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terça-feira, 24 de dezembro de 2013

É Mais do que Ouvir Falar...

Eu realmente não sei bem o que escrever neste que é o meu último texto este ano. O final de 2013 chegou com muitas coisas acontecendo e que trazem um misto de ansiedade, preocupação e expectativa. Pouco mais de dez anos e quatro meses atrás eu chegava em Pelotas/RS. Foi a cidade onde morei por mais tempo em toda a minha vida. Agora, chegou novamente o momento de partir. Já foram tantas mudanças, tantas casas que nem sei mais onde estão minhas raízes. Ao mesmo tempo, acompanho de longe, angustiado, a situação das enchentes no meu estado de origem. Minha mãe, já idosa e que mora sozinha, foi uma das pessoas que teve que ser resgatada às pressas no meio da noite devido às fortes cheias e a rapidez com que a água subiu. Apesar de perdas substanciais e do desafio de encontrar forças para trabalhar e se reerguer, ela está bem.
São Gabriel da Palha-ES - Bairro Cachoeira da Onça - 19/12/2013

Apesar de minha infância e juventude muito pobre, sem qualquer chance de algo semelhante ao que vemos em termos de ceias, presentes, festas e tudo o que o consumismo deste mundo costuma relacionar com o Natal, eu sempre gostei deste clima natalino. Pela primeira vez, neste ano, as coisas são diferentes. O clima natalino e a expectativa de férias, de rever familiares, de mudar de ares, tudo se foi. As férias em janeiro serão de mão na massa e ajuda no que for necessário lá no Estado do Espírito Santo. A angústia é por não poder ir logo para lá! Como este texto é redigido na véspera do Natal de 2013, pode ser que quando finalmente puder estar lá, no dia 07 de janeiro, as coisas estejam melhores! A esperança é esta!

A sensação, depois da noite muito ruim de uma semana atrás, aquela em que minha mãe foi surpreendida com a casa alagada, é que as poucas horas que dormi me fizeram entrar num estado do qual não acordei mais! Uma longa noite, pesada, difícil, que não permite repouso, não há descanso. O ar é pesado e a respiração difícil! A maioria das coisas que algumas pessoas tentam dizer soa apenas como um consolo barato! Em meio à dor de milhares de pessoas, a alegria consiste em ver que ainda há muita solidariedade. Por mais paradoxal e estranho que possa parecer, são estes momentos difíceis que são capazes de revelar a fé, a força e a capacidade de mobilização em favor do próximo. Apenas aqueles que sempre questionaram cinicamente a Deus é que se aproveitam destes momentos para fazê-lo ainda mais intensamente. Aquele que crê, porém, vê ainda mais presente a bondosa mão de Deus a carregar, consolar, chorar junto. Estes compreendem a Jó, que em meio a toda perda e toda dor exclamou: "Saí nu do ventre da minha mãe, e nu partirei. O Senhor o deu, o Senhor o levou; louvado seja o nome do Senhor" (Jó 1.21).
 

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

O Natal e os Natais

Está chegando mais uma semana de Natal. As propagandas se intensificam. O apelo das lojas e do comércio em geral convida ao consumismo. As luzes e o vermelho ditam o tom. Por todos os lados que se vai é possível escutar uma canção natalina. Na televisão os filmes e desenhos animados também enfocam este período festivo. Muitos serão, mais uma vez, os fogos, a comilança, os abraços (falsos e verdadeiros), os desejos de paz, felicidade e prosperidade... “Então é Natal...” A impressão é realmente de que vivemos um tempo cíclico: “o ano termina, e nasce outra vez”.

Nesta concepção de que estamos numa espécie de roda do tempo, o final do ano é aguardado com sofreguidão. É o fim do período de espera e sofrimento de um ano inteiro de trabalho. “Boas festas!”, desejamos. Logo ali mais um período de férias onde, quem sabe, seja possível viver de verdade, nem que seja por pouco tempo. Afinal, além do ano, também o período do Natal, as festas e as férias terminam. E, começa tudo de novo...!

Ora, se o Natal for apenas isso, então, não há mesmo qualquer motivo para uma real esperança. Alguns vão se entregar ao que chamam de prazeres do momento, pois não há nada mais a esperar. “Viva cada dia como se fosse o último”, dizem. Outros revelarão que suportam esta realidade na esperança de que algum dia viverão num mundo melhor (algum plano superior com as almas em êxtase, por exemplo). De qualquer modo, é assim mesmo, a roda gira, gira, e não há como escapar dela. Será mesmo? Tudo começa outra vez ou, tão somente continua!?

O Natal é celebração. O evento histórico que deu origem a esta celebração, este não se repete mais. O ano termina, e, aquele que começa, é outro. Na fé cristã há uma esperança que não se resume a uma compreensão cíclica do tempo. Se prestarmos atenção na realidade veremos que existem evidências concretas de que não funciona assim. A cada Natal você estará mais velho. As coisas mudam. A cada novo ano nós teremos aprendido mais. Sim, a história caminha para um propósito. O modo como vivemos cada dia é importante para o dia seguinte. O problema não está em envelhecer. Não está na limitação física. O desafio não está em superar o corpo ou este mundo físico num ciclo que finalmente nos catapultará para uma realidade desencarnada. O que você faz aqui e agora importa, sim. E, tudo o que fizermos repercutirá na eternidade. O ano termina, sim. Mas, não nasce outra vez. Cada ano é um novo ano. Cada dia, um novo dia. O que recebemos a cada alvorecer é uma nova oportunidade para compreendermos o quanto todo este mundo está impregnado de graça e amor. Cada novo dia é uma dádiva diante da qual recebemos a oportunidade de desfrutar com gratidão.

Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós” 
(João 1:14)

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Entre a Quantidade e a Qualidade

As estatísticas dizem que o número de evangélicos no Brasil cresceu e continua crescendo. Existem outros grupos em crescimento. No entanto, a crítica a respeito do crescimento dos que se declaram evangélicos é que este crescimento não vem se traduzindo em transformação cultural expressiva no país. Uma crítica que tem fundamento. Desde quando a religião passou a ser encarada como mera questão privada e subjetiva dos seres humanos, caiu-se num dualismo que faz com que alguns teólogos hoje lutem novamente por aquilo que chamam de teologia pública. Sem cair no erro de conceber a religião como meramente uma questão moral ou ética, é fato que cada confessionalidade acaba, sim, gerando certo tipo de cultura que também se manifesta no campo ético. Nas palavras de Jesus, a árvore é reconhecida pelos seus frutos (Mateus 7. 20).

 Existem muitos bons textos em artigos, livros, dissertações e teses a respeito do crescimento das religiões e, especificamente sobre toda essa questão envolvendo os evangélicos. São muitos os meandros, sutilezas, detalhes e fatos a serem levados em consideração para uma análise que permita chegar numa agenda propositiva. Muitos daqueles que se declaram cristãos e/ou evangélicos tem, de fato, contribuído para descaracterizar aquilo que Jesus Cristo ensinou e fez. Não faltam os aproveitadores. O cristianismo é bem realista sobre a condição humana. Nunca acreditamos que a igreja representasse uma sociedade alternativa perfeita. O que não podemos tolerar é que isso se transforme numa desculpa para insistirmos no erro e até para justificar nossas falcatruas. Isso não! Jamais encontraremos Jesus, os profetas, os apóstolos e homens e mulheres sérios na história da igreja compactuando com agendas corporativistas, individualistas, corruptas, mercenárias e opressoras!

O desafio para os cristãos, ampla maioria na sociedade brasileira, é dar um testemunho digno do Evangelho de Jesus Cristo. Somados, católicos e evangélicos são quase 90% neste país. Ouso, humildemente, apontar dois grandes desafios: a unidade e o ensino. Primeiramente, se cremos e servimos o mesmo Deus, não deveríamos agir como se fôssemos concorrentes. Essa linguagem não cabe na Igreja. E, segundo, se a fé não é mera questão privada e subjetiva, os fiéis precisam conhecer as implicações daquilo que confessam e abraçam como seu credo. Pois se a fé fosse uma questão intimista e pessoal, também não faria diferença se dizer desta ou daquela religião. Importa, como alguns até já dizem, “ter fé!”. Ora, se existem diferentes confessionalidades, sabemos que não é tão simples. Quais são as implicações de se declarar cristão?

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Faz Sentido!

Você também já deve ter ouvido especialistas se referindo à fase dos porquês no desenvolvimento das crianças. Quem convive com crianças, especialmente pais e professores, já notou isso mesmo sem a ajuda dos especialistas. Faz parte da experiência humana querer compreender este mundo que se revela à nossa volta. Nesta busca todos nós precisamos encontrar algum sentido para as coisas. Embora alguns digam que as perguntas revelam a curiosidade das crianças que querem saber como as coisas acontecem, na realidade, é mais do que mera curiosidade. Organizar o mundo à nossa volta de modo a compreendê-lo dentro de uma perspectiva que dê algum sentido para todas as coisas é algo inerente ao ser humano. Ninguém consegue viver numa realidade totalmente caótica. Assim como procuramos manter a nossa casa, o nosso ambiente de trabalho e a nossa mesa minimamente organizados, também necessitamos nos organizar mentalmente.

Embora possamos conviver com a dúvida e suportemos o fato de não termos as respostas para tudo, vivemos o tempo todo encaixando o novo dentro de um escopo mais amplo de modo que haja alguma harmonia em nossa visão de mundo. É assim que, muitas vezes, aceitamos uma resposta e convivemos com ela até que algo que demonstre fazer mais sentido apareça. Pode acontecer de, em algum momento, a pessoa se dar conta de algo tão fundamental que isso implique em toda uma revisão de vida. É como se não bastasse apenas encontrar um espaço na casa para um novo quadro. A peça é tão rara e valiosa que exige toda uma reforma no ambiente. Perceber como estas coisas acontecem é fator determinante na busca por autoconhecimento e sentido existencial. Além de estarmos abertos a novos aprendizados, o fato é que estamos sempre arranjando as coisas de modo que o mundo à nossa volta faça algum sentido.

Portanto, se no dia a dia das crianças se percebe esta fase mais evidente das perguntas, todos nós passamos a vida em busca de respostas. A maneira como respondemos as grandes questões da vida vai determinar fortemente a maneira como viveremos. Pois não se trata apenas de uma questão teórica. Vivemos como pensamos. Nossos gestos, atitudes e reações, refletem de alguma forma, as nossas crenças a respeito de como este mundo funciona. Estas respostas são mais óbvias a respeito de questões relacionadas ao mundo físico. Todos, em condições normais, respondemos da mesma maneira à lei da gravidade. Não é assim, porém, quando se trata das questões mais subjetivas. Aqui se explica, por exemplo, a existência das diferentes ideologias e religiões no mundo. A sociedade, a cultura e a realidade que vemos à nossa volta é produto do esforço de pessoas que estão procurando organizar as coisas de acordo com as respostas que elas estão enxergando para sua busca de sentido.

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