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quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Conselhos

Costumamos ouvir uma frase do tipo “se conselho fosse algo bom, não seria dado, mas vendido”! Realmente não deveríamos ousar demais em sair dando conselhos. A melhor estratégia é oferecer um conselho quando este lhe for pedido. Por outro lado, o sábio autor dos provérbios bíblicos diz que “não vale a pena dar conselhos aos insensatos; já que eles não estão nem aí para a sabedoria” (Provérbios 23 9).

Também entre os cristãos é cada vez mais comum escutarmos coisas do tipo: “da minha vida cuido eu!”, ou, “quem é você para querer me dizer alguma coisa!?” Ignoramos, assim, a lei da reciprocidade, com seus diversos “uns aos outros” contidos nas Escrituras. Se por um lado, somos, sim, responsáveis pelo nosso irmão (Gênesis 4. 9), por outro, aprendemos que é sinal de sabedoria pensar antes de agir. Portanto, além de oferecer conselhos, é sinal de sabedoria saber ouvi-los!

"Os planos fracassam por falta de conselho, mas são bem sucedidos quando há muitos conselheiros" (Provérbios 15:22)

Coisas de Antigamente!?

Ao refletirmos sobre o pecado, especificamente como atitudes erradas, imorais e destrutivas, percebemos que, com o passar dos anos, alguns destes males vêm sendo banalizados. Você conseguiria lembrar-se de algo que já foi condenada no passado como pecaminoso e que atualmente é tido como “normal”?

Diante desta questão poderíamos mais facilmente listar questões relacionadas à sexualidade e família. São temas caros à igreja e que vem sendo tematizados atualmente. No entanto, existem outras questões que parecem já contar com a simpatia da grande maioria dos cristãos. Por exemplo: você conhece algum cristão endividado? Você mesmo já foi flagrado em uma mentira? E o que dizer da fofoca? Desde quando ser preguiçoso é algo de que se orgulhar? A infidelidade é outro mal que cada vez mais é aceito como “normal”. Já a comilança beira àquilo que alguns consideram virtude em vez de um vício do qual se envergonhar!

Sobre estas questões todas, as Escrituras têm muito a dizer. Qual seria a vontade de Deus para o povo que responde ao Rei da glória? O que versos como estes abaixo teriam a nos dizer?

É tolice ser irresponsável com a vida financeira; acumular dívidas que não se pode pagar é muita loucura” (Provérbios 17. 18).
Você preguiçoso, olhe para a formiga. Observe-a e aprenda alguma coisa com ela” (Provérbios 6. 6).

Oremos, com humildade e sinceridade diante do Senhor:

"Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece as minhas inquietações. Vê se em minha conduta algo que te ofende, e dirige-me pelo caminho eterno"  (Salmos 139:23-24)

Vigie e Ore

Antes de falarmos a respeito de pecados como comportamento, atitudes, pensamentos e palavras, nós, como cristãos, reconhecemos que somos pecadores. Isso significa que pecado não é algo que fazemos, mas, que somos. Logo, pecamos porque somos pecadores. Aquilo que costumamos chamar de “pecado” é, na realidade, consequência daquilo em que nos tornamos depois da queda.

No relato de Gênesis aprendemos que não foi intenção de Deus que pecássemos. No entanto, a rebeldia e o desejo por autonomia levaram os seres humanos a darem as costas a Deus. “Todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Romanos 3. 23). esta é, portanto, a nossa condição: pecadores.

A vinda de Cristo faz parte do grande propósito motivado pelo amor de Deus pela humanidade. O Deus Criador não deixaria sua criação para sempre perdida no pecado. Em Cristo somos novas criaturas, capazes de, com o auxílio do Espírito Santo, fugir das tentações e evitar o mal. Apesar de sermos pecadores, seres caídos, a vontade de Deus é que não pequemos mais. Uma vez resgatados por Cristo, o seu desejo é que não continuemos no pecado (João 5. 14). Assim como nossos pecados são consequência de sermos pecadores, nossas atitudes erradas geram outras consequências que nos distanciarão ainda mais do nosso Deus e de uma vida plena. Vigiemos e oremos! (Marcos 14. 38).

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Equipe ou Carrossel?

Existe um brinquedo para divertimento tradicional nas feiras, festas e parques de diversões conhecido como carrossel. Costuma ser montado numa plataforma circular giratória, em que são instalados cavalos de madeira pintados e outros animais. É um brinquedo que reproduz movimento sem, no entanto, sair do lugar. Ao montar num cavalinho de brinquedo a criança gira, gira e se diverte. Está em movimento, mas, ao fim das contas, não saiu do lugar. Como o brinquedo é de girar e são vários cavalinhos de brinquedo, o movimento circular permite dizer que um cavalinho vai ocupar o espaço deixado pelo que está à frente e, assim, a brincadeira acontece.

A partir da observação de como funciona este brinquedo, criou-se a expressão "efeito carrossel". De forma semelhante, por se tratar de uma espécie de dança de roda, se utiliza a expressão "ciranda" para dizer que existem pessoas trocando de lugar sem que no todo se observe muitas alterações. Finalmente, há também a famosa brincadeira da "dança das cadeiras". Creio, no entanto, que não é necessário que eu estique mais esta conversa para fazer um adulto compreender o sentido em que desejo ser interpretado no uso das expressões "carrossel", "ciranda" ou "dança das cadeiras". Muito provavelmente a brincadeira de criança já não é mais o significado primeiro e direto que vem à mente.

Você trabalha com outras pessoas? Muito bem, seu departamento de trabalho, seu ministério, este grupo onde você está inserido, funciona como uma equipe ou como um carrossel? Explico. Numa equipe as pessoas ocupam funções específicas sem, necessariamente, terem que se ocupar com todas as atividades de um processo. Cada um pode se dedicar naquilo que faz melhor sem perder a perspectiva do todo. Numa equipe a pessoa sabe que aquilo que ela está realizando contribui para algo mais amplo que é complementado pela atividade de outra pessoa.

Vemos que muitas paróquias da IECLB, por exemplo, onde até se consegue ter mais de um ministro trabalhando, não há trabalho em equipe de fato. Ou se divide a paróquia por regiões geográficas e cada um fica na sua, fazendo tudo (Obviamente é preciso levar em conta que determinados contextos, especialmente onde as distâncias são longas, requerem tratamento próprio) . Ou, todos fazem tudo num verdadeiro carrossel, passando de uma atividade pra outra enquanto os demais fazem o mesmo. Com isso, todos gastam a mesma energia preparando-se para as mesmas atividades sem que haja otimização de tempo e recursos. E, sem que cada um possa, de fato, dedicar-se àquilo que faz de melhor. Um excelente pregador precisa, portanto, fazer um esforço enorme para também organizar o encontro de jovens, enquanto o outro, que é excelente na condução do trabalho com jovens, precisa também dedicar-se à pregação, o que lhe toma o dobro do tempo sem que atinja a mesma qualidade e eficácia do outro que é ótimo nisso.

O responsável por esta incapacidade de trabalhar em equipe nem sempre é só dos ministros. Na maioria das vezes os membros e, especialmente o presbitério da comunidade ou o conselho paroquial, fazem questão de "ver" todos os seus ministros girando pelo carrossel da agenda paroquial, afinal, são pagos para isso. Impera ainda na cabeça de muitos a ideia de que o trabalho de pastoreio se dá do púlpito. Ledo engano! O dia a dia de um trabalho pastoral passa por relacionamentos, contato pessoal, visita, preparo em oração e leitura da Bíblia, descanso e tempo para a própria família. São muitas coisas que geralmente são ignorados, pois não são atividades que acontecem diante dos olhos de uma grande plateia. Basta ver como os relatórios são montados com dados estatísticos na ânsia de mostrar serviço.

A maneira como muitas paróquias tem definido a vaga a ser ocupada pelo próximo ministro já é revelador. Pede-se alguém que, simplesmente, não existe. Afinal de contas, quem é que pode assoviar e chupar cana ao mesmo tempo, como muitos esperam de seu pastor? O tema "trabalho em equipe" é necessidade urgente a ser trabalhado em nossa igreja. Não existe nenhuma receita pronta. Mas, isso não é desculpa para fugirmos do fato de que há muito o que progredir nessa área!

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Obstáculos ao Trabalho em Equipe

Apesar de no contexto da Igreja Evangélica de Confissão Luterana (IECLB) existir o discurso e até mesmo um documento que fala sobre o Ministério Compartilhado, são poucas as paróquias onde o trabalho em equipe entre ministros ordenados de fato acontece. Obviamente não precisamos nos restringir ao ministério ordenado para falar a respeito do trabalho em equipe na igreja. No entanto, o documento mencionado se aplica especialmente a este caso. A IECLB, lembremos, possui quatro ministérios para os quais reconhece a ordenação oficial: pastoral, missionário, catequético e diaconal.

No entanto, é uma bela herança da Reforma que também devemos destacar aqui e que amplia a possibilidade de envolvimento das pessoas nos trabalhos do ministério cristão na igreja: o sacerdócio geral de todos os cristãos. Com isso, deixamos claro que existe esta realidade mais ampla e necessária na prática e reflexão constante no cotidiano da igreja, bem como para a vocação de cada crente no seu dia a dia.

A pergunta que nos colocamos no momento é a seguinte: quais seriam os motivos que dificultam o trabalho em equipe entre ministros ordenados da igreja? Várias respostas podem surgir. Desde falta de recursos suficientes para manter mais de um ministro até a própria falta de ministros à disposição. Vamos abordar, então, alguns problemas que podem nos ajudar a fazer uma autoavaliação sobre isto e, quem sabe, progredir para um trabalho em equipe que ajude nossas comunidades.

Uma questão fundamental que sem dúvida atrapalha o trabalho em equipe é a insegurança pessoal. Quando eu não estou certo quanto às minhas aptidões e pontos fortes passo a ver o outro como uma ameaça. Basta uma pessoa elogiar o colega na minha frente para que eu fique enciumado. A insegurança não me permite dar ao outro o espaço para que ele realize aquilo que ele faz muito melhor do que eu. Assim, mesmo trabalhando pelos mesmos propósitos, acabamos instaurando um clima de competição e, até mesmo, boicote. Afinal de contas, para que eu me sinta valorizado preciso ver o outro abaixo de mim.

Se for este o caso, então, realmente ficará muito difícil estabelecer um trabalho em equipe que seja produtivo, saudável e eficaz. Pois o clima de confiança, tão indispensável, não existirá. Antes de compor uma equipe de trabalho, preciso, então, estar resolvido comigo mesmo. Uma pessoa insegura tende a utilizar o próprio ministério para receber aquilo que lhe falta na busca por autoestima, auto confiança, amor próprio. Quando ainda não nos convencemos de que o amor e a aprovação de Deus nos bastam, então, continuaremos a buscar a aprovação dos homens!

Compartilhar o ministério depende, essencialmente, de humildade, espírito de cooperação e uma profunda consciência a respeito de quem é o verdadeiro Senhor da Igreja. Todos nós gostamos e até precisamos de reconhecimento e elogio. Mas, se nosso agir depende disso, então, quem sabe, esteja na hora de buscarmos uma terapia. E, talvez, seja este o primeiro passo para um ministério saudável a serviço do reino de Deus e não uma mera busca por identidade e auto afirmação. Trabalhar com outras pessoas começa com a possibilidade de ser eu mesmo diante dos meus colegas.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

O Ministério em Equipe

Já há algum tempo vem se falando muito a respeito da importância do trabalho em equipe para o sucesso das empresas. Sobre isso inúmeros livros já foram publicados, palestras, seminários e workshops são realizados e, a habilidade de trabalhar em equipe consta em diversos perfis como exigência aos candidatos a uma vaga de trabalho.

Considerando que o ser humano é um ser relacional por natureza, não chega a surpreender que, além de sabermos conviver, também se espere que saibamos trabalhar em cooperação uns com os outros. “É melhor ter companhia do que estar sozinho, porque maior é a recompensa do trabalho de duas pessoas” já dizia o sábio (Eclesiastes 4:9). A Bíblia, aliás, se tornou fonte de inspiração para muitos autores de best-sellers nas áreas da gestão e de recursos humanos.

Enquanto testemunhamos tudo isso, por outro lado, vemos a igreja muitas vezes sem saber direito o que fazer quando o assunto é liderança, trabalho em equipe e planejamento. Há, inclusive, quem pense serem estes assuntos “seculares” ou “do mundo” com os quais a igreja não deveria se importar, pois não se aplicam a ela. Uma verdadeira contradição já que até mesmo as organizações seculares já descobriram a riqueza dos princípios bíblicos e sua contribuição para estas áreas. Pensando nisso é que o elogio de Jesus Cristo a um administrador desonesto faz todo sentido: “O senhor elogiou o administrador desonesto, porque agiu astutamente. Pois os filhos deste mundo são mais astutos no trato entre si do que os filhos da luz” (Lucas 16:8).

Como cristão me incomoda essa comparação de Jesus. Pois fico imaginando qual seria o limite entre a humildade e a ousadia, entre a sabedoria e a ingenuidade, entre a autoridade e a omissão. Inevitavelmente lembro outra palavra de Jesus onde ele oferece uma orientação aos discípulos, sua equipe de trabalho: “sejam prudentes como as serpentes e simples como as pombas” (Mateus 10:16).

Qual é a dificuldade para se trabalhar em equipe no ministério cristão? Quais os desafios que precisam ser superados? Se “a manifestação do Espírito” nos é dado “para o proveito comum” (1 Coríntios 12:7) então, onde reside a nossa ignorância? De que precisamos que Deus nos liberte?

Não somos todos um só membro (1 Coríntios 12:14). Fazemos parte de um Corpo. Encontrar o meu lugar significa também reconhecer o lugar do outro. O trabalho em equipe só é possível entre pessoas que reconhecem de forma equilibrada seus dons, talentos e potencialidades ao mesmo tempo em que reconhecem suas fragilidades, fraquezas e limitações! E, claro, sabem reconhecer o valor das habilidades de outras pessoas que devem receber espaço para preencher as lacunas deixadas por minhas limitações.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Família: um conceito original

A compreensão estreita que vê a religião apenas como aquela que diz o “que pode” e “o que não pode” interfere na maneira como compreendemos a vontade de Deus também a respeito da família. A Bíblia não é um manual de instruções. Ela contém princípios que nos revelam a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. E, o Apóstolo Paulo diz que esta é uma vontade que podemos experimentar. Mas, isso depende de certo inconformismo com o “espírito da época” (Rm 12.2). A vontade de Deus a respeito da família está revelada já no princípio das Escrituras. Lemos em Gênesis 1.27 que “criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Diferente daquilo que costumamos ouvir, o Novo Testamento não revela coisas diferentes, anulando a revelação do AT. A vontade de Deus permanece a mesma. Jesus deixa isso muito claro quando, numa discussão com os fariseus, faz uso daquilo que todos já sabiam: "Vocês não leram que, no princípio, o Criador ‘os fez homem e mulher’ e disse: ‘Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne’?” (Mateus 19.4-5).

Jesus não apresenta nenhuma reinterpretação para acomodar o texto e a vontade de Deus aos “novos tempos”. Ele apenas reafirma a revelação e a vontade original de Deus. Pois é isto que Cristo veio fazer: restaurar o mundo e o ser humano que encontram-se corrompidos pelo pecado. Jamais veremos Jesus justificando o pecado ou propondo uma releitura da Bíblia de modo que se encaixe melhor em nossos padrões.

As distorções, consequências do pecado, obviamente estão aí, por toda parte. Mas, Jesus não autorizou que nenhuma destas distorções fosse colocada como referência legítima para novos modelos. Ele sempre de novo apontou para o Pai, o Criador, a origem de tudo. Aquele cuja vontade é boa, perfeita e agradável! Viver segundo esta vontade é viver conforme a realidade que o Pai desejou!

O Senhor Jesus é aquele que redime também relacionamentos, lares, e famílias! Que possamos nos deixar transformar por sua graça e misericórdia, de modo que experimentemos a boa, agradável e perfeita vontade de Deus para nossas famílias!

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Cidadãos de Outro Reino

Após uma noite escura, a luz revela o início de um novo dia. Ainda sentimos frio e calor. O sol nos aquece. A brisa refresca os dias de verão. As estações completam seu ciclo.
Enquanto aguardamos o dia em que "não haverá calor nem frio" (Zacarias 14:6), vivemos a realidade do "já", mas, "ainda não". Somos desafiados a discernir flashes do Reino de Deus num mundo que ainda está corrompido pelo poder das trevas. Vivemos como embaixadores de um outro reino. Numa guerra em que o inimigo já foi derrotado, resta a ele ocultar a realidade do novo reino na esperança de ainda enganar a muitos.
O inimigo pode se debater e fazer ainda muito barulho. Mas, sabemos que "o Senhor será rei de toda a terra. Naquele dia haverá um só Senhor e o seu nome será o único nome" (Zacarias 14:9). Num mundo marcado pelos sinais do caos, já podemos viver em fidelidade ao legítimo rei das nações!

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Gratidão

"Deem graças ao Senhor, porque ele é bom. O seu amor dura para sempre!" (Salmos 136:1).
Muitos livros de autoajuda prometem receitas de felicidade. Felicidade, no entanto, não significa viver imune aos problemas corriqueiros da vida humana. Ser feliz é conviver com momentos de dor, tristeza, carência, frustração e outras dificuldades e, ainda assim, ter a certeza de que há algo maior e profundo de que desfrutamos por estarmos vivos. Somente quem reconhece que a vida e tudo o que existe é uma dádiva tem a quem agradecer. Se existe uma dica para ser feliz é começar a reconhecer as dádivas da vida e nutrirmos um coração que sabe agradecer. A ingratidão é o princípio da rebelião contra Deus!
Experimente deixar de focar a falta e a ausência para desfrutar da presença, das bênçãos em sua vida! Sejamos agradecidos! (Colossenses 4. 2). Felicidade começa com o reconhecimento de que temos a quem agradecer!

sábado, 26 de julho de 2014

Embaixadores

Sal, luz, testemunhas, ministros da reconciliação, novas criaturas, embaixadores...! Eis o que é ser uma pessoa cristã! De acordo com o Apóstolo Paulo "a nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente um Salvador, o Senhor Jesus Cristo" (Filipenses 3:20). Não devemos, no entanto, confundir as coisas. Céu não é apenas uma realidade futura distante. O Reino de Deus já se faz presente. Existem outras forças nos persuadindo, tentando conquistar a nossa lealdade. Num mundo hostil o cristão é chamado a ser embaixador que vive segundo a vontade do seu Rei. "Um pouco de fermento leveda toda a massa" (Gálatas 5:9). Mesmo sendo um só, você pode influenciar todo um grupo!

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Expectativas!

A frustração faz parte da vida de todos nós. No entanto, muitas de nossas frustrações resultam de expectativas fantasiosas que nós mesmos nutrimos a respeito de Deus, das circunstâncias e, especialmente, de outras pessoas.
Diante disso, lembrar das palavras do Apóstolo Paulo em Romanos 3:22-23 pode nos fornecer uma experiência reveladora: "Não há distinção, pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus". Amar e servir nos libertam de frustrações que resultam de expectativas equivocadas. Somos livres para tomar iniciativas independentemente dos estímulos que recebemos "de fora". Não podemos exigir perfeição de pecadores que são falhos como nós também somos! Quando você descobre que alguém carrega um longo registro de falhas e pecados, isso não deveria surpreendê-lo. Os cristãos sabem que são falhos e imperfeitos. É por isso que Deus agiu conosco por pura graça e misericórdia.
Que tal substituirmos nossas exigências e frustrações por ações de graça e misericórdia para com os outros!?

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Os Mapas, Os Caminhos, A Realidade...

No Salmo 43 encontramos o salmista fazendo um pedido: "Envia a tua luz e a tua verdade; elas me guiarão e me levarão ao teu santo monte, ao lugar onde habitas" (Nova Versão Internacional). As lamentações do autor, que já iniciam no capítulo anterior, parecem ser de alguém que não pode fazer a sua peregrinação costumeira ao monte sagrado onde os fiéis buscavam a presença de Deus. Algo o impedia, talvez um inimigo externo, algum conflito na região, quem sabe uma doença ou qualquer limitação física.
Vemos, então, uma alma aflita, melancólica, deprimida, triste, ansiosa por receber algum alívio e poder se preencher novamente de esperança na presença de Deus. Eugene H. Peterson, em sua versão (A Mensagem) deste capítulo traduz o verso 3 da seguinte maneira: "Dá-me tua lanterna e teu compasso, empresta-me um mapa, para que eu consiga encontrar o caminho do monte sagrado, o lugar da tua presença". O que lemos neste pedido traduz o desejo do salmista por ter os instrumentos corretos que possam guiá-lo à presença de Deus. Se imaginarmos que no antigo Israel esta presença de Deus estava sempre muito ligada a um local geográfico específico, então, a tradução de Peterson é correta. Numa linguagem ainda mais atual poderíamos dizer que o salmista anseia por um aparelho GPS que o ajudasse a encontrar o caminho para Deus. No entanto, foi inevitável deixar de notar a diferença de traduções.
Enquanto a "luz" e a "verdade" são coisas mais "internas", falar de mapas, compasso, lanterna e GPS nos remete aos aparelhos externos que manipulamos como manuais e fórmulas. Não há dúvidas de que nós, seres humanos, vivemos buscando pelas receitas e aparatos que prometem nos indicar as respostas e os caminhos mais fáceis! Não há nada de errado em buscar facilidades para os desafios do nosso dia a dia. É prudente se informar com mapas e até utilizar um GPS nas viagens, especialmente se não conhecemos o caminho e a cidade que queremos percorrer. No entanto, todos nós sabemos também que um mapa não substitui a experiência de ter percorrido pessoalmente uma rua, uma estrada, uma cidade. Há uma diferença entre o conhecimento que se baseia na experiência real e concreta e aquela adquirida somente por uma leitura e apreensão teórica.
Sabemos que Deus não está restrito à lugares sagrados. Conhecemos hoje a resposta de Jesus à mulher samaritana que perguntou sobre o lugar onde se deve adorar (João 4. 20-24). Se sabemos mesmo disso, se Deus não se encontra em lugares sagrados, em templos feitos por mãos humanos, se Ele não está em objetos, mantras, fórmulas e rituais sagrados, então, os mapas, as lanternas, os aparelhos de GPS e qualquer outro badulaque não é capaz de nos ajudar. Uma coisa é ter o mapa e tentar conhecer uma região por esta representação, outra coisa, é pisar o chão e observar as paisagens pessoalmente.
Nossos instrumentos são capazes de revelar sombras, retratar imagens, oferecer pistas, indicar caminhos. Temos também, para nossa vida devocional, a Palavra, as Escrituras que nos revelam a Deus e todo o seu amor. Mas, não confiamos nos meios em si. Não nos apegamos ao mapa como se isso já bastasse para podermos dizer que trilhamos o caminho e conhecemos a cidade. A rota espiritual de cada um não está em livros e manuais. Precisamos da fonte sem a qual nenhum mapa ou aparelho, por mais sofisticado que seja, pode ser feito. Pois estes, serão sempre o esforço por reproduzir e retratar algo real e infinitamente maior.

sábado, 21 de junho de 2014

...o pranto em dança

A rotina do dia a dia, as preocupações, as coisas que nos chateiam, as responsabilidades, desde as mais pequenas até as maiores, tudo é capaz de nos fazer viver o momento presente sem nos darmos conta de mais nada. Levar o lixo, dar comida ao cachorro, pagar mais uma conta, ir ao supermercado, consertar o liquidificador, trocar o gás, agendar uma consulta, sem falar do trabalho que chamamos de “emprego” e onde as responsabilidades e os desafios exigem ainda mais. Um dia está quente demais, o calor sufoca, outro dia o frio é que nos castiga. Os dias passam, as pessoas cruzam nosso caminho sem sabermos quem elas são.
Em meio à correria e à agitação podemos facilmente nos encontrar desanimados, cansados, murmurando e reclamando de tudo. São dias que podem, inclusive, nos levar a esquecer de que existe refrigério, descanso, a possibilidade de falar a respeito de tudo, tudo mesmo, inclusive sobre aquelas pequenas coisas!
Em um de seus salmos, Davi relata que “apresentou o seu caso” diante de Deus (Salmo 30.8). É reconfortante perceber como os salmos indicam o quanto pode ser libertador apresentar diante de Deus a nossa vida com todas as nossas dores, frustrações, cansaço e inseguranças. Por mais que o nosso sentimento seja de sufocamento pela carga dos dias mais pesados, Deus não está alheio e nem distante demais para ouvir. Ele “desce ao meu nível e me ouve” (Salmo 31.2). Cada novo dia é um presente de Deus. Ele nos espera a cada manhã para apresentarmos diante dele o “nosso caso”. Receberemos compreensão, perdão, amor. Depois de abrirmos diante dele o coração podemos prosseguir. Saímos com a sensação de que Deus nos envia com um: “Tenha um bom dia filha/o!”

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Crente Ateu

Muitas vezes confundimos as coisas religiosas por causa do nosso senso de meritocracia. Ignoramos a graça e novamente nos deixamos escravizar por práticas religiosas que Deus não nos pede. É verdade que desde o Antigo Testamento existe certa obediência que Deus espera de seu povo. No entanto, a nossa tendência se alinha àquilo que já era visto também entre os antigos hebreus. Achamos que por cumprir fielmente certos preceitos “religiosos” Deus se agradará de nós. É neste contexto que palavras como de Samuel nos chamam novamente à realidade: “Acaso tem o Senhor tanto prazer em holocaustos e em sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? A obediência é melhor do que o sacrifício, e a submissão é melhor do que a gordura de carneiros” (1 Samuel 15:22).
Enfim, toda e qualquer prática religiosa que buscamos cumprir em troca de salvação ou qualquer outro favor de Deus é vazio. Quem se sabe agraciado conhece o amor de Deus. E, como o profeta Miquéias já anunciava: “Ele mostrou a você, ó homem, o que é bom e o que o Senhor exige: Pratique a justiça, ame a fidelidade e ande humildemente com o seu Deus” (Miquéias 6:8).
Nossa relação com Deus não se pauta pelo esquema de trabalho e recompensa, mas, de graça e gratidão! Só há obediência, temor e gratidão com relação a outra pessoa que sabemos que existe e com quem mantemos um relacionamento efetivo. Não é possível falar em coisas próprias de um relacionamento quando o objeto da minha fé não passa de uma ideia, um sentimento subjetivo ou um discurso qualquer! Um “crente ateu” não tem a quem responder a não ser a si mesmo em sua fé self!

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Palavra Que Não Volta Vazia

Ninguém, ao escutar esta canção ou ler o primeiro capítulo do Evangelho de João, terá dúvidas quanto ao significado do Verbo ou da Palavra: "Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade" (João 1:14). Jesus é Deus que veio ao mundo.
Gosto de meditar nas palavras do Profeta Isaías e pensar na Palavra pela perspectiva do Evangelho:
"Assim como a chuva e a neve descem dos céus e não voltam para ele sem regarem a terra e fazerem-na brotar e florescer, para ela produzir semente para o semeador e pão para o que come, assim também ocorre com a palavra que sai da minha boca: Ela não voltará para mim vazia, mas fará o que desejo e atingirá o propósito para o qual a enviei" (Isaías 55:10-11).

Eu Mesmo Faço as Regras

Existe uma frase relacionada à Queda dos seres humanos que muitas vezes "passa batido" ou, nos deixa intrigados. O Diabo, no esforço de convencer Eva de que Deus estava restringindo todo o potencial humano ao proibir que se comesse da árvore do meio do jardim, diz algo assim: "comam e vocês serão como Deus, conhecedores do bem e do mal". E, interessante que depois da Queda, o próprio Deus diz algo semelhante: "Agora o homem se tornou como um de nós, conhecendo o bem e o mal" (Gn 3. 5 e 22). O que isso significa?
A Queda foi um ato de rebeldia, de desobediência, de declaração de independência com relação à Deus. O pecado original corrompeu totalmente a natureza humana. Assim, "conhecer o bem e o mal" significa determinar o bem e o mal. É decidir por si mesmo o que é certo e o que é errado sem se submeter a nada e a ninguém. Basta continuarmos a leitura bíblica e observarmos a realidade à nossa volta para ver que tipo de mundo os seres humanos passaram a construir depois que se emanciparam de Deus.
Quem é que tem sido a minha referência nas decisões diárias? O Criador de todas as coisas ou, eu mesmo, uma mera criatura!?

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Sobre o Tempo...

Viver em resposta ao amor de Deus é discernir a cada dia o que agrada a Cristo e praticar isso. Uma de nossas desculpas prediletas é a falta de tempo. E, o curioso é que sempre falta tempo para as coisas mais importantes: trabalho, estudo e relacionamentos. Não costumamos ouvir que faltou tempo para dormir, jogar, ver televisão, comer e etc...
Embora os tempos não sejam favoráveis à exortação e conselhos, as Escrituras estão repletas delas. "Tenham cuidado com a maneira como vocês vivem; que não seja como insensatos, mas como sábios, aproveitando ao máximo cada oportunidade, porque os dias são maus" (Efésios 5:15-16). Em outras palavras, "devemos viver remindo o tempo". A razão disso é que os dias são maus, vivemos tempos difíceis!
Aquilo com o que você gasta o teu tempo e o teu dinheiro revelam quais são as tuas prioridades! Cristo nos redimiu para uma nova vida. Redimir o tempo é viver cada dia na presença de Deus, buscando a sua vontade, aproveitando ao máximo cada oportunidade!

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Antes Mesmo de Eu Poder Escolher...

Todos nós gostamos de saber que temos o poder e a liberdade para fazer as nossas próprias escolhas. Como nosso coração é inclinado para o pecado corremos o risco, porém, de fazermos uma má escolha. O desejo por autonomia e liberdade pode nos levar também a não somente escolher um deus, mas, inclusive, criar um que atenda às nossas conveniências. As Escrituras nos revelam que há um só Senhor, um só Deus. Não existem divindades em oferta. Não há nenhum deus que podemos escolher como uma marca de grife.

Em sua oração Davi expressa que o Eterno foi sua única escolha (Samo 16). Portanto, diríamos, Davi escolheu bem. A surpresa, no entanto, foi descobrir que a escolha, na verdade, foi de Deus. Abrir mão das escolhas também pode ser uma atitude de libertação. Descobrir que Deus nos amou primeiro é uma experiência de graça e redenção sem igual! Posso desistir das prateleiras dos ídolos e viver em gratidão ao único que é digno de receber a honra e a glória!

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Oração e Incredulidade

Eugene Peterson traduz o final do verso 4 de Salmos 14 dizendo que "os estressados não têm nem tempo de orar" (A Mensagem: Bíblia em Linguagem contemporânea). Em nossos dias, estresse e falta de tempo parecem estar diretamente relacionados. A ansiedade de fazer mais, de ser mais produtivo, a pressão por resultados e as preocupações geram estresse. E, infelizmente, também os cristãos acabam deixando a oração para segundo plano.
Quando não se tem mais tempo para nada, quem ainda pararia para gastar tempo com oração? No entanto, a oração, ou a falta dela, pode revelar algo mais sério: quem é o meu Deus? A oração, como uma comunicação que alimenta um relacionamento, pressupõe um outro que me ouve e fala comigo. O desprezo pela oração e o envolvimento estressado com as ofertas do momento presente, revelam a minha incredulidade e o quanto o meu coração já se tornou idólatra.
Aquele que crê, confia toda a sua vida, inclusive a sua agenda, ao Deus de sua salvação.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Quando a Igreja Deixa de Ser Igreja

Vez e outra nos deparamos com questões referentes à natureza da igreja e todas as questões que envolvem a sua organização. Não é necessário dizer muito mais sobre a diferença entre as instituições eclesiásticas, as igrejas locais e a diferença destas para o verdadeiro corpo de Cristo, a comunhão dos santos. É inevitável para nós, seres humanos, criarmos algum tipo de estrutura para nos organizarmos em sociedade. Assim como na política, na educação, na arte, na economia e etc., também sobre questões de fé temos nos organizado de diferentes maneiras. Por isso, além de utilizarmos o termo 'igreja' para designar os cristãos, aqueles que creem, que seguem Jesus Cristo como Senhor e Salvador, igreja é também uma forma de organização. Daí surgiram as denominações e é também como nos referimos às comunidades locais. A Igreja Católica Apostólica Romana, por exemplo, é uma denominação, assim como a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, a Igreja do Evangelho Quadrangular e etc. Essas denominações estão espalhadas e organizadas pelo Brasil nas suas diversas paróquias, comunidades, congregações, células e etc. Estas comunidades e congregações locais são, também, chamadas de igrejas. São, portanto, igrejas completas, uma igreja local é templo de Deus. Há ainda uma outra utilização da palavra igreja como referindo-se ao templo ou prédio. Portanto, é comum ouvir alguém dizendo que vai à igreja no domingo à noite.

É importante que tenhamos isso em mente para que não façamos leituras equivocadas quanto ao propósito e razão de ser da igreja. Quando surge uma comunidade como uma igreja local, temos ali, um grupo, uma pequena "igreja" que se encontra a fim de celebrar, adorar a Deus, cultivar a comunhão entre os irmãos, vivenciar a fé, prestar auxílio e servir. A pregação da Palavra de Deus e a ministração dos Sacramentos (batismo e santa ceia) são as marcas centrais da igreja, especialmente na tradição protestante. O propósito central da igreja, neste sentido, portanto, é fortalecer a fé dos fiéis, anunciar a palavra da graça de Deus, convidar a todos para que se arrependam e creiam no evangelho da salvação. Só isto já justifica a existência da igreja e constitui sua relevância social e espiritual na sociedade.

Como organização (internacional, nacional ou local), as igrejas precisam de uma estrutura mínima para que se organizem e atuem como corpo de Cristo na pregação da Palavra e ações de misericórdia. A questão fundamental aqui é que a estrutura deve estar sempre a serviço desta missão da igreja e nunca o contrário. Quando isso é mantido na perspectiva correta, então, não haverá crise ou grandes conflitos a cada vez que a estrutura tiver que ser modificada, reformada e adaptada. A estrutura, diferente do evangelho, é circunstancial, temporária, útil enquanto servir aos propósitos da igreja. Portanto, nenhuma estrutura pode ser sacralizada, tornando-se um fim em si mesma. O propósito da organização, da estrutura, é servir à igreja, é favorecer a missão da Igreja, é ser um vaso de barro, um instrumento, um meio. E, como tal, deve estar sempre sujeito à revisão, reforma, adaptação, e, até, extinção. Extinguir uma instituição não significa, jamais, extinguir a Igreja ou uma igreja. Portanto, é sábio que toda forma de organização eclesiástica, bem como suas programações, podem e devem ser constantemente avaliadas, remodeladas e melhoradas. Lembrando sempre, é claro, que a organização visível em algum tipo de instituição é inevitável!

Sempre que um modelo de organização eclesiástica com todo o seu aparato e formas se torna um fim, a igreja tende a perder o seu diferencial na sociedade. Logo, perde também a sua relevância. Uma igreja local, por exemplo, pode se tornar um clube, uma associação com outros interesses, um clube étnico, um grêmio recreativo, uma espécie de sindicato, uma ONG, etc. Não que qualquer destes outros interesses, em si, sejam ruins. O fato é que a igreja não existe para isso. Para todos os fins na sociedade existem outros meios, outras instituições que, não raro, cumprem com suas funções com muito mais competência que uma igreja que está desvirtuada daquilo que ela deveria ser. Logo, quando uma igreja (como denominação ou como comunidade local) está mais concentrada em obter dinheiro e se dedica a promover eventos e desenvolver produtos com este fim, ela está atuando na esfera do mercado, o que, definitivamente, não é seu papel. Não que uma igreja, seja ela uma organização local ou nacional não precise de recursos financeiros. Mas, em sua esfera de atuação, estes recursos devem ser levantados através da doação e contribuição voluntária de pessoas, nunca fruto de negociações, venda de produtos e promoção de eventos. Cabe aqui mais um esclarecimento: não estamos dizendo que é necessariamente errado que se levante recursos com eventos e venda de produtos e promoções, etc. para os mais diversos fins na sociedade em geral. O caso é que quando uma igreja faz disso o seu "carro chefe", o que temos não é mais uma igreja, mas qualquer outra instituição social que, embora ainda possa se denominar igreja, se degenerou em alguma outra coisa.

Uma igreja, portanto, deve ser conhecida e respeitada na sociedade pelo amor com que os seus membros demonstram uns pelos outros e pelo serviço que estes mesmos membros estão dispostos a dispensar para com a realidade à sua volta (Atos 2. 42-47). Com isso, sugiro que você faça uma pesquisa em sua cidade. Saia pelas ruas e pergunte às pessoas o que elas pensam da tua igreja local. Como a tua comunidade é conhecida na cidade? Obviamente você obterá respostas de pessoas que vão querer desabafar seu ódio e frustração contra toda e qualquer igreja, mas, na maioria dos casos, obterá uma impressão que a tua igreja está causando ali. Se a tua comunidade for mais conhecida, por exemplo, como a igreja das "boas festas do chopp e da linguiça", com certeza alguma coisa está errado. E, não que o erro esteja em que haja boas festas, ou, que exista algum problema em apreciar um bom chopp ou gostar de pão com linguiça. Afinal de contas, sempre poderemos encontrar boas festas, bons chopps e boas linguiças. Mas, onde as pessoas encontrarão, quando quiserem ou precisarem, uma boa igreja? Se a igreja se degenerar em qualquer outra coisa, dificilmente a farmácia, o açougue, o supermercado, o hospital, a rádio, o banco, o clube social, o sindicato, a cooperativa, e etc., cumprirão o papel que somente uma boa igreja, fundamentada no evangelho, pode cumprir. Por mais que em todas as instituições da sociedade existam cristãos espalhados, testemunhando e servindo à partir de suas vocações, as igrejas locais, como a assembleia dos santos, continuam como essenciais para um mundo caído (Mateus 5. 13-14 e Hebreus 10. 24-25).

Alguns outros textos que já publicamos sobre o tema "igreja" e que podem servir àqueles que querem complementar a reflexão:

Três Lições Sobre Igreja
O Que é Igreja?
Aos Líderes Que Ainda Desejam Edificar Igrejas Relevantes
A Igreja e as igrejas
Ser Discípulo - Ser Igreja

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Família III

Se Deus instituiu a família, ninguém melhor do que ele para saber como podemos gozar plenamente esta realidade. Sabemos seguir e respeitar bem as leis naturais que reconhecemos no mundo em que vivemos. Por exemplo, se a lei da gravidade é algo instituído e, nós sabemos disso, vamos respeitá-la e, se não por temor e respeito a Deus, pelo menos por bom senso, afinal, sabemos bem as consequências de se tentar sair voando pela janela do décimo andar de um prédio.

O pecado, nossa rebeldia, no entanto, o que faz? Faz-nos ir contra a vontade de Deus. O pecado não mais nos permite um discernimento claro sobre a realidade. E, especialmente no que se refere à vontade de Deus, passamos a achar que sabemos melhor das coisas! “Foi isto mesmo que Deus disse!?” (Gênesis 3:1).

Não estamos falando aqui de uma simples regra ou lei arbitrária que legitima ou distingue o cristianismo frente ao secularismo ou às demais religiões. Pois, ou cremos de fato que Deus é real e criou todas as coisas a partir de seu poder, soberania e sabedoria, ou, assumimos de uma vez alguma síntese moderna que julgamos mais sofisticada frente à vontade de Deus revelada.

O que Jesus faz diante da religiosidade de seu tempo? Qual é a posição de Jesus diante de uma realidade marcada pelo pecado? Como Jesus responde às perguntas – sejam elas legítimas ou meramente provocativas – do seu tempo?
Divórcio, casamento, filhos, castidade, adultério, imoralidade sexual, etc.. Está tudo lá. Jesus não estava imune às tentações, à realidade, às pressões sociais, às perguntas e às provações. As pessoas sabiam também que estavam diante de alguém que pregava, ensinava e vivia na perspectiva de outro reino. Aquele galileu era diferenciado!

Como se dava esse encontro de realidades entre o mundo caído e a realidade da redenção? Como Jesus respondeu aos fariseus?

Primeiramente, Jesus não faz concessões. Ele não muda a ordem original da criação. Ele não tenta harmonizar a realidade corrompida pelo pecado de modo a justifica-la. Algumas frases da resposta de Jesus são extremamente esclarecedoras: "Vocês não leram que, no princípio, o Criador ‘os fez homem e mulher’” (Mateus 19:4).
O que Jesus está fazendo aqui?

Ele não muda a ordem original das coisas. Ele simplesmente diz: Deus fez assim. Esta é a ordem estabelecida. Se houve algo que alterou a ordem das coisas, isso foi o pecado. Mas, o padrão não muda por causa do pecado. A queda não altera a lei de Deus. Não podemos tentar encontrar um padrão de prumo diferente a cada vez que encontramos uma parede torta. Por mais que algumas coisas sejam relativas, eu não vou convencer ninguém se toda vez que eu me atrasar a minha justificativa for dizer que pra mim o tempo funciona num ritmo diferente!

E, Jesus vai adiante: “Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne’” (Mateus 19:5).
São várias as implicações que podemos concluir daí. Observem, no entanto, como Jesus deduz uma coisa da outra: “por essa razão...”. A família, homem e mulher, a multiplicação – procriação -, está tudo lá, instituído desde o princípio. Tudo faz parte daquela avaliação que conclui: “Ficou bom, muito bom!” (Genesis 1. 31).

“...o que Deus uniu, ninguém o separe”, continua Jesus em Mateus 19:6. Jesus não expõe uma versão atualizada, adaptada, nem uma releitura pós-queda à questão da família. Ao dizer, por exemplo, que “o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne”, Jesus está fazendo uma citação praticamente literal do que temos em Gênesis 2:24.

É isto. É a ordem da criação. Façam assim e viverão. É assim que está estabelecido! Dá pra desobedecer? Dá pra tentar diferente? Dá. Dá pra desafiar a gravidade? Dá. Dá pra contornar. Mas, é assim, está tudo entre o viverás e o morrerás. Jesus não enfeita, não justifica, não ameniza, não introduz eufemismos ilusórios!
“Ah, mas Moisés falou que...”
“Ah, mas ninguém é de ferro...”
“Ah, mas se for desse jeito então é melhor nem casar...”
“Ah, mas se é assim quem é que vai conseguir!?”
E, assim, somos nós, buscando brechas, uma porta dos fundos, uma explicação mais sofisticada, algo que nos justifique...

Jesus vai dizer exatamente isso: “Moisés lhes permitiu divorciar-se de suas mulheres por causa da dureza de coração de vocês. Mas não foi assim desde o princípio” (Mateus 19:8). Enfim, se é assim ou assado, é por causa do pecado, da desobediência, da teimosia, da incredulidade de vocês. Mas, não que esta seja a vontade de Deus. Não que este é o projeto do criador.

Em sua misericórdia, o amor de Deus permanece, sua graça está à disposição. Mas existe um jeito certo que continua o mesmo, continua certo, é o melhor jeito, é aquele instituído desde o princípio e que corresponde ao caminho que leva á realização mais profunda, completa, plena...

Não queiram fazer do pecado um novo padrão! Não queiram buscar nos modelos pós-queda a justificativa para sua fraqueza! As distorções, consequências do pecado, obviamente estão aí, por toda parte. Mas, Jesus não autorizou que nenhuma destas distorções fosse colocada como referência legítima para novos modelos. Ele sempre de novo apontou para o pai, o Criador, a origem de tudo. Aquele cuja vontade é boa, perfeita e agradável!

É isto...!

Sem nos esquecermos, portanto, de que vivemos a realidade caída, onde somos fracos, limitados, rebeldes, endurecidos, teimosos... deixemo-nos renovar e transformar dia após dia em nossa jornada de discipulado, levando “cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo” (2 Coríntios 10:5).

O mesmo Deus que nos criou é aquele que nos redime. Como o centro do Evangelho, o Reino de Deus inaugura a nova realidade, a redenção de todas as coisas que Deus criou! O Senhor Jesus é aquele que redime também relacionamentos, lares, e famílias! Que possamos nos deixar transformar por sua graça e misericórdia, de modo que experimentemos a boa, agradável e perfeita vontade de Deus para nossas famílias!

segunda-feira, 31 de março de 2014

Família II

Existe um texto nos Evangelhos que é bastante revelador sobre a postura de Jesus quanto ao tema da família. Em Mateus 19. 3-12, encontramos uma situação onde...

Alguns fariseus aproximaram-se dele (Jesus) para pô-lo à prova. E perguntaram-lhe: "É permitido ao homem divorciar-se de sua mulher por qualquer motivo?” 
Ele respondeu: "Vocês não leram que, no princípio, o Criador ‘os fez homem e mulher’ e disse: ‘Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne’? 
Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, ninguém o separe". 
Perguntaram eles: "Então, por que Moisés mandou dar uma certidão de divórcio à mulher e mandá-la embora?”
Jesus respondeu: “Moisés lhes permitiu divorciar-se de suas mulheres por causa da dureza de coração de vocês. Mas não foi assim desde o princípio. 
Eu lhes digo que todo aquele que se divorciar de sua mulher, exceto por imoralidade sexual, e se casar com outra mulher, estará cometendo adultério". Os discípulos lhe disseram: "Se esta é a situação entre o homem e sua mulher, é melhor não casar". 
Jesus respondeu: "Nem todos têm condições de aceitar esta palavra; somente aqueles a quem isso é dado. 
Alguns são eunucos porque nasceram assim; outros foram feitos assim pelos homens; outros ainda se fizeram eunucos por causa do Reino dos céus. Quem puder aceitar isso, aceite".

Minha reflexão com este texto não vai tanto nos pormenores que poderíamos extrair aqui. Mas, chamar a atenção para alguns pontos que nos levam novamente para a questão mais abrangente e, quem sabe, central.

Nós vivemos uma realidade onde muitos veem a religião como uma espécie de fenômeno que se propaga à base do “pode ou não pode”. E, muitas vezes, esse ‘o que pode e o que não pode’ é tomado como algo totalmente arbitrário, como se fosse instituído pelas religiões apenas para se distinguir, ou, infernizar a vida de seus fiéis. Daí vem a famosa frase “a minha religião não permite!”
Divórcio: Pode ou não pode?
Sexo antes do casamento...
Homossexualidade...
Ou, o que é melhor? Casar ou permanecer solteiro...? Ter ou não ter filhos...?

A pergunta dos fariseus lembra muito algumas perguntas e comentários que muitos de nós também escutamos hoje em dia. É uma percepção da religião, típica de quem não compreende as implicações mais profundas da fé, da vontade de Deus, do que significa viver num mundo criado, ou seja, um mundo e uma realidade que tem uma origem num Deus pessoal, soberano, todo-poderoso.

Quando buscamos no relato de Gênesis a vontade de Deus no que se refere aos seres humanos e à vida familiar, encontramos revelações muito claras. Existe uma ordem para a criação de Deus e, esta, não exclui as relações humanas, a vida em sociedade e a família, pelo contrário.
o Senhor Deus ordenou ao homem: "Coma livremente de qualquer árvore do jardim, mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá". (Gênesis 2:16-17).

Se Deus é o criador de todas as coisas, ninguém melhor do que ele para saber o que é o melhor para a sua criação.


Na próxima postagem vamos comentar um pouco mais sobre algumas coisas que Jesus diz em sua conversa com os fariseus e discípulos no relato de Mateus 19.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Família

O tema da família é de grande importância para a sociedade. Embora muito tematizado, parece cada vez mais difícil se posicionar sobre este assunto. Frente aos diversos questionamentos e busca por modelos, a igreja cristã vem se debatendo de forma que, na maioria dos casos, age de maneira reativa, jogando na defesa. Como cristãos, cremos que a família, como tal, é criação de Deus, é projeto original do Criador de todas as coisas.

 Falar da família, enfatizar o valor da família, defender a família não pode ser meramente um discurso reativo frente aos ataques de um mundo hostil. Antes, a família é algo que, independente das distorções - que geram desde celebração até arrepios -, está na concepção de algo que compõe a ordem da criação de Deus. Isso quer dizer que qualquer limitação causada pelo pecado não legitima as distorções da experiência humana. Tampouco a nossa limitação deveria se tornar justificativa para um comodismo frente aos desafios, dificuldades e obstáculos que se apresentam. Ainda é possível falar de um referencial quando o assunto é família?

Sem perdermos a perspectiva da graça, da misericórdia e do projeto de redenção de Deus, devemos também manter aberta as nossas mentes e nossos corações, de modo que a tolerância, no melhor sentido da palavra, permaneça como uma marca distintiva do caráter cristão. E, isso no que se refere ao fato de sermos diariamente desafiados a sermos imitadores de Cristo, tanto em nossa vida pessoal, de santidade, quanto em nossos relacionamentos com o próximo.

Existem diversos meandros e sutilezas, vários exemplos que poderíamos citar aqui e que dizem respeito a esta temática. Desde as tentativas de mudar a nomenclatura, típico da ideologia do politicamente coreto e seus eufemismos, até as investidas da mídia em tornar normal algo que, especialmente na visão deles, escandaliza os religiosos e conservadores, existem vários exemplos, relatos e questões que poderíamos discutir. Casamento e divórcio, heterossexualidade e homossexualidade, casar ou permanecer solteiro, ter ou não ter filhos, aborto, fidelidade e infidelidade, homem e mulher, sexo ou gênero, etc... são assuntos que inevitavelmente surgem dentro deste tema maior da família.

O que poderíamos fazer diante de toda confusão e crise familiar? Existe algo que a fé cristã e a tradição protestante têm a dizer sobre isto? De que modo as Escrituras e a vontade de Deus se posicionam com relação à família? De que modo nós poderíamos manter uma postura firme, em amor, de modo que sejamos tolerantes, acolhedores e misericordiosos? Ainda é possível ser um cristão, acreditar e defender a família sem compactuar com tudo aquilo que vem se querendo instituir como “legítimo” e “normal” na sociedade?


Enquanto você reflete sobre estas questões e posta seus comentários e opiniões, aguarde nosso próximo post onde continuaremos o assunto.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Revolución ou Reformación?

Em parceria com a Obra Gustavo Adolfo (OGA), o Conselho Nacional da Juventude Evangélica (CONAJE) da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) está lançando um modelo de camiseta com a marca “Viva la Reformation”, uma paródia da logo "Viva la Revolution" com Che Guevara.
Estampa das camisetas do CONAJE

Não se trata de nada original, uma vez que a ideia já é encontrada em outros países. Há apenas uma pequena variação: a camiseta do CONAJE tem o rosto de Lutero e a frase “Viva la Reformation” (“Viva a”, em espanhol, e “reforma” em alemão), enquanto a que já existe fica ainda mais próxima ao espírito latino com "Viva La Reformación". O que não consegui encontrar nas páginas da internet e redes sociais que
divulgam a camiseta é uma explicação para a arte e a frase estampada. Só diz que é uma promoção devido os 500 anos da Reforma Protestante que acontecerá em 2017. E, diz ainda o texto divulgação, "a identidade visual criada nos faz refletir quanto a que reformas precisamos em nossa sociedade e em nossa Igreja hoje, quase 500 anos depois de Lutero". Não sabemos quais foram as reflexões e as motivações para terem chegado a esta proposta. E, nem mesmo por que uma produção para os 500 anos de Reforma está muito mais relacionada ao revolucionário argentino do que propriamente à causa da Reforma Protestante. Ficarei aguardando como tal identidade visual nos fará "refletir quanto a que reformas precisamos em nossa sociedade".

Quero, no entanto, aproveitar o ensejo e tecer alguns comentários sobre os termos 'reforma' e 'revolução'. Elas não significam a mesma coisa. Se foi pensando na diferença entre os dois termos que o CONAJE decidiu colocar esta arte na camiseta, então, sim, pode ser que os desdobramentos e a reflexão que tudo isso vai gerar pode ser bastante positivo. Buscando por uma definição dos dois termos, um dicionario online trás o seguinte:
 Revolução: Revolta, sublevação. Mudança brusca e violenta na estrutura econômica, social ou política de um Estado (ex.: a Revolução Francesa).
Reforma: Ato ou efeito de reformar. Mudança operada tendo em vista um melhoramento. Melhoramento introduzido numa regra muito moderada, numa ordem religiosa. Nova organização ou modificação de uma organização existente.

Obviamente que pode acontecer de alguém tomar uma palavra com o sentido de outra. Ambos os termos partem de um mesmo princípio que é a "mudança". Nós sabemos que com a reforma Lutero buscava mudanças na igreja. Mas, será que ele optou pela via da reforma ou da revolução? E notório que ele nunca pretendeu por abaixo toda a tradição da igreja, sua agenda não foi o da radicalidade. O reformador não queria acabar com toda a igreja católica de modo que nenhum vestígio sobrasse. Não, o monge alemão não desejava romper com tudo, o que ele desejava era exatamente aquilo que o termo que utilizamos ao longo dos séculos quer dizer: reforma. Os reformadores acreditavam na estratégia de que para uma mudança histórica, melhor é a renovação progressiva em vez de destruição violenta. E é conhecida na história da Reforma Protestante o rompimento de Lutero com um de seus colaboradores chamado Thomas Müntzer. A razão é que Müntzer não achava que Lutero fosse radical o suficiente. A consequência foi a guerra dos camponeses. Outro aspecto importante da biografia de Lutero é que ele nunca propos criar uma nova igreja. Tampouco foi dele a iniciativa de deixar a igreja católica. O que aconteceu foi a excomunhão, ou seja, Lutero foi expulso pelo papa da época que não concordava com as reformas propostas pelos reformadores liderados por Martim Lutero.

Portanto, reforma pressupõe mudança sobre algo já existente. A Reforma Protestante não rejeitou toda a tradição, ela quis apenas reformar a tradição e denunciar os seus erros para que houvesse um redirecionamento. A palavra revolução é descartada por sua conotação negativa, pois é geralmente caracterizada por "(1) violência necessária, (2) remoção completa de cada aspecto do sistema estabelecido e (3) construção de uma ordem social totalmente diferente de acordo com um ideal teórico"*. Assim, a palavra reforma é preferível, pois o princípio da reforma "enfatiza a necessidade de evitar a violência. Nenhuma ordem social ou religiosa é absolutamente corrupta. E, a reforma "não coloca a sua confiança em planos e concepções da sociedade ideal alcançada por especulação científica ou pseudocientífica". A abordagem da reforma "enfatiza os aspectos positivos da tradição, da autoridade, da continuidade histórica". Se for isto que a camiseta do CONAGE pressupõe, então, sim, "Viva la Reformation". E, a melhor arma de Lutero foi a Palavra. No entanto, se o objetivo for uma aproximação com os métodos sangrentos da guerrilha e da luta armada com a qual se identifica Che Guevara, então, Jesus Cristo realmente precisa ficar de fora da conversa. Quais são as mudanças, portanto, que precisamos em nossa sociedade? Quais são as reformas necessárias? Quais serão os meios e estratégias necessários para trabalharmos pelas reformas?

A mudança é positiva e necessária. As instituições precisam se deixar renovar, reformar. O princípio da reforma permanece um desafio para nós, igreja no século XXI: "Ecclesia reformata et semper reformanda est" (A igreja reformada está sempre se reformando). Que possamos todos, jovens ou não, celebrar os 500 anos da Reforma Protestante no melhor espírito da reforma que é permanecer sempre reformando!
Pintura feita por Lucas Cranach

 * WOLTERS, Albert M. A Criação Restaurada: base bíblica para uma cosmovisão reformada. Tradução de Denise Pereira Ribeiro Meister. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. p. 103.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Recomeçar...

Entre agosto de 2003 e dezembro de 2013 vivi, trabalhei, fiz amigos e tive filhos na cidade de Pelotas, RS. A partir de 2014 entro numa nova fase, nova cidade, novos desafios. Resido novamente em Curitiba, PR. Neste intervalo fomos para São Gabriel da Palha, ES, visitar mãe, parentes e amigos. Esse processo todo de mudanças fez com que o blog ficasse meio parado. No entanto, espero poder retomar as coisas agora que já vou me instalando aqui na capital paranaense.

No Espírito Santo pude ver mais de perto algumas consequências das fortes chuvas que castigaram o estado no finalzinho de 2013. Pelas ruas das cidades todos os dias era possível ver mais restos de móveis sendo descartados. As chuvas passaram, o noticiário não fala mais nada. No entanto, as consequências permanecem. Muitas pessoas precisam encontrar força e motivação para continuar em frente. Promessas são muitas, mas, além de algumas poucas cestas básicas, nada de mais concreto se confirmou para ajudar as pessoas. Resta continuar esperando e acreditar que com o tempo algo vai acontecer. Mesmo assim, as pessoas rapidamente vão procurando contornar os problemas e seguir a vida normalmente. Nestas situações duas coisas ajudam a revelar a realidade da natureza humana: enquanto alguns se aproveitam para surrupiar algum objeto ou abusar dos preços em produtos essenciais, muitos se dedicaram em ajudar, doar, servir. Mais uma vez fica evidente a ganância, a insensibilidade, a maldade que o ser humano pode nutrir em seu coração, ou, a bondade, a solidariedade, a misericórdia e o amor. Somos assim. Seres humanos criados á imagem do bom criador, mas, caídos, rebeldes, voltados para si mesmos.
Com minha filha, Sophia, nos arredores de S. Gabriel da Palha/ES

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