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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Revolución ou Reformación?

Em parceria com a Obra Gustavo Adolfo (OGA), o Conselho Nacional da Juventude Evangélica (CONAJE) da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) está lançando um modelo de camiseta com a marca “Viva la Reformation”, uma paródia da logo "Viva la Revolution" com Che Guevara.
Estampa das camisetas do CONAJE

Não se trata de nada original, uma vez que a ideia já é encontrada em outros países. Há apenas uma pequena variação: a camiseta do CONAJE tem o rosto de Lutero e a frase “Viva la Reformation” (“Viva a”, em espanhol, e “reforma” em alemão), enquanto a que já existe fica ainda mais próxima ao espírito latino com "Viva La Reformación". O que não consegui encontrar nas páginas da internet e redes sociais que
divulgam a camiseta é uma explicação para a arte e a frase estampada. Só diz que é uma promoção devido os 500 anos da Reforma Protestante que acontecerá em 2017. E, diz ainda o texto divulgação, "a identidade visual criada nos faz refletir quanto a que reformas precisamos em nossa sociedade e em nossa Igreja hoje, quase 500 anos depois de Lutero". Não sabemos quais foram as reflexões e as motivações para terem chegado a esta proposta. E, nem mesmo por que uma produção para os 500 anos de Reforma está muito mais relacionada ao revolucionário argentino do que propriamente à causa da Reforma Protestante. Ficarei aguardando como tal identidade visual nos fará "refletir quanto a que reformas precisamos em nossa sociedade".

Quero, no entanto, aproveitar o ensejo e tecer alguns comentários sobre os termos 'reforma' e 'revolução'. Elas não significam a mesma coisa. Se foi pensando na diferença entre os dois termos que o CONAJE decidiu colocar esta arte na camiseta, então, sim, pode ser que os desdobramentos e a reflexão que tudo isso vai gerar pode ser bastante positivo. Buscando por uma definição dos dois termos, um dicionario online trás o seguinte:
 Revolução: Revolta, sublevação. Mudança brusca e violenta na estrutura econômica, social ou política de um Estado (ex.: a Revolução Francesa).
Reforma: Ato ou efeito de reformar. Mudança operada tendo em vista um melhoramento. Melhoramento introduzido numa regra muito moderada, numa ordem religiosa. Nova organização ou modificação de uma organização existente.

Obviamente que pode acontecer de alguém tomar uma palavra com o sentido de outra. Ambos os termos partem de um mesmo princípio que é a "mudança". Nós sabemos que com a reforma Lutero buscava mudanças na igreja. Mas, será que ele optou pela via da reforma ou da revolução? E notório que ele nunca pretendeu por abaixo toda a tradição da igreja, sua agenda não foi o da radicalidade. O reformador não queria acabar com toda a igreja católica de modo que nenhum vestígio sobrasse. Não, o monge alemão não desejava romper com tudo, o que ele desejava era exatamente aquilo que o termo que utilizamos ao longo dos séculos quer dizer: reforma. Os reformadores acreditavam na estratégia de que para uma mudança histórica, melhor é a renovação progressiva em vez de destruição violenta. E é conhecida na história da Reforma Protestante o rompimento de Lutero com um de seus colaboradores chamado Thomas Müntzer. A razão é que Müntzer não achava que Lutero fosse radical o suficiente. A consequência foi a guerra dos camponeses. Outro aspecto importante da biografia de Lutero é que ele nunca propos criar uma nova igreja. Tampouco foi dele a iniciativa de deixar a igreja católica. O que aconteceu foi a excomunhão, ou seja, Lutero foi expulso pelo papa da época que não concordava com as reformas propostas pelos reformadores liderados por Martim Lutero.

Portanto, reforma pressupõe mudança sobre algo já existente. A Reforma Protestante não rejeitou toda a tradição, ela quis apenas reformar a tradição e denunciar os seus erros para que houvesse um redirecionamento. A palavra revolução é descartada por sua conotação negativa, pois é geralmente caracterizada por "(1) violência necessária, (2) remoção completa de cada aspecto do sistema estabelecido e (3) construção de uma ordem social totalmente diferente de acordo com um ideal teórico"*. Assim, a palavra reforma é preferível, pois o princípio da reforma "enfatiza a necessidade de evitar a violência. Nenhuma ordem social ou religiosa é absolutamente corrupta. E, a reforma "não coloca a sua confiança em planos e concepções da sociedade ideal alcançada por especulação científica ou pseudocientífica". A abordagem da reforma "enfatiza os aspectos positivos da tradição, da autoridade, da continuidade histórica". Se for isto que a camiseta do CONAGE pressupõe, então, sim, "Viva la Reformation". E, a melhor arma de Lutero foi a Palavra. No entanto, se o objetivo for uma aproximação com os métodos sangrentos da guerrilha e da luta armada com a qual se identifica Che Guevara, então, Jesus Cristo realmente precisa ficar de fora da conversa. Quais são as mudanças, portanto, que precisamos em nossa sociedade? Quais são as reformas necessárias? Quais serão os meios e estratégias necessários para trabalharmos pelas reformas?

A mudança é positiva e necessária. As instituições precisam se deixar renovar, reformar. O princípio da reforma permanece um desafio para nós, igreja no século XXI: "Ecclesia reformata et semper reformanda est" (A igreja reformada está sempre se reformando). Que possamos todos, jovens ou não, celebrar os 500 anos da Reforma Protestante no melhor espírito da reforma que é permanecer sempre reformando!
Pintura feita por Lucas Cranach

 * WOLTERS, Albert M. A Criação Restaurada: base bíblica para uma cosmovisão reformada. Tradução de Denise Pereira Ribeiro Meister. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. p. 103.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Recomeçar...

Entre agosto de 2003 e dezembro de 2013 vivi, trabalhei, fiz amigos e tive filhos na cidade de Pelotas, RS. A partir de 2014 entro numa nova fase, nova cidade, novos desafios. Resido novamente em Curitiba, PR. Neste intervalo fomos para São Gabriel da Palha, ES, visitar mãe, parentes e amigos. Esse processo todo de mudanças fez com que o blog ficasse meio parado. No entanto, espero poder retomar as coisas agora que já vou me instalando aqui na capital paranaense.

No Espírito Santo pude ver mais de perto algumas consequências das fortes chuvas que castigaram o estado no finalzinho de 2013. Pelas ruas das cidades todos os dias era possível ver mais restos de móveis sendo descartados. As chuvas passaram, o noticiário não fala mais nada. No entanto, as consequências permanecem. Muitas pessoas precisam encontrar força e motivação para continuar em frente. Promessas são muitas, mas, além de algumas poucas cestas básicas, nada de mais concreto se confirmou para ajudar as pessoas. Resta continuar esperando e acreditar que com o tempo algo vai acontecer. Mesmo assim, as pessoas rapidamente vão procurando contornar os problemas e seguir a vida normalmente. Nestas situações duas coisas ajudam a revelar a realidade da natureza humana: enquanto alguns se aproveitam para surrupiar algum objeto ou abusar dos preços em produtos essenciais, muitos se dedicaram em ajudar, doar, servir. Mais uma vez fica evidente a ganância, a insensibilidade, a maldade que o ser humano pode nutrir em seu coração, ou, a bondade, a solidariedade, a misericórdia e o amor. Somos assim. Seres humanos criados á imagem do bom criador, mas, caídos, rebeldes, voltados para si mesmos.
Com minha filha, Sophia, nos arredores de S. Gabriel da Palha/ES

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