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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Coisa de Pele?

No dia 25 de dezembro comemora-se o Natal. Apesar de ninguém saber ao certo qual foi o dia do nascimento de Jesus, o Ocidente definiu esta data para comemorar. Todos conhecemos a história do menino que nasceu numa manjedoura rodeado de animais. Mas, e daí? O que veio depois? Qual é de fato a importância desse evento para a humanidade? Por que o dia 25 de dezembro se transformou numa data tão significativa?
Atualmente mais de um terço da população mundial se declara cristã. Existem, obviamente, controvérsias em torno dessa identificação. Afinal, o que significa de fato ser cristão? O próprio Jesus deixou claro que não basta um rótulo: "pelos seus frutos vocês os reconhecerão!" (Mateus 7. 20). É comum ouvirmos acusações a Cristo ou ao cristianismo por atrocidades cometidas por cristãos. Porém, isso é semelhante a casos em que um pai vai perdendo o crédito devido à irresponsabilidade do filho. É o que nós chamamos de nome sujo na praça. Infelizmente, durante toda a história, sempre houveram aqueles que, pelos seus frutos, sujaram o nome de Cristo.
O cristão sincero sabe que sempre de novo acabará errando. Haverá momentos na vida em que suas palavras ou ações não glorificarão a Deus. É aí que entra a importância daquele Jesus cujo nascimento é celebrado no Natal. Jesus é o Cristo, o Filho de Deus que vem para redimir perdoando a culpa do ser humano pecador. Encontramos perdão quando reconhecemos o erro e nos arrependemos diante de Cristo. Quando alguém se torna cristão isso não significa ter chegado à perfeição. Mas, ser alguém que reconhece suas falhas e que, por isso, decide viver sob a graça de um Deus de amor misericordioso.
O amor de Deus permite, assim, que pessoas, em sua liberdade, possam agir também aproveitando-se da situação. Quem nunca testemunhou casos em que filhos ou cônjuges se aproveitam do amor e da boa vontade dos pais ou dos parceiros? Jesus conhecia bem esse tipo. Chamava-os de hipócritas e falsos profetas. Foi num contexto assim que Jesus alertou para a observância dos frutos. Belas palavras, vestes, rituais e símbolos podem facilmente se tornar máscaras para dissimular, enganar e tirar proveito explorando o próximo. A vida e a mensagem de Jesus, no entanto, não oferecem exemplos ou margem para qualquer coisa que não tenha por motivação o amor. Ser cristão, portanto, é muito mais do que só uma coisa de pele (Mateus 7. 15).

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Natal Relax



É Natal!
Fuja da hipocrisia!
Perdoe de verdade!
Não beba demais! Não coma demais!
Deixe-se preencher do amor gracioso de Deus!
Não fique magoado se não ganhou o que esperava!
O que é realmente importante você já recebeu!
Seu Natal não será realmente feliz por causa do meu desejo!
Um feliz Natal não se constrói hoje,
assim, rapidamente, com os cacos de um ano infeliz!
Acredite, o sentido do Natal vai além de um 'feliz Natal!'

Obrigado a todos vocês que me acompanharam neste 2010 aqui no Coração do Pai.  Que a graça e a misericórdia de Deus nos permitam um 2011 com muita descoberta, questionamentos e, confirmação, cada vez mais segura, de que não há nada melhor do que saber que Deus nos tem em seu coração.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Vazio

Depois do Papai Noel, o personagem sobre o qual mais se fala nessa época é Jesus. Por isso, resolvi procurá-lo. Saí a caminhar. Soube que ele estaria numa pequena cidade distante. Havia bastante movimento pelas ruas e estradas. Comerciantes eufóricos aproveitavam para faturar mais. Os hotéis estavam lotados. Fui orientado a seguir até um curral. Lembrei de já ter visto tantos servindo de decoração por aí. Até mesmo as casas estavam sem espaço com visitas mais importantes. Jesus nasceu entre os animais. Finalmente, cheguei. Seu berço, a manjedoura, estava vazia. Saí intrigado. Me disseram que o problema maior não era que a manjedoura estivesse vazia.
Ouvi dizer então, que Jesus estava preso. Busquei maiores informações. Bateram muito nele. Acusaram-no de coisas terríveis. Fui orientado a seguir para um monte onde criminosos eram executados. Recebi a notícia de que Jesus estava na cruz. Corri em direção ao Gólgota. De longe avistei cruzes. Foi quando lembrei que, na verdade, elas estão por toda parte. Aproximando-me consegui ler uma placa sobre uma delas que dizia: "este é o rei dos judeus". Mas, a cruz estava vazia. Permaneci ali algum tempo, em silêncio. Ainda confuso, me afastei. Lembrei-me da voz que já ouvira antes: o problema maior não é a cruz estar vazia.
Vagando pela cidade, descobri que Jesus estava sepultado. O túmulo não ficava muito longe dali. Com o coração mais apertado, segui a minha busca. Assim como uma cocheira e os lugares de execução, um cemitério não é ambiente muito popular. Não é muito fácil encontrar alguém que goste de visitar cemitérios. Ao me aproximar percebi algo estranho. A sepultura estava aberta. Observando ao redor, fui entrando lentamente. Já não foi surpresa quando constatei que o sepulcro estava vazio. Comecei a duvidar. Será que existe mesmo Jesus? Após refazer-me, sentado sobre uma pedra por alguns minutos, ouvi mais uma vez aquela voz cada vez mais familiar: O sepulcro estar vazio não é problema.
A minha jornada parecia ter perdido o destino. Foi então que comecei a compreender aquele gosto estranho que sentia após cada descoberta. Era a sensação potencializada daquilo que eu vivera por todos os meus dias. A vida é sede, é fome é busca... O que eu buscava não estava na manjedoura, na cruz ou no sepulcro. Foi quando eu finalmente compreendi. De fato o problema não é o vazio da manjedoura, da cruz ou do sepulcro. Vazio estava o meu coração. Continuar a busca? Ou, aceitar que toda busca termina quando se admite o vazio? O símbolo, a relíquia, o objeto, nada pode conter aquele que se esvazia para preencher. Aquilo que lá não estava, já estava antes mesmo de eu partir. Não encontrei. Fui encontrado. Religiões vazias, não são o problema. Vidas vazias, sim.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Não Haverá Menino Jesus Nesse Natal

Chegamos a época do ano em que o centro comercial da cidade é o pior lugar para se estar. Vendedores ambulantes oferecem os seus produtos, novas lojas abrem as portas, enfeites natalinos de todos os tipos acrescentam luz e um tom avermelhado a paisagem, muito barulho de carros e pessoas se trombando pelas esquinas, o comércio anuncia suas novidades e promoções... É natal ou, quase.
Na verdade ainda estamos no tempo da espera. É o advento que antecede aquele dia tão esperado. Advento é vinda, é chegada. Todos se envolvem pelo clima. Cada um numa expectativa pessoal: as crianças esperam o papai Noel; todos aguardam ansiosos pelo seu presente; famílias esperam a visita de amigos e familiares; trabalhadores cansados estão ansiosos pelas férias; outros não vêem a hora de viajar e, comerciantes e empresários aguardam contabilizar bons lucros obtidos nesses dias de euforia... E..., finalmente, festa!
Sim, é hora de celebrar! É tempo de comemorar! Mais um ano se foi, o tempo passou, muita coisa aconteceu. Dormimos, acordamos, trabalhamos, brincamos, choramos e rimos. Cada um a sua maneira, de acordo com as particularidades de sua própria vivência. Em meio disso tudo, às vezes, se ouve falar coisas bonitas. Dizem que natal é tempo de solidariedade. É hora de reunir a família, ouvir mensagens de amor e paz. Na verdade é o que mais ouvimos nesses dias, no entanto, é o que menos encontramos na prática.
Alguns poucos aguardam o nascimento do menino Jesus. Sim, Jesus. Afinal, mesmo que seja surpresa para muitos, é Ele mesmo a razão do natal. Porém, Ele não nascerá mais. Não existe mais menino Jesus. Como diz bem a música: “já nasceu Deus menino para o nosso bem...” Nasceu! Também cresceu, viveu, caminhou e ensinou pelos caminhos empoeirados da Palestina. Morreu! Ele sabia bem que essa seria uma das etapas de sua existência na terra. Falou de um tempo onde “muitos ficarão escandalizados, trairão e odiarão uns aos outros, e numerosos falsos profetas surgirão e enganarão a muitos. Devido ao aumento da maldade o amor de muitos esfriará” (Mateus 24. 10-12). Falou ainda muitas outras coisas antes de ser pregado à cruz. Como Ele sabia que entre os propósitos de Deus constava a sua ressurreição, ascensão e uma nova vinda, disse ainda que “o seu povo estivesse preparado, porque o Filho do homem virá numa hora em que vocês menos esperam” (Mateus 24. 44).
É esse o tempo de espera que vivemos hoje. Jesus não virá mais num dia 25 de dezembro qualquer. Não virá mais como menino e Salvador. Não haverá mais presentes, Papai Noel e enfeites baratos. Na verdade haverá muito mais lamento que alegria naquele dia (Mateus 24. 30). Não haverá nascimento. Haverá um retorno, o dia em que Jesus voltará.
Talvez não fosse essa a mensagem que você esperava nesses dias. Mas não é enganando a si mesmo e tapando o sol com a peneira que mudaremos a realidade. O que você está esperando? Quais são as suas maiores expectativas? O Apóstolo Paulo disse que até a natureza aguarda com grande expectativa que os filhos de Deus sejam revelados e conclui que “nós mesmos, que temos os primeiros frutos do Espírito, gememos interiormente, esperando ansiosamente nossa adoção como filhos, a redenção do nosso corpo. Pois nessa esperança fomos salvos” (Romanos 8. 19-27). Um final de ano de esperança para você e todos os seus!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Usurpadores...

As cartas do Novo Testamento bíblico apresentam também características apologéticas. Desde o seu início a igreja se viu ameaçada por doutrinas estranhas como o gnosticismo, líderes que procuravam se sobrepor a autoridade dos apóstolos, entusiastas que julgavam ter descoberto um estágio mais evoluído de cristianismo. Diante disso, os apóstolos sempre de novo precisaram se posicionar e reafirmar a essência daquilo que haviam recebido de Cristo. A maioria das igrejas que iam nascendo por toda a região da Ásia não surgiram diretamente a partir dos apóstolos, mas de cristãos comuns que se espalhavam pelas diversas cidades e vilarejos testemunhando o Evangelho. Logo, era um desafio manter a unidade e a pureza do Evangelho. O apóstolo João reflete isso em sua terceira carta.
Entre os versos 9-11 João menciona Diótrefes. Nas palavras do autor, trata-se de alguém "que gosta de exercer a primazia" ou, que gosta de ser o mais importante. E, assim, é um difamador, um caluniador, um fofoqueiro. João diz que quando estiver com Diótrefes chamará "a atenção dele para o que está fazendo com suas palavras maldosas". E, mais, Diótrefes "se recusa a receber os irmãos, impede os que desejam recebê-los e os expulsa da igreja". Deduzimos que Diótrefes era uma espécie de líder que queria controlar sozinho a igreja local. Alguém que não aceitava a autoridade apostólica de João. Rejeitava qualquer orientação, recusava-se a receber os evangelistas itinerantes. Chegava a mostrar certa hostilidade aos representantes da igreja. Recusar-se a aceitar evangelistas itinerantes, por um lado, pode ser uma medida prudente, pois na época já haviam aqueles que abusavam da hospitalidade e promoviam suas próprias idéias. Mas, Diótrefes agia com radicalismos, sem critérios. Por medo de perder a influência ou por outra insegurança, Diótrefes fechava as portas para qualquer pessoa que demonstrasse espírito de liderança.
A terceira epístola de João revela o surgimento da autoridade investida em um único homem que tenta usurpar toda a autoridade. A Igreja primitiva, em suas comunidades, eram lideradas por diversos 'pastores', ou, os chamados 'anciãos' ou 'supervisores'. Portanto, não por um único oficial. Infelizmente, com o passar do tempo, Diótrefes acabou fazendo escola e cada vez mais a coisa foi se 'profissionalizando'. João escreve num tempo em que ainda se podia chamar a atenção de líderes assim sem ser acusado de estar 'tocando no ungido do senhor'. Na igreja de Jesus, João sabia muito bem, a exortação e a repreensão são importantes, pois, o ser humano pecador se deixa encantar facilmente pela vaidade e sede de poder. Quando os dons espirituais são tolhidos, maiores as chances de alguém usurpar a autoridade criando o seu império particular.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Corra Que O Bope Vem Aí...

O Brasil está chocado com os acontecimentos que estão abalando a cidade do Rio de Janeiro nos últimos dias. A cidade virou notícia internacional novamente por causa do crime organizado. Os principais canais de televisão transmitem ao vivo como se fosse algum tipo de reality show. Comentários entusiasmados dão conta de que nem o diretor do filme Tropa de Elite 2 imaginaria ação desse tipo.
A solução, apontam especialistas e comentaristas de plantão é um maior investimento em segurança. Por segurança, entenda-se: reforçar o policiamento, preparar melhor os agentes, implantação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), colocar o exército nas ruas, a construção de mais presídios de segurança máxima. O que essas medidas tem em comum? São todas de combate, de resposta, medidas segundas que remediam o problema. Talvez você compreenda melhor se utilizarmos uma expressão da medicina: remediar o sintoma não elimina a doença. Obviamente são medidas importantes. Afinal, uma vez que se deixou chegar ao ponto de a dor ser insuportável, é preciso aliviá-la. Porém, se ficar nisso, o problema real jamais será resolvido.
Se a violência é uma reação do crime organizado à política de segurança que acabou com o tráfico armado nas favelas pacificadas, isso só mostra que o problema não está sendo atacado na sua raiz. Será que encher os morros e favelas de policiais irá transformar os traficantes em bons moços? Basta ver como a Cracolândia em São Paulo apenas mudou de endereço após o plano de revitalização que a prefeitura anunciou para a região da Luz . Medidas paliativas apenas empurram o problema para outros lugares ou faz que se redobre a violência para uma reação a altura. O mesmo ocorrerá sempre quando não houver um plano mais amplo que foque o verdadeiro problema. E, isso implica em investimentos e planejamento a longo prazo. Exatamente o tipo de projeto que não costuma chamar muito a atenção dos políticos, afinal, outros vão colher os frutos. Além do que, projetos assim, por não serem vistos em seus efeitos imediatos, não rendem votos. O próprio processo de favelização é um sintoma de um situação mais crônico para o qual os órgãos públicos vêm fazendo vista grossa a décadas!
Esse tipo de paliativo vemos o tempo todo e, quanto mais medidas são tomadas, parece que maior fica o problema. E, por sua vez, maiores serão as reivindicações por maiores doses de 'analgésico'. Basta dar uma olhada nas estatísticas da violência no trânsito, no tráfico e consumo de drogas, violência nas escolas, crime organizado, rebelião nos presídios etc. Enquanto reinar a impunidade, a injustiça social, a corrupção entre aqueles que deveriam zelar pelo bem comum; enquanto não houver investimentos reais na educação, no desenvolvimento humano, na dignidade, não estaremos livres do caos social com o qual, cada vez mais, parece que temos de nos acostumar.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

De Teólogo e Louco...

Vou atrever-me a escrever sobre algo que pode gerar certa polêmica. A minha área de formação de estudos contínuos é a teologia. Até me aventuro na área de gestão devido a outros cursos que já fiz nesse campo. Porém sinto-me mais a vontade na teologia onde prefiro manter sempre uma postura de aprendiz. Uma coisa interessante sobre a teologia é que muitos encaram a matéria como se fosse senso comum. Você conhece aquele ditado que diz que de médico e louco todo mundo tem um pouco? Pois é, todo mundo também se acha um pouco (ou muito) teólogo. Até o Martinho da Vila deu para escrever sobre o assunto. Daí surgem pérolas como esta: "Há católicos e protestantes que abominam o espiritismo, mas no fundo todos são espíritas, pois acreditam no Espírito Santo". A "crítica" de Martinho, bem como sua constatação, se devem exatamente pelo que estou tentando dizer aqui: as pessoas acham que religião é mera questão de opinião. Mas, e se todos agissem assim com relação à medicina, direito, psicologia, engenharia, etc? Já imaginaram a tragédia?
Se Teologia, no significado mais simples da palavra é "conversa sobre Deus", então, sim, de certa forma, todos somos teólogos. Porém, é também uma ciência que pressupõe certos princípios e métodos de estudo. No caso do cristianismo, como nos lembra o professor de Oxford, Alister McGrath, "a teologia se baseia na Bíblia" que é para nós (cristãos) como "uma janela que nos permite ver partes da natureza e dos propósitos de Deus". Logo, não haverá boa teologia onde a Bíblia não for levada a sério! Teologia e religião não é, portanto, uma questão de opinião. É verdade que muitos querem nos fazer acreditar que seja assim. A igreja tem aceitado a pressão que relega a fé ao âmbito privado da vida. Muitos creem realmente que a religião nada tem a ver com política, justiça, meio ambiente, trabalho, etc. Ledo engano! O que se faz da vida e o que acontece na sociedade reflete a crença mais íntima das pessoas. Por exemplo: se Deus criou todas as coisas, avaliou que tudo era muito bom e deu aos seres humanos a responsabilidade de cuidar e cultivar, como isso se reflete na nossa vida hoje? Podemos deduzir que alguém que sequer cuida do próprio pátio de casa possui algum tipo de crença diferente!
Em que você, leitor, crê realmente? Como você responde questões importantes da vida como: O que o ser humano é? De onde surgiram todas as coisas? O que acontece a uma pessoa quando ela morre? Por que é possível conhecer alguma coisa? Como sabemos o que é certo e errado? Qual é a fonte do mal? Qual é o significado da história humana? Trata-se de um exercício simples que poderá revelar em que você acredita de fato. Depois, resta saber se isso é coerente com a fé que você diz professar!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O Amor Não é Deus

Lendo a primeira carta de João, encontramos ali um verso onde diz que “quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor” (I João 4. 8). Interessante notar que amor não é aqui descrito como mera característica de Deus. Não aparece como um adjetivo: amoroso, amável, carinhoso ou coisa semelhante. Deus é amor. Mas, em que este amor se manifesta? Qual é o argumento de João que o permite fazer tal declaração? Continuando a leitura do texto, veremos que o autor conclui: “Foi assim que Deus manifestou o seu amor entre nós: enviou o seu Filho Unigênito ao mundo, para que pudéssemos viver por meio dele. Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (I João 4. 9, 10). Deus toma a iniciativa. Ele oferece a quem não merece. Trata-se de um amor que envolve sacrifício.
No verso anterior João fala de uma coisa que nos lembra o início da humanidade: “amemos uns aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus” (I João 4. 7). Em Gênesis 1. 27 lemos: “criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Ora, se Deus é amor e se a humanidade foi criada à imagem e semelhança de Deus, então, de alguma forma, nós também temos essa capacidade de amar. Se isso é verdade, porque então vemos tanto ódio, tantas guerras, tanta insensibilidade nesse mundo? Onde está esse amor que se doa, se entrega, que é capaz do sacrifício pelo outro? O que aconteceu? Alguma coisa deve estar errada...!?
O problema talvez esteja no fato de que semelhança difere de aproximação. O fato de o ser humano carregar consigo uma semelhança com Deus não significa que ele seja um deus. Mas, sem Deus ou, longe dele, corremos o risco de fazer do amor o nosso deus. Passamos a justificar nossas práticas com discursos que incluem razões motivadas pelo amor. Nossos amores podem ser legítimos. A nossa semelhança com Deus nos permite amar de verdade. Porém, ser semelhante não significa estar próximo. Quando nós nos esquecemos da nossa tendência à egolatria, até mesmo o amor pode se transformar num deus ou, num demônio.
C. S. Lewis é um autor que faz pouco tempo começou a se tornar mais popular no Brasil graças ao filme “As Crônicas de Nárnia: O Leão, A Feiticeira e o Guarda Roupa”. Lewis, no entanto, é autor de diversos livros, desde contos infantis até livros com temas cristãos mais complexos. Sobre o tema de que estamos tratando, ele escreve em seu livro “Os Quatro Amores”: “Todo amor humano, em seu apogeu, possui a tendência de reivindicar uma autoridade divina. Sua voz tende a soar como se fosse a vontade do próprio Deus. Ela nos diz para não contar o custo, exige de nós um compromisso total, tenta superar todas as outras reivindicações e insinua que todo ato feito sinceramente 'por causa do amor' é portanto, legal e até meritório. Que o amor erótico e o amor patriótico tentam dessa forma 'tornar-se deuses' é geralmente reconhecido. Mas a afeição familiar pode fazer o mesmo, assim como a amizade, embora de modo diverso.” É quando nossos amores naturais se tornam deuses que eles, embora continuem sendo chamados de amores, transformam-se na verdade em ódio.
Confesso que eu ainda não entendo quase nada sobre o amor. Necessito refletir mais a respeito. Embora não saiba explicar bem como, tenho uma certeza meio estranha: esse negócio de amor nos impele por alguma razão e nos atrai por alguma outra (ou seria a mesma?). Se até mesmo o amor pode se tornar ódio e levar a guerras justificadas, qual seria a salvação para uma humanidade que têm o amor como a sua característica mais nobre!? Por isso, parece-me cada vez mais difícil ignorar a existência de Deus. Pois nem mesmo o amor pode substituí-lo. Se o amor não é Deus, então, nem mesmo esse amor, por mais que se pregue e se cante, por mais que se busque e se entregue, pode salvar a humanidade. O amor ainda não é Deus. Mas, Deus é amor.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Responsabilidades

Mais de uma vez tenho me referido a Genesis 1. 31 quando, ao criar todas as coisas, somos levados a imaginar Deus contemplando sua obra: "E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom". Basta refletirmos um pouco para descobrirmos como nós também nos alegramos diante de um trabalho bem feito. No entanto, muitas pessoas que tem encontrado dificuldades com Deus argumentam que não pode existir um Deus bondoso quando vemos neste mundo tantas coisas erradas. A lógica do argumento estaria em que um Deus bom não permitiria tanta maldade. Infelizmente, na maioria dos casos, essa reflexão não é aprofundada. Afinal, um pensamento tão simples seria mesmo suficiente para comprovar a inexistência de Deus? Ou, ao menos coloca em dúvida o seu amor?
Todos os dias, ao ligarmos a televisão, quando abrimos o jornal ou ao buscar notícias na internet, nos deparamos com manchetes que não permitem mais concordar com a conclusão de Genesis 1. 31. Temos evidências de problemas. Assassinatos, atropelamentos, exploração infantil, mentiras, corrupção, traição, etc. As notícias envolvendo escândalos, tragédias, golpes, disputas de poder, guerras, etc. estão por toda parte e vem de todos os cantos do mundo. Aqui mesmo, em minha cidade, quando saio a rua, o primeiro sinal de que algo está errado é o cheiro. Valetas com água parada, esgoto a céu aberto, lixo por todo lado. Animais feridos e abandonados, outros passeando felizes sentindo o vento pela janela dos carrões. Pessoas dormindo em calçadas enquanto outros se envolvem em lençóis de cetim. Empreendimentos gigantescos com apartamentos de luxo de onde é possível os moradores solitários observarem há alguma distância os casebres abrigando seis, oito pessoas. Alguns olham e continuam achando que está tudo muito bom. Porém, só pode concluir assim aquele que não contempla o todo.
Deus criou todas as coisas. Isso inclui o ser humano. No entanto, Deus não quis que a nossa vida fosse monótona, previsível, ociosa. Deus abençoou os seres humanos e lhes disse: "sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra" (Genesis 1. 28). O texto diz ainda que "o Senhor Deus colocou o homem no jardim do Éden para cuidar dele e cultivá-lo" e "depois que formou da terra todos os animais do campo e todas as aves do céu, o Senhor Deus os trouxe ao homem para ver como este lhes chamaria; e o nome que o homem desse a cada ser vivo, esse seria o seu nome" (Genesis 2. 15 e 19). Temos compreendido essas coisas e, assim, produzido muita coisa boa. Mas, obviamente, não temos compreendido tudo.

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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Humildade Cristã

Quando falamos de humildade cristã isso quer dizer que nós temos um exemplo a quem seguimos. O apóstolo Paulo aborda o tema da humildade em sua carta aos Filipenses. Após apontar algumas virtudes dignas de serem seguidas e atitudes a serem evitadas, Paulo orienta: “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus...” O cristão jamais está desamparado neste mundo. Ele sempre poderá contar com Jesus Cristo, inclusive como exemplo e padrão de vida. O propósito de Deus é que a cada dia nos tornemos mais parecidos com Jesus Cristo.
Qual foi essa atitude de Cristo a que Paulo se refere? É claro que em muitas coisas Jesus é incomparável e único. Tem muitas coisas que nós jamais seremos como ele. Mas, em que então devemos aprender e imitar o Mestre Jesus? Na humildade sacrificial e no amor ao próximo. Jesus demonstrou sentimentos e atitudes que são exemplo de vida para nós. São referenciais que devemos tomar para as nossas vidas. O que Jesus fez? Quais os exemplos da vida de Cristo que o texto aos Filipenses revela? Ele, Jesus, “embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz!” (Filipenses 2. 6-8).
Ora, se Jesus sendo Deus decidiu não apegar-se a isso para achar que era muita coisa, quem somos nós para ‘nos acharmos’!? Se Jesus não se apegou ao fato de ser O Filho Unigênito, santo – sem pecado – de Deus, por que nós nos apegamos tão facilmente a todo tipo de ‘coisinhas’!? Se o Filho de Deus veio para servir e doar a própria vida na cruz pela humanidade, porque nós achamos que precisamos ser servidos e viver com todo conforto? Se Jesus foi capaz de humilhar-se até sofrer uma das piores mortes que pode existir, morte de cruz, o que nos faz pensar que temos direitos e privilégios sobre os outros neste mundo? Se Jesus, sendo Deus, optou pelo duro caminho da obediência e submissão, o que nos leva a acreditar que existe outro caminho que seja melhor? Por isso, “seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus...”
Após sua entrada triunfal em Jerusalém, o Senhor ensina: “Digo-lhes verdadeiramente que, se o grão de trigo não cair na terra e não morrer, continuará ele só. Mas se morrer, dará muito fruto. Aquele que ama a sua vida, a perderá; ao passo que aquele que odeia a sua vida neste mundo, a conservará para a vida eterna. Quem me serve precisa seguir-me; e, onde estou, o meu servo também estará. Aquele que me serve, meu Pai o honrará” (João 12. 24-26).

domingo, 7 de novembro de 2010

Humildade...

Se uma xícara estiver cheia como colocar mais alguma coisa dentro dela? Se o grão não cair na terra e não morrer, como dará muito fruto? Além do fruto do Espírito e da unidade existe uma outra característica que distingue o cristão nesse mundo: humildade. Mas, o que é humildade? Vem do Latim "humus" que significa "filhos da terra". A humildade consiste em avaliar-se da maneira que corresponde à realidade. É a virtude que dá o sentimento exato da nossa fraqueza, respeito, pobreza, reverência e submissão. A humildade não é depreciação de si mesmo, não é ignorância com relação ao que somos, mas ao contrário, é o conhecimento exato do que não somos. Humildade é modéstia; é o reconhecimento. É dizer "muito obrigado" a Deus. É aceitar suas qualidades e forças, reconhecendo que elas não lhe pertencem; foram concedidas a você por Deus para um propósito mais elevado que o de apenas satisfazer suas próprias necessidades. Humildade é estar consciente do seu lugar; é reconhecer o quão pequeno você é e, assim, entender quão grande pode se tornar.
Na carta aos Filipenses Paulo exorta: “Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade”. O que isso significa? Egoísmo e vaidade são contrários à humildade. Basta nos examinarmos honestamente para detectarmos o quanto somos egoístas e vaidosos. Quem pensa em levar vantagem em tudo, quem pensa só em si mesmo, quem acha que só as suas opiniões estão certas, quem acha que não tem mais nada a aprender, quem se vê melhor do que os outros não sabe o que é ser humilde... O orgulhoso e o vaidoso são cheios de si: ‘Eu me basto!’ Não pensa no outro. Ele usa o outro para atingir os seus objetivos. Não se constrói relacionamentos quando eu quero apenas usar as pessoas.
Quais são os exemplos que tenho seguido? O que nós temos buscado para as nossas vidas? A nossa fé tem nos levado na direção do outro ou nos afasta das pessoas? Sou eu uma xícara cheia ou ainda consigo me esvaziar para poder deixar-me encher de algo melhor? Nas bem-aventuranças Jesus declara: “Bem-aventurados os humildes, pois eles receberão a terra por herança” (Mt 5. 5). Como não poderia deixar de ser, Paulo aponta a direção certa: “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus...” (Filipenses 2. 5). Jesus é o alvo, o exemplo, aquele que ensina.
Uma xícara repleta não pode receber mais nada. Alguém cheio de si não poderá se deixar encher por algo maior e melhor. Se você deseja ir além de si mesmo experimente esvaziar-se para dar lugar ao Espírito Santo de Deus. Seja a sua atitude a mesma de Cristo Jesus.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Todas as religiões estão baseadas no esforço pessoal e no princípio da justiça retribuitiva. Somente o Cristianismo apresenta a possibilidade de um relacionamento entre Deus e os homens além das fronteiras do mérito e demérito
(Ed René Kivitz)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Os Evangélicos e as Eleições

Dia 31 de outubro. Dia de lembrar a Reforma Protestante. E, também, mais um dia de eleições. Durante a campanha dos candidatos a presidência, no segundo turno, ambas confirmaram o que muita gente pensa a respeito dos evangélicos no Brasil: são um bando de alienados e facilmente manipuláveis! Prova isso o fato de as duas candidaturas terem modificado seus discursos para o segundo turno. Fulano é do bem, discursos favoráveis ao que se acredita ser de interesse dos evangélicos, visitas a templos cristãos, etc. Conclusão: se os evangélicos podem decidir uma eleição, então faça o discurso que eles querem ouvir, pois vão acreditar. Afinal, coerência não é algo que o gueto gospel costuma levar muito a sério! Uma grande oportunidade para alguns caciques da mídia que se auto-intitulam representantes do povo de Deus. Os tele pastores, já acostumados a manobrar a mente da manada, recebem atenção especial, chegando a gravar depoimentos e aparecendo no horário eleitoral gratuito. Na internet, um verdadeiro show de horrores na briga de vaidades. Infelizmente, aí a baixaria não se resume somente ao período das eleições. Troca de farpas e acusações em vídeos e textos significam audiência garantida!
Seja no meio político ou no meio evangélico, o que temos presenciado é lamentável! A facilidade com que o povo brasileiro deixa-se influenciar por ídolos, tele pastores, apresentadores e quem demonstrar alguma habilidade retórica é impressionante. O fenômeno visto no inchaço de algumas seitas neopentecostais se reproduz também na corrida eleitoral. Com o serviço público caótico e sem um atendimento digno, a esperança é que surja alguma solução mágica. O voto, a urna, a seção eleitoral assumem quase os mesmos encantos dos rituais, objetos e espaços religiosos vendidos pela teologia da prosperidade. Assim como os bispos, apóstolos, pastores, pais e mães de santo, os políticos recebem essa aura que os qualifica como mediadores do sagrado. Fé ou aposta? Não custa tentar, ouvimos quando o prêmio da loteria acumula!
De positivo, talvez, possamos concluir que o debate político envolveu, sim, um maior número de pessoas. Despertou interesse, mesmo que muito se resumisse a homossexualismo e aborto (em menor grau, a liberação da maconha). Vimos que algumas questões morais ainda despertam bastante interesse do brasileiro. Porém, se forem estas as grandes ameaças, então, aos evangélicos, não resta escolha, mais coerente seria votar branco ou nulo. Vamos esperar que - nos próximos pleitos - tal mobilização e interesse se expanda também para questões de justiça, miséria, violência, corrupção e projetos para áreas como saúde, segurança, educação, etc.


segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Segunda Relax



Mesmo que Deus não existisse, ou eu fosse um ateu, não culparia a ninguém por confiar nele, pois há evidências demais e... maravilhosas demais, para exigir que alguém deixe de imaginar que haja um ser incrivelmente poderoso e amoroso por trás disso tudo!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Normal!

Errar é humano. Quem nunca ouviu ou até mesmo utilizou essa frase!? É normal, quem nunca...!? Sobre várias coisas dizemos que é normal ou natural. Com isso estamos tentando ser tolerantes, compreensivos, pacientes. Sim, várias coisas nós julgamos como normais ou naturais. Algumas dessas coisas vão se tornando normais com o passar do tempo. É por isso que ouvimos nossos pais repetirem: no meu tempo não era assim! Mas, o que é normal? Quem define os padrões? Normal para quem? Você está passeando com um amigo pela cidade e de repente ele se surpreende com algo bizarro. O que você diz? Ah! Aqui isso é normal! Neste caso a questão não é mais de tolerância ou compreensão, mas de comodismo.
Veja, não estamos falando só do diferente ou da diversidade. Nós, seres humanos, somos bons em nos acomodarmos às circunstâncias. Logo o errar é humano deixa de ser uma frase de tolerância para virar justificativa. Dizer que é normal ou natural uma condição que pode levar a determinada consequência é uma coisa. Aproveitar-se dessa condição para ações deliberadas é outra coisa bem diferente. Vou dar um exemplo: Chegar atrasado devido a um imprevisto é natural. Chegar atrasado todos os dias porque 'aqui isso é normal' já não é natural. Portanto, aquilo que parece cada vez mais normal na sociedade é, na realidade, anormal. E, por sermos tão 'anormais', acabamos achando normal sermos anormais a ponto de sequer termos consciência disso. Logo, não admitimos. Pois admitir seria assumir a própria anormalidade. E, portanto, esforçar-se para ser mais normal. E, com isso, ser, na verdade, para a sociedade, um anormal. Ou seja, trouxa é quem chega no horário!
Para falar de normalidade, realidade, anormalidade, ilusão e etc, precisaríamos admitir que deve existir algum padrão. Sem referências quem pode cobrar qualquer comportamento diferente? No bairro tal, adolescentes usando crack é normal! O aborto no Brasil é mais normal do que muita gente imagina! Aqui é normal motoristas não respeitarem a faixa de pedestres! Cachorros abandonados pelas ruas da cidade já é coisa normal! Se não existe certo ou errado, bom ou ruim, então, é normal! E, como é cada vez mais natural também muita gente não ler esse tipo de texto 'religioso', sugiro aos anormais que ainda o fazem lerem Genesis 1. 31. Viram como é que era normal?

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Oração de São Patrício

Esta oração foi escrita originalmente em Gaélico em meados do século V por São Patrício, um missionário cristão. É considerada a mais antiga expressão de poesia vernácula européia.



Levanto-me, neste dia que amanhece,
Por uma grande força, pela invocação da Trindade,
Pela fé na Tríade,
Pela afirmação da unidade
Do Criador da Criação.

Levanto-me neste dia que amanhece,
Pela força do nascimento de Cristo em Seu batismo,
Pela força da crucificação e do sepultamento,
Pela força da ressurreição e ascensão,
Pela força da descida para o Julgamento Final.

Levanto-me, neste dia que amanhece,
Pela força do amor dos Querubins,
Em obediência aos Anjos,
A serviço dos Arcanjos,
Pela esperança da ressurreição e da recompensa,
Pelas orações dos Patriarcas,
Pelas previsões dos Profetas,
Pela pregação dos Apóstolos
Pela fé dos Confessores,
Pela inocência das Virgens santas,
Pelos atos dos Bem-aventurados.

Levanto-me neste dia que amanhece,
Pela força do céu:
Luz do sol,
Clarão da lua,
Esplendor do fogo,
Pressa do relâmpago,
Presteza do vento,
Profundeza dos mares,
Firmeza da terra,
Solidez da rocha.

Levanto-me neste dia que amanhece,
Pela força de Deus a me empurrar,
Pela força de Deus a me amparar,
Pela sabedoria de Deus a me guiar,
Pelo olhar de Deus a vigiar meu caminho,
Pelo ouvido de Deus a me escutar,
Pela palavra de Deus em mim falar,
Pela mão de Deus a me guardar,
Pelo caminho de Deus à minha frente,
Pelo escudo de Deus que me protege,
Pela hóstia de Deus que me salva,
Das armadilhas do demônio,
Das tentações do vício,
De todos que me desejam mal,
Longe e perto de mim,
Agindo só ou em grupo.

Conclamo, hoje, tais forças a me protegerem contra o mal,
Contra qualquer força cruel que ameace meu corpo e minha alma,
Contra a encantação de falsos profetas,
Contra as leis negras do paganismo,
Contra as leis falsas dos hereges,
Contra a arte da idolatria,
Contra feitiços de bruxas e magos,
Contra saberes que corrompem o corpo e a alma.

Cristo guarde-me hoje,
Contra veneno, contra fogo,
Contra afogamento, contra ferimento,
Para que eu possa receber e desfrutar a recompensa.
Cristo comigo, Cristo à minha frente, Cristo atrás de mim,
Cristo em mim, Cristo embaixo de mim, Cristo acima de mim,
Cristo à minha direita, Cristo à minha esquerda,
Cristo ao me deitar,
Cristo ao me sentar,
Cristo ao me levantar,
Cristo no coração de todos os que pensarem em mim,
Cristo na boca de todos que falarem em mim,
Cristo em todos os olhos que me virem,
Cristo em todos os ouvidos que me ouvirem.

Levanto-me, neste dia que amanhece,
Por uma grande força, pela invocação da Trindade,
Pela fé na Tríade,
Pela afirmação da Unidade,
Pelo Criador da Criação.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

As Crônicas de Nárnia

'As Crônicas de Nárnia: Viagem do Peregrino da Alvorada'. Os irmãos Lucy e Edmund Pevensie voltam a Nárnia e, com a ajuda do Príncipe Caspian, enfrentam mais uma aventura no reino mágico. Terceiro filme da série. Em dezembro.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

"Se cada um cuidasse da sua própria vida o mundo seria melhor"

Especialistas sobre a realidade contemporânea concordam que uma marca do nosso tempo é o individualismo: "Cada um por si..."; "a vida é minha e eu faço o que eu quiser"; "Se cada um cuidasse da sua própria vida o mundo seria melhor"... Será? Talvez seja exatamente esse o problema: cada um está preocupado, demais e somente, com a sua própria vida! Muito entretenimento produzido para que as pessoas possam permanecer horas isoladas sem precisar encontrar outras pessoas. Até mesmo as mensagens cristãs denunciam esse individualismo: apelos pessoais, conversão pessoal, salvação pessoal, promessas aos indivíduos, um Deus pessoal. Não temos mais um Deus, mas, cada um tem o seu deus. Por isso, posso orar para que o meu time vença, posso pedir a Deus que me ajude a ganhar na loteria, posso exigir dele prosperidade financeira sem que isso seja fruto do meu trabalho, posso até, pedir que ele destrua os meus inimigos. Afinal, o que importa é ser feliz, que Eu seja feliz, nem que às custas dos outros! Quando me deparo com um obstáculo que seja maior que eu mesmo, logo desisto. Sequer cogito a possibilidade de que se me aliasse a mais um, dois, dez, ou mesmo milhares ou milhões, os desafios que muitas vezes parecem impossíveis, tornar-se-iam insignificantes.
A mensagem de Efésios, escrita pelo apóstolo Paulo "aos santos e fiéis em Cristo Jesus que estão em Éfeso"(1.1), não é uma carta geral para os habitantes de uma região ou cidade, mas, aos santos e fiéis em Cristo Jesus que estão em Éfeso. E, ao referir-se à igreja em Éfeso, Paulo também não está falando a uma elite espiritual, ou apenas a um tipo de clero ou presbitério daquela comunidade. A carta é, portando dirigida a toda congregação, uma comunidade de fé. Não posso, portanto, partir do pressuposto que essa mensagem seja compreendida por todo mundo. No capítulo quatro, o texto fala de unidade. A Igreja é corpo. Essa unidade não se dá por decreto ou convenções, mas, é possível naquele que deu sua vida por amor ao mundo e envia seu Espírito. Sabemos, agora, o que somos. Já sabemos o que recebemos de Cristo. Conhecemos os propósitos que Deus tem para com a vida. Então vivamos a altura disso. Paremos de viver como escravos na casa do Pai.
Unidade e comunidade não significam igualdade. A igreja ou uma comunidade não se dão num sistema igualitário. Deus é criador e não alguém que fabrica em série. Homens são diferentes de mulheres, um homem é diferente de outro homem e uma mulher é diferente de outra mulher. E, na igreja, não pagamos por uma prestação de serviços. Na verdade, pagamos para servir. Pagamos em dinheiro, bens, tempo e talentos. Se alguém ainda não compreendeu que não tem mais nada para receber em troca, então está fazendo religião. Ainda não entendeu o Evangelho, ou, entendeu, mas decidiu que isso é perigoso demais para os seu planos. Quais os desafios que esse texto apresenta para nós que somos individualistas vivendo numa sociedade individualista?

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Eleições e Cidadania

Domingo de eleições no Brasil. Com todo o lixo que tivemos que aturar pelos canteiros e rótulas da cidade, hoje é dia de despejar o restante pelas ruas. Já é uma tradição. Como o meu critério de votação este ano inclui eliminar da lista os candidatos sujões, estou num dilema. Afinal, sem os cavaletes, cartazes e os terríveis carros de som (poluição sonora e visual) é complicado saber quem é candidato. Claro, temos a propaganda eleitoral na TV. Se não dá para conhecer as propostas reais, pelo menos sabemos quem está colocando seu nome a disposição. Assistimos coisas inacreditáveis, até cômicas e constrangedoras. Apesar da imensidão de informações, uma fonte interessante também é a internet. Foi difícil, mas deu para definir seis nomes necessários para não votar simplesmente em branco.
Infelizmente, muitos ainda votam no candidato que está na frente nas pesquisas. Dizem que não vão votar em quem vai perder. Mal percebem quem é que realmente pode perder com isso. Outras tratam a questão como torcedor de time de futebol. Estão definidos desde o início e não há o que os faça mudar de idéia. Trata-se de uma paixão. Estes vão acompanhar as apurações - que ficaram mais sem graça depois das urnas eletrônicas - como se fosse uma decisão de campeonato. Já que não haverá futebol na TV...! Existem ainda aqueles que venderam o voto, aqueles que votaram 'em qualquer um' e até os que deram o famoso 'voto consciente', seja lá o que isso signifique! Fato é que no Brasil o voto é obrigatório, então...
Na Bíblia não encontramos governos democráticos e nem processos eleitorais. Nem o substituto de Judas Iscariotes no ministério apostólico foi eleito pelo voto (At 1. 26). Sabemos algumas coisas sobre a maneira como Jesus lidava e pensava sobre os governantes: "Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus" (Lucas 20. 25). E, "bem sabeis que pelos príncipes dos gentios são estes dominados, e que os grandes exercem autoridade sobre eles" (Mateus 20. 25). Relevante também, principalmente para nós brasileiros que facilmente nos deixamos levar pela ilusão de um messias político, são as palavras em resposta ao interrogatório dos fariseus: "O reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui, ou: Ei-lo ali; porque eis que o reino de Deus está entre vós" (Lucas 17. 20, 21). Somos, portanto, desafiados a exercermos a nossa cidadania aqui onde vivemos. Mas, sem nos iludirmos com candidatos a 'salvadores da pátria'. Tampouco a sujeira e corrupção devem ser maiores que a esperança de dias melhores. Que Deus abençoe os brasileiros!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Falta Coragem

Muitas pessoas compreendem como cristãos aqueles que seguem algum padrão moral rigoroso. De fato, muitos evangélicos parecem ter o que dizer apenas quando o assunto envolve sexualidade, bebida alcoolica ou drogas (são contra, claro!). Poucos se arriscam a pensar por conta própria. Facilmente caímos na tentação de apenas repetir os chavões de algum líder mais eloquente. Nos tornamos, assim, um povo legalista e sem proposta. Se tirarmos essa 'meia dúzia' de assuntos polêmicos acabaremos sem nenhum cavalo de batalha para legitimar a nossa existência. Política só entrou no debate cristão esse ano por causa da ameaça envolvendo 'a moral e os bons costumes' (quase tudo relacionado à sexualidade). Quando, na verdade, não precisamos fazer dessas coisas uma discussão religiosa. Promiscuidade, encher a cara, fumar, usar outros tipos de drogas é mais burrice do que uma questão de fé. Não precisa ser cristão para perceber o que prejudica a si mesmo, o que faz mal à saúde, o que é expressão de carência afetiva, basta um mínimo de inteligência (Gálatas 6. 7).
Quem acredita que ser cristão é estar numa eterna luta entre os 'do contra' e os 'a favor' ainda não compreendeu nada. E, quem acha que o Evangelho (boa nova) é sair da casa do pai (Lucas 15. 11...) para se esbaldar à revelia, entendeu menos ainda. Um dos grandes problemas dos cristãos é que ainda não compreendemos bem a centralidade do Evangelho. Ignoramos o que significou a vinda, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Assim, vivemos com uma idéia vaga do que acreditamos ser o reino de Deus. Muitos se cansam de esperar e 'chutam o balde'. Quando na verdade, o que menos deveriam fazer é esperar. O problema é que o que nos falta nem é fé, compromisso, devoção, etc... Falta coragem. Falta ousadia para assumirmos de fato o Evangelho. Assim, seguimos em nossas leituras seletivas da Bíblia. Colhemos aquilo que nos convém. Nos omitimos de um estudo sistemático mais sério e profundo. Na verdade, queremos o light, o consumismo burguês, as benesses da mesa do rei (Daniel 1. 5-8), chafurdar na lavagem dos porcos... Esquecemos aquela ilustração básica da folha seca (que o vento leva para onde quer) ou do peixe morto (que se deixa levar pela correnteza). Sem coragem para assumir o Evangelho ou deixar de vez a religião vinculada, criamos a nossa própria versão self service.
É claro! Sim, o pai deixou partir o filho mais moço (Lucas 15. 12). Nenhuma religião deveria conduzir seus fiéis pelo cabresto (mesmo que muitos fiéis assim o queiram!). O objetivo dos dons e do serviço cristão é, entre outras coisas, "que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro" (Efésios 4. 13, 14).

Leia Também:
Dois Perigos na Religião
Vá e Faça
Eu Também Sou Corrupto

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Meu Herói!

Você já ouviu a expressão ‘bater em bêbado’? Também deve ter ouvido falar de Davi e Golias. Que luta é essa? Um baixinho contra um gigante!? Um leigo contra um especialista em guerra, um pastor de ovelhas contra um guerreiro. Uma desproporcionalidade de forças. Imaginem Golias, um guerreiro, todo armado, bem treinado, experiente em combates, corpo atlético, musculoso... Contra Davi, um ingênuo pastor de ovelhas. Um rapaz baixo, rejeitado pelos irmãos, o caçula da família. Enquanto o gigante desafia com o que existe de mais moderno em tecnologia de guerra Davi vai com algumas pedrinhas e uma espécie de estilingue.
É como uma guerra aonde uma superpotência vai contra um país miserável do 3º mundo. É o Fluminense, líder do brasileirão, enfrentando um time de várzea de nosso bairro. Davi, o colono criador de ovelhas, está diante do maior desafio da sua vida. Como ele enfrentou essa batalha? E, quanto a nós? Como nós olhamos para os grandes desafios da nossa vida? Como nós entramos nessas batalhas? Confiamos em Deus ou em nossas próprias forças e habilidades? Davi confiou em Deus e a luta foi vencida em um único round.
Quem era Golias? O representante, a projeção de um grupo. O herói, o guerreiro, o campeão dos filisteus. O grupo sentia-se realizado nele. Em todo exército existem covardes. Nos times de futebol têm os pipoqueiros, nos sindicatos os acomodados, na igreja os temerosos – que não herdarão o reino (Apocalipse 21. 8). Existem aqueles que esperam que alguém faça alguma coisa. Esperam outros tomarem a iniciativa em seu lugar: 'Alguém tem que fazer alguma coisa!'
Os covardes do exército filisteu esperavam por Golias. Viam nele a projeção de seus desejos, sonhos e realizações. Os brasileiros também possuem seus ídolos. ‘Eu não sou ninguém, eu não me destaco, mas ele conseguiu, ela está lá.’ ‘Alguém igual a mim conseguiu’: Gisele Bündchen, Ronaldinho, Romário, Ayrton Senna, os ‘heróis’ do Bial no BBB... Projetar no outro aquilo que para mim parece inalcançável. O grupo dos filisteus se espelhava em Golias. ‘Não precisamos ir pra batalha, não precisamos guerrear, não precisamos correr os riscos, nós temos um representante: basta mandar Golias, ele guerreia em nosso nome, ele irá lutar por nós’. Golias cumpria as expectativas dos filisteus, era a projeção deles, o ídolo, o herói dos filisteus.
Davi confiava em Deus. Mas, Deus não lutou por Davi. Não existem soluções mágicas. O próprio Davi precisou encarar o problema de frente. Ninguém poderá fazer por você aquilo que só você poderá fazer por si mesmo.

(Texto baseado numa mensagem de Ricardo Gondim)

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Jesus e o Templo

Uma das grandes mudanças que ocorre na expressão religiosa do povo de Deus com a vinda de Jesus Cristo é com relação ao templo. No Antigo Testamento o templo simboliza a presença física de Deus. Era, na crença judaica, o local da habitação de Deus. Um local onde se vai para adorar a Deus. É também onde se realizam os sacrifícios para perdão dos pecados cometidos pelo povo. Era local sagrado, edificado para a honra e a glória de Deus. Quando Salomão decidiu edificar um templo em Israel ele não o fez pensando em atrair turistas, rivalizar com outros templos pagãos, despertar ou produzir fé no povo e, nem mesmo, porque os fiéis mereciam. A edificação do templo também não dividiu a história num antes e num depois.
Jesus foi o cumprimento das profecias do Antigo Testamento que anunciavam a vinda do Messias. Mas, como Jesus lidou com a questão do templo? Certa vez, quando caminhava com seus discípulos, estes mostravam e falavam da grandiosidade do templo. O Evangelho de Mateus revela a reação de Jesus: "'Vocês estão vendo tudo isto?', perguntou ele. 'Eu lhes garanto que não ficará aqui pedra sobre pedra; serão todas derrubadas'" (Mateus 24. 2). Jesus também denunciou a hipocrisia religiosa que apregoava a sacralidade do templo enquanto eles mesmos o profanavam. Maior do que qualquer templo é o próprio Cristo (Mateus 12. 5-7). No capítulo 23, Mateus relata como Jesus desmascara os líderes religiosos que invertiam as coisas, sacralizando objetos e adorando-os mais que ao próprio Deus. E, pior, os religiosos o fazem explorando o povo e impedindo que estes tenham acesso ao verdadeiro reino de Deus. E, o que Jesus está dizendo ao responder aos fariseus: "Destruam este templo, e eu o levantarei em três dias" (João 2. 19)? No momento que Jesus entregou o seu espírito na cruz, "o véu do santuário rasgou-se em duas partes, de alto a baixo" (Mateus 27. 51). Em três dias Ele ressuscitou.
Como fica a questão do templo para os cristãos então? Veja a resposta de Jesus à mulher samaritana que também quis saber sobre o local de adoração: "está próxima a hora em que vocês não adorarão o Pai nem neste monte, nem em Jerusalém (...). Está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura" (João 4. 21 e 23). O Apóstolo Paulo ainda ensinou: "Vocês não sabem que são santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês? (...) O santuário de Deus, que são vocês, é sagrado" (I Coríntios 3. 16 e 17). E, "acaso não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo que habita em vocês..." (I Coríntios 6. 19). Portanto, "o Deus que fez o mundo e tudo o que nele há é o Senhor do céu e da terra, e não habita em santuários feitos por mãos humanas" (Atos 17. 24).

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Réplicas...


Um dos fatores que desencadearam na Reforma Protestante do Século XVI foi a venda de indulgências liderada pelo padre João Tetzel. Ele recebeu do Papa Leão X a autoridade para realizar esta prática a fim de angariar recursos para a construção da Basílica de São Pedro em Roma. Uma das frases que se tornou célebre nessa campanha de Tetzel era de que "no momento em que uma moeda tilinta no fundo do gazofilácio, uma alma escapa do purgatório". Assim, as pessoas eram levadas a acreditar que sua contribuição poderia garantir a libertação da alma dos entes queridos que estavam presas a um purgatório. Foi o marketing agressivo de João Tetzel que indignou o monge Martim Lutero levando-o a escrever as suas 95 teses. A Basílica de São Pedro é uma obra monumental e que levou mais de um século para ser concluído.
A transformação da religião em negócio, portanto, é coisa antiga. Encontramos exemplos sendo denunciados já por Jesus e os apóstolos nos textos bíblicos. Hoje as seitas neopentecostais continuam a prática através da cobrança ilegítima dos dízimos, do ensino a respeito de amuletos sagrados, dos sacrifícios, campanhas, votos, pactos e tantas outras práticas ensinadas como necessárias para se obter bênçãos, cura, riquezas, prosperidade... O desafio do 'papa' do neopentecostalismo agora consiste em construir uma réplica do templo de Salomão bem no centro de São Paulo. O objetivo seria "trazer a fé de Israel, aquela fé abraãmica para os dias de hoje". Seria uma obra bem maior do que acreditam ter sido a construção original de Jerusalém. Deve ocupar 35 mil metros quadrados, com 55 metros de altura (equivalente a um prédio de 18 andares), o altar e fachada do templo serão feitos com pedras trazidas de Israel, um complexo para aproximadamente 10 mil pessoas sentadas. O custo inicial da obra é de 350 milhões de reais. Recursos que virão dos fiéis. Nas palavras do líder religioso e idealizador da obra "aqueles que contribuírem, aqueles que lutarem, aqueles que se esforçarem para contribuir e ajudar vão ser ricos... vão ser ricos... vão ser ricos..."
Se no século XVI a motivação para extorquir dinheiro dos fiéis era a de que entes queridos ganhariam em troca o céu, hoje a promessa é de riquezas aqui e agora. Se Tetzel precisava percorrer a Alemanha para arrecadar, hoje os meios de comunicação facilitam o empreendimento. Os bancos ajudam a seita servindo de gazofilácios em todo território nacional. Mas, trata-se de uma réplica. Bastante conveniente a uma fé que não passa disso, uma réplica fajuta do Evangelho de Jesus Cristo.

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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Quem não tiver Pecado...

Certo dia, enquanto Jesus ensinava no templo, Ele é interrompido por alguns mestres da religião judaica. Estes trazem e expõem ao público uma mulher que teriam flagrado em adultério. Os fariseus e mestres da lei queriam que Jesus resolvesse a questão e foram logo adiantando: “Na Lei, Moisés nos ordena apedrejar tais mulheres. E o senhor, que diz?” (João 8. 5). Jesus parece não ter muita pressa para responder. Sabia muito bem onde aqueles homens queriam chegar. Como insistiram nas interrogações, Jesus se ergue mansamente e diz a eles: “Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar pedra nela”. O texto bíblico nos revela que, mediante essa resposta, todos foram saindo de fininho, a começar pelos mais velhos. Ficaram somente Jesus e a mulher.
‘Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra’. Hoje em dia é comum ouvirmos essa frase bíblica que se tornou uma espécie de ditado popular. Porém, como a maioria dos ditados populares, revela apenas mais uma maneira que o ser humano encontrou para se justificar. Tirando a frase de Jesus do contexto ela é usada por pessoas que, confrontadas ou exortadas por causa do seu erro, logo arrematam: ‘Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra’. Ou seja, ‘eu na minha e você na sua’. Errar é humano. Ninguém tem o direito de querer chamar a atenção, exortar ou corrigir ninguém. Assim, eis uma bela frase, bíblica, usada pelo próprio Cristo, que serve aos caprichos e necessidade de fuga que carregamos. Utilizado convenientemente como justificativa para continuar pecando sem assumir responsabilidades pelos próprios atos.
Se texto utilizado fora do seu contexto vira pretexto, então fica mais fácil compreender as inúmeras heresias do ‘gospélico’ tupiniquim. Pseudo-teologias varrem o país disseminando um cristianismo light, distorcido, baseado na troca de favores e sem nenhum compromisso ético. Para quem ainda valoriza um mínimo de coerência e gosta da verdade, sugiro ler o texto do Evangelho de João 8. 1-11 na íntegra. Quem o fizer verá que Jesus não deu a resposta aos fariseus para simplesmente justificar a mulher e dizer que estava tudo bem. Não podemos ignorar que Jesus queria mostrar sim que os religiosos metidos a santos eram também pecadores. Porém, depois de ficar a sós com a mulher, as palavras de misericórdia de Jesus continuaram: “‘Mulher, onde estão eles? Ninguém a condenou?’ ‘Ninguém, Senhor’, disse ela. Declarou Jesus: ‘Eu também não a condeno. Agora vá e abandone sua vida de pecado’”. Sem essa conclusão, as primeiras palavras de Jesus podem ser interpretadas para continuar a justificar o jeitinho brasileiro para qualquer coisa! Afinal, quem é que nunca...!?

Leia também:
O Poder do Perdão
O Que a Bíblia Diz Sobre o Perdão
Liberdade ou Conveniência

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Os Novos Evangélicos

Recentemente uma revista de circulação nacional trouxe em sua matéria de capa o título: "Os Novos Evangélicos: um movimento de fiéis critica o consumismo, a corrupção e os dogmas das igrejas - e propõe uma nova reforma protestante". De acordo com a reportagem a igreja evangélica brasileira estaria passando por um período de transição: "Um tempo em que ritos, doutrinas, tradições, dogmas, jargões e hierarquias estão sob profundo processo de revisão, apontando para uma relação com o Divino muito diferente daquela divulgada nos horários pagos da TV". O número de evangélicos no Brasil continua crescendo. A pergunta que muitos levantam é: e daí? Qual a diferença que isso está fazendo na sociedade? Quais os impactos desse crescimento para o Brasil? São perguntas válidas se lembrarmos que Jesus definiu os discípulos como sendo sal e luz. São elementos que fazem a diferença. A igreja que cresce no Brasil estaria sendo influenciada pela Bíblia ou simplesmente pela sociedade de Consumo?
Ultimamente não tem sido difícil criticar os chamados evangélicos, os tele-pastores, e toda a onda gospel no Brasil. São escândalos, projetos megalomaníacos, apelo desenfreado por dinheiro, falta de integridade e muito pouco daquilo que a Bíblia apresenta como o Evangelho. Há aqueles que torcem o nariz para qualquer crítica. Dizem que o importante é que a Palavra está sendo semeada. Ou, que não devemos tocar nos "ungidos do Senhor". Outra objeção levantada é de que não se deve julgar. Bem, desculpem, mas considero tudo isso papo furado de quem está se beneficiando com a sujeira que está cada vez mais difícil de manter escondida debaixo do tapete. Faz parte do ministério profético sério denunciar as mazelas, sejam elas políticas, econômicas, sociais ou religiosas. Por outro lado, devemos cuidar para não sermos meros reprodutores de "fofoca gospel". Também os crentes facilmente se veem fascinados diante dos escândalos envolvendo celebridades evangélicas, aberrações e falcatruas do gueto que dispõe de seus próprios blogs, comunidades virtuais, sites, jornais e programas (ou redes) de rádio e TV.
É natural que surgissem vozes discordantes. O cuidado ao se fazer a crítica é não esquecer que também somos passíveis dela. A onda anti-institucional deve lembrar que logo ela mesma tende também a se institucionalizar. Se perguntado sobre qual é o problema da igreja brasileira, preciso de humildade e sinceridade suficientes para responder: 'eu!' Toda e qualquer instituição, movimento ou onda continuará sujeita ao erro enquanto composta de pessoas. Reconhecer-se pecador e dependente de Deus é legitimamente Evangélico. O que não podemos é ser condescendentes com o erro. Mas, isso também não significa promover uma cruzada contra indivíduos. Precisamos de maturidade para debater idéias e combater o "orgulho humano que não deixa que as pessoas conheçam a Deus". E, assim, "levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo" (2 Coríntios 10. 5).

Leia também:
Que Deus é Esse
Você Não Precisa Agradar a Deus
O Cristão é um Cético

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Eu Não Fiz Por Merecer!

Em tempos de ativismo, correria e produção facilmente confundimos a vida religiosa também com uma série de atividades, serviços e práticas a fim de ganhar pontos com Deus. Na vida somos avaliados, recompensados e promovidos de acordo com aquilo que produzimos. Recebemos pontos e notas. Aprendemos que é preciso fazer por merecer. Até mesmo um elogio precisa ser conquistado. Essa lógica de causa e efeito gera em nós alguma dificuldade para compreendermos o verdadeiro sentido da fé cristã. Nosso senso de justiça, que até pode apresentar uma lógica correta para as relações humanas, atrapalha se aplicado na relação de Deus com a humanidade. Reconheço que corro o risco de não ser bem compreendido nessas questões. No entanto, ouso aventurar-me assim mesmo neste texto curto para tópico tão importante.
Todos nós já ouvimos exaustivamente falar a respeito do amor de Deus. Conhecemos também o supra sumo da lei: "Amar a Deus acima de todas as coisas e o próximo como a si mesmo" (Mateus 22. 37 e 39). Porém, uma apreensão meramente intelectual não pode dar conta do real significado dessas verdades. Basta vermos o quanto é fácil exigirmos aquilo que não é exigível. Como querer que alguém me ame? O amor não se compra, não se barganha, não dá para reivindicar como direito. Tampouco é algo que preciso fazer por merecer. Qualquer relação baseada no que o outro pode oferecer em troca deixa de ser amor. Vira negócio. Não falo meramente de um amor romântico, dos enamorados. Mas, com tudo isso também não quero dizer que o amor seja condescendente. Logo se tornaria indiferença. Se aproximaria novamente da lógica da troca: 'não abordo para não chatear, não chateio para não perder a simpatia'.
Em que se baseia a vida cristã? O que é o discipulado? No Evangelho de Marcos encontramos Jesus estendendo um convite (ou seria uma convocação?) a doze pessoas. Sim, esse chamado implica numa missão. Eles receberiam uma tarefa. Mas, uma leitura mais atenta vai perceber um algo mais no texto: "Jesus subiu a um monte e chamou a si aqueles que ele quis, os quais vieram para junto dele. Escolheu doze, designando-os como apóstolos, para que estivessem com ele..." (Marcos 3. 13, 14). Jesus não estabelece critérios de seleção. Ninguém ali 'fez por merecer'. Primeiramente, Jesus chamou os doze para junto dele, para que estivessem com Ele. A autoridade daquelas pessoas viria de estarem com Jesus, de desfrutarem da intimidade do Mestre. Aquele grupo de amigos deu início a um movimento que revolucionou o mundo. Antes de qualquer tarefa, de qualquer grande missão, o desafio do discipulado consiste em viver sob a influência de Cristo. Isso acontece nos relacionamentos. A experiência de ser. Não podemos oferecer daquilo que não recebemos!

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quarta-feira, 28 de julho de 2010

Doze Vagas Para Apóstolo

Quem é que nunca participou de algum tipo de exame de seleção? No mercado de trabalho vemos repetidamente questões sobre currículo e entrevistas de emprego. Afinal, se todos querem trabalhar nas melhores empresas, as empresas, por sua vez, querem ter os melhores profissionais. Uma vez empregados vem a concorrência pelas promoções, o melhor do mês, o melhor do ano... Concorremos para entrar para a universidade, depois pelas melhores notas, e, para conseguirmos estágio, bolsas de estudo... Aprendemos muito cedo a competir. Descobrimos que precisamos ser melhores do que alguém em alguma coisa. É como se estivéssemos o tempo todo numa corrida. Existem aqueles que levam isso ao extremo. Tudo passa a ser competição. Aprendemos a classificar as pessoas pela aparência, classe social, cor, competências, etc... E, neste mesmo mundo, ouvimos sobre direitos iguais, respeito às diferenças, amor ao próximo, tolerância, solidariedade, sinergia...
O maior líder que já pisou nesta terra foi, sem dúvida, Jesus Cristo. Não demorou para que Jesus começasse a ter os seus seguidores. Multidões eram atraídas pelo ensino, milagres e amor demonstrados por aquele Galileu andarilho. Dentre aqueles que começavam a segui-lo mais de perto, como discípulos, alguns receberam um convite direto, outros foram se juntando espontaneamente. No Evangelho de Lucas, o capítulo 10, vemos Jesus enviando 72 deles para anunciarem o reino de Deus. Antes, em Lucas 8, encontramos Jesus percorrendo "cidades e povoados proclamando as boas novas do Reino de Deus". Estavam com ele também mulheres como Maria Madalena, Joana e Susana. Um grande líder como Jesus certamente despertaria o interesse daqueles que visam alavancar seus negócios, divulgar sua marca, treinar colaboradores, desenvolver uma organização forte e estável. Basta olhar o número de livros, seminários, conferências, workshops e cursos sobre o assunto.
Chegou o momento que Jesus precisava confiar a sua missão a um grupo menor de pessoas. No Evangelho de Marcos vemos Jesus chamando 12 homens pelo nome. Quem são eles? Que tipo de critério Jesus utilizou para escolhê-los? Que tipo de currículo eles tinham a apresentar? Quais eram suas experiências? Qual a sua formação? Jesus não pede o currículo de ninguém. Jesus não busca referencias ou a indicação de ninguém. Jesus não marca uma entrevista e sequer exige exame psicológico. Não encontramos Jesus estabelecendo nenhum critério que dissesse 'Você pode, você não pode'. Dentre os diversos seguidores, em alguns casos, parece ficar claro que Jesus jamais havia visto a pessoa antes: "Andando à beira do mar da Galiléia, Jesus viu Simão e seu irmão André lançando redes ao mar, pois eram pescadores. E disse Jesus: "Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens" (Marcos 1. 16, 17). Foi semelhante com Tiago, João, Mateus... Logo, a religião que estabelece critérios de seleção não pode ser a religião de Jesus.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Limites

Nenhuma pessoa de bom senso será favorável à violência, seja ela contra quem for. Quando o assunto é educação, esclarecimento, ensino ou mesmo disciplina, vamos concordar também que o diálogo é sempre a melhor alternativa. A violência doméstica é uma realidade no Brasil e não pode ser tolerada. Uma proposta que altera o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e prevê punição a pais, professores e profissionais que exagerarem na repressão às crianças foi encaminhada pelo presidente Lula ao Congresso no dia 14 de julho. Por envolver a vida familiar e a maneira como os pais educam seus filhos o projeto se torna polêmico.
Criar leis de repressão é especialização do Estado Brasileiro. Pede-se por mais presídios, mais policiais nas ruas, maior rigor da lei, diminuição da maioridade penal... No entanto, pouco se fala em projetos de educação, conscientização e formação que se caracterizam pela prevenção. Agimos sempre reativamente. Existem sim crianças e adolescentes que são desordeiros, dependentes de drogas, indisciplinados e violentas. O que fazer com elas? Não estou sugerindo que surrá-las vai resolver o problema. Dizer apenas que "a iniciativa brasileira de proibir a prática de castigos físicos em crianças e adolescentes segue uma tendência mundial" e que países como Suécia, Áustria, Dinamarca, Noruega e Alemanha já possuem leis contra o uso de castigos corporais em crianças e adolescentes parece bonito. No entanto, se for para copiar as "belas iniciativas" daqueles países então deveríamos começar com muitas outras coisas que ainda nos faltam.
Dificilmente uma lei somente irá resolver o problema da violência. Se fosse assim, o próprio presidente não teria tantas multas para pagar e respeitaria a lei eleitoral que proíbe a propaganda antecipada. Lula já acumula várias punições na Justiça Eleitoral e parece não estar nem aí para a lei. Como dizem, no Brasil tem lei que 'pega' e lei que 'não pega'. Ou, tem lei que vale para alguns e não vale para outros. De acordo com Lula, "se chicotada resolvesse, o país não teria tanta corrupção". Há quem acredite que o contrário seja verdade (Faltou chicote!). Pelo menos no meu caso, entendo que as palmadas que recebi, e pelas quais sou grato, me ajudaram. Cada vez mais agimos com as nossas crianças como se fossem elas animais que devem ser criadas e preservadas, não educadas. Parece que nossos políticos estão olhando para nossas crianças como se fossem elas mesmas crianças levadas tentando perpetuar sua impunidade! Fica a questão: Será que se as leis já existentes fossem aplicadas não seria o suficiente?

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