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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Trabalho e Vocação

Você já consegue ver a sexta-feira daí? Basta chegar a segunda-feira que muitas pessoas já começam a esperar ansiosamente pela sexta-feira. Quem nunca viu expressões, imagens e desabafos neste sentido? Parece que a vida acontece mesmo nos finais de semana. Os outros dias precisam ser suportados para que possamos desfrutar de algumas horas de puro êxtase, euforia, realização, enfim, a felicidade. O trabalho é um mal necessário, um preço a se pagar para que a vida valha a pena, nem que seja somente quando chegar a sexta-feira! De onde vem essa ideia? Por que o trabalho precisa ser encarado como castigo? Será que simplesmente a maioria das pessoas está na atividade errada? Ou esta cultura de desprezo pelo trabalho é fruto de algo mais profundo em nossa cultura?

Existe uma crença popular que relaciona o trabalho com castigo. Mas, de onde vem esta crença? Por muito tempo, na história, houve uma interpretação equivocada dos três primeiros capítulos do livro bíblico de Gênesis a respeito disso. E, como o nosso mundo Ocidental, especialmente, é marcado pelo cristianismo, muitos acabam disseminando a falsa doutrina de que o trabalho é um castigo por causa do pecado. Adão e Eva teriam desobedecido a Deus e, assim, como castigo, a humanidade sofre precisando trabalhar para obter do suor de seu rosto o pão de cada dia. Há quem ainda acredite nisso! Para piorar, a origem etimológica da palavra trabalho também remete à dor, sofrimento, tortura, castigo. O termo vem do latim TRIPALIUM, que designava um instrumento de tortura formado por três estacas agudas (tri + palum = Três paus). Esta palavra passou ao francês como TRAVAILLER, significando “sofrer, sentir dor”, evoluindo depois para “trabalhar duro”. Logo, trabalhar é sofrer como num Tripalium. Não nos admiremos, pois, que muitos encarem o trabalho como algo a se evitar a todo custo.

Com a tradição protestante, homens como Martim Lutero e João Calvino contribuíram para resgatar uma compreensão novamente próxima ao que a Bíblia realmente apresenta sobre o tema. O trabalho jamais pode ser encarado como um castigo de Deus. Pois não existe nenhum ensinamento bíblico neste sentido. Assim, precisamos reaver o sentido e a importância da palavra vocação em nossos dias. Mesmo que não houvesse ocorrido a desobediência de Adão e Eva, o trabalho já estava nos planos de Deus na origem da Criação. Originalmente a palavra vocação vem de VOX e VOCARE, do latim significando “voz que chama”. Uma releitura dos capítulos um e dois de Gênesis no levará a concluir que Deus chama os seres humanos para envolverem-se na administração e cultivo da sua boa criação. Logo, esta atividade humana constava na avaliação de Deus que concluiu que “tudo havia ficado muito bom” (Gênesis 1.31).

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Carreira: escolhas e perspectivas

Muita frustração, depressão e infelicidade na vida das pessoas é consequência de opções feitas na hora de escolher uma carreira ou uma profissão. Aquilo com o que nos ocupamos durante a maior parte de nosso tempo é algo fundamental e não deveria ser tratado com desprezo e negligência. Se os vendedores de colchão gostam de dizer que gastamos pelo menos um terço de nossa vida dormindo, é verdade também que uma parcela considerável da vida é investida no trabalho. Descobrir a sua própria vocação é, portanto, algo de muita importância. Atualmente não se espera mais que uma pessoa permaneça toda a sua vida num mesmo emprego, numa mesma função, e, nem mesmo numa única carreira. Se já houve um tempo em que começar num emprego e ficar nele por anos a fio era sinônimo de competência e sucesso, este tempo ficou para trás. O mercado de trabalho hoje é muito mais dinâmico e requer atualização constante. Nesta realidade de múltiplas opções, a pressão e a ansiedade aumentam.

 Diante do chamado mercado de trabalho, existe algo fundamental que muitas vezes deixamos escapar. Trata-se da motivação. Não me refiro ainda à motivação com que você acorda e vai trabalhar todos os dias. Esta tem a sua importância e pode ser reveladora. Mas, refiro-me à motivação anterior, aquela com que você escolhe um curso, uma carreira, uma profissão. Por que fazer este curso e não outro? Por que você está nesta empresa e não em qualquer outra? Quais foram as razões que te levaram a escolher esta profissão? Se pensarmos nos jovens que tem nos exames de seleção a oportunidade de iniciar uma faculdade, talvez as respostas sejam as mais variadas. Desde a forte influência dos pais, passando pelo leque de opções disponíveis até a escolha pelo curso que promete status e mais dinheiro. Não há dúvida de que começar com a motivação errada trará consequências para toda a vida.

É fato que nem todas as pessoas podem contar com uma ampla gama de possibilidades no momento de escolher qual carreira seguir. Condicionamentos culturais, familiares, econômicos, geográficos e etc geralmente se impõem fortemente. Assim, muitos hoje podem dizer apenas: “Eu não tive outra opção!” Há, no entanto, aqueles que não se acomodam. Usam a formação que lhes foi possível no momento para alavancar o sonho que apenas foi prorrogado. Fazem o que lhes é possível no momento visando um objetivo maior à frente. Temos, portanto, questões chave no que se refere à vocação: Como fizemos ou faremos as nossas escolhas? O que faremos com aquilo que já escolhemos? Como temos encarado o trabalho que temos diante de nós todos os dias? Somos meras vítimas ou algumas coisas dependem de uma reorientação de perspectivas?

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

O Fim das Escolas Especiais?

Temos acompanhado pelo noticiário a ocorrência de manifestações pelo Brasil contra o fechamento das escolas especiais. O fato é que há uma proposta para se votar pelo fim dos repasses do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) às instituições que oferecem ensino especial. De maneira resumida, para o povo soava mais ou menos assim: o MEC quer acabar com as APAES. Parece ser o caso, mais uma vez, de pessoas querendo ditar o que é melhor para os outros sem estarem diretamente envolvidos com a matéria sobre a qual desejam legislar. Pais e educadores diretamente envolvidos com a questão demonstram-se contrários ao fim das escolas especiais. Caso emblemático é o do senador Wellington Dias (PT-PI), que é pai de uma adolescente autista. Apesar de ser do partido identificado ideologicamente com as propostas igualitárias, ele é um crítico ao texto da proposta. A chamada meta 4 do Plano Nacional de Educação (PNE) sofrerá uma nova redação graças à pressão popular.

Importante destacar ainda que estas escolas oferecem muito mais do que um mero passatempo às crianças e jovens assistidos. Sem falar de muitos adultos com necessidades especiais e que também tem recebido assistência nestas escolas. É simplesmente impressionante como num país onde a educação é tratada com tanto desleixo, quando surgem novas propostas, estas apontarem na direção de acabar com aquilo que ainda funciona. Qual seria a ideologia por trás de tais medidas? Com quais argumentos esse tipo de matéria é proposta? O que seria de fato uma educação inclusiva? Faz algum sentido brincar com as pessoas e formular palavras bonitas quando não existe o mínimo para se garantir uma educação digna aos brasileiros? Como simplesmente obrigar os pais de alunos especiais a colocarem seus filhos nas instituições de ensino regular quando estas não recebem do Governo subsídio, suporte e estrutura adequados?

Enquanto por um lado se critica o nivelamento e o tratamento massificante na educação, por outro querem nivelar ainda mais? As pessoas não são todas iguais e requerem, sim, uma atenção diferenciada. Aceitar isso não é nenhum crime e nem pode ser rotulado como preconceito. Qualquer pai ou mãe que tenha mais de um filho já sabe que as crianças são diferentes, aprendem de formas diferentes e requerem uma atenção individualizada. O Brasil é especialista em criar e aprovar leis. Será que não seria possível criar primeiro projetos modelo, testar as ideias antes de sair propondo leis? Já está mais que provado que a maioria das leis no Brasil “não pegam” ou simplesmente pioram as coisas por ignorarem completamente a verdadeira realidade das pessoas.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Será que essa ilusão é a nossa herança

Champignon e Claudia Campos
Fiz essa canção pra dizer algumas coisas. Cuidado com o destino. Ele brinca com as pessoas. Tipo uma foto com sorriso inocente. Mas a vida tinha um plano e separou a gente” (Meu Novo Mundo - Charlie Brown Jr.). São diversas as composições e canções da banda Charlie Brown Jr. que podemos encontrar compartilhadas na internet. Uma banda marcada pelo sucesso, especialmente com o público jovem. Mais recentemente marcada também por tragédias. Assim como o vocalista Chorão, agora outro músico da banda foi encontrado morto em seu apartamento. O primeiro morreu por overdose. Champignon cometeu suicídio utilizando-se de uma pistola. Entre março e maio de 2013 ele perdera duas pessoas próximas, além de Chorão, também o guitarrista Peu Sousa com quem trabalhara. O guitarrista foi encontrado morto em sua casa em Salvador. Sobre as duas mortes Champignon teria dito algo como: “Os dois perderam a fé. Quando perdem a fé, perdem a vontade de viver”.

É sempre muito difícil falar sobre as tragédias na vida humana. Podemos facilmente julgar e agir com insensibilidade. Teríamos o direito de especular sobre os dilemas existenciais na vida de quem resolve, de repente, tirar a própria vida? Champignon havia se casado há poucos meses, sua esposa está grávida de cinco meses e eles tinham acabado de chegar do restaurante onde jantaram juntos. Assim que entraram em casa, ele vai para o quarto e tudo que sua esposa escuta é um estampido, um tiro de pistola. Uma overdose, um salto, um tiro, uma corda... Enfim, consumado. Quais seriam os sinais de uma trajetória suicida que certamente começa bem antes do momento fatídico?

Nenhuma bela frase dita no esforço de compreender tais atitudes drásticas ameniza a dor de quem fica. Não resta apenas um mundo frio e inerte, mas, corações quentes, amorosos e que além da saudade podem sentir-se culpados. O que eu fiz de errado? O que eu poderia ter feito para ajudar? Eu falhei em alguma coisa? A carreira bem sucedida, uma bela mulher, a expectativa de ser pai novamente, nada disso foi suficientemente significativo para impedir que Champignon encerrasse prematuramente a sua vida. Enquanto alguém pode imaginar que até mesmo deixar de viver pode ser algo a que uma pessoa tem direito, fica a dúvida quanto às implicações disso para com aqueles que compartilhavam com ele a vida. É justo pedir simplesmente compreensão? Não sei.

A música certamente fala fundo aos corações. “...a vida cobra muito sério e você não vai fugir. Não pode se esconder e não deve se iludir. Somos herdeiros da evolução. Mas se o mundo é tão desumano. Será que essa ilusão é a nossa herança. Não somos problemas sem solução. Mas se o mundo é tão desumano. Será que essa ilusão é a nossa herança” (Ninguém Entende Você - Charlie Brown Jr.).

domingo, 1 de setembro de 2013

Cuidar e Cultivar

O texto inicial que nós encontramos em Gênesis, na Bíblia, é fundamental para que possamos compreender também o restante das escrituras. A Bíblia não é um livro de autoajuda e nem deve ser lido apenas aos fragmentos. Existe uma coerência, uma narrativa que vai encadeando os fatos de modo que encontramos ali uma visão abrangente do mundo e da realidade. Quando partimos apenas de algumas partes isolando-as do todo, corremos o risco de dizermos coisas que, na realidade, nunca foram intenção dos autores bíblicos. Manipular textos de modo que possamos utilizá-los para fundamentar nossos próprios interesses é uma prática tão antiga quanto a própria escrita. A Bíblia não deve ser lida apenas para retirar dali versos que nos consolem ou que tragam alguma motivação para o dia a dia. Embora possamos, sim, ser consolados e motivados pelas palavras que lemos nos Salmos, nos profetas, nos evangelhos ou nas cartas de Paulo, estaríamos fazendo um uso muito superficial se tratássemos a Bíblia apenas como um manual para uma vida melhor.

Como livro sagrada dentro de uma importante tradição de fé, a Bíblia fornece fundamentos e princípios a respeito do drama cósmico que envolve a humanidade. Ela começa dizendo que não somos fruto de mero acaso, mas, que somos resultado de um gesto criativo e amoroso. Um Deus nos criou bem como todas as coisas. Compreender isto implica em perguntar não apenas como fomos criados, mas, por quê ou para quê fomos criados. Assim, a Bíblia também não pode ser tratada como uma espécie de manual científico. Trata-se de um livro bastante antigo, produzido numa época quando a ciência moderna ainda não existia. Logo, as escrituras precisam, também, ser respeitadas em seu contexto.

Compreender os capítulos iniciais da Bíblia, portanto, é fundamental porque se compreendemos que fomos criados, o relato de Gênesis revela também que fomos colocados na criação de Deus com aptidões e responsabilidades. Um estudo minucioso dos capítulos um e dois do Gênesis levará à conclusão de que é nossa responsabilidade gerir bem a criação de Deus. É como se o Criador nos tivesse feito por último para que déssemos continuidade ao ato criativo que herdamos dele: “O Senhor Deus colocou o homem no jardim do Éden para cuidar dele e cultivá-lo” (Gênesis 2:15). Existe uma relação entre as palavras cultivar e cultura. Logo, estamos falando, aqui, de nossas interações com o mundo. Desta intervenção humana no mundo e na realidade é gerado algum tipo de desenvolvimento. Logo, temos uma relação entre a cultura e a história. Somos responsáveis e não podemos simplesmente nos eximir disso. Que tipo de cultura tem resultado de sua interação com a realidade criada?

Leia também:
O que a Bíblia Diz Sobre Meio Ambiente
O Mandato Cultural
Somos Todos Responsáveis Pela Natureza

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