Agradeço a todas as visitas e comentários! Seja bem vindo!!! Que Deus abençoe a tua vida!

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Um Abençoado Ano de 2010 à Todos!


O Galo Cantor

Em um galinheiro não muito distante daqui havia um galo chamado Abelardo que era tratado como um rei. Todas as galinhas e frangos e, até mesmo os outros galos cuidavam muito bem dele. Todos traziam para ele as melhores comidas e davam-lhe os melhores lugares no galinheiro. Abelardo tinha tudo o que queria e todos o cercavam com grande luxo e cuidado. Ninguém podia ao menos pensar na possibilidade de que Abelardo ficasse doente. Pior ainda, ninguém queria que ele ficasse rouco. O fato é que todos acreditavam, e Abelardo também, que o canto daquele galo fazia o sol nascer. Isso porque alguns minutos depois que ele cantava, na madrugada, todos viam o sol nascer. Com isso, divulgou-se entre todos no galinheiro, o mito de que Abelardo tinha um canto muito poderoso e que o seu canto fazia o sol nascer.
O problema, porém, foi que uma noite Abelardo foi dormir muito tarde e quando percebeu, havia errado a hora e ao correr para cantar, viu que o sol já havia nascido. Qual não foi a decepção e frustração de Abelardo ao olhar ao redor e ver todos os habitantes do galinheiro com os olhos de reprovação voltados para ele. Alguns zombavam e outros diziam-se enganados pelo galo charlatão.
Desde aquele dia a vida de Abelardo nunca mais foi a mesma. Perdeu os amigos e foi condenado a uma terrível solidão. Sempre que passava pelos companheiros do galinheiro ele era desprezado e lhe davam as costas.
Todavia, depois de um certo tempo e alguma reflexão, Abelardo acordou com uma nova disposição. Subiu em um galho e com toda a força dos pulmões, cantou lindamente. Quando ele terminou de cantar, todos os habitantes do galinheiro estavam reunidos e em coro diziam: "Ah seu galo tolo. Você pensa que nos engana novamente? Sabemos que não é o seu canto que faz o sol nascer!"
Abelardo então respondeu: "Realmente eu era um tolo, pois também pensava que o meu canto fazia o sol nascer. Agora, porém, sei que há um Criador que sustenta todas as coisas e dá sentido à vida. Hoje, não canto para fazer o sol nascer, mas canto porque ele já nasceu em minha vida!"
Assim, querido leitor, se você passou um ano de 2009 cansado e sobrecarregado com responsabilidades e compromissos, se você, com todo o seu esforço, ainda se decepcionou por ter percebido que não é indispensável, lembre-se: o essencial já está feito! Viva e alegre-se pelo que Deus já fez e continuará a fazer em 2010! Liberte-se da religião que pede sacrifícios e esforços para ativar o poder divino. Viva a gratidão por tudo que Deus já fez, apesar de não sermos merecedores!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Aos Líderes Que Ainda Desejam Edificar Igrejas Relevantes

A quantidade de informações sobre a proliferação de igrejas nas cidades brasileiras só é maior, talvez, do que o número de igrejas. Uma de nossas comunidade de bairro em Pelotas fica a menos de três quilômetros de nossa casa. Para chegar lá não transitamos em mais do que quatro ruas, e, no trecho maior de uma delas, passamos por quatro igrejas. O que chama a atenção do observador mais critico é a semelhança entre elas. O mesmo estilo de pregação, as mesmas músicas e estilo de louvor, os mesmos apelos emocionais, uma ordem simples e previsível: saudação, louvor, pregação, apelo, oferta. Os líderes geralmente não têm a Bíblia como fundamento do seu ministério, mas, as técnicas de marketing, mensagens de internet e imitação de pregadores de rádio e televisão. Os músicos, por sua vez, buscam inspiração em shows, workshops e discos de artistas renomados do meio gospel.
Diante disso temos uma igreja sem identidade, superficial, sem impacto na sociedade. Quando muito, contribuem causando escândalos como frequentemente aparecem nos noticiários. As mensagens não desafiam a uma transformação de caráter, à ética e ao engajamento por um mundo melhor. Deus, Jesus e a Bíblia tornaram-se apenas palavras mágicas utilizadas para ordenar e determinar milagres de acordo com a vontade de cada um. Não se sabe mais o que é reverência, santidade ou autoridade. Explora-se o que já existe de pior no ser humano: cobiça, ganância e sede de poder. Diante disso, quero oferecer algumas dicas ou conselhos aos líderes que ainda sonham em edificar comunidades cristãs sérias.
1. Substituam o marketing, a internet e a televisão pela Bíblia. Estudem e formulem as suas própria conclusões. Paulo, o apóstolo, só tinha autoridade para pedir que a igreja o imitasse porque ele mesmo tinha consciência que era um imitador de Cristo. Leia menos livros sobre a Bíblia e tire mais tempo para ler a própria Bíblia.
2. Preste atenção às pessoas, ao contexto em que a sua comunidade está inserida. Valorize as particularidades, respeite a caminhada de cada um, deixe que a igreja cresça naturalmente e que a palavra de Deus seja a inspiração.
3. Conheça e deixe-se conhecer pelas pessoas. Não banque o super-crente que não passa por problemas. O caminho de Jesus foi um caminho humano, de fragilização e identificação. Jesus não andava em jatinhos, não tinha camarim e também não dependia de roupas de grife para se sentir importante.
4. Fuja das tentações: de ser famoso, de querer edificar uma igreja grande, do imediatismo, de ficar rico no ministério, de poder e do sexo. Tudo isso costuma andar junto. Uma coisa puxa a outra.
5. Ajude os ministros de louvor da tua igreja a compreenderem que unção e autoridade dependem muito mais de submissão, obediência, vida comunitária, oração e estudo da Palavra de Deus do que da participação em shows, workshops e congressos com cantores e bandas famosas. Ajude-os a compreenderem que o trabalho deles é um serviço cuja qualidade dependem 50% de inspiração e 50% de transpiração. O Espírito Santo não supre o desleixo, a falta de ensaio, estudo e preparo. Essa última parte vale também para os pregadores.

sábado, 12 de dezembro de 2009

O Que é Igreja?

Muitas coisas são compreendidas de maneira errada ou equivocadas. Isso também acontece no caso da Igreja de Jesus Cristo. Por isso, talvez seja importante, antes de falarmos o que é igreja, esclarecermos o que a igreja não é:
1. Igreja não é clube – Por isso, sua programação não tem o objetivo de divertir, entreter e oferecer recreação ou paparicos aos sócios. A Igreja não é uma sociedade recreativa.
2. Igreja não é associação – Assim, a igreja não possui sócios. Ela é composta de membros. O sócio paga mensalidade em troca de alguns benefícios. Igreja não cobra mensalidade, ela sobrevive das ofertas voluntárias oferecidas pelos membros de coração grato.
3. Igreja não é time – Por isso, na igreja não são apenas algumas pessoas que participam do jogo enquanto a maioria assiste a tudo de forma passiva. A igreja também não se resume a uma turma de amigos ou de pessoas de atividades ou classes semelhantes.
4. Igreja não é empresa – Por isso ela não está obrigada a desenvolver produtos ou programas para obter lucro ou mesmo gerar empregos e renda.
5. Igreja não é supermercado ou shopping center – Assim, igreja não é lugar para passar o tempo ou ir apenas buscar uma benção nova na prateleira espiritual.
6. Igreja não é casa de espetáculo – Por isso, igreja não é lugar onde procurar ou oferecer shows e apresentações bizarras com efeitos especiais.
7. Igreja não é prédio – O local onde um grupo de pessoas se reúne para louvar, adorar, comungar e ouvir a pregação da palavra de Deus não pode ser confundido com igreja. O templo físico é apenas um espaço onde parte da igreja se reúne.
A diferença básica é que para participar da maioria das entidades ou eventos acima, basta estar vivo, ter prestígio, talento ou dinheiro. Mas, a igreja é a comunhão daqueles que crêem e confessam o nome do Senhor Jesus Cristo. Fé, Cristo e Igreja estão intimamente relacionados. No livro Meu Sonho de Igreja, o pastor Hartmut Weyel diz que “uma pessoa somente se torna alguém que crê quando passa a participar, pela fé, pelo arrependimento e renascimento, daquilo que foi dado à igreja, a saber, ser corpo de Cristo”.
A definição mais correta para a igreja é a Bíblica: Um corpo (Efésios 1. 22; 4. 15; 5. 23 e Colossenses 1. 18). Por isso, as pessoas que compõe a igreja não são associadas, empregadas, clientes ou espectadores, mas membros.
A igreja é o corpo de Cristo, onde Ele mesmo é a cabeça. Os crentes são os membros desse corpo. E, como membros, estamos sempre sujeitos à vontade da cabeça. Assim como não existe uma cabeça sem um corpo, também não pode existir um corpo sem uma cabeça.
Assim, a igreja pode apresentar características de tudo aquilo que o ser humano já conseguiu criar ou organizar, afinal, a igreja é composta por seres humanos, porém é única e diferente de tudo o que ele já produziu em seu mundo ganancioso e capitalista. Isso porque a igreja não surge primeiro com pessoas, mas ela existe porque Deus existe e a elege. O Espírito Santo é dado a igreja e o corpo de Cristo está presente antes da fé pessoal de cada indivíduo.
E, se não podemos falar de igreja sem falar de Cristo e fé, cabe ainda lembrar as palavras do pastor Weyel: “Fé sem Cristo é incredulidade. Fé sem igreja é fé deturpada. Fé fora da igreja é supertição”. Ou seja, a igreja é a comunhão de todos aqueles que crêem e confessam a Jesus Cristo como seu único e suficiente senhor e salvador. Numa sociedade onde a maioria das pessoas espera ser servida, as pessoas que constituem a igreja precisam aprender sempre de novo com o seu Cabeça: “Pois nem mesmo o Filho do Homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” (Jesus Cristo - Marcos 10. 45).

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O Que Está Faltando Para Um Feliz Natal?

O tempo de quatro semanas que antecedem o Natal é conhecido na tradição cristã como advento. Advento significa vinda, chegada. Está relacionado à chegada de Deus ao mundo. Tempo determinado para a preparação da festa do nascimento de Jesus. Por falar em festa, você já foi a uma festa de aniversário onde havia muita comida, muita alegria, muita celebração, diversos presentes, música, conversa animada? É provável que sim. E, você já foi a uma festa de aniversário desse tipo onde o aniversariante estava ausente? Pois o Natal, cada vez mais, está se tornando isso: uma festa de aniversário sem o aniversariante.
Na minha história pessoal, o advento nunca significou alguma coisa. Não que o advento não signifique nada. Mas, para mim nunca significou! O comum, no mundo, é ver as pessoas agitadas em torno das arrumações de fim de ano, das festas, das compras, das ceias especiais, dos presentes, das férias, das viagens, etc... E, como eu venho de uma família que social e economicamente estava excluída desse advento de consumo e, que também não compreendia tão bem assim as questões mais religiosas do ano litúrgico, o advento e a chegada do natal eram esperança do tipo: 'este final de ano será diferente', ou, talvez apareça alguma visita inesperada ou um presente improvável... Pouco sabíamos sobre o real significado que, pelo menos no discurso, muitos cristãos ainda procuram preservar.
Apesar de tantos adventos, natais e finais de ano frustrantes, fui aprendendo que a frustração é fruto de expectativas equivocadas. Hoje, a vida sem símbolos natalinos, sem árvores de natal e luzinhas pendurados por tudo não fazem qualquer diferença. Compreendi que a grande maioria das coisas que cercam essa data não passa de ilusão para mascarar a tristeza de corações vazios. É a festa dos que celebram sem a presença da razão principal. Daqueles que celebram, comem regaladamente, soltam fogos, se abraçam... para logo depois acordar com dor de cabeça e iniciarem um novo ciclo. Continua o sentimento do 'parece que falta alguma coisa!' O advento é espera que possui traços de comportamento próprios de uma vigília. Tempo de expectativa das comunidades cristãs (venha o teu reino) relacionada à nova vinda de Cristo, a chegada do "novo Céu e a nova terra". Não existe mais o 'menino' Jesus. Ele já nasceu! E, agora, quando Ele vier será em glória para instaurar definitivamente o reino de Deus em toda a sua plenitude! A vida cristã não se resume a ciclos. Ela é progressiva. Por isso, não aguardamos mais o Jesus 'menino', mas, o Jesus Senhor e Salvador. Não o Jesus que vai nascer, mas o Jesus ressurreto. Então, se apesar de toda celebração, presentes, chocolate e decoração permanecer o sentimento de 'falta alguma coisa', reflita: não estaria faltando o principal!?

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O Cristão Retém o Que é Bom

Somente Deus é Totalmente Bom
Um cristão jamais deveria se deixar enquadrar ou rotular como alguém que aderiu cegamente a uma determinada ideologia, filosofia ou sistema. Ele deveria buscar sempre uma certa lucidez, sabedoria e capacidade de discernimento frente às coisas. A Bíblia não pertence a nenhum sistema ou tradição humana. Como revelação de Deus, ela deve ser encarada como referência para a vida. O cristão deveria buscar em Deus a sabedoria para, na liberdade do Espírito, investigar todas as coisas e reter o que é bom. Logo, não há argumento para posicionamentos partidários. O cristão sabe que o conflito entre bem e mal é algo que não acontece somente entre estruturas impessoais ou sistemas e idéias isolados. Também não se trata de uma disputa entre carne e sangue se digladiando. O conflito começa no coração do próprio ser humano. Assim, o cristão sabe e pode admitir que ele mesmo é agente na criação de sistemas e ideologias que geram injustiça, opressão e morte.
O cristão, portanto, ao ter contato com diferentes culturas e a produção científica, já deveria estar ciente da tendência maniqueísta que divide o mundo entre bem e mal. Sem esse discernimento, a tendência é adotar a postura ingênua de assumir o lado daqueles considerados do bem. Não percebendo, assim, que ao fazê-lo, a sua simples presença entre "os bons", já seria suficiente para que o "lado bom" não seja mais tão bom. Não se pode chegar a essa conclusão sem admitir que o pecado é algo inerente ao ser humano. Sabendo disso, o cristão é alguém livre para investigar todas as coisas, aprofundar-se na ciência, desenvolver pesquisas, questionar a realidade na busca por respostas às suas dúvidas e às angústias da humanidade. Pois ele vai fazê-lo na certeza de que encontrará sinais de trevas e morte bem como de luz e vida em praticamente todas as ideologias e sistemas. A cultura é consequência da produção e reprodução humanas.
O Ser Humano é um ser caído e sujeito ao egocentrismo. Logo, o produto do seu empreendimento sempre estará marcado por essa mesma tendência. As marcas da queda são injustiça, opressão, morte. Por outro lado, o cristão não ignora a imagem e semelhança de Deus com o qual o ser humano foi criado. Consequentemente, toda a produção humana, potencialmente, carrega também a marca, ou, a imagem do divino: justiça, solidariedade, vida abundante. Ora, se a produção cultural é fruto do empreendimento humano, pode-se concluir que a arte, a ciência e toda produção cultural reflete o que o ser humano é: alguém criado à imagem e semelhança de Deus, porém, caído, rebelde, egocêntrico. Capaz, portanto, às coisas mais belas e também às mais horrendas. O ser e o fazer no mundo, deveria manifestar em maior ou menor grau os sinais do reino de Deus, dependendo do quanto se reconhece ou ignora o Criador.

Examinar Todas As Coisas
Sabendo que somente Deus é totalmente bom, o cristão pode resguardar-se de abraçar irrefletidamente sistemas e ideologias fechados, rechaçando completamente outras por considerá-los diferentes ou contrários. Exemplificando, o cristão é livre para ler e estudar autores que defendem e inspiram o comunismo e o socialismo e, ao mesmo tempo, conhecer o pensamento e as idéias dos autores liberais e defensores do capitalismo. Um sistema não é divino ou diabólico em si mesmo. Assim como nenhum deles é completo em tudo o que representa e propõe. Estamos sempre diante de um conjunto de idéias, elaborações, abstrações e até mesmo ações de seres humanos caídos, mas que, não deixaram de ser criaturas feitas à imagem e semelhança do seu criador. Outro exemplo pode ser encontrado nas artes. Será que existe uma produção artística ou mesmo um estilo mais sagrado do que outro? O simples fato de se rotular um estilo como religioso e outro como secular é suficiente para definir que um é bom e o que o outro é ruim? Estamos novamente diante do perigo de nos deixarmos guiar meramente pelos rótulos. Descarta-se imediatamente aquilo que é considerado mal e consome-se acriticamente aquilo que de antemão já se definiu como bom.
O cristão que reflete nessas coisas, dificilmente se deixará levar por partidarismos. Ele será, na verdade, alguém muitas vezes incompreendido, parecendo aos olhos do observador, estar pendendo ora para a direita, ora para a esquerda. É, portando, alguém passível de critica vinda de ambos os lados. O que os críticos ignoram é que esse cristão está refletindo a sua capacidade de analisar todas as coisas para reter o que é bom. Ele estuda, toma conhecimento e apreende aquilo que é bom, independentemente de vir da direita ou da esquerda. Mas, também é crítico e condena o que existe de ruim nas diferentes propostas. Diferentes estruturas ou esquemas de pensamento vão gerar diferentes práticas e inserções na realidade. Assim, tudo pode e deve ser examinado, apenas o que for bom, retido.
Por tudo isso, o cristão deveria ser aquele que é reconhecido pela mente aberta, alguém que manifesta um espírito livre, aprendiz, empolgado com as novas descobertas. É alguém que está disposto e consegue dialogar respeitosamente e, sem medo, sobre todas as coisas. Menos chato, portanto, para os críticos e aqueles que ainda não confessam a fé cristã. É alguém empenhado pelas melhores alternativas práticas e engajado em projetos de justiça no mundo.











Quem Influencia Quem?
De todas as coisas, somente Deus é plenamente bom. O cristão é livre para examinar e discernir todas as coisas e reter o que for bom. Resta ainda um alerta. O ser humano tanto influencia como pode ser influenciado. Como então manter o discernimento diante de tantos argumentos tão convincentes? Como manter a lucidez ao ser confrontado com a sedução estética? Como não ser arrebatado pela retórica envolvente dos líderes carismáticos? Onde ou em que apoiar-se para fugir da massificação? Em quem buscar socorro contra os padrões e valores que moldam tão imperceptivelmente? Qual é a referência na busca por discernimento?
Diante dessa realidade, uma postura comum dos cristãos tem sido a crítica inconsistente ou o retraimento covarde. A consequencia natural dessa postura é a irrelevância e a alienação. O cristão parece ignorar que é exatamente ele que está em maior vantagem. Pois, diferente daqueles que ainda não se renderam a Cristo, ele possui uma referencia. O cristão não cogita das coisas próprias, seu mundo não gira mais em torno do seu próprio umbigo. Ele não precisa desesperar-se por ter somente a si mesmo como critério de avaliação para as coisas. Também não precisa iludir-se afirmando suas próprias verdades. Além de uma comunidade de fé, ele possui os recursos da oração, da leitura e meditação nas Sagradas Escrituras para adquirir discernimento e sabedoria necessários diante dos desafios da vida. Na comunidade de fé ele sabe que não está só. A oração, estudo e meditação na Palavra lhe conferem relacionamento e intimidade com o pai de toda a ciência. Do encontro pessoal com Deus o cristão retorna à comunidade de fé numa dinâmica de aprendizado, aconselhamento mútuo e encorajamento. Poderá ser confrontado naquilo que está aprendendo. Logo, a sua postura e discernimento não se baseiam mais no próprio entendimento, mas numa relação transcendente com Deus e imanente com a comunidade de fé. É na vida orgânica da igreja que o partidarismo desaparece, restando somente a causa do reino de Deus. O bom a ser retido, perdurará pela eternidade. Aquilo que deve ser abandonado, queimará na depuração final.
Preguiça intelectual, alienação e fanatismo não combinam com a mente cristã. Como acumular tesouros no céu, se nem mesmo soubermos discerni-lo?

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Conversando é Que a Gente Se Entende

Quando o assunto é de interesse não há quem não goste de uma boa conversa. O diálogo é a maneira mais direta e eficaz de conhecer e se dar a conhecer. Um rosto estranho logo se revela diferente depois que os olhos deixam de ter prioridade na análise. Quando o outro fala, vai se mostrando alguém que de fato ainda não conhecíamos tanto assim. E, por mais que achávamos conhecer, nos aventuramos a novas descobertas a cada novo bate papo. Conversar é terapêutico. Pode, inclusive, prevenir violência, vícios, depressão, preconceito, inveja e muito mais. Quantas coisas podem ser esclarecidas numa boa conversa! Quem não experimentou alívio após dialogar com alguém e perceber que a raiva, o ressentimento e a culpa que geravam opressão, não passavam de um mal entendido?
Vivemos tempos em que o diálogo é dificultado. Investe-se muito em todo tipo de entretenimento que exige atenção individualizada. É uma contradição: equipamentos pessoais que facilitam a comunicação, mas que nos isolam cada vez mais dos outros seres humanos. Por causa das mensagens instantâneas, não se visita e nem se abraça mais ao vivo para desejar feliz aniversário. O resultado parece ser que quando as pessoas ainda falam, elas não sabem bem o que dizer. Muitos se comunicam bem por intermédio de aparelhos eletrônicos, possuem vários amigos virtuais, mas, não tem um amigo de verdade com quem falar olho no olho. Nesse processo, o abraço se transformou somente numa palavra, um código: então tchau, um abraço!
É claro que as novas tecnologias ajudam facilitando bastante a vida. No entanto, por mais que se desenvolvam novas tecnologias de comunicação, nada consegue substituir o recurso mais primitivo de interação. Pelo menos não sem perdas, sem o risco da superficialidade. A voz e os olhos cada vez mais são substituídos pelos dedos e pela tela de um monitor. O tipo de sociedade que isso vai gerar ainda é desconhecido. Quem sabe aconteça uma reação, um basta, chegaremos a um limite! Ou, o processo de adaptação será tão sutil que tudo seguirá o curso da 'normalidade'. A superficialidade, o anonimato e o individualismo cada vez mais serão encarados como necessários na era virtual de consumo. E, quando falarmos, será para trocar formalidades ou criticar alguém. Não é estranho então, que cada vez mais, as opiniões sejam levadas 'para o lado pessoal'. E, já que é assim, melhor é não falar nada! Mas, melhor pra quem??? Bom, isso só importa se ainda existir alguém!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Bíblia: Só Mais Um Manual de Auto-Ajuda?

A auto-ajuda geralmente defende que o ser humano deve seguir seus instintos. Buscar dentro de si as soluções para a vida e planejar, ou, programar o futuro através das respostas encontradas no seu coração. As pessoas são orientadas na direção do “ter”, e não mais do “ser” ou “viver”. Consumimos livros buscando respostas fáceis, tentando resolver sozinhos os problemas. Focando somente o desenvolvimento pessoal, deixamos de unir-nos a outros seres humanos ou movimentos sociais para resolver os problemas em conjunto e solidariedade. Ignoramos que os problemas não são apenas pessoais e isolados. A humanidade é interdependente.
Os tempos atuais são caracterizados também por uma cultura terapêutica. O narcisismo, a consciência internalizada e a busca pela identidade levam as pessoas a perseguir o bem-estar pessoal. Nunca as pessoas procuraram tanto psicólogos, terapeutas e as chamadas terapias alternativas. Até mesmo as igrejas são influenciadas por essa tendência. As mensagens enfocam mais a cura dos males, a prosperidade e as emoções enquanto que tópicos importantes são relativizados. As mensagens e sermões servem meramente de entretenimento, com o objetivo de fazer as pessoas sentirem-se bem. O importante é 'casa cheia'. Conhecer as Escrituras em profundidade e ser relevante na sociedade pouco importam.
E a Bíblia? É também só um livro que mostra às pessoas como viver melhor? Martinho Lutero disse que sua consciência era cativa da Palavra de Deus. A Bíblia estava acima dos seus sentimentos e razões próprias. Existe uma diferença entre o princípio bíblico e a tese da auto-ajuda: “O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável. Quem é capaz de compreendê-lo?” (Jeremias 17. 9). Se a maioria dos livros enfatiza o ser humano como todo poderoso e capaz de sozinho ajudar a si mesmo, a Bíblia é realista. Focando sinceramente a nós mesmos, a conclusão a que chegaremos não será muito diferente da descoberta do Apóstolo Paulo: “Miserável homem que eu sou!” (Romanos 7. 24). Leia esse texto adiante e verá que o Apóstolo encontrou reposta para seu dilema.
Sim, as pessoas podem e devem buscar na Bíblia palavras de ânimo, conforto, sabedoria, consolo e encorajamento. Pois, certamente encontrarão. Mas, isso acontece porque as Escrituras nos leva para além de nós mesmos. Revela-nos um Deus de amor, graça e misericórdia. Um Deus que nunca nos deixará sozinhos pelos vales da sombra da morte. Desafio você a ler e refletir ainda em João 8. 12 e 2 Timóteo 3. 16, 17.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A Porta de Wittenberg



















No século XVI não existia internet, muito menos sites e blogs. Na verdade, Gutenberg tinha acabado de inventar a imprensa de tipos móveis no século anterior. A partir daí a publicação de livros em maior escala e a um preço menor mudou para sempre a estrutura da sociedade. Com a queda de até 400 vezes no preço dos livros, a vida intelectual não era mais domínio da igreja e da corte. A alfabetização tornou-se uma necessidade da vida urbana. Um grande número de escritores, músicos, políticos, religiosos, cientistas, médicos e exploradores puderam transmitir seus conhecimentos e sua inspiração.
Foi no século XVI que um monge se incomodou com vários erros na igreja e lutou por reformas. A igreja (católica) era a guardiã da cultura ocidental. Durante a época medieval conquistou riquezas e autoridade sem precedentes. Além dos poderes políticos, o papa também detinha o poder maior – as chaves para o paraíso e o inferno. Um poder garantido, principalmente, porque a igreja detinha a informação, principalmente da interpretação da Bíblia Sagrada. Desiludido com a rigidez e controles da igreja, o monge Martinho Lutero começou a estudar profundamente as Escrituras e ousou questionar o sistema vigente. Seu profundo desejo por perdão levou Lutero a estudar a Bíblia onde compreendeu que o justo viverá por fé (Romanos 1. 17). Essa nova visão da graça levou Lutero a questionar especialmente a interpretação e o controle que a igreja tinha das Escrituras.
Uma das questões que mais incomodaram Lutero foi a venda das indulgências. Quem comprava uma indulgência das mãos de John Tetzel, adquiria a liberdade das conseqüências temporais e mesmo eternas do pecado. Foi então que Martinho Lutero decidiu que era hora de um debate maior em torno das questões. Escreveu suas 95 teses e no dia 31 de outubro de 1517 fixou-as na porta da Catedral de Wittenberg na Alemanha. Essa era a forma de expor os temas e iniciar uma discussão. Não se sabe quem, mas imediatamente alguém conseguiu uma cópia e as teses foram traduzidas do latim para o alemão e publicadas sendo distribuídas por todo país. Em um mês as teses de Lutero já circulavam por toda a Europa. Começava aí mais uma revolução para mudar a história. Numa época em que as informações eram dominadas e manipuladas por uma só instituição, uma porta e uma imprensa serviram de instrumentos para a reforma. A porta de Wittenberg foi o blog de Lutero para publicar suas idéias. Daí para frente, ninguém mais podia controlar a disseminação do texto e os debates gerados. Até hoje, nenhum blog gerou tantos comentários!

sábado, 24 de outubro de 2009

O Jesus de Cada Um

Em seu livro Ouça o Espírito Ouça o Mundo: como ser um cristão contemporâneo, o teólogo Anglicano John Stott dedica boa parte da introdução alertando sobre as tentativas de modernizar Jesus. Evocando uma pergunta do teólogo e mártir luterano Dietrich Bonhoeffer, Stott argumenta que "a tendência da igreja tem sido, em cada geração, desenvolver imagens de Cristo que se desviam do retrato pintado pelos autores do Novo Testamento". Cita ainda outro teólogo luterano, Helmut Thielicke: "Sempre e sempre de novo, a figura de Jesus tem sido terrivelmente amputada a fim de adaptar-se ao gosto de cada geração". Stott faz uma breve recapitulação histórica revelando os 'tipos' de Jesus que já foram (ou ainda são) retratados: o Jesus asceta; o Jesus, pálido galileu; Jesus, o Cristo cósmico; Jesus como o mestre do senso comum; Jesus, o palhaço; o Jesus Cristo superstar; Jesus como o fundador dos negócios modernos; o Jesus economista; o Jesus socialista; o Jesus revolucionário lutador da liberdade; o Jesus mágico. São tentativas que ilustram a tendência de moldar um Cristo que tenha apelo moderno. A pergunta de Bonhoeffer permanece mais do que nunca, inquietante: "quem é Cristo de fato para nós hoje?"
Nas últimas semanas muito repercutiu a declaração do presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva: "Se Jesus Cristo viesse para cá, e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão". Esse 'Jesus' de Lula é um político bastante identificado com a fama que a classe possui no país: alguém que faz concessões, que negocia tudo e com qualquer pessoa para atingir seus objetivos pessoais, alguém sem nenhuma ética, um típico representante do congresso ou do senado nacional. Lula, muito criticado por causa da declaração, reconstrói seu próprio cristo de modo a justificar suas decisões e comportamentos. Por mais que a declaração tenha gerado polêmica, ela revela uma tendência e prática mais comum do coração humano do que gostaríamos de admitir. O Brasil, o país do jeitinho, da lei de Gérson e da corrupção, vê crescer uma igreja que não 'incomoda ninguém'. Isso parece acontecer exatamente devido às alianças feitas com 'judas' em nome da aprovação popular, dos privilégios e das mazelas que queremos justificar. Lula confessou o seu Jesus. Edir Macedo tem confessado o seu. Também Silas Malafaia, R. R. Soares, o bispo Waldomiro, Marco Feliciano e tantos outros confessam o seu Jesus. Quem é Jesus Cristo de fato para nós hoje?
Eu preciso também admitir que muitas vezes confesso um Jesus idolatrado, desfigurado, amputado. Isso porque tenho meus próprios interesses, medos, insegurança e limitações que ofuscam o Jesus crucificado. O Jesus que negocia com Judas se desvia da cruz. Ele não está imbuído de um propósito maior. Ele prefere ouvir a homens do que a Deus: "Nunca Senhor, isso nunca te acontecerá!" (Mateus 16.22). Facilmente nos escondemos atrás de um Jesus criado á nossa imagem e semelhança para nos justificarmos de nossas mazelas e motivações mais sombrias. Assim como Lula, muitas vezes também prefiro o Jesus que se alia com Judas a ter que seguir o caminho da cruz. O Jesus brasileiro, da malandragem, que não quer 'pagar de otário'. E, vamos nós nos tornando cada vez mais parecidos com aquilo que idolatramos (Salmo 115. 8). Na política, nos negócios, nas igrejas, encontramos muito mais fariseus do que cristãos humildes e dispostos a reconhecer o seu pecado. Não há confissão, pois não há arrependimento. Ninguém mais admite que há algo do que se envergonhar. O Jesus pós-moderno é o Jesus de cada um, feito daquilo que valorizamos: tem boca , mas não fala; ouvidos, mas não ouve; olhos, mas não vê; mãos, mas não apalpa; pés, mas não anda; nenhum som sai de sua garganta (Salmo 115).
E, assim é o povo brasileiro, inclusive a maior parte dos cristãos. São a imagem daquilo que idolatram: mudos, surdos, cegos, paralisados, atrofiados... Sal sem sabor, luz escondida sob as abóbodas das bacias-templo. Infelizmente, algo natural em tempos onde "quem determina o produto da firma são os especialistas em marketing, ao descobrirem o que irá vender, o que o público irá comprar" (Stott). Vivemos o tempo dos produtos personalizados. E, o cliente tem sempre razão. Qual é o Jesus que serve para você? O Jesus bíblico, descalço, empoeirado, que tocava em leprosos e que repreendeu os próprios discípulos para seguir suas convicções, esse não 'vende'. O Jesus que prefere ser traído e morto em vez de dividir 30 moedas, esse não cabe nos nossos padrões de vida. O Jesus do advento e do natal que se aproxima, como seria recebido se nascesse entre os cães sarnentos, as crianças com piolhos, os desempregados e bêbados de nossas periferias?
Jesus sabe bem lidar com as oportunidades de aliança e a tentação do poder (Mateus 4). Ser cristão é seguir a Cristo e, isso exige humildade e conversão diária. Precisamos discernir entre forma e conteúdo, o essencial e o periférico. Finalizo com quem iniciei o texto. Nas palavras de John Stott: "O desafio que temos diante de nós é o de apresentar Jesus à nossa geração de tal forma que seja, ao mesmo tempo, histórico e contemporâneo, autentico e atrativo, novo no sentido de recente (neos), mas não novo no sentido de ser uma novidade (kainos)". Quem é Jesus Cristo de fato para nós hoje? O Jesus que se alia com Judas, ou o Jesus que ousa manter a integridade nem que para isso precise repreender duramente um discípulo e amigo muito chegado (Mateus 16. 23)?

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Para pensar

"Em toda a região, os americanos afro-latinos pobres contrastam consistente e penetrantemente sua própria generosidade de espírito com o egoismo e a ganância daqueles que lhes são socialmente superiores"

(Do livro Améica Afro-Latina: 1800-2000 de George Reid Andrews)

terça-feira, 20 de outubro de 2009

O Caminho da Justiça

A vida e ensino de Jesus foram marcados por práticas diárias que o destacaram como homem neste mundo. Aos seus seguidores, Jesus disse: “Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos” (João 14. 15). Ele estava apenas desafiando os discípulos a viverem a exemplo do Mestre. Diferente do que muitos imaginam, Jesus sustenta e cumpre a lei de Deus: “Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir. Digo-lhes a verdade: Enquanto existirem céus e terra, de forma alguma desaparecerá da Lei a menor letra ou o menor traço, até que tudo se cumpra” (Mateus 5. 17 e 18). Os 10 Mandamentos nós os encontramos primeiramente no livro do Êxodo: 1) Eu sou o Senhor, seu Deus. Você não deve ter outros deuses além de mim; 2) Não abuse do nome do Senhor, seu Deus, porque o Senhor não considerará inocente quem abusar do seu nome; 3) Santifique o dia de descanso; 4) Honre o seu pai e a sua mãe; 5) Não mate; 6) Não cometa adultério; 7) Não roube; 8) Não fale mentiras a respeito do próximo; 9) Não deseje possuir a casa do seu próximo; 10) Não cobice a esposa ou o marido do seu próximo, nem as pessoas que trabalham com eles nem coisa alguma que lhes pertença.
Semelhante aos fariseus, nós poderíamos questionar: “O que precisamos fazer para realizar as obras que Deus requer?” Jesus sabe que nós não podemos guardar a lei tentando cumpri-la. Assim, Ele responde: “A obra de Deus é esta: crer naquele que ele enviou” (João 6. 28 e 29). Não basta assumir o discurso ou tentar nos esconder atrás dos atos que a lei exige. Focar no fazer e no alcançar pode gerar uma religiosidade exterior. O esforço para parecer justo diante dos homens leva somente à hipocrisia. Somente um coração rendido àquele de quem a lei emana se realiza na essência daquilo que é marca no reino de Deus.
Será que alguém duvida de que se houvesse um mínimo de esforço para viver de acordo com os Mandamentos o mundo seria melhor? Então por qual razão não vemos esforços publicitários, programas políticos, campanhas na mídia sobre isso? O contrário acontece com mais freqüência. Vemos cada vez mais tentativas de ridicularizar Deus, o Senhor dos Mandamentos. O ser humano se envaidece e acredita que pode produzir progresso baseado em seu próprio entendimento. Enquanto as soluções forem paliativos em torno das causas, a raiz do problema permanecerá se fortalecendo. O próprio Jesus, que é admirado por bilhões de pessoas, aquele que é responsável por uma divisão na história entre Antes e Depois, não se desviou em nenhum momento da lei de Deus. “Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos”. Não haverá justiça sem que trilhemos o caminho da boa e preciosa lei de Deus.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

O Dom de Línguas

A ONU é a Organização das Nações Unidas que expressa o objetivo de manter a paz e a segurança no mundo, fomentar relações cordiais entre as nações, promover progresso social, melhores padrões de vida e direitos humanos. Líderes de diferentes países se reúnem para construir um entendimento conjunto a fim de minimizar conflitos e alinhar interesses. A ONU possui um dos mais complexos e, talvez, melhor serviço de tradução do mundo. Há poucos dias o tradutor pessoal do líder líbio Muammar Kadafi teve de ser substituído devido à exaustão causada por acompanhar quase todos os 94 minutos ocupados no microfone da Assembleia da ONU em Nova York. Um intérprete sueco na União Européia disse numa entrevista que a tarefa de traduzir em simultâneo nas sessões parlamentares da UE é trabalho tão difícil, que exige 20 anos de experiência profissional. Acrescentou que ser tradutor é tão cansativo, que ninguém aguenta trabalhar mais do que meia hora de cada vez, por isso há sempre três intérpretes que se revezam.
A dificuldade de comunicação pode gerar conflitos. Muitas hostilidades provem da falta de comunicação entre os povos, que falam línguas diferentes e desconhecem a língua e os costumes dos demais grupos. Atualmente vemos em Honduras um conflito em que ambos os lados parecem irredutíveis quanto a uma possibilidade de negociação. Nesses momentos, por melhores que sejam os intermediários, intérpretes e equipamentos, não se consegue avançar rumo a uma solução pacífica. Isso, mesmo quando se fala uma mesma língua. Olhando para a Bíblia localizamos uma torre que simboliza o desejo por fama, soberania e poder. Revelam-se as motivações de um povo egoísta e orgulhoso: “Vamos construir uma cidade, com uma torre que alcance os céus. Assim nosso nome será famoso e não seremos espalhados pela face da terra” (Genesis 11. 4). O resultado disso foi dispersão, desentendimento, cada um indo para um lado. A língua foi confundida e ninguém mais se entendeu.
Logo após a ascensão de Jesus aconteceu algo fantástico. Pessoas de diferentes lugares do mundo estavam reunidas. De repente os discípulos de Jesus começaram a falar e pessoas de várias nacionalidades e idiomas compreendiam o que estava sendo anunciado. Atônitos e maravilhados, eles perguntavam: “Acaso não são galileus todos estes homens que estão falando? Então, como os ouvimos, cada um de nós, em nossa própria língua materna?” (Atos 2. 7, 8). Nem mesmo a ONU ou a União Européia com seus modernos sistemas já presenciou coisa parecida. A intervenção restauradora de Deus pela ação do Espírito Santo gerando entendimento, proximidade, unidade. Egos inflamados, individualismo e sede por poder geram desentendimento e dispersão. Só o amor mediante milagrosa intervenção divina gera unidade e paz.

domingo, 4 de outubro de 2009

Adeus Mercedes Sosa

"Nesta data, na cidade de Buenos Aires, Argentina, temos que informar que a senhora Mercedes Sosa, a maior artista da Música Popular Latino-americana, nos deixou", afirmou sua família em uma nota. "Haydé Mercedes Sosa nasceu no dia 9 de julho de 1935 na cidade de San Miguel de Tucumán. Com 74 anos e uma trajetória de 60 anos, ela transitou por diversos países do mundo... e deixou um grande legado", acrescentou a mensagem da família.

Clique Aqui para ouvir Eu só peço a Deus com mensagem final de Gandhi / Solo le pido a Dios con mensage final de Gandhi (por Beth Carvalho e/y Mercedes Sosa)


Eu só peço a Deus
Que a dor não me seja indiferente
Que a morte não me encontre um dia
Solitário sem ter feito o q’eu queria

Eu só peço a Deus
Que a dor não me seja indiferente
Que a morte não me encontre um dia
Solitário sem ter feito o que eu queria

Eu só peço a Deus
Que a injustiça não me seja indiferente
Pois não posso dar a outra face
Se já fui machucada brutalmente

Eu só peço a Deus
Que a guerra não me seja indiferente
É um monstro grande e pisa forte
Toda fome e inocência dessa gente


Eu só peço a Deus
Que a mentira não me seja indiferente
Se um só traidor tem mais poder que um povo
Que este povo não esqueça facilmente


Eu só peço a Deus
Que o futuro não me seja indiferente
Sem ter que fugir desenganando
Pra viver uma cultura diferente

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Fé Crista e Cultura Contemporânea

O que é o Narcisismo?
Uma consciência psicológica preocupada com o ego. A expressão narcisismo tem origem na mitologia grega (Narciso). Freud usou o termo narcisismo para descrever o primeiro estágio da infância, no qual a criança ainda não possui senso de realidade além da sua própria existência. Seria a dificuldade de fazer distinção entre 'eu e você' ou entre o sujeito e o objeto.

Quais são as consequências do narcisismo?
1. Perda da historicidade e da dimensão comunitária;
2. Confusão em termos de identidade; dificuldade para distinguir as coisas e a si própriio em relação ao outro;
3. Surgimento de uma sociedade altamente consumista, voltada para o preenchimento dos anseios do eu;
4. Surgimento de um modo de vida em sociedade com ênfase na cultura terapêutica;
5. Surgimento de novos níveis de subjetividade nas artes, a realidade interna do eu passa a ser a realidade de significado e beleza.


Existe cura para o Narcisismo?
Não existe cura instantânea. A grande arma contra o narcisismo é a realidade, uma vez que o narcisismo é edificado sobre uma grande ilusão. Essa realidade consiste em: 1) perceber Deus como um outro o que nos leva a vê-lo como Ele é e a nos vermos como somos. Deus é o centro do universo e não o 'eu'. 2) Reconhecer não somos criadores de nós mesmos. Deus é criador que tudo o que existe. Somo criaturas e, fomos feitos à imagem e semelhança de Deus. O afastamento de Deus faz com que eu perca a imagem dEle em mim. 3) Deus é triúno. Fomos criados para reproduzir a essência comunitária de Deus. Precisamos uns dos outros para obtermos uma representação sadia do 'eu'; 4) Mesmo sem entender como e por quê, devemos ser sensíveis à beleza a nossa volta. A beleza tem o poder de transpassar o eu aprisionado e nos conduzir de volta ao real.
A cura, portanto, está no resgate de uma cosmovisão cristã. Esta inclui a realidade de Deus, a realidade do ser humano, a realidade da comunidade e a realidade do belo.


Fonte: FELLOWS, Andrew. O Narcisismo Como Cosmovisão Dominante No Ocidente.



Na página 1
98 do livro Fé Cristã e Cultura Contemporânea lemos:

"Quando somos guiados por uma cosmovisão cristã, buscamos não só ter uma conduta ética, mas trabalhamos com o objetivo de abençoar toda a sociedade, cristãos e não cristãos. Nossos atos administrativos ou políticos, nossos planejamentos e elaborações, tanto no campo ideológico como no intelectual, para a concepção e construção de projetos, devem ser realizados a partir de uma perspectiva cristã, para que o Senhor Jesus possa reinar naquela área, e não nós mesmos ou nosso grupo"

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Venham, Vamos Refletir Juntos

Uma tendência em muitas igrejas brasileiras é o crescente uso de ritos, objetos e alusões ao Antigo Testamento Bíblico. Não há dúvidas de que se trata de texto importante na compreensão do cristianismo e sem ele ficaríamos limitados no entendimento do propósito de Deus para a humanidade. O problema, no entanto, começa quando textos são interpretados para legitimar uma série de equívocos de forma proposital. O mercado religioso tem se inspirado no Antigo Testamento para criar imagens, rituais, fetiches, amuletos, campanhas, sacrifícios, fórmulas e todo tipo de produto que sirva para manter girando a roda do consumo religioso. Assim como se faz a escolha pelo Antigo em detrimento do Novo Testamento, também continua a seleção de livros, textos e versículos de acordo com a conveniência quando se utiliza, principalmente, os profetas e a lei de Moisés.
A Bíblia não é um livro para ser lido de maneira irresponsável. Não se trata tampouco de um livro de regras, mandamentos ou fonte de inspiração dos marqueteiros da fé. É claro que qualquer pessoa pode utilizar seu texto a bel prazer (e muitos o tem feito) para manipular a boa fé do povo menos informado. Por isso, Martinho Lutero já lutou no século XVI para que as Escrituras fossem traduzidas para a linguagem comum do povo e estivesse ao alcance de todos. Consequentemente, o movimento da Reforma contribuiu para o desenvolvimento da educação e de toda civilização ocidental, uma vez que para o povo ter acesso à Bíblia precisariam antes saber ler. Ainda hoje a igreja protestante mantêm instituições de ensino em todo o mundo prezando a educação. O acesso às Escrituras deve ser democrático, porém responsável.
Eis parte de um texto do Antigo Testamento que pode nos inspirar positivamente diante das aberrações religiosas dos nossos dias: “’Para que me oferecem tantos sacrifícios?’, pergunta o SENHOR. ‘Para mim, chega de holocaustos de carneiros e da gordura de novilhos gordos. Não tenho nenhum prazer no sangue de novilhos, de cordeiros e de bodes! Quando vocês vêm à minha presença, quem lhes pediu que pusessem os pés em meus átrios? Parem de trazer ofertas inúteis! O incenso de vocês é repugnante para mim. Luas novas, sábados e reuniões! Não consigo suportar suas assembléias cheias de iniqüidade. Suas festas da lua nova e suas festas fixas, eu as odeio. Tornaram-se um fardo para mim; não as suporto mais! Quando vocês estenderem as mãos em oração, esconderei de vocês os meus olhos; mesmo que multipliquem as suas orações, não as escutarei! As suas mãos estão cheias de sangue! Lavem-se! Limpem-se! Removam suas más obras para longe da minha vista! Parem de fazer o mal, aprendam a fazer o bem! Busquem a justiça, acabem com a opressão. Lutem pelos direitos do órfão, defendam a causa da viúva. Venham, vamos refletir juntos’, diz o SENHOR” (Isaías 1. 11-18).

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Saudade do Que Virá

Tem coisas do passado que não lembramos mais. Outras surgem em determinados momentos em nossas lembranças quando achávamos que jamais nos lembraríamos novamente. Impressionante como algumas coisas simples podem despertar a memória: uma paisagem; uma pessoa estranha que vemos passar; o cantar dos pássaros; uma música antiga que chega a ser capaz de nos arrebatar para os detalhes de um tempo que ficou pra trás; um cheiro... Tantas coisas capazes de despertar a nostalgia!
Dizem que a saudade é uma palavra da Língua Portuguesa que não tem igual no mundo em sentido, em significado ou força. Mesmo assim, talvez não se encontre no mundo alguém que jamais tenha experimentado esse sentimento misterioso. Saudade está geralmente relacionado ao passado. Como teria dito Pablo Neruda, o poeta chileno que ‘morreu de tristeza’: “Saudade é amar um passado que ainda não passou, é recusar um presente que nos machuca, é não ver o futuro que nos convida...” Às vezes, porém, a saudade parece despertar algo que nos permite um vislumbre do que ainda não vivemos. Nas palavras de Renato Russo, “saudades de tudo que ainda não vi”. Uma saudade do futuro que tem relação com o passado. Não com o meu passado. É algo maior que eu.
Na história da humanidade perdemos algo. A saudade do futuro é algo que resta da origem que foi maculada. É saudade de algo porvir, porque não há retorno. A vida humana não é cíclica. Se “a saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar” (Rubem Alves), não se trata de um voltar no tempo. Não como no ‘nosso’ tempo cronológico. Em As Confissões, num texto intitulado Louvor e Invocação, Agostinho reconhece o grande poder e sabedoria de Deus. A revelação da grandeza e amor divinos, desperta algo em nós: “o homem, pequena parte da tua criação, deseja louvar-te. Tu mesmo o excitas a isso, fazendo com que ele se deleite em te louvar, porque nos fizeste para ti, e nosso coração está inquieto enquanto não encontrar em ti descanso”. O que seria a saudade se não um coração inquieto?
Essa saudade inquietante me permite concordar com Neruda quanto ao passado e, até, quanto ao presente. Mas, só a ‘saudade do futuro’ é que me faz lembrar de novo o convite: “Venham, pois tudo já está pronto” (Lucas 14. 17). A saudade de casa não me afunda na nostalgia deprimente. Ela me enche de esperança. A esperança permite olhar o futuro como um convite aberto. Pois “Deus existe para tranquilizar a saudade” (Rubem Alves).

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Para Pensar

A vergonha de nossa época não é que hoje exista a fome e, sim, que hoje a fome conviva com as condições materiais para resolvê-la (Josué de Castro).

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Vermelho Sangue

Na busca por um sentido na vida acabamos nos ocupando. Logo percebemos que o fazer pode levar ao ter. Quanto mais trabalharmos, mais posses nós conseguiremos adquirir. E, como os bens de consumo parecem não se esgotar nunca, mais precisaremos trabalhar para continuar adquirindo. Logo estaremos com uma bela casa cheia de tralhas de última tecnologia e, com um carrão na garagem sendo invejados por muitos. Para manter tudo isso: trabalho, correria e ativismo.... Temos muito e não desfrutamos de nada. Trabalhamos para ter. De tão ocupados vivemos como se nada tivéssemos. A mesma coisa acontece com a busca incessante por conhecimento. Quanto mais achamos saber mais descobrimos que existe por aprender. Alguém pode passar a vida estudando e pesquisando sem experimentar se todo aquele conteúdo é viável no dia a dia. No fim sobra a sensação de ser importante e admirado pelos vários títulos. ‘Somos‘ muito, trabalhamos muito e temos muito... Seria esse o proveito que o ser humano pode tirar de todo o trabalho com que se afadiga debaixo do sol? (Eclesiastes 1. 3).
Atualmente a palavra vaidade é utilizada mais no âmbito da aparência. A indústria do entretenimento procura evitar ao máximo que a pessoa pense e levante grandes questionamentos sobre a vida. Muitos se contentam com o ‘me engana que eu gosto’. O problema estoura mesmo quando cansamos do ópio, quando um acidente ou doença nos prendem, quando uma esperança em alguém é frustrada, quando ‘não tem nada prá fazer’... O problema são aqueles chatos que sempre nos lembram de que “tudo é vaidade e correr atrás do vento” (Eclesiastes 2. 17). Eles compreendem a vaidade como algo relacionado com questões mais essenciais da vida. A vaidade a que se refere o autor em Eclesiastes que também pode ser traduzido por ilusão. Mas, afinal, qual o problema em se viver uma ilusão? Numa cena da trilogia Matrix encontramos o personagem Cypher falando com o agente Smith: “Sabe, sei que este bife não existe. Sei que quando eu o coloco na boca, a Matrix diz ao meu cérebro que ele é suculento e delicioso. Após nove anos sabe o que percebi? A ignorância é maravilhosa”. Anatole France teria dito que “a ignorância é a condição necessária da felicidade dos homens”.
Se até mesmo pensar e escrever tudo isso é vaidade, o que restará? Eclesiastes é fruto das reflexões de Salomão, que – após viver de tudo e desfrutar de tudo, depois de alcançar o trono de Israel, poder e riquezas – conclui que a vida não passa de “vaidade”. Mas, não se trata da palavra final. Este pensador, aparentemente tão mal-humorado, termina o livro de forma surpreendente: “Agora que já se ouviu tudo, aqui está a conclusão: Tema a Deus e obedeça aos seus mandamentos, porque isso é o essencial para o homem” (Eclesiastes 12. 13). Parece que existe mesmo uma espécie de pílula vermelha!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

“...agora que provaram que o Senhor é bom”

O povo de Deus é um povo que tem provado da bondade de Deus. O cristão é alguém que se reconhece perdoado, acolhido, amado pelo Senhor da Criação. Em Cristo encontramos a nossa verdadeira identidade, nosso real valor e viva esperança.
O apóstolo Pedro em sua primeira carta evoca uma passagem do profeta Isaías que diz: “toda humanidade é como a relva, e toda a sua glória como as flores do campo. A relva murcha e cai a sua flor, quando o vento do Senhor sopra sobre eles; o povo não passa de relva. A relva murcha, as flores caem, mas a palavra do nosso Deus permanece para sempre” (Isaías 40. 6-8).
Diante da bondade de Deus e da efemeridade da vida humana Pedro inicia sua carta falando do louvor a Deus por uma esperança viva. Com o texto de Isaías, parece querer nos lembrar de que nossas picuinhas, brigas, vaidades e disputas são bobagens perto do grande valor que Deus confere à vida humana. Do ponto de vista humano, somos passageiros. Nascemos, crescemos, vivemos para conquistar pessoas, dinheiro, status e poder. Sem Deus, logo nos encontraremos na reta final a lamentar por termos perdido tanto tempo com coisas secundárias.
Também a vida cristã, em comunidade, pode ser marcada pelo vazio de uma existência que ignora Deus. Quantas coisas dizemos sem pensar e que ferem o nosso próximo? Quantas maldades espalhamos, com fofocas e calunias, denegrindo a imagem de alguém? Quanto tempo de nossa vida passamos ajuntando tesouros que traça e ferrugem vão destruir? Quantas vezes nos envolvemos em disputas onde encaramos o outro como adversário em vez de alguém que integra a mesma relva no jardim do Senhor?
Por mais belas que sejam as flores, logo elas murcham e caem. Pessoas vêm e vão. A vida é breve. Que possamos dar menos valor às glórias passageiras e, antes de pisar, lembrar que também somos relva. “A relva murcha, as flores caem, mas a palavra do nosso Deus permanece para sempre”. Tendo provado da bondade do Senhor (I Pedro 2. 3), sejamos multiplicadores dessa bondade. Pedro lembra que o sacrifício de Cristo nos redime da maneira vazia de viver.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Apesar das Circunstâncias

Muitas das orações encontradas na Bíblia expressam louvor, gratidão e alegria pela certeza do amor e da presença de Deus mesmo quando as circunstâncias e eventos imediatos pareciam evidenciar o contrário. Jó, após receber a notícia de que perdera todas as suas posses e também seus filhos, declara: “Saí nu do ventre da minha mãe, e nu partirei. O SENHOR o deu, o SENHOR o levou; louvado seja o nome do SENHOR” (Jó 1. 21). O Apóstolo Paulo, depois de orar por três vezes a Deus pedindo livramento de um problema (o espinho na carne) e ouvir não como resposta, conclui: “Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim. Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco é que sou forte” (2 Co 12. 9, 10). No Salmo 23, o mais famoso deles, lemos: “Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não temerei perigo algum, pois tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me protegem” (Salmo 23. 4).
Esses testemunhos são frutos de uma fé que não repousa em si mesma. Não se trata simplesmente de fé na fé. Mas, uma fé que se traduz num relacionamento com um outro. Um Deus pessoal, real, vivo com quem se relacionar. Alguém que apesar das circunstâncias sabemos que está lá: “Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte...” Deus, nesses casos não é fruto da imaginação de ninguém, não se trata de uma construção mental, nem mesmo um ídolo... Não é algo que eu produzo, embora muito do que eu possa conceber de Deus reflita algo de mim. O Deus que me faz lembrar que Foi Ele quem me criou à SUA imagem e semelhança.
Falar de gratidão a Deus, louvor apesar das circunstâncias, pode soar como simples fuga da realidade. As pessoas podem criar e fantasiar com a religião de modo a escaparem da vida real. A religião como ópio do povo. Embora essa seja uma situação possível, não é essa a realidade dos salmistas e demais personagens bíblicos. O verdadeiro louvor e gratidão brotam do reconhecimento da soberania de Deus. Apesar das circunstâncias nada, nem por um segundo sequer, foge ao cuidado de Deus. Quando deixarmos Deus ser Deus e buscarmos conhecê-lo, compreenderemos o salmista que diz: “Tu me alegras, Senhor, com os teus feitos; as obras das tuas mãos levam-me a cantar de alegria. Como são grandes as tuas obras, SENHOR, como são profundos os teus propósitos! O insensato não entende, o tolo não vê” (Salmo 92. 4-6). Assim, se posso atrever-me a expressar o meu salmo, pediria: ‘liberta-me, Senhor, de minha insensatez; ajuda-me a enxergar além de minhas tolices!’

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O Que a Bíblia Diz Sobre o Perdão

O perdão é central na fé cristã. Falar sobre o perdão é falar da cruz. Somente o perdão liberta da culpa e possibilita a reconciliação. Sem perdão não há paz. O perdão quebra algumas lógicas. Perdoar é um gesto, uma decisão alicerçada no amor. Perdoar é agir por graça. E a graça é algo que não compreendemos muito bem. A graça quebra a lei da causa e efeito. Por isso, nas palavras de Bono Vox, “se eu viver por meio do ‘Karma’ estou com grandes problemas”. A história da graça é a história de Cristo. O perdão é o amor em ação. A liberdade para deixar o amor agir sem que o outro tenha feito por merecer é graça. Essa liberdade só pode experimentar quem se reconhece amado e perdoado graciosamente. O perdão quebra as correntes. É o gesto que subverte a lei da causa e efeito. “Perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem como o Senhor lhes perdoou” (Colossenses 3. 13).
Além de falar a respeito do perdão a Bíblia também apresenta vários exemplos concretos de pessoas que perdoaram e foram perdoadas. Genesis 33 relata o reencontro entre Esaú e Jacó. Mais adiante, o capítulo 45 relata o emocionante momento quando José se revela aos seus irmãos que anos antes o tinham vendido como escravo. A emoção escancarada de José e suas palavras revelam que nenhuma mágoa ou ressentimento existe em seu coração. Nos Evangelhos vemos que mesmo sabendo da traição de Judas, Jesus o continua chamando de amigo (Mateus 26. 50). Outro traidor foi Pedro que negou Jesus três vezes. E, após sua ressurreição foi a Pedro que Jesus disse: “Cuide das minhas ovelhas” (João 21. 17). A experiência de ser amado e perdoado libertou Pedro para cumprir o seu chamado apostólico.
No famoso sermão da montanha encontramos Jesus ensinando: “eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem” (Mateus 5.44). Na cruz Jesus mostrou o que isso significa. Toda humanidade rebelde e inimiga de Deus estava sendo redimida, absolvida, perdoada. Entre sangue, suor e dor lancinante, o Mestre enxerga curiosos e algozes zombadores a rodear o madeiro. Lá de cima, palavras que expressam o improvável: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo” (Lucas 23. 34). Um dos dois bandidos que foram crucificados com Jesus compreendia bem a lei do carma: “Nós estamos sendo punidos com justiça, porque estamos recebendo o que os nossos atos merecem”. As palavras seguintes que ele ouviu de Jesus revelam o amor, o perdão, a graça que vira essa visão de cabeça para baixo: “Eu lhe garanto: Hoje você estará comigo no paraíso” (Lucas 23). Assim Ele me ensina a orar: “Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores” (Mateus 6. 9-13).

sábado, 15 de agosto de 2009

O que a Bíblia Diz Sobre Dívidas

As noticias nos últimos meses destacam o recorde de endividamentos do brasileiro. Inadimplência combina muito bem com cheques, cartões de crédito e financiamentos. Na opinião de um especialista em finanças “as pessoas sabem que será mais vantajoso se pouparem e usarem o dinheiro para comprar à vista. Mas quem tem paciência para esperar para consumir? Elas querem agora”. Pior que estar devendo é pagar por esse crédito. Mesmo com Selic em queda, nos maiores bancos, a taxa de juro do cheque especial segue acima de 150% ao ano. É o crédito mais fácil de usar. Sempre disponível, o dinheiro está na conta, prontinho. Pode ser em um saque no meio da noite ou em um pagamento no débito e o empréstimo começa a valer sem a assinatura de papéis ou a presença do gerente. Mas, tanta facilidade tem um preço.
Qual é o seu ponto de referência quando você precisa tomar decisões financeiras que envolvem sua família, negócios e trabalho? Os cristãos buscam a vontade de Deus para suas vidas; desejam que Deus cumpra os seus propósitos; afirmam que Deus é o Senhor sobre suas vidas... Como é que funciona com a questão financeira? Será que Deus também tem algo a dizer sobre isso? Ou será que ele se importa mesmo é com os 10% que ofertamos e o resto é ‘cada um que se vire como pode’? A maneira como administro o dinheiro, afeta a minha comunhão com Deus? O que a Bíblia tem a dizer sobre dívidas?
O sábio autor de Provérbios diz que “quem toma emprestado é escravo de quem empresta” (Provérbios 22. 7). Em Romanos 13.8 o Apóstolo Paulo chama a atenção: “Não devam nada a ninguém, a não ser o amor de uns pelos outros...” Diante do ensino bíblico a este respeito existem para nós duas alternativas sábias: 1)Evitar o endividamento a todo custo; 2) Se já está endividado, fazer todo esforço possível para sair da dívida. Cheque especial e cartão de crédito, o que fazer com eles? Reflita: se é você quem manda neles, bem. Agora, se eles já assumiram o controle, aproveite um dia frio em que a lareira da tua casa estiver acesa e veja como o fogo age rapidamente nessa coisa que parece ter tanto poder sobre você. Se no final do mês você não consegue pagar todo o saldo devedor do seu cartão de credito, então está na hora de uma cirurgia plástica: você só precisa de uma tesoura para isso.
Antes da próxima compra e do risco de contrair uma dívida faça a si mesmo três perguntas: 1) Tenho dinheiro? 2) Eu preciso? 3) Precisa ser agora? Muitas das coisas que compramos não representam de fato uma necessidade. Essas perguntas nos ajudam a refletir e evitar as compras por impulso. E, lembre-se: “Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades” (Filipenses 4. 19).

terça-feira, 11 de agosto de 2009

O que a Bíblia Diz Sobre Honestidade

Já desde os tempos mais antigos a questão da honestidade é vista como uma virtude a ser valorizada e buscada. É uma questão presente já nos Mandamentos que Deus entrega a Moisés no Monte Sinai: “Não adulterarás. Não furtarás. Não darás falso testemunho contra o teu próximo” (Êxodo 20. 14-16). Embora a palavra honestidade não apareça tantas vezes na Bíblia, o princípio está presente por toda ela. O valor da justiça e da verdade permeia as Sagradas Escrituras de capa a capa. É conhecido o texto que relata o conselho de Jetro ao seu genro Moisés. O trabalho se multiplicava e Moisés não estava mais dando conta de julgar todas as questões. Ao observar como Moisés ocupava todo o seu dia escutando as necessidades e problemas do povo, Jetro oferece a seguinte orientação: “escolha dentre todo o povo homens capazes, tementes a Deus, dignos de confiança e inimigos de ganho desonesto. Estabeleça-os como chefes de mil, de cem, de cinqüenta e de dez” (Êxodo 18. 21). Um conselho com princípios que certamente são levados em consideração ainda hoje. Afinal, “feliz é o homem que com honestidade conduz os seus negócios” (Salmo 112.5).
Há quem argumente que a ocasião faz o ladrão. Outros dizem que a falta de oportunidades acaba gerando a corrupção e todo tipo de ilicitudes. A desigualdade social geraria a criminalidade e todo tipo de desonestidades. Mas, será mesmo que a honestidade depende do quanto de dinheiro uma pessoa possui? Acho que a resposta é óbvia! Vejamos as palavras de Jesus: “Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito, e quem é desonesto no pouco, também é desonesto no muito. Assim, se vocês não forem dignos de confiança em lidar com as riquezas deste mundo ímpio, quem lhes confiará as verdadeiras riquezas?” (Lucas 16. 10-11). Logo, a pobreza material não justifica sozinha a desonestidade de alguém. Toda criminalidade e corrupção resultam de um processo de injustiça mais complexo em que a má distribuição de renda é apenas um item a colaborar. E, mesmo assim, ainda existem aqueles que encontram força moral para agir diferente.
Também ou, principalmente, entre as lideranças das igrejas deveriam zelar pela honestidade. Na sua carta Tito enumera vários atributos de um líder cristão. Entre outras coisas ele diz que “por ser encarregado da obra de Deus, é necessário que o bispo seja irrepreensível: não orgulhoso, não briguento, não apegado ao vinho, não violento, nem ávido por lucro desonesto” (Tito 1. 7). Logo, a recomendação que deixamos a todos e, principalmente a muitos líderes religiosos, é que leiam mais a Bíblia. Deixemo-nos todos ser confrontados pela verdade libertadora dos Evangelhos!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O que a Bíblia Diz Sobre Meio Ambiente

Ao abrirmos a Bíblia, o primeiro versículo diz que “no princípio Deus criou os céus e a terra”. Os dois primeiros capítulos do Gênesis são dedicados a relatar como Deus foi criando todas as coisas. Ao final do trabalho o Criador para e avalia: “E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom” (Genesis 1. 31). O relato da história do povo de Israel demonstra a forte relação do povo com a terra. Diversos relatos bíblicos mostram também que Deus em suas intervenções tem poder sobre toda a natureza. Hoje em dia é comum ouvirmos pessoas reconhecendo a grandeza e criatividade do Deus Criador ao observarem as paisagens exuberantes espalhadas pelo planeta Terra: “Eu sabia bem o que era uma praia, ou assim pensava. Mas, quando chegamos ao cume do morro de onde se descortinavam o mar e a praia, fiquei simplesmente boquiaberto e calado; lentamente desci até as ondas. Palavras não conseguem exprimir a visão com que me deparei. Vi espaço, luz, textura, cor e poder... que mal pareciam ser desta terra” (Dallas Willard no livro A Conspiração Divina).

O ser humano é privilegiado com a confiança e responsabilidade que recebe de Deus: “O SENHOR Deus colocou o homem no jardim do Éden para cuidar dele e cultivá-lo” (Genesis 2. 15). No Novo Testamento Bíblico encontramos Jesus ensinando várias vezes através de parábolas. Muitas dessas parábolas retratam a relação do ser humano com a criação: plantas, animais, sementes, terra, colheita, etc. Interessante notar que essas relações são de respeito, cuidado e cultivo. Jesus considerou insensatez o grande acúmulo de bens (Lucas 12. 16-21) e foi responsável se posicionando contra o desperdício (João 6. 12). A ganância e a cobiça no coração humano estão gerando consequências graves para a boa criação de Deus: desmatamento, o crescente aquecimento do planeta, poluição do ar, produção de lixo, paisagens sendo desfiguradas, fome e doenças...

A redenção que Jesus veio trazer à humanidade resgata também a nossa responsabilidade para com a Criação de Deus. Nas palavras do Apóstolo Paulo Deus enviou Seu Filho para que “por meio dele (Jesus) reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as que estão na terra quanto as que estão nos céus” (Colossenses 1. 20). Assim, “a natureza criada aguarda, com grande expectativa, que os filhos de Deus sejam revelados” (Romanos 8.19). Somos chamados a assumir o nosso compromisso e responsabilidade de cuidar e cultivar. Que possamos cada um cumprir a sua parte. E quando o reino de Deus for finalmente pleno “a própria natureza criada será libertada da escravidão da decadência em que se encontra, recebendo a gloriosa liberdade dos filhos de Deus” (Romanos 8.21).

segunda-feira, 20 de julho de 2009

O Cristão é um Cético

Muitas pessoas confundem fé, crença e religiosidade. Costumam dizer que o Brasil é um país religioso, de crenças muito fortes e presentes no dia-a-dia das pessoas. É verdade. O Brasil é um país onde é possível identificar inúmeras crenças e propostas religiosas. E, tudo isso num convívio pacífico e tolerante. Devido ao testemunho negativo de muitos fiéis religiosos, outros preferem se declarar ateus ou sem religião. O que não significa que essas pessoas estejam livres da religiosidade. Afinal, todos acabam encontrando a sua própria maneira de enxergar algum sentido para aquilo que não compreendem racionalmente. Dentre o povo mais cético eu destacaria os cristãos.

O cristão não acredita na força de simpatias, nas previsões do horóscopo e nem na força dos trabalhos feitos nas encruzilhadas. O seguidor de Jesus Cristo não é adepto da crença que se baseia na numerologia, astrologia e teosofismo. O cristão é descrente quanto a existência da reencarnação, da necessidade de boas obras para a salvação, da mediação de santos entre o ser humano e Deus. Os cristãos são céticos com relação às benzeduras, poderes de gurus espirituais e das visões oferecidas por tarôs, búzios e leituras de mãos. Um cristão não acredita no azar da sexta-feira treze, não se importa em passar debaixo de escadas e nem fica perturbado após quebrar um espelho ou cruzar com um gato preto. Cristãos não acreditam na necessidade de terem que agradar a Deus com correntes, campanhas e dízimos para serem merecedores das bênçãos de Deus. A fé cristã não vive dependente de ritos, amuletos, passes e despachos para cultivar o relacionamento com Deus. Os verdadeiros cristãos não vivem na dependência de líderes que se acham mais próximos de Deus, que se julgam detentores de orações fortes e autorizados a abençoar ou amaldiçoar em nome de Deus. O cristão não acredita no ser humano, no poder da razão, no progresso tecnológico e científico capazes de criarem o mundo perfeito!

Os cristãos que cultivam um espírito aprendiz, humilde e aberto sabem que Deus está acima de todas as carências e neuroses humanas. Por isso, são livres para agir em amor e misericórdia. Livres para seguir os ensinamentos de Cristo sem muletas religiosas. Nossas ‘muletas’ são o próprio Cristo. E, não importa se nossa fé é forte ou vacilante. Em Cristo temos liberdade até para duvidar, expor nossos questionamentos, abrir o coração. E mesmo que passemos por crises tamanhas que nos façam duvidar da própria existência de Deus por vezes, ainda assim, Ele não duvidará. Assim como o sol continua a brilhar num dia de nuvens escuras e pesadas, Deus não deixa de ser Deus por maiores que sejam as tempestades em meu coração. Quanto mais céticos formos, mais reconheceremos a nossa dependência de Deus! E, ao mesmo tempo, mais livres seremos!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Oração ao Deus Desconhecido

"Antes de prosseguir em meu caminho e lançar o meu olhar para a frente uma vez mais, elevo, só, minhas mãos a Ti na direção de quem eu fujo.
A Ti, das profundezas de meu coração, tenho dedicado altares festivos para que, em cada momento, Tua voz me pudesse chamar.

Sobre esses altares estão gravadas em fogo estas palavras: ‘Ao Deus Desconhecido’.

Seu, sou eu, embora até o presente tenha me associado aos sacrílegos.

Seu, sou eu, não obstante aos laços que me puxam para o abismo.

Mesmo querendo fugir, sinto-me forçado a serví-Lo.

Eu quero Te conhecer, Desconhecido.

Tu, que me penetras a alma e, qual turbilhão, invades a minha vida.

Tu, o incompreensível, mas meu semelhante, quero Te conhecer, quero servir só a Ti”.

(Friedrich Nietzsche)

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Deus Está Morto

Existe uma anedota que já foi bastante popular em púlpitos de igrejas pelo Brasil. Conta que o filósofo Friedrich Nietzsche (1844-1900) escreveu no muro de sua casa: “Deus está morto” e assinou. Alguns anos após sua morte teria aparecido no muro a seguinte frase: “Nietzsche está morto” e, logo abaixo, a “assinatura”: “Deus”. Muitos cristãos ainda hoje acreditam que ler Nietzsche ou outros filósofos pode ser uma ameaça à fé. Esse pensamento parece alicerçar-se numa fé rasa e frágil. Uma compreensão que vê a criatura como mais poderosa e capaz de maior influência do que o Deus em nome de quem contesta as supostas mentiras do mundo. Mal sabem tais pessoas que este deus está, sim, morto.
O deus que vigia seus fiéis para apanhá-los em alguma falta; o deus que precisa ser bajulado e agradado o tempo todo; o deus que recompensa de acordo com o montante de dinheiro que a pessoa dá para a igreja; o deus que ama mais a um do que a outro; o deus pelo qual líderes têm promovido guerras, morte e destruição; o deus em nome de quem tantos são feridos no mundo religioso; o deus com o qual se negocia para se conseguir uma vida mais próspera; o deus que recompensa de acordo com os méritos de cada um; o deus impessoal e distante que é tudo e ao mesmo tempo é nada; o deus que deu corda ao grande relógio da existência e depois se ausentou; o deus que valoriza mais programas e instituições do que pessoas; o deus do poder colocado acima do amor; o deus projetado segundo as nossas experiências com pais autoritários; o deus arquitetado por nosso inconsciente psicologicamente perturbado... O Deus criado segundo a imagem e semelhança daquilo que eu sou não existe. Está morto.
Sim, este deus está morto. E, não porque morreu, mas porque nunca viveu. Jamais existiu um deus assim além da imaginação e expectativas perturbadas de pessoas carentes por algo mais. O deus que eu mesmo projeto no meu coração precisa morrer. Um deus idolatrado, moldado segundo aquilo que eu acho que Deus deveria ser... esse não existe na realidade. Enquanto eu continuar me iludindo com minha própria imagem de Deus jamais poderei iniciar a caminhada espiritual que me permitirá um encontro com o verdadeiro Deus. Não posso conhecê-lo se isso depender apenas de mim mesmo. Quando Friedrich Nietzsche disse que “Deus está morto” muitos se assustaram. Mas o filósofo está rejeitando uma visão tradicional de Deus que não condiz com quem Deus realmente é. Tanto que Deus continua vivo. Posso falar com ele agora mesmo.

terça-feira, 7 de julho de 2009

A Presença de Deus

É certo que vivemos a maior parte do nosso tempo ignorando totalmente a Deus. Seguimos pela vida como se Deus estivesse restrito a alguns programas, como se sua presença estivesse apenas em alguns lugares e durante algumas horas. Essa realidade parece gerar a vida dupla que muitos cristãos se esforçam para viver. Nos programas da igreja como cultos, reuniões de juventude, classes bíblicas, pequenos grupos e outros, todos são piedosos, sérios, comprometidos, levam quase que uma auréola de santidade sobre si. E, basta saírem desse gueto religioso para viverem uma ‘vida normal’. Os olhos fechados em oração se abrem bem para cobiçar, as mãos erguidas em aclamação se esgueiram a procura de algo para esconder, os lábios e a língua que deixam sair melodias de louvor não são refreados diante dos impulsos da fofoca e dos palavrões... E assim, até o próximo compromisso com a igreja, quando novamente ‘entro na presença de Deus’.
Essa dicotomia tem gerado verdadeira paranóia, hipocrisia e frustrações para muita gente. A credibilidade das igrejas também acaba cada vez mais arranhada pela falta de relevância dos cristãos no mundo. Um crente de programa é sal que perdeu o sabor, que para nada serve, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens (Mateus 5. 13). Ah, como esse sal está sendo pisado, humilhado e criticado no Brasil! Mais uma Palavra que se confirma. A igreja vem perdendo o sabor. Tem feito pouca diferença na sociedade brasileira. O entrar e sair da presença de Deus vai deixando todos confusos. O deus da igreja do entra e sai, do gospel e do secular, do templo e do mundo, é muito limitado, pequeno, fraco. É um ídolo que está cada vez mais assumindo as características de um povo que ignora as Escrituras em busca dos próprios interesses.
O Deus da tradição judaico-cristã é Senhor Criador de todas as coisas. Ele vê toda a humanidade (Salmos 33. 13) e governa sobre toda a Terra (Salmo 47). Nas palavras do próprio Jesus Cristo antes da ascensão: “E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos” (Mateus 28. 20). Nada foge aos olhos e ao cuidado do Senhor. Somos chamados a viver integralmente nossa fé e as implicações dessa fé no dia-a-dia. O cristão é governado pelos valores de um novo reino: o reino de Deus. Esse reino já está em andamento, já começou. Eu não preciso mais entrar na presença de Deus. Antes, da sua presença, eu sequer posso sair (Salmo 139. 7-18). Ajuda-me Senhor, a não viver ignorando o teu reino e a tua presença sempre comigo! Obrigado Senhor, por estar aqui, agora.

Veja Também:

Related Posts with Thumbnails