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quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Que Tempos os Nossos!

Vivemos um tempo em que até mesmo aquilo que dizemos é policiado. Nada mais pode ser criticado. Ou se leva tudo para o lado pessoal ou o autor da crítica é rapidamente taxado de acordo com sua fala. Desqualifica-se a pessoa em detrimento do conteúdo de seu argumento. Se o posicionamento não concorda com o que eu penso, então vem de um intolerante, fundamentalista, retrógrado, etc... Aliás, se há ainda um grupo o qual é permitido criticar, humilhar e caricaturar, estes são os cristãos. Não escapa ninguém, desde católicos até evangélicos. Basta uma olhada rápida na internet para ver as notícias de morte e perseguição em lugares mais longínquos como também nas telenovelas expostas em nossas salas.

Em 2012, a chanceler alemã Angela Merkel irritou defensores dos direitos humanos quando, em uma palestra, afirmou que o “Cristianismo é a religião mais perseguida do mundo”. Percebe-se, portanto, que nem mesmo defender-se é um direito tolerado quando se trata daqueles que são considerados “o mal do ocidente”. Infelizmente, esta é uma tendência que parece estar em ascensão. Também no Brasil existem movimentos e articulações políticas que cada vez mais desejam calar os cristãos impedindo-os de fazer uso dos meios que sempre tiveram para propagar a sua fé. Sob o disfarce da laicidade, repete-se à exaustão o mantra de que “o estado é laico” para propor medidas estapafúrdias como retirar das cédulas de Real a frase “Deus Seja Louvado”. Pseudo intelectuais lançam suas palavras ao vento, discipulando uma população deixada na ignorância. Dissemina-se, assim, uma neurose coletiva onde quem pode fala e quem teme cala.

Jesus não foi pregado na cruz por ser politicamente correto. Ele não foi morto por bajular aqueles que estavam sentados nos tronos do poder. O mestre de Nazaré não foi crucificado por preocupar-se em impor uma política niveladora de aparências. O que desagradou a elite política e religiosa da época foi exatamente o caráter subversivo e autêntico de Cristo. Alguém que não mediu as consequências quando lançou mão do chicote para expulsar do templo os mercenários da fé. Jesus foi aquele que não pensou duas vezes ao chamar os líderes religiosos de hipócritas, sepulcros caiados, enfeitados na aparência, mas podres por dentro. Jesus também não se intimidou diante de Herodes e Pilatos, os representantes do poder político instituído. Eles, que eram inimigos, até tornaram-se amigos diante da prisão de Jesus. Conchavos típicos deste meio. E, quando não tinham mais do que acusar Jesus, Pilatos foi democrático. Apelou para a voz do povo. E, fez-se a sua vontade: "Crucifica-o! Crucifica-o!" (Lucas 23. 21).

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O alvorecer da graça Salvadora


 "Glórias fluem de um paraíso distante 
Anfitriões celestiais cantam 
Aleluia Cristo, 
o Salvador, nasce"

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Jesus, O Cristo e os Genéricos

Sempre houve tentativas de apresentar Jesus de uma forma “adaptada”. É o que o teólogo anglicano John Stott chama de “tentativas de modernizar Jesus”. Se por um lado esta pode parecer uma iniciativa nobre buscando a relevância de Jesus Cristo para o presente, por outro, há também o risco ou mesmo o esforço deliberado de falsificar totalmente a sua imagem. Ao colocar Jesus em nossa própria roupagem acabamos perdendo de vista sua característica judaica do primeiro século. O fato, porem, é que Jesus não é apenas uma figura mística ou mítica de uma religião qualquer. Estamos falando de uma pessoa real, que viveu num determinado lugar do planeta num determinado período da história. Se os esforços visam nos aproximar desse Jesus a partir de estudos e pesquisas sérias para então perguntar o que ele tem a dizer para os nossos dias, então, o esforço é louvável.

Em seu importante livro Ouça o Espírito, Ouça o Mundo, Stott lista diferentes retratos de Jesus que ilustram as tentativas de moldar um Cristo com apelo contemporâneo. Temos o Jesus asceta que se abstém das coisas do mundo e inspirou os monges e eremitas; o Jesus como pálido galileu, com uma auréola celestial, retratado na arte medieval e vitrais; o Cristo cósmico que governa tudo acima de todos mas, alienado do mundo real; Jesus como o mestre do senso comum, inteiramente humano e nada divino, um mestre moral; o Jesus palhaço de Godspell, o jovem descomprometido que não quer saber de nada sério; o Jesus fundador dos negócios modernos, um verdadeiro garoto propaganda, forte e bronzeado, um líder de convicção ardente que conhece o segredo do sucesso; o Jesus economista que recomenda distribuição igualitária que, para alguns é capitalista, promotor da livre empresa e, para outros, é socialista, um verdadeiro revolucionário; o Jesus lutador da liberdade, um guerrilheiro urbano que vira as mesas dos mercadores.

Enfim, poderíamos acrescentar ainda as diversas encenações, representações mais contemporâneas que se faz apresentando Jesus como um homem casado, com filhos, um Jesus gay, um Jesus negro ou índio, etc. Sem falar das distorções de teologias contemporâneas que apresentam um Jesus que legitime as intenções de seus líderes. Tudo isso seria legítimo se Jesus jamais tivesse existido. Se ele fosse realmente apenas uma lenda, um mito a alimentar a religiosidade de cada um. No entanto, não é o caso. Quer gostemos ou não, houve um Jesus real. A história o comprova. Sua influência no mundo é indiscutível. O simples fato de contarmos os anos como fazemos é prova desta influência. Ao desejar ‘feliz ano novo’ na virada de 2012 para 2013 você estará admitindo a influencia de Jesus no mundo. Estaremos no ano 2013 A.D. que vem do latim “anno Domini” (no ano do Senhor) ou, simplesmente d.C., depois de Cristo. Embora não tenhamos como seguir com uma completa neutralidade em nosso olhar para Jesus, podemos, sim, escutar a Palavra de Deus numa busca humilde e reverente pelo verdadeiro Jesus.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Entre o Fanatismo e as Questões Fundamentais

O século atual ficou marcado em seu início por um evento que tornou popular uma palavra que até então era menos comum. Desde o onze de setembro de 2001 a palavra fundamentalismo é frequente nos diversos meios de comunicação, livros e universidades. Mas, afinal, o que é o fundamentalismo? De início, eu diria que é apenas mais um daqueles rótulos que alguém cria para taxar aquele que acredita em algo diferente que eu, pois defende pontos de vista contrários aos meus e milita em causas sobre as quais eu discordo. O fundamentalista se opõe ao meu modo de pensar e ousa manifestar sua visão diferente.

Portanto, vejo o termo como algo mais do que simplesmente uma palavra a ser usada para se referir à crença na interpretação literal dos livros sagrados. Como o seu surgimento se deu no protestantismo do sul dos Estados Unidos no século XIX, é mais utilizado no contexto religioso. Assim, ficaram conhecidos como fundamentalistas aqueles que rejeitavam o liberalismo teológico da época. Hoje, basta alguém defender algum valor ou princípio com base em sua crença para ser chamado de fundamentalista. No entanto, fundamentalismo passou a ser atribuído também a movimentos de caráter étnico, econômico e político.

A raiz do termo nos remete às palavras fundamento e origem. Logo, fundamentalista seria alguém que recorre aos fundamentos e às origens daquilo em que acredita ser essencial em sua fé. Assim, fundamentalismo seria algo diferente de fanatismo. Dizem, por exemplo, que alguém é capaz de trocar de parceiro, de religião, de partido, mas, jamais de time de futebol. O fanático segue uma doutrina, um partido, uma religião ou uma ideologia cegamente. Ele simplesmente toma algo como verdade e não aceita discutir a razoabilidade daquilo que abraçou. O fanatismo é capaz de levar uma pessoa ao exagero. Enquanto um fundamentalista ainda é capaz de buscar pelas origens de sua fé e deixar-se confrontar por ideias diferentes, o fanático declara que “futebol, política e religião não se discutem”. Com isso ele está dizendo que não importa se existe algo mais razoável ou coerente sobre aquele assunto no mundo, ele já fez a sua escolha e não está disposto a sequer considerar outros pontos de vista. Neste caso, sequer a possibilidade de diálogo ou debate é possível. O fanático não escuta, ele apenas fala, não aprende, ensina.

É claro que ninguém precisa me apresentar argumentos razoáveis para me persuadir a torcer por outro time de futebol. Este é um tema que não merece a importância que muitas vezes damos a ele. No entanto, em questão de fé, a coisa é, não só importante, mas, fundamental, sim. Pois assim como se crê, é como se vive. O resultado do meu estilo de vida é uma consequência daquilo em que acredito. Portanto, aquilo em que eu acredito não é tanto o que expresso com meu discurso, mas com a minha vida.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Princípios e Valores

Deus criou homem e mulher segundo a sua própria imagem. Uma pessoa, enquanto indivíduo, é imagem de Deus. Um casal, no entanto, é ainda mais completo nessa questão. “Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gênesis 1:27). Em outras palavras, Deus nos criou macho e fêmea. Não se trata, portanto, apenas de uma questão religiosa qualquer quando defendemos o casamento e a união heterossexual, mas, de uma questão inata à nossa natureza. É desta união que é possível a ordem seguinte do “crescei e multiplicai-vos”. E, engana-se quem, aqui, acha que estamos defendendo a relação sexual apenas para procriação.

 A família é criação de Deus e é a única e mais elevada organização dos relacionamentos humanos. Reconhecer isso é enxergar na família o seu propósito divino que é contrário à poligamia, à prostituição, o divórcio, o adultério, a homossexualidade, a esterilidade e a falta de diferenciação dos papéis de homem e mulher. É claro que os nossos filhos não serão criados numa redoma. Eles terão amigos, irão á escola, estarão em contato com a cultura à sua volta. E, é assim que deve ser. No entanto, a maneira como eles se relacionarão com esta realidade, o quanto influenciarão ou serão influenciados, dependerá da base recebida no núcleo familiar em que crescem e são educados.

Uma família nasce do vínculo sagrado entre um homem e uma mulher. “O homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne” (Gênesis 2:24). Não se trata de mera convenção social. Não é apenas um aspecto cultural a ser respeitado ou tolerado. O que é eterno é eterno. O que está instituído na criação pede, no mínimo, bom senso. No entanto, existem apenas duas opções: a obediência à vontade promulgada por Deus ou a desobediência, mesmo que este segundo caminho possua diversos desdobramentos e possibilidades. Mas, isso não muda o fato de que continua sendo pecado, é errar o alvo, é rebelião, é a busca por viver segundo a minha própria vontade mesquinha, egoísta e autorreferente. Os resultados desse tipo de rebelião podem ser vistos por toda parte. E, não será o investimento em educação, o crescimento econômico, a construção de mais presídios, etc., que resolverão o problema da delinquência, das drogas, do álcool e da violência em geral. Mas, tão somente o arrependimento sincero diante de Deus; a busca e submissão pelo padrão de Deus para a sociedade edificada sobre a célula familiar.

Avaliemos as nossas crenças e práticas. Está na hora de voltarmos aos valores, princípios e padrões divinos para viver, não como insensatos que confiam em si mesmos, mas, como sábios que buscam no Senhor a edificação de suas vidas! “Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores! Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite” (Salmos 1:1-2).

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Família e Sociedade

A agenda antifamília que está em curso no Brasil trás, entre outras, algumas propostas como: a retirada do termo ‘Pai’ e ‘Mãe’ de certidões de nascimento e demais documentos de identificação. As expressões “pai” e “mãe” devem ser substituídas por “filiação”; a legalização do aborto até a décima segunda semana de gestação; os termos ‘família’ e ‘casamento’ também estão sob ataque e, pela primeira vez na história, nos vemos diante da necessidade de (re)definir o significado dessas palavras. Alguns argumentam que estas são medidas superficiais ou culturais que estão ganhando força em todo mundo, no entanto, o fato é que trata-se de algo bem mais sério e profundo. É um sintoma do quanto a nossa geração está se distanciando de Deus e dos valores e princípios por Ele estabelecidos.

Mais do que uma questão cultural, esta é uma questão espiritual. E, isso é diferente de dizer que esta é apenas uma questão religiosa, como muitos gostam de argumentar. Taxar uma opinião como ‘religiosa’ é uma estratégia bastante utilizada com a intenção de calar a boca daqueles que se erguem pelos princípios e valores na sociedade. Pois assim, acreditam estar colocando as coisas no devido lugar, lembrando a todos que os religiosos são obscurantistas, retrógrados e ignorantes. E, que se estes têm opiniões diferentes, deveriam manter seus pontos de vista no âmbito privado, dentro de suas religiões ou suas casas. As consequências da religião de cada um, porém, não podem ser trancadas entre quatro paredes. Os valores e princípios como a fidelidade, o casamento, a disciplina dos filhos, o respeito mútuo, a vida devocional, etc, não são apenas elementos de um ritual religioso sem sentido. Mas, questões fundamentais que mantém a saúde de uma sociedade.

 Além da obediência a Deus e à ordem da criação, o viver segundo a vontade de Deus é demonstração de sabedoria, cujos frutos podemos experimentar em nossos lares e também são testemunho para o mundo à nossa volta. É claro que não podemos ser ingênuos. O que temos visto ao longo da história é a manifestação constante da rebelião humana contra Deus e a sua ordem. E, o pecado atinge também os lares cristãos. Mas, é fato que um serviço deliberado com ataques à família e aos valores tradicionais tem ganhado cada vez mais força, com mobilização política, através da mídia e da militância de grupos que querem impor a sua própria visão na sociedade, não admitindo qualquer possibilidade de estarem perpetuando uma deturpação, imoralidade ou promiscuidade. O resultado que esse tipo de ideologia acaba gerando é perceptível. Mediante esta realidade, torna-se cada vez mais urgente o estudo sério das Escrituras e a obediência ao padrão absoluto de Deus. O que a Bíblia nos ensina sobre a vontade de Deus para a família?

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Esse Cara Sou Eu

Davi já era rei sobre Israel quando teve um caso extraconjugal com uma mulher chamada Bate-Seba. Para tê-la, Davi fez uso de seus poderes como rei e mandou o marido de Bate-Seba juntar-se ao exército que estava guerreando contra a cidade de Rabá. A ordem de Davi para o seu comandante foi clara: "Ponha Urias na linha de frente e deixe-o onde o combate estiver mais violento, para que seja ferido e morra" (2 Samuel 11:15). Fatalmente, aconteceu o pior, o marido de Bate-Seba morreu flechado. “Passado o luto, Davi mandou que a trouxessem para o palácio; ela se tornou sua mulher e teve um filho dele” (2 Samuel 11:27).

É depois deste episódio que o profeta Natã confronta o poderoso rei contando-lhe uma pequena estória: "Dois homens viviam numa cidade, um era rico e o outro, pobre. O rico possuía muitas ovelhas e bois, mas o pobre nada tinha, senão uma cordeirinha que havia comprado. Ele a criou, e ela cresceu com ele e com seus filhos. Ela comia junto dele, bebia do seu copo e até dormia em seus braços. Era como uma filha para ele. Certo dia, um viajante chegou à casa do rico, e este não quis pegar uma de suas próprias ovelhas ou do seus bois para preparar-lhe uma refeição. Em vez disso, preparou para o visitante a cordeira que pertencia ao pobre" (2 Samuel 12:1-4). Davi ficou muito indignado com esse desfecho e disse que aquele que fez isso foi injusto e teria que pagar. Qual não foi a surpresa ao ouvir de Natã a seguinte resposta: "Você é esse homem!”(2 Samuel 12:7).

 Mentiroso, promíscuo, egoísta...! Este é Davi. Mas, abaixemos o dedo, esse também sou eu! Por mais que erremos, no entanto, não perdemos a capacidade de discernir bem e mal, o certo e o errado. A capacidade de indignar-se mostra que Davi continua com algum senso de justiça. Davi, que tinha tudo que podia desejar. Deus o fez rei sobre Israel e nada lhe faltava. Mesmo assim, deixou-se levar cometendo injustiça com adultério, mentiras e assassinato. É impressionante como um erro pode nos levar fatalmente a outro. Uma mentira exige outra mentira maior na tentativa de encobrir o erro anterior. Logo nos vemos envolvidos numa rede da qual não conseguimos mais sair. E, o pior, é que o nosso pecado fatalmente acaba atingindo e prejudicando também a outros. Por isso, pensemos duas vezes antes de acharmos que tudo o que fazemos é apenas “um problema meu!” Jesus que nos conhece bem, já alertava os discípulos: "Vigiem e orem para que não caiam em tentação” (Mateus 26:41). Viver segundo a vontade de Deus não é apenas seguir cegamente as leis de um Deus caprichoso. Mas, é viver como alguém que compreendeu o que significam as palavras de Cristo quando disse: “amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros” (João 13:34). O amor pensa primeiro no bem do outro e não em autossatisfação a qualquer preço!

terça-feira, 13 de novembro de 2012

O Semeador

Neste mundo nos deparamos todos os dias com coisas maravilhosas. Lugares fantásticos como a Cascata do Caracol em Canela-RS; o esplendor do pôr do sol do Guaíba em Porto Alegre; a beleza do sul da França retratada em importantes obras de Van Gogh; a música de Johann Sebastian Bach; os incríveis aparelhos eletrônicos com seus múltiplos recursos... Por que tudo isso está aqui? De onde vieram todas estas coisas? Nenhuma pessoa com algum bom senso diria que é acaso ou sorte. Para tudo aquilo que existe a partir da engenhosidade humana ninguém responderia que veio do nada, da sorte ou do acaso. Essa resposta é permitida apenas para as coisas maiores, como o Planeta, o Universo e, até para o próprio ser humano.

Quando se sobe a qualquer ponto mais alto no norte do estado do Espírito Santo é possível contemplar os montes e rochas imensos no horizonte. Dos morros mais próximos com suas plantações de café e pastagens até as rochas mais longínquas. A tonalidade vai passando cada vez mais do verde para o azul. Se eu fosse poeta poderia descrever melhor, sem dúvida, o que significava, na minha adolescência, contemplar a formação de uma tempestade ao longe nessas paisagens. Sentia-se a chuva antes mesmo dela chegar. O cheiro de terra molhada é simplesmente inconfundível. Os dias quentes de verão suavizados pela brisa no alto de uma mangueira com seus frutos bem ali, ao alcance das mãos! A percepção clara da presença de Deus! O semeador estava a semear...!

Contemplando a natureza, as paisagens do campo, a simplicidade dos panoramas rurais, de repente nos sentimos diante de verdadeiras parábolas da Criação. O mundo natural, diferente do que muitos possam pensar, ajudam a iluminar o evangelho. É “quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que ali firmaste”, declama o salmista, que “pergunto: Que é o homem, para que com ele te importes? E o filho do homem, para que com ele te preocupes?” (Salmos 8:4). Se não acreditamos que as maravilhosas obras de nossas mãos sejam fruto de mero acaso, como deduzir assim de todo esplendor à nossa volta? Fico imaginando o que estava diante de Davi, inspirando-o quando compôs o Salmo 19: “Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos. Um dia fala disso a outro dia; uma noite o revela a outra noite...” (Salmos 19:1-2). O que levou às conclusões de Paulo: “desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas” (Romanos 1:20). O semeador continua a semear...!

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O Próprio Umbigo

Costuma-se dizer do egoísta que ele vive em torno do próprio umbigo. O egoísta seria aquele sujeito ingrato que não reconhece que já foi ajudado por alguém. É aquele que acredita ser merecedor de tudo o que já fizeram por ele. Olhar para o meu próprio umbigo me remete ao verão do ano de 1976. Foi num dia 1º de fevereiro no ainda distrito de Vila Valério, norte do estado do Espírito Santo. Não que eu seja capaz de lembrar-me do dia em que eu nasci. Apenas sei o que me contaram. Com a vida, no entanto, aprendi que as pessoas não são encontradas em bananeiras no fundo do quintal. Nem mesmo são trazidas por cegonhas ou coisas assim. Olhar para o meu próprio umbigo deveria ser não tanto uma expressão do meu egoísmo, mas, um sinal, uma lembrança de que eu jamais me faria sozinho. Não precisamos do umbigo para ser egoístas, simplesmente o somos. É o umbigo, portanto, que me ajuda a ser menos ensimesmado.

Fui gerado, cuidado, carregado, alimentado, feito durante nove meses dentro do corpo de outra pessoa. Não há como eu compreender a minha vida senão como graça. Não escolhi existir. Hoje, não escolheria não existir. Outra expressão comum relacionada ao umbigo é utilizada quando as pessoas querem falar de independência ou autonomia: cortei o cordão umbilical. Lembro também, de há alguns anos, ter conhecido a mulher que serviu de parteira e auxiliou a minha mãe quando eu precisava nascer. Nem isso eu fiz, foi alguém outro que precisou cortar o cordão. Sim, quando olho para o meu próprio umbigo lembro a minha origem. É um sinal. Todos nós temos um umbigo. Ele me faz entoar com o salmista: “Ah, sim! Tu me moldaste por dentro e por fora; tu me formaste no útero de minha mãe. Obrigado, grande Deus – é de ficar sem fôlego! Corpo e alma, sou maravilhosamente formado! Eu te louvo e te adoro – que criação! Tu me conheces por dentro e por fora, conheces cada osso do meu corpo. Sabes exatamente como fui feito: aos poucos; como fui esculpido: do nada até ser alguma coisa. Como um livro aberto, tu me viste crescer desde a concepção até o nascimento; todos os estágios da minha vida foram exibidos diante de ti” (Salmo 139. 13-15).

Gratidão. Sim, a Deus, aos meus pais e a tantos outros sem os quais eu não estaria aqui. Quando olho para o meu umbigo, posso fazê-lo, sim, por puro egoísmo. Essa pode ser uma expressão utilizada para lembrar a minha verdadeira natureza que é egocêntrica, rebelde, ingrata. Refletir melhor sobre o umbigo, no entanto, pode ajudar-nos exatamente naquilo que sempre de novo precisamos. Não foi para o egoísmo e a ingratidão que fomos criados, nem é nisto que está a nossa felicidade. Assim, declaro também com o salmista: “Sê o meu Senhor! Sem ti, nada faz sentido” (Salmo 16. 2). Olhar para o meu umbigo ajuda-me a lembrar de onde e de quem eu vim!

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Sempre em Reforma

Protestantes do mundo inteiro lembram mais uma vez a Reforma acontecida no século XVI. Muitas instituições cristãs pelo mundo estão se preparando para os 500 anos de Reforma que acontecerá em 2017. Um dos princípios daquela reforma era que a Igreja deve permanecer em constante processo de reforma - Ecclesia reformata et semper reformanda est (igreja reformada sempre se reformando). As ideias de Martim Lutero tornaram-se uma ameaça aos interesses da igreja instituída na época. E, como ele foi expulso, procurou compreender e explicar a verdadeira natureza da igreja, pois a igreja medieval entendia que era ela mesma portadora do poder divino. Isso significava que era a igreja a portadora dos meios de salvação. Logo, ser expulso da igreja era cair em desgraça e ser excluído do próprio reino de Deus.

Foi assim que Lutero falou de igreja visível e igreja invisível. Além das instituições, existe a igreja como corpo místico de Cristo. Isso significa que a igreja como instituição humana (católica, Luterana, Presbiteriana, Assembleia de Deus, etc...) não pode ser identificada como a igreja verdadeira. A igreja é formada por aqueles que creem, a saber, aqueles que formam o corpo de Cristo. Esta somente Deus pode discernir. E, somente o pecado pode nos excluir da Igreja invisível. Quanto à igreja visível, representada pelas instituições, o fato de alguém ser excluído dela não significa, necessariamente, perder a salvação.

Assim, com todas as mudanças em curso, Lutero destacou aquilo que é essencial para o ser cristão e a igreja: a palavra de Deus nas formas da pregação e dos sacramentos do Batismo e da Santa Ceia, a fé, a Bíblia, a oração, o canto comunitário, o amor ao próximo e o sacerdócio gral de todos os cristãos. Sobre esta questão do sacerdócio geral (1 Pedro 2.9) Lutero ficou especialmente feliz, pois encontrou uma fundamentação bíblica contra a ideia de separação entre clero e leigos. Assim, Lutero pode combater com mais convicção a distinção hierárquica na igreja com suas ideias de que ali também existem chefes e superiores. Vê-se, portanto, que passados quase 500 anos, o princípio da igreja reformada sempre se reformando continua bastante necessário. O Evangelho de Jesus Cristo não é dependente e nem se deixa prender por estruturas humanas. O nosso primeiro exercício, portanto, deve ser sempre o de estar atento ao que o Espírito diz à Igreja!


terça-feira, 23 de outubro de 2012

O Que é Um Voto Consciente?

Mais um domingo de eleições. É o segundo turno. Assim como a grande maioria dos eleitores eu também gostaria de acreditar que ainda é possível confiar na democracia, na boa intenção dos políticos, e, que algo de substancial poderá acontecer se votarmos com consciência. Não é isso o que todos dizem!? “Vote consciente!”. Não sei se existe voto inconsciente, no entanto, sei que existe muita manipulação, informações distorcidas, campanhas milionárias, agressivas ações de marketing e muita coisa suspeita. Uma conta muito simples é o suficiente para deixar qualquer um desconfiado. Some o valor que um político ganhará em salários pelos próximos quatro anos se eleito e, compare com os valores que ele gastou na campanha. Você verá que tem uma conta aí que não fecha.

Talvez encontremos aqueles que acreditam que um governante cristão ou evangélico seria a solução. Eu já penso que isso não garante nada. Precisamos é de pessoas competentes e comprometidas. O fato de alguém ser cristão ou evangélico não lhe credencia como melhor político ou como alguém que está livre de cair na mesma tentação que qualquer outro. Portanto, não me iludo. O apóstolo Paulo nos chama à realidade: “Não há distinção, pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Romanos 3:22-23). Alguém já disse que a linha entre o bem e o mal não está entre você e eu, mas, passa pelo coração de cada ser humano. Não deveríamos, portanto, nos deixar levar tão facilmente pelas paixões que nos colocam em disputas e campanhas maniqueístas como se tudo fosse apenas “preto e branco”. É emblemático quando ouvimos alguém dizer que está “torcendo” para que determinado candidato vença as eleições ou, quando pessoas comuns chegam a brigar por causa de preferências políticas. Geralmente, estes desconhecem as propostas daquele a quem apoiam, mas, sabem muito bem desqualificar o “inimigo”.

Tive a oportunidade de dizer a um prefeito eleito no último pleito que agora ele ganhará diversos amigos até assumir efetivamente o cargo. E, depois de eleito, ganhará muitos inimigos. Quando os discípulos de Jesus sentiram que se aproximava o momento de tomar o poder (era isso que muitos pensavam que ia acontecer), dois deles vieram com um pedido especial. Um queria estar à direita e outro à esquerda do grande rei quando este finalmente se sentasse no trono. A resposta de Jesus nos ajuda a compreender como as coisas são e como deveriam ser entre aqueles que temem a Deus: "Vocês sabem que os governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. Não será assim entre vocês. Pelo contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo” (Mateus 20:25-26). Quando os nossos políticos compreenderem que foram colocados em seus cargos para servir, então, sim, finalmente teremos governantes dignos e nosso respeito e admiração!

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Venha o Teu Reino

No texto que apresenta o Cristo transfigurado vemos que o desejo de Pedro era permanecer naquele monte: “Que grande momento! Que tal se eu construísse três memoriais aqui na montanha – um para o senhor, um para Moisés e um para Elias?” (Mateus 17.4). Jesus, no entanto, não embarca na empolgação de seu discípulo. O filho de Deus não permanece alheio ao que acontece no sopé da montanha. Seu lugar não é no alto, sendo idolatrado por quem gostaria de coloca-lo em tendas, templos, pedestais, memoriais. Jesus não aceita ser adorado como um ídolo indiferente à realidade. Ele não deseja ser cultuado numa relação vertical, alheio ao mundo e suas dores. Jesus não se prende a lugares, ele é guiado pelo amor às pessoas. Jesus não deseja ser reverenciado como quem resplandece como um Deus, mas, espera que confiemos nele para vivermos como agentes do seu reino ali onde nós estamos.

Jesus não se importa muito com o espetacular. Ele nos encontra no ordinário, nas nossas lutas diárias. Ali, ao pé da montanha, os outros nove discípulos já haviam esgotado seus recursos. Fizeram de tudo e nada conseguiram para ajudar àquele pai com o seu filho. Podemos imaginar os dias difíceis que a família daquele jovem passava com ele nessa situação. Não podiam descuidar um minuto. O menino se feria, se jogava ao chão e até no fogo. Tinha convulsões. Quem de nós não conhece situações assim, de dor, de desespero, de angústia e opressão? Jesus se aproxima e o pai do menino relata os acontecimentos. Jesus não faz nenhum espetáculo público com a dor e o sofrimento daquela família. Jesus age discreta e objetivamente. Jesus removeu a montanha, desceu a montanha... encontrou-se com a realidade de dor e sofrimento, comoveu-se, compadeceu-se e, assim, o reino de Deus se manifestou afastando as trevas. Eis o verdadeiro milagre.

Lá no alto, tudo era normal. Lá não houve nenhum milagre. Aquilo lá era a realidade do reino na sua plenitude. Lá embaixo, não. Ali o reino se manifestou contra os poderes infernais. Um contraste se fez visível! Onde o reino de Deus se manifesta, o reino das trevas precisa recuar. Ainda não nos é dado o direito de permanecermos no monte. De vivermos a plenitude do reino. Ainda estamos vivendo dois reinos sobrepostos. Enquanto isso, oremos “venha o teu reino” e, nos empenhemos como agentes deste reino! O reino ainda não é pleno, mas os seus sinais estão por toda parte.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Entre o Topo e o Sopé da Montanha

No capítulo 17 do Evangelho de Mateus encontramos duas cenas narradas em sequência com as quais me ocupei a refletir um pouquinho. O primeiro cenário deste texto é o alto de um monte. Ali Jesus é transfigurado. Três do grupo dos doze discípulos estão com Jesus neste monte. Os outros nove estão em algum lugar lá embaixo tendo que lidar com o pedido de um pai que busca ajuda para o seu filho endemoninhado. Enquanto Pedro, Tiago e João contemplavam o Jesus transfigurado, os outros nove testemunhavam as forças do próprio satanás. Enquanto lá no alto a visão que os três têm é do céu se abrindo, lá embaixo os outros tinham um pedido de socorro em meio à aflição, o desespero, a dor. Lá no alto, a visão do paraíso, lá embaixo, a manifestação dos poderes das trevas. Num lugar, a paz, o sobrenatural que aponta para o reino de Deus. Noutro, a limitação, a impotência, a incredulidade.

Pedro, um dos três que estava com Jesus no alto da montanha, logo percebe o contraste. Ele sabe como são as coisas no sopé da montanha. Por isso, não se contém: “Senhor, é bom estarmos aqui...” Mais do que isso, Pedro se dispõe a construir algumas tendas, criar um memorial, quem sabe, e poder permanecer por ali mesmo. Se os outros nove soubessem como estavam as coisas lá em cima, certamente também desejariam estar lá, provavelmente apoiando Pedro em sua ideia. Sendo sincero, talvez eu também optasse pelo alto do monte, longe dos dramas, das lutas, dos conflitos, do sofrimento, da dor, da injustiça do mundo. Porém, se não temos a montanha, o perigo que corremos é a tentação de fazer do templo, da igreja, dos seus programas, um monte artificial, uma ficção onde nos refugiarmos da realidade. E, se Jesus não aparece resplandecente, se não temos visões, nós as fabricamos. É difícil para nós admitir que, como crentes, a vida é “lá (aqui?) embaixo”, entre pais desesperados, mães aflitas, gritos de horror e a presença do próprio demônio.

O fato é que nós estamos aqui. Embora, seja verdade, que não devemos nos contentar com a realidade como ela se apresenta: com suas dores, sofrimento e injustiça. E, Jesus mostra isso ao deixar novamente a sua glória, descer do monte, repreender o demônio e libertar aquele menino. As trevas não devem prevalecer. Não devemos, jamais, nos conformar. Por enquanto, pelo menos, a vida do cristão é “aqui embaixo”, sem perder a consciência de que o Jesus transfigurado, do monte, também está aqui. Jesus permitiu àqueles três discípulos serem fortalecidos na certeza de onde eles devem se ancorar. Mesmo que depois da mais esplendorosa experiência, algumas palavras caiam como um balde de água fria: “Vamos descer!”

domingo, 30 de setembro de 2012

Existe Mesmo Um Deus?*

Ninguém está aqui neste mundo para viver uma vida sem sentido. Se o sentido da vida começa a ser vislumbrado quando nos rendemos a Deus, uma pergunta pode surgir de imediato: Como eu posso conhecer a Deus se eu não tenho a certeza de que Ele existe?
Trata-se de uma pergunta legítima e honesta. A Bíblia ensina que Deus se revela. E, mediante essa revelação, somente os tolos negam a sua existência (Salmos 14.1). As Escrituras testemunham ainda que “desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas” (Romanos 1.20). Além da criação de Deus que dá testemunho de sua existência, há também a nossa consciência, uma vez que fomos criados à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1.27).
Encontramos por toda a Bíblia argumentos e afirmações que deixam claro que os “céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos” (Salmos 19.1). Não se trata, portanto, de simplesmente provar a existência de Deus pela Bíblia, mas, como ela mesma aponta, a existência de Deus é mais fácil de ser observado ao nosso redor do que negado.
  Lembramos que o ser humano foi feito à imagem de Deus. Quando Deus nos criou, nos fez para sermos um reflexo de si mesmo; somos criaturas que lembram o nosso Criador de formas distintas. Temos livre arbítrio; somos criaturas racionais; somos criativos; somos feitos para um trabalho significativo; não devemos viver sozinhos, somos seres sociais – em todos estes aspectos, entre outros, somos feitos à imagem de Deus. Por esta razão, sentimos, mesmo sem ser ensinados, que deve haver um Deus.
Um estudioso missionário canadense chamado Don Richardson descobriu que em todas as tribos que ele estudou, desde as mais antigas na história, todas criam num ser supremo. É claro que as formas e manifestações destas crenças são diferentes. Não é curioso como muitos ao ouvirem o Evangelho pela primeira vez declaram algo tipo: “Este é aquele (referindo-se a Deus) a quem sempre busquei conhecer!”
Em um de seus livros Charles Colson conta a história de Irina Ratushinskaya. Ela, uma dissidente soviética presa por cinco anos em um campo de concentração, criou e memorizou (sem redigir) trezentos poemas. Quando Irina finalmente conseguiu publicar os poemas eles foram um sucesso. Num livro intitulado A Esperança é Cinza Irina conta a sua história de vida e prisão.
Os pais e professores de Irina eram ateus. Aos nove anos de idade, crescendo em meio aos ensinos ateístas, Irina pensou: “Meus pais me disseram que não existem fantasmas nem duendes. Mas disseram isso apenas uma vez. Eles me dizem toda semana que não existe Deus. Deve haver um Deus”. Em outras palavras, por que estariam lutando com tanto empenho contra algo que não existe?
Foi aí que Irina começou a ler obras de grandes autores russos como Pushkin, Tolstoy e Dostoyevsky. As obras desses autores contêm muito do evangelho. Irina tornou-se cristã por causa dessa literatura.
Anos mais tarde, na prisão, as autoridades tentaram congelar Irina até a morte encurralando-a contra um muro. Foi nesse momento que ela diz ter experimentado uma sensação incrível como se centenas de pessoas por todo o mundo estivessem orando por ela. Ela estava certa, isso realmente estava ocorrendo. Muitos cristãos oravam por Irina e ela, de alguma maneira, soube disso naquela hora.
As pessoas, mesmo em culturas que não foram evangelizadas, sabem que há um Deus. Até mesmo pessoas que dizem não crer, vez ou outra podem ser flagradas agradecendo a Deus por algo que experimentam no dia a dia: uma bela paisagem, um momento com um filho, uma boa conversa, etc... Mesmo sem saber que Deus é, muitas pessoas sabem que deveriam ser gratas.
Um conhecido ateu chamado Bertrant Russell certa vez escreveu um livro intitulado Por que Não Sou Cristão. Antes de morrer ele escreveu uma carta a um amigo: “Há alguma coisa em meu ser que insiste em dizer que pertenço a Deus; contudo, sinto ao mesmo tempo uma recusa a entrar em qualquer tipo de comunhão terrena – ao menos é assim que eu me expressaria se pensasse que há um Deus. Isso é estranho, não? Eu me preocupo grandemente com este mundo e com muitas coisas e pessoas nele, e no entanto... o que é tudo isso? Deve haver algo mais importante, e isto é o que eu sinto, embora não creia que exista”
Apesar de nossa rebelião, Deus existe e sabemos disso. A existência de Deus é evidente. Poderíamos dizer novamente que é mais fácil admitir que Deus existe do que tentar comprovar o contrário. Você já leu com atenção o que o Apóstolo Paulo diz em Romanos 2.14-15? Um estudioso de Oxford conhecido como C.S. Lewis (autor das Crônicas de Nárnia) foi um dos maiores intelectuais do século XX. Ele era um ateu que se propôs a provar que não existia Deus. Mas, ao invés disso, o que aconteceu foi que ele tornou-se um cristão professo. Ele diz em um livro intitulado Cristianismo Puro e Simples que um senso de certo e errado, uma espécie de senso de dever, é universal. Mas, de onde vem esse senso? Para Lewis isso não vem da biologia, da genética ou da psicologia. Vem de Deus - a imagem de Deus da qual todos nós somos participantes. O fenômeno universal da consciência prova que deve haver um Legislador, um Deus que nos dá este inexplicável entendimento.
Portanto, existem evidências por todos os lados, nós é que simplesmente decidimos rejeitá-las ou, simplesmente, ignorá-las. A história e as conclusões de grandes pensadores coincidem com o que a criação e a consciência declaram: Sim, Deus existe, sem dúvida alguma.

* Este texto é uma adaptação de um trecho do livro Respostas Às Dúvidas de Seus Adolescentes de Charles Colson. Editora CPAD.

domingo, 16 de setembro de 2012

Deus Nunca Fica Off Line

Na era das redes sociais as pessoas não precisam mais estar presentes fisicamente para se comunicarem. Basta saber se elas estão on line ou off line. Estar off line significa estar desligado, desconectado, enfim, ausente, é estar ‘por fora’, alheio aos acontecimentos, ficar desatualizado. Logo, num mundo de conexões ninguém gosta de ficar desconectado. Não importa que não estejamos num chat efetivamente com o outro. Vê-lo on line na lista de contatos já me tranquiliza, pois sei que, de alguma forma, você está lá. A presença é um ícone (“bolinha”) verde. Cinza ou vermelho simbolizam ausência, distância.

Se fossemos imaginar o nosso mundo como se estivéssemos numa grande rede virtual, poderíamos dizer que, de alguma maneira, ao estar em contato com você através deste texto agora, estou on line. Enfim, de algum modo estamos conectados. Se o ícone verde substitui a presença física é discutível. Não quero seguir por aí, pelo menos não hoje. Eu apenas pensei em como nós, seres humanos necessitamos saber que o outro está próximo, seja fisicamente, seja por um sinal na tela do... bem, a lista vai desde celulares até computadores de última geração. Talvez, daí nós possamos depreender a dificuldade que temos com Deus e a sua presença. Afinal, como saber se Ele está on line ou off line? Além de não termos uma presença física não temos sequer um íconezinho na tela! Ora, não é isso que sempre buscamos? E, não é por isso que tão facilmente duvidamos ou acabamos criando os ídolos?

Dentre as diversas passagens bíblicas que eu poderia recorrer para ilustrar o que eu quero dizer destaco duas. No Antigo Testamento o povo de Israel era guiado por Deus pelo deserto com uma coluna de fumaça durante o dia e com uma coluna de fogo durante a noite. Moisés era o interlocutor entre Deus e o povo. Quando Moisés se ausentou para o monte onde passou vários dias, o povo sentiu que Deus ficou off line. Logo, pediram a Arão para “produzir” algo que lhes desse a segurança de novamente ver algo a que pudessem se apegar. O resultado foi um bezerro de ouro (Êxodo 32). No Novo Testamento, após a morte de Jesus, para os discípulos, o mestre simplesmente ficou sem conexão. Caiu a rede. Quando o ícone verde apareceu para alguns deles Tomé não estava on line para ver, por isso, duvidou. Tomé disse que só acreditaria que Jesus estava novamente on se pudesse ver o status e clicar sobre o ícone de Jesus.

A boa notícia é que Deus esteve e está sempre on. Nós é que não conseguimos nos manter conectados o tempo todo. Não se trata, portanto, de um problema no provedor, mas em nosso equipamento. Cuidado para não substituir o ser por um simulacro! Não seria este o alerta de Deus no segundo mandamento (Êxodo 20.4)?

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A Campanha Eleitoral

Imagine a seguinte situação: um cidadão caminha pelas ruas de sua cidade. Ele é um eleitor. Procura levar essa responsabilidade muito a sério. Mas, ainda está com dúvidas sobre em quem votar. Afinal, os candidatos são muitos. Todos aparecem simpáticos demonstrando uma grande preocupação com a cidade. De repente passa um carro de som gritando o nome e o número de um destes candidatos. Uma música cuja letra foi colocada sobre uma canção famosa qualquer exalta o candidato e apela para que o eleitor o privilegie nas urnas. A paródia é repetida exaustivamente até que o carro desaparece na esquina à frente. Alguns metros adiante, ao atravessar a rua, o cidadão se depara com estacas no canteiro central que estampam um número e a imagem do candidato. Sim, é o mesmo que antes era anunciado em alto e... (é, nem tão bom som assim, mas...). Nesta hora ele pensa: “Oh! É um sinal! A minha dúvida foi sanada! Este é o político ideal e que certamente merece o meu voto! Ele me convenceu!”

Alguns candidatos devem pensar que é assim que os eleitores se definem para votar. O meu medo é que eles estejam certos! No entanto, é difícil acreditar que eleitores conscientes façam a sua escolha desta maneira. É lamentável o que se vê e o que se escuta pela cidade em época de campanha eleitoral. Falta criatividade, faltam propostas, falta bom senso. Candidatos que se apresentam portadores de uma nova proposta, que ostentam a bandeira da renovação, que se declaram diferentes, não conseguem libertar-se de velhos vícios. Fazem o discurso do novo, mas, apenas repetem o velho. Há um abismo entre o discurso e a prática. Dizem-se preocupados com o bem e o futuro da cidade, mas, não hesitam em poluir tudo com cartazes, estacas e cavaletes no espaço público. Falam em qualidade enquanto conseguem piorar o que já é ruim nas paródias infelizes que seus carros e motocicletas espalham sem a menor preocupação com a poluição sonora. Não importa o dia, se é domingo de manhã ou feriado. Não importa se há um hospital ou se é um bairro residencial. A tarefa é repetir como a um mantra na esperança de que o eleitor grave aquela informação e não hesite no dia sete de outubro.

Nem tudo está perdido. Pode ser difícil encontrar. Mas, acredito que existam, sim, candidatos sérios e que deveriam ser eleitos. Estes, provavelmente sentem-se até constrangidos em se anunciar. Não querem entrar nessa corrida desvairada que gera até suspeitas tamanha é a sede por “estar lá”. É possível encontrar candidatos além destes que poluem o nosso ambiente já tão castigado. Quais são as suas propostas? Como descobri-los? Como estão conseguindo fazer a sua campanha? Certamente existem muitas maneiras. Pode ser que não seja apenas pelo tipo de campanha que devemos fazer a escolha pelo candidato em quem votar em outubro. Mas, penso que já seja um bom indício. Quem não respeita a cidade e a sua população nem em época de campanha, o que não fará depois de eleito!? Cabe a nós, eleitores, exercer a nossa cidadania com responsabilidade e compromisso com a nossa cidade. Talvez isso dê um pouco de trabalho, pois nos obriga a buscar pelos melhores candidatos e não apenas ouvir aqueles que gritam na porta de nossas casas.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Sacerdócio Geral

Um dos importantes legados da Reforma Protestante do século XVI foi, sem dúvidas, a ênfase de Martinho Lutero no sacerdócio geral de todos os cristãos. Tornou-se, por isso, um ponto importante na confessionalidade luterana. Mas, o que isso quer dizer exatamente? O que significa, afinal, o sacerdócio geral? Lutero queria dizer, basicamente, que não há qualquer distinção entre os cristãos. No período medieval tornou-se popular uma ideia de que aqueles que possuíam funções clericais eram mais nobres ou espirituais do que as pessoas que trabalhavam na lavoura, como artesãos ou em serviço doméstico. O fato de as pessoas desempenharem tarefas diferentes no dia a dia não significa que isso faz de alguém um ser superior a outro.

Assim, Lutero entendia que mediante o batismo todo cristão é um sacerdote. Quando necessário, mesmo que não seja o seu ofício cotidiano, o cristão pode e até mesmo deve assumir tarefas consideradas eclesiásticas. Pois todo serviço é uma atividade em favor do próximo. Foi no texto de 1 Pedro 2. 9 que Lutero encontrou uma base bíblica que o deixou ainda mais convicto sobre isso: “Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. Não há, portanto, uma hierarquia entre os cristãos. Ninguém precisa de um pastor, um padre ou mesmo um papa para intermediar a sua relação com Deus. Se há alguma distinção entre os cristãos, esta se dá tão somente no âmbito das diferentes funções que somos chamados a desempenhar em serviço no reino de Deus. No mais, pastores e “leigos” estão em pé de igualdade.

Portanto, a salvação não se dá pela instituição eclesiástica ou pela figura de um sacerdote intermediário. Todos são diretamente reconectados com Deus por meio de Jesus Cristo. Uma consequência direta dessa compreensão é que a interpretação das Escrituras não é mais monopólio de alguns especialistas. O poder é descentralizado e a comunidade valorizada. Sempre que alguém hoje se levanta reivindicando uma autoridade especial ou se declarando ‘o ungido’ intocável, lembre a essa pessoa que esta é uma ideia medieval há muito superada. Os ministros ordenados são importantes e tem a sua função. Mas, eles não têm autoridade para se autodeclarar como tais. A ordenação é algo que se recebe e não uma conquista pessoal que se autolegitima.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Bibliografia Básica Para o Universitário Cristão

Já compartilhei com algumas pessoas que o meio universitário talvez seja o mais desafiador para o cristão. É ali que a sua fé e suas convicções serão postos à prova de maneira mais direta. Por isso, o jovem cristão universitário tem diante de si um desafio ainda maior quanto aos estudos. Além de ter que dar conta de todos os conteúdos acadêmicos ele ainda vai ter que se superar no estudo da Bíblia e de outras obras cristãs que o ajudem a manter o senso crítica e a capacidade de discernimento. Nada de fugir da raia! Nada de assumir uma postura meramente defensiva ou se isolar. O desafio é articular os conteúdos cristãos com a cultura à nossa volta sem perder a propriedade de ser sal da terra e luz do mundo. Para auxiliar nessa tarefa estou preparando uma bibliografia básica que indico para todos aqueles que vivem a aventura e o desafio de ser um cristão inteligente e que procura viver a sua fé de maneira relevante na academia.


A Visão Transformadora: moldando uma cosmovisão cristã
Autores: Brian J. Walsh & J. Richard Middleton
Editora Cultura Cristã


Em Guarda: defenda a fé cristã com razão e precisão
Autor: William Lane Craig
Editora Vida Nova


Vocação: escreva sua história no universo
Autor: Darrow L. Miller
Transforma Publicações


Em breve acrescentaremos outras obras.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Um novo livro...







"Este é um livro sobre a graça. Um pensamento de Deus que se tornou o gesto de amor 
que mudou a história"

(Rodomar R. Ramlow)


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sábado, 4 de agosto de 2012

Promoção



O Blog No Coração do Pai está completando 05 anos neste mês de agosto. E, queremos presentear um leitor com o livro Sob a Graça. Para concorrer você deve CURTIR a Fã Page No Coração do Pai e compartilhar esta promoção. Sorteio: 31 de agosto de 2012

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

No Coração do Pai

Olá queridos amigos, de longe e de perto, conhecidos e desconhecidos. No próximo dia 17 de agosto o blog No Coração do Pai completará cinco anos de existência. E, hoje, vejam só o que eu encontrei:

No Coração do Pai
Ronaldo Fagundes

Sei que existe ainda um lugar ao sol
Um lugar aconchegante, de um bem estar apaixonante,
Pra eu estar. Sei que existem diversas pedras no caminho
E muralhas impedindo a passagem.
Pra que eu possa lá chegar e consiga encontrar,
O mais perfeito e salutar lugar.

 No coração do Pai há tanto espaço e cabe tanta gente em
 Seu abraço. Não poderia haver lugar melhor pra se estar.
O coração do Pai é um abrigo, escudo protetor contra o perigo
E n'Ele cabe até aquele que o rejeitou.
No coração do Pai existe meu nome escrito, esculpido
O coração do Pai aquece quem não achou calor na vida.

Eu encontro alento sempre nesse espaço.
Nesse meu esconderijo, aonde em crise me dirijo pra a sós ficar.
E recebo a força para o meu caminho.
E me torno então mais forte, mais seguro
Já não penso em desistir, da vontade de seguir.
O que mais poderia eu querer?

O coração do Pai aquece, Ele te envolve
Ele te acolhe, Ele te faz bem.
No coração do Pai existe meu nome escrito, esculpido.
O coração do Pai aquece, quem não achou calor na vida.
O coração do Pai aquece, quem não achou calor pra vida.


Obrigado a todos que tem nos acompanhado aqui no Coração do Pai.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Parem de Evangelizar

Todo o Brasil já ouviu algo sobre o Evangelho. São raros os casos de pessoas que nunca tiveram qualquer contato com uma Bíblia, ou uma igreja, um pastor, um missionário ou um evangelista. Pelo rádio, pela televisão, pela internet, nos metrôs, em praças públicas e com a distribuição de folhetos, milhares de cristãos todos os dias acreditam estar contribuindo para a evangelização do país. Portanto, é fato que praticamente toda a população brasileira já tenha ouvido o evangelho. É provável, no entanto, que destes, muitos ainda não o viram. Muitas vezes, como já disse o autor Darrow Miller, “a igreja se ocupa na proclamação do evangelho, e se esquece de demonstrá-lo”. É inevitável que nesse momento nos questionemos sobre os 87% de cristãos (a soma de católicos e evangélicos) brasileiros apontados pelo censo do IBGE.

Se for verdade que nossas vidas refletem aquilo em que realmente acreditamos, então, que evangelho é este confessado pela maioria dos brasileiros? O evangelho é e sempre será o evangelho. Assim como Deus é e sempre será Deus. Quando Deus vem ao mundo em forma humana, Ele decide esvaziar-se de toda a sua glória e poder para viver na palestina entre pessoas comuns como você e eu. E, Ele decide, após a sua morte e posterior ressurreição, confiar a sua missão a seres humanos falhos, pecadores, limitados. Não bastasse isso, a loucura parece ficar ainda maior quando refletimos sobre o modo como ele nos fez e colocou em sua Criação. Deus nos fez seres livres. Isso mesmo! Ele não criou marionetes ou robôs. Não existe nenhum controle remoto nas mãos de Deus com o qual ele nos controla. Prova disso encontramos em suas palavras para Adão e Eva: “Você tem permissão para comer de qualquer árvore do jardim, menos da Árvore do conhecimento do Bem e do Mal. Dessa, não poderá comer. No mesmo momento em que comer dessa árvore, você morrerá” (Genesis 2. 16-17). O que temos feito com essa liberdade? O que temos feito com tudo aquilo que Deus nos confiou?

Faço, portanto, um apelo em forma de desafio à igreja que se declara cristã no Brasil: paremos de evangelizar e comecemos a viver aquilo que anunciamos. E, eu não tenho nenhuma dúvida de que os resultados serão incrivelmente melhores e proporcionalmente maiores. Digo isso baseado na experiência da igreja primitiva que vivia e, assim, demonstrava o evangelho. O resultado era que “o Senhor lhes acrescentava todos os dias os que iam sendo salvos” (Atos 2. 47). Prepare-se, no entanto, para estar pronto a dar muitas respostas. Pois se você viver o evangelho as pessoas começarão a fazer perguntas (1 Pedro 3. 15). E, então, sim, você terá toda autoridade para falar! Quer começar? O primeiro passo consiste em saber em que você realmente crê.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Onde Estão os Cristãos Brasileiros?

Nas últimas semanas muito se comentou a respeito dos dados do censo do IBGE sobre o quadro religioso no Brasil. Entre 2000 e 2010 o grupo denominado de evangélicos foi o que obteve o crescimento mais expressivo: 61,45%. Por outro lado, o grupo de católicos continua decrescendo. É claro que se faz necessário um olhar mais cuidadoso sobre estes números. Enquanto os católicos representam uma denominação (ou instituição) específica, configurando uma relativa unidade, o mesmo não se aplica aos evangélicos. Por evangélico respondem desde adeptos de igrejas neopentecostais até protestantes históricos. E, aqui, existe uma série de questões fundamentais que geralmente passam despercebidos. Por exemplo, entre aqueles que são classificados como evangélicos, existem grupos que possuem uma afinidade maior com os católicos, chegando a desenvolver projetos em conjunto, do que com outros grupos classificados também entre os evangélicos. Logo, seria por demais simplista olhar estes dois movimentos como aqueles que atualmente representam os dois grandes blocos religiosos do país.

Os evangélicos poderiam ser subdivididos em diversas classificações: protestantes históricos – protestantismo de imigração e protestantismo de missão - pentecostais, neopentecostais. E, dentro de cada um destes grupos teríamos ainda uma série de denominações independentes. O que eu gostaria de chamar a atenção aqui, no entanto, é que tanto evangélicos quanto católicos, em última análise, declaram-se cristãos. Portanto, antes de serem grupos opostos deveriam ser parceiros na causa do Evangelho de Jesus Cristo. Olhando por este ponto de vista, daria para dizer que o número de cristãos no Brasil continua o mesmo há muito tempo. Somos hoje quase 87%. Esta é a porcentagem que tem, por exemplo, a Bíblia como texto Sagrado. Considerando que o cristianismo, em sua origem, é um movimento subversivo, de contestação, que não se amolda aos padrões de um mundo injusto, pergunto: onde está este povo? O que estão fazendo? Por que os cristãos parecem fazer tão pouca diferença na política, na sociedade e na cultura brasileira em geral?

Jesus disse que os seus discípulos são sal da terra e luz do mundo (Mateus 5. 13 e 14). Ou os cristãos (católicos e evangélicos) brasileiros ainda não descobriram o que isso significa, ou, declarar-se cristão ainda está longe de significar aquilo a que Jesus estava se referindo por discípulos. É claro que existem, sim, muitos discípulos de Jesus fazendo a diferença por este Brasil afora. Mas, 87%? Não. Nem mesmo 64,6% (Católicos). Infelizmente, pelo que se pode observar, não somos sequer 22,2% (Evangélicos). O IBGE, com suas dificuldades já criticadas por outros, não é capaz de mensurar o número de discípulos que Jesus tem por este Brasil afora. Ao que parece, são poucos. Mas, como o sal, uma pitada já é suficiente para dar um sabor todo especial!

terça-feira, 3 de julho de 2012

Até Quando?

No Antigo Testamento o profeta Habacuque começa seu livro questionando: “Até quando, SENHOR...?” Quando olhamos a maldade a nossa volta também perguntamos: Se Deus existe porque os perversos quase sempre prosperam? Onde está Deus em meio a tudo isso? Na história vemos que a humanidade sempre conviveu com essa angústia frente às injustiças sociais, violência e morte.

Olhando ao redor vemos uma realidade de opressão, injustiça e violência que parece se agravar a cada dia. A criminalidade aumenta. Miséria, fome e injustiça estão em toda parte. Nossas vilas e bairros estão abandonados pelos órgãos públicos. Na saúde pessoas ficam horas em filas, jogadas em macas ou mesmo no chão pelos corredores de hospitais superlotados. Os remédios são caros. Quem tem dinheiro procura atendimento particular e se livra um pouco do caos. Na educação as escolas públicas vivem uma realidade onde professores mal remunerados precisam encontrar motivação para levar adiante o seu trabalho de ensinar. Com a educação fundamental precária os mais carentes ficam longe de um curso superior. No Brasil, quem pode pagar por uma educação de base entra na universidade pública e, quem tem menos condições, se quiser buscar formação superior, precisa desdobrar-se para pagar um curso particular. As coisas se invertem! Na segurança outro caos. O cidadão ergue grades, muros e instala alarmes fazendo de sua casa uma prisão. Os bandidos estão cada vez mais livres para fazer o que querem. Roubos, assaltos, estupros e sequestros são coisas normais no país.

Poderíamos falar ainda do tráfego de drogas, da prostituição e facções criminosas que recrutam menores abandonados pelos pais, pelo governo e pela igreja. Poderíamos lembrar ainda as pessoas que desiludidas da vida e sem esperança procuram fugir da realidade em frente a TV, na internet, no jogo, nas drogas, no álcool ou outro vício qualquer. Nossa indignação aumentaria - quem sabe - se percebêssemos em meio a isso tudo, muitos políticos, empresários e religiosos se aproveitando para explorar a ingenuidade e boa fé do povo. São os parasitas da sociedade vivendo à custa da miséria e ignorância alheia.

Quando percebemos essa realidade é fácil gritar com o profeta: “Até quando, SENHOR”? Onde tu estás em meio a toda essa dor, injustiça e opressão? Mas, para refletirmos, quero propor outra pergunta. Nós facilmente gostamos de encontrar alguém para culpar ou responsabilizar pelas nossas mazelas. Uma pergunta é: Onde está Deus no meio de tudo isso? Outra pergunta seria: Onde está o ser humano no meio de tudo isso? Uma coisa é perguntar: Por que Deus permite que essas coisas aconteçam? Outra coisa é perguntar: Por que nós, seres humanos, permitimos que essas coisas aconteçam?

terça-feira, 26 de junho de 2012

Descanse em Deus

O sentido da vida é uma busca constante do ser humano. Outros talvez digam que é a felicidade. Porém, nenhuma felicidade é possível enquanto persistir o vazio da alma. Muitas são as ofertas de consumo que prometem felicidade e realização: desde o sorriso artificial da propaganda de creme dental até as “vantagens” e “segurança” daquele cartão de crédito. Como ninguém quer ser conhecido pela testa franzida e pelo mau humor, sempre há a opção de fingir. A alegria se reduz as circunstâncias: a balada no final de semana, o carro novo, a esperança nas loterias, uma casa maior, novas experiências religiosas, etc. Além da tentativa desesperada de iludir os outros, tarefa ainda mais ingrata é iludir a si mesmo.

Lembro a estória do homem infeliz que, cansado de tudo, resolve buscar a solução para os seus problemas naquele que julga ser sua última esperança: Um conhecido médico da cidade. Este, após ouvir a longa e triste história de vida daquele homem, resolve indicar um remédio – Esse remédio é muito bom, com certeza a sua alegria voltará. – Oh, Doutor! – responde o homem desanimado – esse eu já tomei por longo tempo até que desisti, não fez nenhum efeito. O médico lembra então de um famoso psicólogo, amigo seu: - Ele é um dos melhores profissionais do país, com certeza resolverá o seu problema - Mas, a tristeza e a desesperança parecem só aumentar – É Doutor, Já passei por esse psicólogo e por muitos outros, o senhor é a minha última esperança. Frustrado e sem saber mais o que fazer, o médico se recosta na cadeira e fica um breve tempo em silêncio. De repente, ele começa a falar novamente – Sabe! Ontem fui com minha família ao novo circo que chegou a cidade. Lá eles têm um palhaço muito engraçado. É praticamente impossível permanecer triste com as suas brincadeiras e travessuras. Nós nos divertimos muito. Porque o senhor não dá uma passada lá hoje à noite!? – Desolado, aquele homem triste, se preparando para sair, diz: - Pois é Doutor! Acho que realmente não há esperança para mim. Aquele palhaço “alegre” lá no circo, sou eu!

Essa ilustração mostra a realidade de muitos “palhaços” que vivem pela cidade. O que fazer quando não dá mais para representar? E quando o simples pensamento positivo não resolve o problema real? A alegria é que torna a vida mais gostosa e mais plena. Nos dias de hoje, a alegria começa na nossa capacidade de descansar. “Descanse somente em Deus, ó minha alma; dele vem a minha esperança. Somente ele é a rocha que me salva; ele é a minha torre alta! Não serei abalado!” (Salmo 62. 5 e 6). Mas, só dá para descansar quando sabemos que o suficiente já foi feito e, não dependia de nós. Fazer de conta é coisa que suportamos somente por algum tempo.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Sobre Olhos e Coração

Quando viajo, uma das coisas que eu gosto de fazer é observar a paisagem. Sei que muitos são como eu. Campos, montanhas, rios, lagos, casas, plantações, o encontro entre céus e terra no horizonte distante... Você, leitor, que também gosta de contemplar pela janela, já deve ter percebido que esta se torna uma tarefa quase impossível de realizar enquanto dirigimos. Não dá para focar simultaneamente a estrada à nossa frente e a paisagem ao longo do caminho. Até podemos arriscar-nos e olhar de vez em quando para os lados, porém, a nossa direção torna-se insegura. Isso porque, no sentido pleno, o nosso olho consegue visualizar um objeto de cada vez. Quando dirigimos olhamos ou para o frente ou para o lado. Não dá para fazer as duas coisas ao mesmo tempo.

 Em seu sermão da montanha Jesus disse algo a respeito do olho: “Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz. Mas se os seus olhos forem maus, todo o seu corpo será cheio de trevas. Portanto, se a luz que está dentro de você são trevas, que tremendas trevas são!” (Mateus 6:22-23). Além de “bom” ou saudável”, daria para traduzir aqui que o olho é “simples”. Não quero entrar na complexidade que a ciência pode explicar sobre o olho e como ele funciona. O que Jesus parece estar dizendo é que se o seu olhar for simples, focado numa direção, com clareza e atenção, então o seu corpo será dirigido correta e seguramente pelo olho. A caminhada torna-se reta, iluminada, clara. Um olhar dividido e que foca dois caminhos gera insegurança, pois todo o seu ser parece conduzido para o escuro. A caminhada de fé, portanto, pode tornar-se conturbada e sombria.

 Não é apenas em nosso coração que não podemos servir a dois senhores (Mateus 6:24), mas também isso acontece com os nossos olhos. Podemos deixar-nos dirigir por apenas duas perspectivas. Quem serve a Jesus Cristo e de forma autêntica procura segui-lo, sabe que não há mais lugar para nenhum competidor. Um mero coração ou, olhar dividido, já é suficiente para que o carro de nossa vida saia da estrada e se lance no precipício. Por qual perspectiva eu tenho me deixado guiar? Lembro aqui uma frase de C. S. Lewis que dizia "eu acredito no Cristianismo como acredito no brilho do sol, não simplesmente porque eu o veja, mas porque, através dele, posso ver todas as outras coisas". Sim, Jesus é redentor e isso implica que ele restaura-nos da natureza caída em pecado. Podemos sofrer ainda muitas consequências de uma criação corrompida, mas, ao seguirmos a Cristo, começamos a deixar que ele nos oriente desde o nosso jeito de olhar.

sábado, 26 de maio de 2012

Vamos Jogar Bola

Eu não leio jornais. Eventualmente dou uma folheada em algum para passar o tempo quando estou numa sala de espera. Eu também não leio revistas. Já fui assinante de algumas. Não sou do tipo que se interessa muito pelas notícias que são oferecidas por aí. Já fui de assistir mais aos noticiários da TV. Ultimamente percebo que também estes me interessam cada vez menos. Resumindo, as notícias giram sempre em torno da mesma coisa: crise econômica, violência, corrupção, acidentes de transito, querelas políticas... Tudo isso em meio aos apelos publicitários de: consuma, consuma, consuma. Enfim, a mensagem é a seguinte: o mundo está uma droga, a sua vida é um lixo sem muitas perspectivas, a crise vai acabar com tudo, lá fora se alguém não te assaltar certamente você pode morrer no trânsito, o planeta está prestes a entrar em colapso... Mas, se você comprar este carro ou usar aquele sabonete, a felicidade novamente reinará, seus olhos brilharão e o seu peito se encherá de esperança... “Vamos jogar bola”.

 Na linguagem da internet, eu deveria deixar agora uma série de interrogações (?????). É... Não dá pra entender algumas coisas! Talvez você já esteja pensando em parar de ler este texto. Algumas pessoas me dizem que não devemos nos preocupar com “isso”. Desculpem-me! É que eu não consigo escutar outra coisa senão: “Você tem razão, mas, finja!” Puxa! Não é que eu não seja bom em fingir, modéstia à parte, eu até que aprendi bem essa lição na tal escola da vida! Afinal de contas, sou humano também, não é mesmo!? É uma questão de sobrevivência diriam alguns! Mas, é que tem umas coisas que não dá, entende!? Por mais que queiramos fazer da hipocrisia uma arte, saber que a realidade é outra, incomoda.

 Pouco tempo atrás alguém me perguntou se eu já tinha parado de brigar comigo mesmo. Não sou bom em falar sobre algumas coisas. Respondi com alguma coisa idiota e que transmitisse a mensagem “assunto encerrado”. Na verdade, nem havia ainda começado. Penso que preservo as pessoas. “Você é muito pessimista”, ouço. Responder que sou realista é mesmo a realidade ou ilusão? Dizem que as pessoas acreditam naquilo que elas escolhem acreditar. Em seu sermão da montanha Jesus disse, entre outras coisas, algumas frases que parecem bastante enigmáticas: “Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz. Mas se os seus olhos forem maus, todo o seu corpo será cheio de trevas. Portanto, se a luz que está dentro de você são trevas, que tremendas trevas são!” (Mateus 6:22-23). Só lembrei-me desta passagem enquanto já escrevia este texto. Nem sei se faz algum sentido aqui. Mas, fico no compromisso contigo, leitor, de estudar os versos de Jesus e tentar trazer o significado no próximo artigo. Eu pensei em terminar com uma coisa que, depois me pareceu cínico demais. Vetei.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Mais Um Esboço

A maioria dos textos postados neste blog foram originalmente publicados nas edições de domingo do Jornal Diário Popular de Pelotas. É geralmente na segunda ou na terça-feira que antecede o domingo em que este artigo é publicado, que eu tiro um tempo para escrever o texto. Nesta manhã de terça-feira em meu escritório ouço, como sempre, o barulho dos carros, pessoas indo para o seu trabalho, adolescentes passando em direção ao colégio, cachorros latindo ao longe, ruídos de obras em algum prédio ou residência na vizinhança. O sol ainda não surgiu e a cerração cobre a cidade. Sem muita inspiração, de repente, flagrei-me a pensar sobre o que faria alguém parar para ler mais um texto em meio a tantos outros que surgem diante de nós todos os dias. É desnecessário repetir que vivemos numa era da informação e que o Brasil é também um país plurirreligioso. Portanto, o que levaria alguém a, em pleno domingo, entre tantas possibilidades, diante de tantos textos e programas disponíveis, parar para ler aquilo que é somente mais um texto religioso?

Eu não faço a mínima ideia de quais seriam as respostas a esta pergunta. Posso supor algumas. Até porque, não posso imaginar por quem e onde este texto é lido. Sei de algumas pessoas, é claro. Mas, diferente de um blog, a interatividade com o texto impresso acaba sendo mais limitado. Embora o meu e-mail acompanhe o texto todos os domingos, são pouquíssimas as pessoas que fazem algum contato, seja para oferecer algum elogio, tirar alguma dúvida ou mesmo fazer qualquer crítica. Até mesmo aqui no blog os comentários são raros. Este “silêncio” é, por vezes, perturbador. Isso, talvez, porque acabo com a sensação de que estou falando sozinho. Não conheço ninguém que goste de falar sozinho. E, daí, para concluir com as perguntas que já apresentei acima é apenas um passo. Afinal, que diferença faz mais um texto entre tantos? Como eu não posso responder por aqueles que me leem ou, por aqueles que não me leem, vou falar um pouco sobre uma questão à qual eu posso responder: Por que eu escrevo e faço as outras coisas que faço?

Em primeiro lugar, eu acredito em algo. Sem acreditar ninguém ousaria oferecer nenhum discurso. Mas, ao mesmo tempo, isso não significa que acreditar é comprometer-se com uma verdade fechada, congelada, pronta. Como um ser humano falho e limitado, sou como um rascunho diante de Deus. Um esboço que sempre de novo precisa de correção. É assim, portanto, que eu escrevo. Não poderia ser diferente. Apresento rascunhos passíveis de correção sobre lições e experiências de vida que tenho experimentado na minha trajetória de fé. Certezas? Tenho poucas. Mas, aquelas que eu tenho, são suficientes para me fazer prosseguir. Deus me ama e tem cuidado de mim apesar de mim. E, lá fora, por todos os lugares, existem pessoas que podem encarar a vida por uma nova perspectiva a partir do momento em que se derem conta desta singela verdade! Por isso, continuo a falar, insisto em mais um texto. Para dizer novamente: Deus te ama... Mesmo!

terça-feira, 8 de maio de 2012

O Sal de Assis

No distante século XII, na cidade de Assis, na Itália, nasceu uma criança, filho de um rico comerciante de tecidos. Em homenagem à França, que era para onde seu pai viajava frequentemente para buscar mercadorias, aquele menino recebeu o nome de Francisco. A criança cresceu num lar onde nada lhe faltava. Quando jovem, aproveitava para buscar alegria nas noites e suas festas, banquetes e serenatas. Era muito extravagante e popular. Em busca de fama e de mais dinheiro foi para uma guerra na Perúsia. As coisas não saíram tão bem como ele esperava e, acabou prisioneiro. Após ser libertado voltou para casa, mas, as coisas não seriam mais as mesmas. Fragilizado pela guerra e pelo tempo na prisão, Francisco passou a comportar-se de maneira diferente. Rejeita o dinheiro e as coisas que antes pareciam lhe dar prazer. Entrou em conflito com o pai ao vender todas as coisas e passou a ajudar os pobres e leprosos. Francisco foi deserdado e aos 25 anos rejeita voluntariamente todos os benefícios da casa paterna.

Tudo o que aquele jovem desejava era dedicar-se à oração e buscar uma vida mais semelhante a de Cristo. Diferente do que era comum na igreja, foi original ao afirmar a bondade da Criação de Deus. Por isso é considerado também por muitos como o santo patrono dos animais e do meio ambiente. Era também um apreciador das artes que considerava útil no cultivo da devoção. Francisco deu sinais de que compreendeu que o papel de um cristão neste mundo não se resume a esperar pela volta de Cristo ou por um mundo no além. O Reino de Deus já começou e os cristãos são chamados para viverem como exemplo e sinal deste reino num mundo caído e que sofre os males do pecado.

Jesus disse que os cristãos são sal da terra e luz do mundo (Mateus 5. 13-14). O sal salga simplesmente porque isso é da sua natureza. A luz ilumina porque é da sua essência. Nenhuma lei precisa ser imposta para fazer com que o sal e a luz cumpram o seu propósito. Se não salgar, não é sal. Se não iluminar, não é luz. O que Jesus está falando não é algo a ser acrescentado à prática de alguém, não se trata de uma ordem que torna alguém um religioso melhor. Jesus está se referindo à essência, à propriedade do que é ser um cristão. Embora não se saiba ao certo a autoria, a famosa oração da paz foi sendo identificada como a oração de São Francisco, talvez, por refletir o estilo de vida e a opção de Francisco. Ela reflete também, a inquietação que só pode partir de um coração genuinamente cristão, de alguém que sabe que não deve permanecer insípido e nem escondido debaixo de um balde virado:
“Senhor: Fazei de mim um instrumento de vossa Paz.
Onde houver Ódio, que eu leve o Amor,
Onde houver Ofensa, que eu leve o Perdão.
Onde houver Discórdia, que eu leve a União.
Onde houver Dúvida, que eu leve a Fé.
Onde houver Erro, que eu leve a Verdade.
Onde houver Desespero, que eu leve a Esperança.
Onde houver Tristeza, que eu leve a Alegria.
Onde houver Trevas, que eu leve a Luz!
Ó Mestre, fazei que eu procure mais: consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado. Pois é dando, que se recebe. Perdoando, que se é perdoado e é morrendo, que se vive para a vida eterna!
Amém”.

terça-feira, 1 de maio de 2012

"...o que de Deus se pode conhecer..."

Quando Terrence Malick produzia seu último filme, A Árvore da Vida, ele provavelmente tinha em mente também as palavras do Apóstolo Paulo que declara em sua carta aos Romanos que “desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas” (Romanos 1:20). Quem já viu o filme entende porque digo isto. As longas tomadas enfocando a natureza, com as árvores, os rios, oceanos e animais... As galáxias com suas estrelas, planetas e satélites. Se não somos capazes de abrir mão da lógica para admitir que um simples objeto diante de nós poderia ter surgido por acaso, como deixar de ver a mão de Deus em todas as coisas?

A Árvore da Vida, que tem Brad Pitt e Sean Penn como atores mais conhecidos do público, ganhou em 2011 o prêmio de melhor Filme do Festival de Cannes. Trata-se de um filme que tem dividido opiniões. Poderíamos dizer que este é um filme difícil. É um longa com mais de duas horas de duração. Exige atenção e paciência do espectador. Numa família dos anos 50 a morte de um jovem e as lembranças do passado levam a questionamentos sobre Deus e o sentido da vida. Qual é a tua maneira de viver? Pelo caminho da natureza ou pelo caminho da graça? Muitos sequer imaginam a diferença que isso faz! Um olhar atento pode gerar reflexões profundas e levar o expectador à contemplação de algo que transcende a sua existência.

Veja este filme quando você tiver tempo. Uma dica é vê-lo quando estiveres só ou, no máximo com mais uma pessoa. Tente libertar-se um pouco do padrão hollywoodiano. Este não é um filme de meros mocinhos e bandidos com roteiro previsível. Vai exigir um pouco mais. Esteja pronto para contemplar! Prepara-se, não para fugir da realidade por duas horas, mas, para confrontar-se com ela. Afinal, o que poderíamos responder diante de tais questões? “Onde você estava quando criei a terra? Enquanto as estrelas da manhã cantavam e todos os anjos entoavam louvor?” (Jó 38. 4,7).

Quem gosta de música clássica; aquele que não se importa em passar tempo ouvindo as pessoas; quem admira a paisagem; aqueles que gostam de observar o pôr do sol ou quando ele nasce; quem busca os mirantes para contemplar a grandeza da criação; aqueles que param para dar atenção a uma criança e brincam com ela; aqueles que ainda desfrutam de um jantar em família; aqueles que saem à noite para admirar as estrelas; quem cultiva uma horta... Essas são pessoas que provavelmente terão menos dificuldades para assistir A Árvore da Vida e compreender a sua mensagem. Mas, sem dúvida alguma, todos nós somos capazes de “ver claramente” e fazer as nossas próprias escolhas!

Dicas para ajudar você a assistir A Árvore da Vida:
Uma crítica: do site Omelete.
Uma orientação: O Professor Guilherme de Carvalho escreve sobre Como assistir A Arvore da Vida.
Um deslumbramento: O apresentador Zeca Camargo compartilha suas impressões sobre A Árvore da Vida.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Vislumbres

Especialmente quando eu ainda era adolescente, costumava viajar na imaginação quando pensava sobre o Universo. Uma coisa que me intrigava era como tudo começou. Sem a sistematização que posso fazer hoje, apenas ficava observando o céu e imaginando até onde tudo aquilo poderia ir. Afinal, tudo o que eu conhecia tinha uma causa. Como ir regredindo no tempo até chegar à causa do Universo? Onde e como tudo finalmente teria começado? Morando no interior, era especialmente magnífico poder observar o céu à noite. O silêncio e a imensidão. Também não era difícil compreender o que as pessoas queriam dizer quando se referiam às estrelas como algo impossível de se contar.

O tempo vai passando e vamos aceitando algumas explicações que nos são ensinadas. Para outras questões simplesmente nos contentamos em acreditar que não existem respostas. Quando nos tornamos adultos essa capacidade de admiração diante do mistério não desaparece. Mas, aprendemos a não dar a elas tanta importância e investimos em coisas mais concretas e imediatas. Consequentemente, acabamos também não compartilhando sobre esse nosso ‘encantamento’ com os nossos amigos. Afinal, podem achar que sou apenas um sonhador que vive no mundo da lua. Era coisa da minha cabeça, coisa ‘boba’ de criança.

No entanto, a cada dia mais descubro que estas não foram questões que ocuparam apenas a minha mente. Parece ser muito mais comum do que se imagina. A mente instigadora, toda a inquietação, o espírito questionador é algo natural do ser humano. Infelizmente, muitos, em vez de alimentar essa chama, acabam tentando domesticá-la e, até, apagá-la. Porém, basta começar a conversar sobre isso com as pessoas para ver que são muitos aqueles que se lembram desta fase de deslumbramento e questionamento diante da grandiosidade da vida e do Universo.

Sabemos que estamos aqui e que conseguimos vislumbrar apenas uma parte do todo. Permanece o anseio, porém, de poder enxergar, apreender, discernir o todo. Aprendemos então, como diz o teólogo Alister McGrath, que tudo o que podemos perceber são pistas ali e aqui espalhadas pelo mundo e que nos permitem conjecturar sobre o quadro geral. Talvez, entre tantas outras coisas, é também a isso que a Bíblia se refere ao declarar que “agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da mesma forma como sou plenamente conhecido” (1 Coríntios 13. 12). A nossa alma inquieta é resquício de algo que perdemos e pelo que novamente ansiamos. Que Deus nos permita continuar percebendo que “desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas” (Romanos 1. 20).

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