Certo dia, enquanto Jesus ensinava no templo, Ele é interrompido por alguns mestres da religião judaica. Estes trazem e expõem ao público uma mulher que teriam flagrado em adultério. Os fariseus e mestres da lei queriam que Jesus resolvesse a questão e foram logo adiantando: “Na Lei, Moisés nos ordena apedrejar tais mulheres. E o senhor, que diz?” (João 8. 5). Jesus parece não ter muita pressa para responder. Sabia muito bem onde aqueles homens queriam chegar. Como insistiram nas interrogações, Jesus se ergue mansamente e diz a eles: “Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar pedra nela”. O texto bíblico nos revela que, mediante essa resposta, todos foram saindo de fininho, a começar pelos mais velhos. Ficaram somente Jesus e a mulher.
‘Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra’. Hoje em dia é comum ouvirmos essa frase bíblica que se tornou uma espécie de ditado popular. Porém, como a maioria dos ditados populares, revela apenas mais uma maneira que o ser humano encontrou para se justificar. Tirando a frase de Jesus do contexto ela é usada por pessoas que, confrontadas ou exortadas por causa do seu erro, logo arrematam: ‘Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra’. Ou seja, ‘eu na minha e você na sua’. Errar é humano. Ninguém tem o direito de querer chamar a atenção, exortar ou corrigir ninguém. Assim, eis uma bela frase, bíblica, usada pelo próprio Cristo, que serve aos caprichos e necessidade de fuga que carregamos. Utilizado convenientemente como justificativa para continuar pecando sem assumir responsabilidades pelos próprios atos.
Se texto utilizado fora do seu contexto vira pretexto, então fica mais fácil compreender as inúmeras heresias do ‘gospélico’ tupiniquim. Pseudo-teologias varrem o país disseminando um cristianismo light, distorcido, baseado na troca de favores e sem nenhum compromisso ético. Para quem ainda valoriza um mínimo de coerência e gosta da verdade, sugiro ler o texto do Evangelho de João 8. 1-11 na íntegra. Quem o fizer verá que Jesus não deu a resposta aos fariseus para simplesmente justificar a mulher e dizer que estava tudo bem. Não podemos ignorar que Jesus queria mostrar sim que os religiosos metidos a santos eram também pecadores. Porém, depois de ficar a sós com a mulher, as palavras de misericórdia de Jesus continuaram: “‘Mulher, onde estão eles? Ninguém a condenou?’ ‘Ninguém, Senhor’, disse ela. Declarou Jesus: ‘Eu também não a condeno. Agora vá e abandone sua vida de pecado’”. Sem essa conclusão, as primeiras palavras de Jesus podem ser interpretadas para continuar a justificar o jeitinho brasileiro para qualquer coisa! Afinal, quem é que nunca...!?
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