte da missão.

As prioridades da missão devem estar centradas em Deus. Uma hermenêutica missional seria, portanto, aquela que compreende “o cânon inteiro das Escrituras” como “um fenômeno missional, no sentido de que é testemunha do movimento desse Deus que se doa à própria criação, bem como de nós seres humanos criados à imagem de Deus, mas errantes e iníquos”. A Bíblia é o resultado da missão suprema de Deus. A existência da Bíblia é uma evidência do amor de Deus por sua criação. “O próprio texto bíblico é resultado da missão em ação”, conclui Wright. Os textos bíblicos são documentos forjados enquanto a missão de Deus acontecia.

Poderíamos expor várias citações interessantes que o livro apresenta, tais como: “a nossa hermenêutica missional deriva da pressuposição de que a Bíblia como um todo conta a história da missão de Deus, por meio do povo de Deus, em seu envolvimento com o mundo de Deus, em prol de toda a criação de Deus”.

Há um Deus a quem podemos conhecer e a quem adoramos. Há uma história da qual fazemos parte. Sabemos a que povo nós pertencemos. Como devemos viver? Qual é a nossa missão? A missão não é uma agência humana, mas, propósito supremo de Deus; Mais do que empreendimentos humanos, missão ou missões tem a ver com o propósito de Deus na história; É preciso superar a visão de mundo antropocêntrica por uma cosmovisão teocêntrica. “A salvação pertence ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro” (Apocalipse 7.10).

Fica, assim o desafio por uma perspectiva que desafia velhos paradigmas: “...não é que Deus tenha sim uma missão para a sua igreja no mundo, mas que Deus tenha uma igreja para a sua missão no mundo. A missão não foi criada para a igreja; a igreja foi criada para a missão - a missão de Deus”.

Deus, de forma extraordinária, nos envolve em sua missão.

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Graça Barata x Graça Preciosa

No dia 4 de fevereiro de 1906, em Breslau na Alemanha, nasceu uma criança que seria batizada com o nome de Dietrich Bonhoeffer. Teve uma irmã gêmea, Sabine e, ainda, outros numa casa com oito filhos.  Aquele menino cresceu, formando-se em teologia em Berlim, em 1927. Logo descobriria que as coisas se tornariam difíceis em seu país.

Dietrich tornou-se um pastor luterano e professor universitário. Doutorou-se em teologia pela Universidade de Berlim. Quando a ameça nazista já começava a ser identificada por muitos como uma ameça, Bonhoeffer surgiu como oponente ao sistema de Hitler. Foi membro fundador da Igreja Confessante, contrária à política nazista.

Junto com outros teólogos, Bonhoeffer foi um dos mentores e signatários da Declaração de Barmen, uma confissão contendo seis teses contra a ideologia nazista. Bonhoeffer foi preso em Abril de 1943 por ajudar judeus a fugirem para a Suíça. Em 9 de Abril de 1945, três semanas antes que as tropas aliadas libertassem o campo, foi enforcado, junto com um irmão e dois cunhados.

As diversas publicações deixadas por Bonhoeffer podem ser hoje encontradas e lidas também em português. Num destes livros, cujo título traduzido é "Discipulado", este pastor tematiza, na introdução, a importância de discernir entre a graça preciosa e a graça barata. Assim, a graça barata seria a compreensão da justificação do pecado. Já a graça preciosa seria a compreensão da justificação do pecador. Em suas palavras, “a graça barata é a graça que nós dispensamos a nós próprios”. Sem dúvida um entendimento que a igreja de nossos dias ganharia em resgatar e compreender.

Como motivação para aprofundamento e estudo da obra de Dietrich Bonhoeffer, deixo mais uma citação de sua pena:

A graça barata é a pregação do perdão sem arrependimento, é o batismo sem a disciplina comunitária, é a Ceia do Senhor sem confissão dos pecados, é a absolvição sem confissão pessoal. A graça barata é a graça sem discipulado, a graça sem a cruz, a graça sem Jesus Cristo vivo, encarnado

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