Agradeço a todas as visitas e comentários! Seja bem vindo!!! Que Deus abençoe a tua vida!

segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Conversão Necessária


A igreja evangélica brasileira precisa urgentemente de converção

A igreja brasileira jamais produziu tanta baboseira como nos últimos tempos. Vemos uma igreja à imagem desfigurada de um cristo que ela mesma fabricou: um Jesus idolatrado, projetado segundo as suas próprias expectativas produziu uma igreja alienada, isolada, irrelevante do ponto de vista político e social. Uma igreja de clientela e não de irmãos. Uma igreja de atendimento e não de serviço. Uma igreja fruto da projeção humana. Os críticos raramente diferenciam uma religião ou denominação da outra. Falando em igreja, avalia-se tudo como ‘farinha do mesmo saco’. Esse é um equívoco perigoso e injusto, embora compreensível. Pois, se nas igrejas existe ignorância e carência de reflexão, fora dela não é diferente.

A reflexão, a autocrítica e avaliações são importantes a cada ser humano. Também as empresas, governos e igrejas deveriam valorizar mais estes processos. Uma organização mesquinha e egoísta está longe dos valores cristãos. Falo da instituição onde estou mais pessoalmente envolvido. Eu mesmo já ouvi de líderes da igreja sugestões para que me calasse sobre questões sociais, ambientais e políticas. Que eu me ativesse às subjetividades da fé e da espiritualidade. Mas, que tipo de fé é essa? Que espiritualidade é essa que não transcende ou perpassa as questões do cotidiano? Que Jesus é esse que não se encarnou? Jesus não foi um alienado.

A igreja é cristã. Ela não é asceta, budista, hinduísta ou gnóstica. Jesus não ensinou a desvalorizar a matéria enxergando-a como secundária ou má. Que o mundo não presta e que só o espírito é algo elevado está longe de ser um ensinamento bíblico. As Escrituras falam de um Deus Pai de toda a criação. O nosso Deus é um Deus que se encarnou. Jesus não foi acusado, julgado e condenado somente pela religião dominante. A crucificação se deu num contexto onde a religião dominante estava comprometida com o império. Jesus foi crucificado graças aos interesses religiosos judaicos e também pelo poder do império romano. Cristo incomodou os líderes religiosos, mas, também os líderes de Roma que viam nEle uma ameaça política. O sacrifício de Jesus na cruz não aconteceu num sentido figurado. Não é apenas uma fábula ou algo metafórico que aconteceu no mundo dos espíritos.

Enquanto os Impérios e reis conseguem conquistas à base da violência e da força física, Deus expande o seu reinado de maneira invisível, nos corações das pessoas. Enquanto o poder e domínio dos homens são ilusórios e limitados, Deus tem nas mãos o domínio real e eterno. A igreja evangélica brasileira precisa urgentemente de converção. Precisamos nos encontrar novamente nos caminhos de Jesus de Nazaré. Carecemos redescobrir aquele Evangelho subversivo e revolucionário que mudou a história!

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Entre o Berço e a Cruz

Sair da manjedoura é arriscar-se a cruz

As igrejas hoje falam a respeito de Jesus. Estudamos seus ensinamentos. Até oramos e lemos a Bíblia. Lotamos templos e buscamos o alívio divino para as nossas dores. No entanto, uma das questões chave da vida, ministério e encarnação de Cristo nós ignoramos: a historicidade desse evento. Jesus foi Deus encarnado. Ele morreu na cruz pelo pecado da humanidade. Jesus foi exemplo de vida e seus ensinamentos um reflexo daquilo que viveu.

Hoje, nós também vivemos dentro de um período real da história. O que significa ser humano hoje? Quais são as lutas, desafios, problemas, conquistas e sonhos de uma vida? Que alegrias e tristezas você tem vivido? Será que foi mais fácil para Jesus? A questão ignorada, pois poucos refletem sobre ela, é a humanidade, a historicidade, o contexto familiar, social, político e humano de Jesus de Nazaré. Ignoramos que ele trabalhava com o seu pai, teve uma profissão, cresceu brincado com outras crianças, viu pessoas queridas morrerem à sua volta, passou pela erupção de hormônios e todos os desafios da fase adolescente. Algumas vezes foi contra as intenções de sua mãe e se desentendia com seus irmãos... Quando adulto, os desafios só aumentaram. Não fugiu de pagar os impostos ao Império, tinha obrigações como cidadão, caminhava, se cansava, suava, tomava banho, trabalhava, se indignava com as injustiças. Havia uma sociedade, havia um contexto religioso corrompido e um império tirânico. Jesus também foi tentado!

A igreja hoje fala e conhece um Jesus místico, transcendental, espiritual, quase fantasmagórico. O que conhecemos e sobre o que falamos está mais para um Jesus idealizado. Ignora-se o Jesus homem, imanente, real, que caminhava, se sujava, suava; o Jesus sentimento, emoção, pele, carne, osso, chicote, lágrima... Sim, Jesus é Deus. Ele se encarnou e foi também plenamente humano. A igreja hoje possui os seus cultos, ritos e orações. Lotamos templos, buscamos soluções para os nossos problemas, lemos a Bíblia, realizamos grandes encontros. Mas, na maioria dos casos, a igreja que se revela não passa de uma imagem desfigurada de um Jesus que ela mesma produziu: um Jesus idolatrado, projetado segundo suas próprias expectativas. Uma igreja alienada, isolada, irrelevante no seu contexto cultural, social e político.

Jesus nasceu, mas não fez da manjedoura o seu berço esplêndido. O desafio, então, não está em fugir da realidade fechando os olhos ou criando guetos cristãos. Sair da manjedoura é arriscar-se a ganhar a cruz. O que significa viver como Cristo em nossa realidade hoje? Quais são os desafios a que podemos e deveríamos responder enquanto cristãos neste mundo?

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Minhas Meditações Sobre o Natal

Calor, Trovoadas, Mangas... É Natal!
Mais um natal! São muitas as sensações nesse tempo mágico. Apesar de toda a banalização e exploração comercial em cima da data, algo ainda insiste em permanecer! Uma nostalgia misturada com esperança. O vivido e o por viver! O natal me faz recordar os tempos de criança e, depois, já adolescente. Um tempo onde as coisas eram mais simples. Não sei se porque eu era criança ou se porque era um tempo anterior ao de agora! Dos dez aos vinte anos morei num lugar chamado Córrego São Luiz, interior de Vila Valério no estado do Espírito santo. Região agrícola onde o forte é o café. Vivíamos lá, meus pais com três filhos e uma filha.
O terreno não era nosso. Trabalhávamos entregando sempre a metade da colheita ao proprietário das terras. Apesar da pobreza e da vida simples, o natal sempre era aguardado com expectativa. Não tinha ceia, nem árvore de natal, não tinha papai noel, muito menos troca de presentes... Lembro umas duas vezes, quando penduramos goiabinhas verdes enroladas com o papel chumbo (dourado ou prateado) num pinheiro que tinha na frente de casa. O papel era guardado do ano anterior, aqueles de embrulhar bombom. Os bombons eram os dois ou três que vinham no pacotinho de natal da igreja. Ah sim! Pacotinho muito aguardado também! Algumas vezes participamos de programas de natal recitando poesias, jograis ou encenando uma peça natalina. Não tinha preparativos especiais, comida e bebidas diferentes... Não tinha enfeites de natal, exceto algumas coisinhas simples e improvisadas que a mamãe arranjava. Algumas vezes ela nem queria ir conosco a igreja, que era para não vermos as outras crianças recebendo aquilo que ela não podia dar aos filhos... Os pacotes eram pagos! Algumas vezes nós ficamos sem.
Final de ano é muito quente no Espírito Santo. Época de manga, melancia e abacaxi. Quantas vezes íamos aos ensaios na igreja e voltávamos debaixo de muita chuva. O calor propicia temporais maravilhosos no Espírito Santo. Até hoje gosto de ver uma tempestade se formando no céu escuro. Como não saíamos e nem recebíamos visitas, o passatempo era assistir os filmes e desenhos animados com temas natalinos na pequena TV preto e branco. Talvez essa experiência dos natais passados seja que hoje não me permite encontrar nenhum significado naquilo que vejo e ouço sobre o natal da mídia.
Eram tempos difíceis. Mas, lembro com saudades. Tempo em que o natal era mais mágico. O natal, assim, ainda permanece para mim como um tempo bom. Não sei explicar. Não tem nada a ver com tudo o que vemos e ouvimos nessa época... Sei que Maria “deu à luz o seu primogênito. Envolveu-o em panos e o colocou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lucas 2. 7).
Dezembro de 2007
Tá aí a 'família Buscapé':
Rodomar, Ricardo (Júnior), Romildo, Rosimere, Mamãe (Maria) e Papai (Ricardo)
Foto de Janeiro de 1994 lá no Córrego São Luiz/ES.
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Natal Feliz
Chegamos à época do ano em que as pessoas desejam um feliz natal. Mas, o que seria um natal feliz? Para milhões de crianças nada pode trazer maior felicidade do que ganhar do papai Noel o presente tão esperado. Para um papai “Noel” desempregado que não pode atender o desejo do filho, a felicidade está em finalmente conseguir emprego. Para os familiares e amigos que tem alguém num leito de hospital a felicidade está em que a pessoa querida se recupere e volte para casa.
Comida para quem tem fome; saúde para quem está doente; trabalho para quem está desempregado; companhia para quem vive solitário; reencontrar os familiares que a tempo não vê; recordar os tempos de outros natais que borbulham da nostalgia provocada pelos cânticos natalinos; receber aquela visita inesperada; ter uns dias para poder dormir até mais tarde... Sentir-se vivo.
Engraçado. Desde o mês de outubro assistimos uma enxurrada de propagandas relacionando felicidade com presentes. Todos correm num consumismo desenfreado. Comprar, comprar, comprar... Parcelar, financiar, quitar... E o novo ano que todos queriam que também fosse feliz, acaba se tornando mais uma vez a luta para pagar o preço de um “feliz” natal.
Mas, quanto custa um prato de comida para quem tem fome? Quanto custa a presença e o abraço de um pai ausente o ano todo imerso em seu trabalho? Quanto custa um bom papo com os amigos e familiares onde se relembra, entre boas risadas, aqueles natais do passado? Como pagar a alegria de poder voltar para casa depois de um longo tempo preso na cadeia ou no leito hospitalar? Quanto custa um abraço? Quem pode pagar por um sorriso? Você já viu alguma promoção de cosquinhas? Qual é o papai Noel que pode trazer aquela comidinha que só a mamãe sabe fazer? Você já tentou embrulhar um beijo? Não, nada pode pagar um colo...
Neste natal, dê o seu presente, aquele que você comprou lá na loja e fez um pacote bonito. Mas, não esqueça o mais importante. Para o seu natal ser feliz é preciso fazer alguém feliz. E, para isso, um presente caro e embrulhado com capricho pode ser apenas o detalhe. Ás vezes, um detalhe dispensável. Pode parecer clichê o que vou dizer, mas, nenhum presente equivale a se fazer presente. E o curioso é que isso custa pouco, muito pouco para quem dá. E, vale muito, muito mesmo para quem recebe. A moda passa. Os presentes logo são esquecidos. Aquilo que você viveu na presença das pessoas que ama permanece para sempre. O presente mais importante e valioso para um ser humano é outro ser humano. Um presente, presente.
Um natal humano e feliz para você e toda a sua família!
Dezembro de 2006
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Seja Rico ou Seja Pobre Ele Vem
Se o Papai Noel existisse, ele seria o homem mais solitário do planeta. Apesar de, conforme a crença, ele ser um velhinho bondoso que sai por aí distribuindo presentes no natal, nunca ninguém disse que ele tivesse amigos. Embora que todos que recebem seus presentes possam considerá-lo um amigo – mas, “todos são amigos de quem dá presentes” (Provérbios 19. 6). De acordo com a lenda, Papai Noel conhece todo mundo. Mas, ninguém conhece Papai Noel! Ninguém sequer o vê para agradecê-lo. Na verdade, quem se importa? Desde que o pressente esteja lá como de costume! Sim, ele conhece todos, “seja rico ou seja pobre o velhinho sempre vem...” Quando eu era criança, ouvia essa música e ficava pensando: Puxa! Acho que eu não sou rico e nem sou pobre!
Dizem que ele só trás presentes para ‘quem se comportou’ durante o ano. Ele segue uma espécie de justiça retribuitiva, ou seja, só ganha presente quem mereceu. Mas, quem poderia ganhar alguma coisa por merecimento? Aquele menino da outra rua que vive implicando com todo mundo, adora maltratar os cachorrinhos, cola nas provas do colégio, ta sempre xingando palavrão e, ainda assim sempre ganha coisas incríveis no natal!? Será que mais uma vez eu fiz alguma coisa que faz de mim uma pessoa pior do que ele!?
No teto da capela Sistina, no Vaticano, Michelangelo pintou a figura de um senhor de cabelo e barba grisalhos. Seria o Deus de Michelangelo um Papai Noel apenas um pouco mais jovem? Ou seria o Papai Noel de cabelo e barba branca a representação de Deus no imaginário de milhões de pessoas? Aprendemos que Deus criou todas as coisas. Ele conhece todas as pessoas. Ele mora mesmo num lugar distante onde ninguém sabe ao certo onde fica? Muitos gostam de repetir que Deus é amor. Seria por isso que ele sai, uma vez por ano, distribuindo presentes para quem foi comportadinho?!
Para os cristãos, o tempo de quatro semanas que antecede o natal é conhecido como advento, do latim adventus, que significa vinda. É um tempo de espera, alguém está por chegar. É uma época onde muitas pessoas limpam bem suas casas, o pátio, o caminho de chegada... Lembro-me bem de ver e viver essa realidade no interior do estado do Espírito Santo. Mas, ainda hoje não é diferente. Mesmo não sabendo bem o quê esperam as pessoas vivem uma expectativa, fazem arranjos como se alguém especial estivesse para chegar. Em alguns bairros e cidades ele até já chegou antecipadamente. Puxa vida! E nem deu tempo de dar uma geral na casa! Ainda bem que ele ficou só ali pela praça mesmo!
É triste como uma figura tosca, todo empacotado em pleno verão de um Brasil tropical, símbolo do consumismo e garoto propaganda do marketing natalino se transforma em mais um bezerro de ouro, fazendo com que tudo seja deturpado! Ainda bem que deixei cedo de acreditar em Papai Noel. Isso sim, não passa de “ópio para o povo”. Uma maneira de iludir os mais incautos e fazê-los dormir num sonho para acordarem num pesadelo. A alegria do décimo terceiro de hoje pode se transformar na dor de cabeça de um SPC amanhã. Eu sou mais Deus. Ele, nunca ninguém conseguiu retratar. Ele não seria insensato a ponto de usar gorro, paletó e botas em pleno verão brasileiro. E, o que é mais reconfortante: Ele demonstra o seu amor por nós quando ainda éramos pecadores (Romanos 5. 8). Ele sim, vem e não decepciona. Mais do que presentinhos, Ele dá a própria vida! E tudo isso, mesmo que eu não tenha sido assim tão comportadinho!
Dezembro de 2005
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Chegamos a época do ano em que o centro da cidade é o pior lugar para se estar. Vendedores ambulantes oferecem os seus produtos, novas lojas abrem as portas, enfeites natalinos de todos os tipos acrescentam luz e um tom avermelhado a paisagem, muito barulho de carros e pessoas se trombando pelas esquinas, o comércio anuncia suas novidades e promoções... É natal ou, quase.
Na verdade ainda estamos no tempo da espera. É o advento que antecede aquele dia tão esperado. Advento é vinda, é chegada. Todos se envolvem pelo clima. Cada um numa expectativa pessoal: as crianças esperam o papai Noel; todos aguardam ansiosos pelo seu presente; famílias esperam a visita de amigos e familiares; trabalhadores cansados estão ansiosos pelas férias; outros não vêem a hora de viajar e comerciantes e empresários aguardam contabilizar bons lucros obtidos nesses dias de euforia... E..., finalmente, festa!
Sim, é hora de celebrar! É tempo de comemorar! Mais um ano se foi, o tempo passou, muita coisa aconteceu. Dormimos, acordamos, trabalhamos, brincamos, choramos e rimos. Cada um a sua maneira, de acordo com as particularidades de sua própria vivência. No meio disso tudo, às vezes, se ouve falar coisas bonitas. Dizem que natal é tempo de solidariedade. É hora de reunir a família, ouvir mensagens de amor e paz. Na verdade é o que mais ouvimos nesses dias, no entanto, é o que menos se vê na prática.
Alguns poucos aguardam o nascimento do menino Jesus. Sim, Jesus. Para surpresa de muitos é Ele mesmo a razão do natal. Porém, Ele não nascerá mais. Não existe mais menino Jesus. Como diz bem a música: “já nasceu Deus menino para o nosso bem...” Nasceu! Também cresceu, viveu, caminhou e ensinou pelos caminhos empoeirados da Palestina. Morreu! Ele sabia bem que essa seria uma das etapas de sua existência na terra. Falou de um tempo onde “muitos ficarão escandalizados, trairão e odiarão uns aos outros, e numerosos falsos profetas surgirão e enganarão a muitos. Devido ao aumento da maldade o amor de muitos esfriará” (Mateus 24. 10-12). Falou ainda muitas outras coisas antes de ser pregado à cruz. Como Ele sabia que entre os propósitos de Deus constava a sua ressurreição, ascensão e uma nova vinda, disse ainda que “o seu povo estivesse preparado, porque o Filho do homem virá numa hora em que vocês menos esperam” (Mateus 24. 44).
É esse o tempo de espera que vivemos hoje. Jesus não virá mais num dia 25 de dezembro qualquer. Não virá mais como menino e Salvador. Não haverá mais presentes, papai Noel e enfeites baratos. Na verdade haverá muito mais lamento que alegria naquele dia (Mateus 24. 30). Não haverá nascimento. Haverá um retorno, o dia em que Jesus voltará.
Talvez não fosse essa a mensagem que você esperava nesses dias. Mas não é enganando a si mesmo e tapando o sol com a peneira que você mudará a realidade. O que você está esperando? Quais são as suas maiores expectativas? O Apóstolo Paulo disse que até a natureza aguarda com grande expectativa que os filhos de Deus sejam revelados e conclui que “nós mesmos, que temos os primeiros frutos do Espírito, gememos interiormente, esperando ansiosamente nossa adoção como filhos, a redenção do nosso corpo. Pois nessa esperança fomos salvos” (Romanos 8. 19-27). Um final de ano de esperança para você e todos os seus!
Dezembro de 2004

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Lembra-te de Mim

"lembra-te de mim quando entrares no teu Reino

Nas últimas semanas meditamos juntos sobre um episódio interessante do ministério de Jesus. Tiago e João queriam lugares de honra ao lado do Mestre quando este tivesse o seu grande momento de glória. Para a humanidade, o momento mais importante da passagem de Jesus na terra enquanto homem é a sua morte e ressurreição. Foi morrendo na cruz que Jesus Cristo venceu o maior dos nossos inimigos: a própria morte. Quando Jesus foi suspenso no madeiro, quem eram os homens que o ladeavam? Quem ficou à direita e a esquerda do Mestre? Será que Tiago e João imaginaram tal situação? Se eles soubessem realmente tudo pelo que o mestre teria que passar, será que ousariam fazer um pedido daqueles? Onde estavam Tiago, João e os demais discípulos quando Jesus foi julgado, surrado, humilhado e crucificado?

Podem vocês beber o cálice que eu estou bebendo ou ser batizados com o batismo com que estou sendo batizado?” (Marcos 10. 38),perguntou Jesus. O cálice e o batismo. Jesus estava falando sobre o castigo divino dos pecados que ele mesmo suportaria no lugar da humanidade pecadora. Diante de tamanho gesto de amor, vemos duas atitudes possíveis: cinismo e zombaria: “Você não é o Cristo? Salve-se a si mesmo e a nós!” (Lucas 23. 39) ou a constatação de uma rendição humilde: “Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu Reino” (Lucas 23. 42). Essas duas reações distintas saíram da boca dos dois criminosos que foram crucificados junto com Jesus.

Tiago e João podiam suportar muita dor e sofrimento pelo Evangelho. Mas, não seria nada comparado a estar separado de Deus. Foi isso que Jesus experimentou na Cruz. Ele experimentou toda a dor e o maior dos sofrimentos que um ser humano pode suportar. O pecado da humanidade que faz separação entre Deus e a Sua criação.

Todo sofrimento ou boa obra que o discípulo puder experimentar será uma conseqüência daquilo que Cristo já realizou na cruz. O amor de Jesus nos impulsiona a suportar o sofrimento e a servir o próximo. Tudo o que pudermos fazer será em resposta ao amor que recebemos primeiro. Nenhum sacrifício ou boa obra pode nos garantir salvação. Ela já nos foi dada de graça por Jesus Cristo na Cruz. Vamos levar adiante essa boa notícia de perdão, graça e amor!

domingo, 2 de dezembro de 2007

Tudo ao Contrário

"entre vocês não será assim, muito pelo contrário"


O texto bíblico do Evangelho de Marcos (10. 35-45) nos apresenta o episódio onde dois dos discípulos de Jesus lhe fazem um pedido. Tiago e João queriam um lugar especial com Jesus. Os demais discípulos logo se indignaram com a petulância da dupla. Mas, e Jesus, como reagiu diante da situação? O verso 42 começa dizendo que Jesus chamou os discípulos “para junto de si”. Imagino que Jesus, com todo amor e carinho, tivesse fazendo como um pai que deseja que os filhos compreendam uma coisa importante: ‘Cheguem mais perto, me deixa explicar uma coisa para vocês...’

Não é emocionante esse jeito amoroso de Jesus mostrar as coisas por uma perspectiva diferente!? Jesus começa apontando para a maneira como os líderes costumam governar as instituições humanas: ‘Vocês sabem como é por aí... Agora, entre vocês não será assim, muito pelo contrário’. No discipulado cristão o caminho para ser importante segue numa direção oposta. A marca da igreja de Jesus Cristo deveria ser o serviço. Mas, infelizmente, não é isso o que temos testemunhado no mundo evangélico brasileiro. Está cada vez mais difícil ver a diferença entre ‘os governantes das nações’ e os líderes das mega-igrejas. Como disse um pastor nordestino: "Não se sabe se os sacerdotes dos nossos tempos são atraídos por vocação ou tentação" (Carlos Queiróz).

Como um Pai paciente e amoroso, Jesus mostra o problema e as conseqüências de um comportamento arbitrário e tirânico: “Vocês sabem que aqueles que são considerados governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas”. Depois, o mestre explica, a partir do seu próprio exemplo, como as coisas deveriam ser: “Não será assim entre vocês. Ao contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo; e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo de todos. Pois nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”. A marca que distingue o cristão no mundo é o amor (João 13. 35). Somente o amor pode impulsionar alguém para o serviço. O mesmo amor de Jesus que lhe permitiu mostrar a vontade divina aos discípulos é que vai impulsioná-los a irem para fazer o mesmo.

No seu livro Ouça o Espírito, Ouça o Mundo, o autor John Stott lembra bem que “O mundo mede a grandeza pelo sucesso; Jesus a mede pelo serviço”. Que o Senhor me ajuda a compreender e aceitar que a Tua graça é suficiente para mim. Quero crer que o Teu poder se aperfeiçoa na minha fraqueza. Amém.

sábado, 17 de novembro de 2007

Eu Também Sou Corrupto

Se nós não estivermos dispostos a viver radicalmente a verdade, a honestidade e a integridade ética nas pequenas coisas, de nada adianta exigir honestidade e justiça de quem está no escalão mais alto do governo ou da empresa


Na minha família somos quatro irmãos. É impressionante como aflorava o sentimento de injustiça quando o pai ou a mãe dispensavam tratamento diferente a um dos filhos. Busca por poder e lugar de destaque logo desperta inveja e ciúme. A conseqüência disso são facções, partidos e divisões tão comuns inclusive na igreja. Quando Tiago e João pediram a Jesus: “Permite que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda” (Marcos 10. 37), logo vemos a reação dos demais discípulos: “Quando os outros dez ouviram essas coisas, ficaram indignados com Tiago e João”. O verso mostra aquilo que é natural a nós. O restante do grupo sentiu-se passados para trás.

Uma coisa a que tenho procurado estar atento ultimamente é discernir meus sentimentos. Por que estou indignado diante desta situação? Por que tal fato desperta isso em mim? Raiva, inveja, ciúme, ressentimentos são sentimentos comuns ao ser humano. Gostamos de denunciar a injustiça, protestar diante de alguém que supostamente leva vantagem. É nessa hora que discernir os sentimentos é importante. Será que eu estou protestando por causa da injustiça ou por inveja? Eu não estaria enfurecido só porque a outra pessoa se beneficia de algo que eu não posso ter? Muitas vezes reprimimos certos desejos e cobiças, mas, quando outras pessoas extravasam esses mesmos sentimentos logo nos vemos irados e injustiçados.

Que Deus nos ajude a discernir as motivações do nosso coração. Que Ele nos ajude a permanecer sensíveis e indignados às injustiças sem desejar o lugar dos injustos e opressores. No Brasil, é muito fácil criticar os governantes e chamar os políticos de corruptos. Porém, não consideramos corrupção nossos pequenos gestos do dia-a-dia: Buscar favorecimento com a amizade e conhecidos que ocupam posição estratégica, colar no colégio, mentir para se livrar de uma multa ou conseguir alguma vantagem, furar a fila, ficar com o troco que, por engano,recebemos a mais, etc. Cada um acaba sendo corrupto e agindo com jeitinho conforme o alcance da sua influência. Se nós não estivermos dispostos a viver radicalmente a verdade, a honestidade e a integridade ética nas pequenas coisas, de nada adianta exigir honestidade e justiça de quem está no escalão mais alto do governo ou da empresa. Conseguiremos no máximo passar por “bons” hipócritas.

Mais uma vez, oremos com o Salmista: “Coloca, SENHOR, uma guarda à minha boca; vigia a porta de meus lábios. Não permitas que o meu coração se volte para o mal, nem que eu me envolva em práticas perversas com os malfeitores. Que eu nunca participe dos seus banquetes! Fira-me o justo com amor leal e me repreenda, mas não perfume a minha cabeça o óleo do ímpio” (Salmo 141. 3 – 5). Amém.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Você sabe o que está pedindo?

O propósito da oração é maior do que apenas ser um meio para recebermos aquilo que desejamos

Alguma vez alguém já lhe pediu algo difícil? Com Jesus aprendemos que mesmo diante de pedidos e exigências absurdos podemos responder com amor e atenção. No texto bíblico de Marcos 10. 35-45 encontramos os discípulos Tiago e João fazendo um pedido ao Mestre: “Permite que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda”. Veja como Jesus começa respondendo a eles: “Vocês não sabem o que estão pedindo”. Agora, reflita: O que nós temos pedido a Deus em nossas orações? Quais são os pedidos que temos apresentado a Ele? A resposta de Jesus aos apóstolos pode ser também a resposta para muitos dos nossos pedidos. Uma das lições do discipulado cristão consiste em pedir bem. Hoje é comum vermos pessoas exigindo e determinando que Deus lhes atenda naquilo que ambicionam. Mas, será que as pessoas estão ouvindo a resposta de Deus?

Deus nos fala principalmente pela sua Palavra. A Bíblia Sagrada é a Palavra de Deus através da qual Ele nos revela a Sua vontade. Na minha vida de fé tenho aprendido que Deus responde de três maneiras: sim, não ou espere. Deus nunca nos deixa sem respostas. O propósito da oração é maior do que apenas ser um meio para recebermos aquilo que desejamos. Com a oração estabelecemos um diálogo com Deus onde Ele quer nos ensinar. Na oração aprendemos a depender de Deus. A oração é uma conversa onde deixamos Deus sondar nossas motivações e expectativas. Ao orarmos ‘seja feito a Tua vontade’ reconhecemos que o Senhor sabe melhor do que nós o que é bom e necessário.

Na resposta de Jesus os discípulos aprenderam que existe uma diferença entre os que governam este mundo e aquele que governa o Reino dos Céus. No mundo vemos pessoas buscando poder para explorar e tirar vantagem, mas “o Filho do homem veio para servir”. Oração levada a sério produz uma espiritualidade capaz de revolucionar o mundo à nossa volta. Gera em nós humildade e submissão, serviço e amor abnegado... É por meio da oração que o caráter de Cristo se aperfeiçoa na vida do cristão.

Mais do que uma fórmula mágica ou uma lista de supermercado, a oração é um diálogo com um Pai amoroso. Como a própria palavra já insinua, diálogo acontece entre mais de uma pessoa. Diálogo acontece quando duas ou mais pessoas falam e estão dispostas a ouvir. É uma conversa que estreita laços, produz relacionamentos, gera intimidade, quebra preconceitos, aproxima corações... A oração é um diálogo que permite conhecermos a vontade do pai. Essa sintonia é que vai me ajudar a pedir certo.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Poder Que fascina

"Ninguém que tenha conhecido de fato o amor e a graça de Deus consegue viver tanto tempo na hipocrisia e nos arroubos de triunfalismo surtado"


Quando ocorrem as mudanças de governo, os noticiários especulam sobre os ministérios. Todos os partidos aliados querem uma ‘boquinha’ no poder. Se não dá para ficar bem á direita ou à esquerda do presidente, mas pelo menos o mais próximo possível. O poder seduz. Está entre as três tentações que talvez exerçam o maior fascínio sobre a humanidade: sexo, dinheiro e poder. No Evangelho de Marcos 10. 35 – 45 encontramos dois dos discípulos de Jesus fazendo um pedido ao Mestre: “Permite que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda”. A glória a que Tiago e João se referiam estava relacionado à expectativa de que Jesus assumiria o poder político da região. Eles desejavam ser os primeiros-ministros.

Um dos elementos mais presentes em nossa oração é sem dúvida a petição (pedidos). Tiago e João apresentaram o seu pedido a Jesus. Eles já tinham aprendido do Mestre que se pedissem lhes seria concedido (Mateus 7. 7). Mas, eles não prestaram atenção na lição completa, pois Jesus ensinou a orar pedindo de acordo com a vontade do Pai (Mateus 6. 10). Eles queriam ser importantes, queriam reconhecimento e grandeza. Mas, estavam equivocados quanto à perspectiva. Eles pediram segundo os padrões humanos e não de acordo com o jeito de Deus fazer as coisas.

Hoje a situação não mudou. Encontramos pessoas sedentas por poder em todas as instituições. Inclusive na igreja. O discurso de muitos líderes religiosos ignora totalmente aquilo que Jesus ensinou sobre a oração. Vemos homens e mulheres exigindo, determinando, reivindicando como se Deus é quem fosse o servo. A natureza humana tolamente se coloca no centro do universo achando que a glória está no ter e no fazer. Falam de Deus, discursam a respeito de Cristo, mas, jamais conheceram realmente o Deus a quem pregam. Ninguém que tenha conhecido de fato o amor e a graça de Deus consegue viver tanto tempo na hipocrisia e nos arroubos de triunfalismo surtado. Se os nossos pedidos refletem as nossas expectativas, muitos hoje estão novamente enganados a respeito do cristo que esperam. Desde cedo desenvolvemos maneiras de utilizar o poder mais tenebroso para atingir os objetivos mais sórdidos. Toda criança aprende desde berço a arte da manipulação.

Quais são as coisas que exercem maior fascínio sobre nós? Quais são as reais motivações por detrás dos meus pedidos a Deus? Temos conseguido submeter a nossa vontade a vontade do Deus soberano? Oremos com o Salmista: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece as minhas inquietações. Vê se em minha conduta algo te ofende, e dirige-me pelo caminho eterno” (Salmo 139. 23 e 24). Amém.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Fé é Relacionamento

“sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que Ele existe e que recompensa aqueles que o buscam”

Pesquisas feitas no Brasil sempre mostram que o brasileiro acredita em Deus. Numa das pesquisas mais recentes que foi feita entre jovens de todo o país, 99% dizem acreditar em Deus. Mas, acreditar seria o mesmo que crer ou ter fé em Deus? O que afinal significa para alguém dizer que acredita em Deus? Ao dizer que acredito em Deus estou dizendo que creio nele ou, que a minha fé está depositada em sua pessoa? Outra pergunta que ainda carece de resposta é: de que deus se está falando?

Se crer e acreditar são a mesma coisa que confiar ou ter como verídico, o que seria então a fé? Seria somente uma crença em doutrinas de uma determinada religião? O autor da carta bíblica aos Hebreus dedica todo um capítulo a falar da fé. Ele cita vários exemplos de fé e, para começar, dá uma definição: “Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos” (Hebreus 11. 1). Sem dúvidas uma definição mais clara e original que alguns dos nossos melhores dicionários conseguem dar!

Todos os exemplos de fé citados em Hebreus 11 referem-se a pessoas que basearam essa fé no Deus que criou todas as coisas, o Deus revelado na Bíblia. Logo, chegamos à conclusão de que a fé não é algo em si mesmo, ou seja, se eu digo que tenho fé é porque eu tenho fé em... Assim, ao crer que a fé produz resultados, que ela é importante na minha vida, isso só acontece porque o “objeto” da minha fé o permite. Por isso, se eu disser apenas que ‘tenho fé’, é totalmente sensato alguém questionar: ‘sim, mas fé em quem?’ Já menos sensato seria um questionamento do tipo ‘fé em quê?’ Afinal, nesse caso, a fé seria apenas algo em si mesmo, onde a pessoa apenas projeta em algum objeto palpável e visível a esperança por um pouco de sentido na vida.

O que estamos querendo dizer é que a fé sempre depende de um outro. Ter fé, assim, não é o suficiente, por mais que isso possa trazer benefícios a alguém. Quando falamos de uma fé em nos referimos à fé como relacionamento. E eu não posso me relacionar apenas comigo mesmo, tampouco com um mero objeto inanimado. Um relacionamento só acontece entre duas ou mais personalidades. Caracteriza-se pela proximidade, pelo contato, pela convivência com alguém outro que possui a mesma liberdade que eu quero ter para dizer sim ou não.

Relacionamentos pressupõem diálogo e interação. Relacionamentos podem ser quebrados e reatados. Nenhuma vida humana pode ser plena sem relacionamentos. Se o Deus da humanidade nos criou seres relacionais, é porque Ele mesmo é um Deus relacional. Nem mesmo Ele optou por viver só. Deus nos criou para ter com quem se relacionar. E se em qualquer relacionamento humano as pessoas exigem confiança, também na relação com Deus é preciso crer. Sem confiança não há entrega. Sem entrega não há relacionamento. Eu não me agradaria com um relacionamento onde o outro não confia em mim. Da mesma forma “sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que Ele existe e que recompensa aqueles que o buscam” (Hebreus 11. 6). A diferença é que a minha confiança em outra pessoa é limitada pela imperfeição de ambos. Em Deus encontro a perfeição do amor, a soberania e o poder ilimitado de alguém superior a mim.

Ah, antes dissemos que os relacionamentos podem ser quebrados. Foi isso o que aconteceu entre Deus e a humanidade lá no Jardim do Édem. Mas, não desanime! Deus nos ama demais para nos deixar neste mundo a mercê da própria sorte. Ele mesmo veio a este mundo na pessoa de Jesus Cristo para reatar o relacionamento conosco. E como já disse o Apóstolo Paulo: “se quando éramos inimigos de Deus fomos reconciliados com Ele mediante a morte de seu filho, quanto mais agora, tendo sido reconciliados, seremos salvos por sua vida!” (Romanos 5. 10). É por isso que eu creio em... Que eu tenho fé em... Somente em Jesus!

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Deixe-se Encontrar

“Para onde poderia eu escapar do teu Espírito? Para onde poderia fugir da tua presença?”


Um dos propósitos de Deus para o ser humano é a adoração A transcendência é a capacidade que Deus nos deu para nos relacionarmos com Ele. Não há como o ser humano ignorar essa essência que o faz questionar por Deus. “Para onde poderia eu escapar do teu Espírito? Para onde poderia fugir da tua presença?” (Salmo 139. 7) questiona o salmista. Se há sede pela eternidade, então o Eterno existe; se há sede por amor, então o Amor Verdadeiro existe. Se existe um vazio que o ser humano busca preencher, é porque existe algo que se perdeu e que precisa ser reencontrado. Como não pode ignorar a presença de Deus, o ser humano tem duas opções: viver lutando e fugindo, ou render-se ao amor do Pai...

Muitas são as nossas tentativas de fuga: dizer-se ateu, agarrar-se às riquezas e bens materiais, eleger outras ideologias como ‘religião’ que explica o mundo, confiar em si mesmo acima de tudo... Mas, nada pode preencher totalmente. Assim, vive-se aquele incômodo de que algo ainda não faz muito sentido. Seguimos errantes pelos caminhos da vida com a sensação de que algo está faltando. E, ao mesmo tempo, carregamos o sentimento de que tudo de que precisamos está tão perto.

O Salmista descobriu que a sua fuga jamais teria fim. Não importa onde pudesse esconder-se, a presença ignorada de Deus também lá o encontraria. Ninguém pode fugir de si mesmo. Carregamos em nós a imagem e a semelhança de Deus com a qual fomos criados. Por isso, temos sede de Deus, uma saudade do eterno. Saudade que nada mais é do que uma carência da presença real do Deus vivo.

Deus está em todos os lugares. Não se trata apenas de uma presença com olhar vigilante. Não apenas como um senhor sádico à espreita esperando surpreender-nos em alguma falta. As últimas palavras de Jesus registradas por Mateus foram: “E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos” (Mateus 28. 20). Eis uma certeza que todo filho de Deus pode carregar consigo! Como filhos e filhas de Deus, carentes da graça e do amor do nosso Pai Criador, nós podemos confiar e confessar junto com o Salmista: Eu dependo de Ti, Senhor. Tu me conheces perfeitamente, de um modo que vai muito além do conhecimento que tenho de mim mesmo. Tu sabes todas as minhas ações, todos os meus empreendimentos e minha maneira de lidar com tudo isso, até mesmo os meus pensamentos antes de eu os ter formulado conscientemente na cabeça e as minhas palavras antes de serem pronunciadas.

O Deus que deseja relacionar-se conosco é um Deus de amor. Podemos parar de fugir. Podemos parar de procurar. Basta a nós nos deixarmos encontrar.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

As Disciplinas da Vida


Quando Tu queres me guiar,

eu é que me controlo.

Quando Tu queres ser soberano,

eu é que dirijo a minha vida.

Quando Tu queres tomar conta de mim,

eu me basto.

Quando eu deveria depender de Tuas provisões,

eu me supro.

Quando eu deveria submeter-me à Tua providência,

eu faço a minha vontade.

Quando eu deveria ponderar, honrar, e confiar em Ti,

eu me sirvo.

Eu critico e corrijo as Tuas leis

para se adequarem a mim.

Em vez de a Ti eu busco a aprovação dos homens,

e eu sou por natureza idólatra.

Senhor, o que eu mais quero

é levar o meu coração de volta para Ti.

(Arthur Bennett)

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Uma Crise Ambulante

A frustração de muitos pode estar em que optam pela metamorfose sem conseguirem a mudança mais profunda que de fato almejam


Numa antiga composição de Raul Seixas ele cantava: “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante / Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”. O primeiro significado para a palavra metamorfose é mudança de forma. É uma mudança na forma e na estrutura do corpo dos estados juvenis ou larvares de muitos animais até chegarem ao estado adulto. Mudar de forma é o desejo de muita gente: plásticas, tinturas, piercings, tatuagens, roupas, maquiagens, etc... Mas será que daí pode surgir um novo ser?

Mudar a embalagem não significa necessariamente mudar a essência. Existe outra palavra que para muita gente não é simpática: conversão. Mais utilizado no contexto religioso, converter significa mudar, transformar. Porém, mais do que mudar de opinião ou de crença, para os cristãos a conversão começa com arrependimento. Arrependimento que tem origem na palavra grega metanóia, que traduzindo significa mudança de mente. Significa ver as coisas de um novo jeito. Implica mudança de hábitos, de comportamento e de atitude. A frustração de muitos pode estar em que optam pela metamorfose sem conseguirem a mudança mais profunda que de fato almejam.

Quem é você? O apóstolo Pedro era um rude pescador, às vezes precipitado, outras um covarde temperamental. O Apóstolo Paulo era um judeu que perseguia os cristãos e consentia na morte dos mesmos. Ambos passaram pela metanóia. Jesus avisou a Pedro que ao se converter, fortalecesse os seus irmãos (Lucas 22. 32). Após negar Jesus por três vezes Pedro chora amargamente, experimentando o arrependimento numa crise que o transforma num homem corajoso capaz de enfrentar todos os perigos por Jesus Cristo. Paulo experimenta algo semelhante. Sua crise no caminho de Damasco faz de um perseguidor de cristãos o maior divulgador da fé cristã no mundo da época. Foi Paulo quem disse que “se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!” (2 Coríntios 5. 17).

O que é mais importante? Continuar numa metamorfose ambulante, sem opinião, sem personalidade, de onda em onda, sujeito à ditadura da beleza, da moda e da mídia? Nenhum retoque é capaz de fazer aquilo que Deus deseja para a vida humana: uma vida com propósitos e cheia de sentido. À exemplo de Paulo não corra sem alvo e nem lute como quem esmurra o ar. Mas, prossiga para o alvo maior de nossa regeneração que é a semelhança de Cristo Jesus (1 Coríntios 9. 26 e Filipenses 3. 14). Caráter, ética e personalidade, que esses sejam frutos do nosso arrependimento. Não quero mudar só a casca. Eu prefiro ser essa crise ambulante...

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Sob os Cuidados do Pai


Observem as aves do céu: não semeiam nem colhem nem armazenam em celeiros; contudo, o Pai celestial as alimenta. Não têm vocês muito mais valor do que elas?

(Mateus 6.26)

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Unimultiplicidade

"Brasília tem suas estradas,
mas eu navego é noutras águas"


Em Mianmá (ex-Birmânia), nas últimas semanas, milhares de pessoas estão saindo em protesto contra o regime militar. A junta militar do país começou a fazer ameaças depois que pelo menos 100 mil pessoas (entre elas, 20 mil monges) marcharam na antiga capital, Rangum, no maior protesto desde 1988 - quando manifestações contra o regime militar imposto em 1962 foram violentamente reprimidas pelo Exército. Acredita-se que pelo menos 3 mil pessoas tenham sido mortas naquela ocasião. A sociedade birmanesa é profundamente marcada pela vivência do Budismo desde o berço. Os monges budistas aderiram a um movimento de protesto desencadeado em 19 de Agosto contra o regime na Birmânia, após o forte aumento dos preços dos combustíveis e dos transportes em geral, que afeta duramente a população deste país pobre do Sudeste da Ásia. Mianmá é governada por sucessivas juntas militares desde 1962. O regime atual do general Than Shwe se caracteriza por não aceitar nenhum ato de protesto. A principal opositora, Aung San Suu Kyi (que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1991), está em prisão domiciliar desde 2003 e passou a maior parte dos últimos 18 anos detida.
Enquanto isso, no Brasil, as estatísticas dizem que só cresce o número de evangélicos. Seriam quase 30 milhões. Maioria absoluta de evangélicos e católicos fazem do Brasil um dos maiores países cristãos do mundo. Infelizmente, isso não é suficiente para mobilizar o país na direção de uma revolução contra a corrupção, marginalidade, miséria e injustiças. Será que não podemos ou simplesmente não nos convém esse tipo de mobilização!? O que cantamos? O que pregamos?
A criatividade dos nossos ‘artistas’ ‘evangélicos’ não está lá grande coisa. Sua sensibilidade para com a situação do mais pobre e a injustiça no país também não consegue inspiração o bastante. Assim, resta mesmo é ‘navegar em outras águas’. Enquanto lavo a louça e ouço Ana Carolina, coisas vão passando pela mente. A música que tocava não era essa, mas lembrei Brasil Corrupção. Eu não sei cantar e muito menos tocar qualquer instrumento. Quem sabe um dia me arrisque a aprender viola caipira, mas, deixa para adiante... Se eu fosse de um grupo de louvor iria propor cantar Brasil Corrupção bem no meio do culto (talvez use o CD mesmo um dia). Em muitas igrejas talvez, fosse minha última vez no louvor ou, quem sabe, disciplina ou excomunhão direto, mas, acho que valeria a pena assim mesmo!
Enquanto a maioria ‘cristã’ está mais interessada em músicas e discursos gospélicos, em ficar rico e travar batalhas quixotescas com o demônio, experimente ouvir essa música de composição de Ana Carolina e Seu Jorge, do Álbum de 2005:
Neste Brasil corrupção/ pontapé bundão/ puto saco de mau cheiro/ do Acre ao Rio de Janeiro/ Neste país de manda-chuvas/ cheio de mãos e luvas/ tem sempre alguém se dando bem de São Paulo a Belém/ Pego meu violão de guerra/ pra responder essa sujeira./ E como começo de caminho/ quero a unimultiplicidade/ onde cada homem é sozinho/ a casa da humanidade./ Não tenho nada na cabeça/ a não ser o céu/ não tenho nada por sapato/ a não ser o passo./ Neste país de pouca renda/ senhoras costurando/ pela injustiça vão rezando/ da Bahia ao Espírito Santo/ Brasília tem suas estradas/ mas eu navego é noutras águas./ E como começo de caminho/ quero a unimultiplicidade/ onde cada homem é sozinho/ a casa da humanidade.
Não é curioso como esses artistas não aparecem na mídia conservadora e hegemônica do país!? Você já ouviu essa letra em alguma grande rádio!? Pois é, na Birmânia a imprensa controlada pelo estado também não publica relatórios sobre as demonstrações dos monges. Deve ser coincidência. Ou, nossos programadores musicais ainda não descobriram o Brasil Corrupção!?

Ninguém precisa olhar para a Birmânia, Brasília, Rio ou São Paulo para enxergar situações que precisam ser transformadas. Comecemos por nossa própria cidade!

Links:
'Só de sacanagem'

Birmânia e Budismo

Sobre a Birmânia

Protestos de monges em Mianmá

Nossa Música Brasileira

terça-feira, 18 de setembro de 2007

De Onde Me Virá o Socorro?

A Bíblia: Só Mais Um Manual de Auto-ajuda?
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O Reformador Martin Lutero disse certa vez: "Minha consciência é cativa da Palavra de Deus"

O mercado editorial brasileiro comemora a cada ano os lucros no segmento de auto-ajuda. A todo o momento um novo livro é lançado. Receitas prontas prometendo caminhos mais fáceis para se chegar ao sucesso e ao desenvolvimento pessoal. Samuel Smiles (1812-1904) foi quem escreveu o primeiro livro de "auto-ajuda" intitulado "Auto-Ajuda". Foi publicado em 1859 e sua frase de abertura dizia que "o Céu ajuda aqueles que ajudam a si mesmos", uma variação de "Deus ajuda aqueles que ajudam a si mesmos", uma máxima de Benjamin Franklin.
Esse tipo de literatura geralmente defende a tese de que o homem deve seguir seus instintos. Cada um deve buscar dentro de si respostas para sua vida e planejar, ou, programar seu futuro através das respostas encontradas em seu coração. Normalmente a auto-ajuda orienta as pessoas na direção do “ter”, e não mais do “ser” ou “viver”. Geralmente os consumidores de livros de auto-ajuda buscam "respostas fáceis". São pessoas que tentam resolver sozinhos os seus problemas. Encoraja as pessoas a focarem somente o desenvolvimento pessoal, em vez de buscar unir-se a outros seres humanos ou a movimentos sociais, para resolverem seus problemas em conjunto em solidariedade. Ignora-se que os problemas não são apenas pessoais e individualizados. Afinal, a humanidade é uma grande interdependência.
Mas, e quanto à Bíblia? Seria ela também somente um livro que mostra às pessoas como viver melhor? O Reformador Martin Lutero disse certa vez: "Minha consciência é cativa da Palavra de Deus". Com isso ele estava dizendo que a Bíblia estava acima dos seus sentimentos e razões próprias. Compreendemos melhor a diferença entre o princípio bíblico e a tese da auto-ajuda ao lermos o profeta Jeremias: “O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável. Quem é capaz de compreendê-lo?” Ou seja, enquanto a maioria dos livros comuns enfatiza que o ser humano é todo poderoso e capaz de sozinho ajudar a si mesmo, a Bíblia é realista. Focando somente nosso próprio interior, a conclusão a que chegaremos não será muito diferente daquilo que o Apóstolo Paulo descobriu: “Miserável homem que eu sou! Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte?” (Romanos 7. 24). Se você ler adiante verá que o Apóstolo encontrou reposta para esse dilema.
Sim, as pessoas podem e devem buscar na Bíblia palavras de ânimo, conforto, sabedoria, consolo e encorajamento. Pois, certamente encontrarão. Mas, isso acontece porque as Escrituras nos levam para além de nós mesmos. Revela-nos um Deus de amor, Graça e misericórdia. Um Deus que nunca nos deixará sozinhos pelos vales da sombra da morte.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Lei Seca

"A vida é nosso bem maior. É responsabilidade de cada um zelar por ela"

Com o objetivo de reduzir acidentes de transito e homicídios no estado, o secretário da Segurança Pública propõe a Lei Seca para o Rio Grande do Sul. De acordo com o projeto, eventos esportivos e culturais que solicitarem a presença da Brigada Militar não poderão vender bebida alcoólica. O projeto também trata sobre a venda de bebidas em bares, restaurantes e lojas de conveniência limitando horários. Fica proibido o comércio da meia-noite às 06h de domingo a quinta-feira. A proibição vale entre 01h e 06h da madrugada nas sextas, sábados e vésperas de feriados. Estabelecimentos comerciais localizados a até 200 metros de escolas e universidades também não poderão vender bebidas uma hora antes das aulas até o final das mesmas. O projeto passa por avaliações e só depois deverá ser encaminhado para a Assembléia Legislativa.
Não faltam evidências de que a ingestão de álcool é uma das grandes causas de acidentes e mortes no trânsito. Mesmo assim, vemos incoerências como venda de bebida alcoólica em postos de gasolina. O carro pode ser a gasolina, já muitos motoristas... Segundo um levantamento da Polícia Civil, cerca de 55% dos acidentes de trânsito com feridos e mortos em Porto Alegre e 80% dos casos de violência contra a mulher envolvem ingestão de bebida alcoólica. Por outro lado, cidades que já experimentaram aplicar a lei seca colheram resultados significativos. Um exemplo é Diadema na grande São Paulo. O índice de homicídios caiu de forma gritante no município. Outras cidades no Brasil estudam a implementação da lei seca. E, assim como no Rio Grande do Sul, as vozes da resistência também se levantam. Cabe aos poderes competentes e á sociedade em geral debater o assunto e estudar as melhores medidas para o bem geral da população.
A vida é nosso bem maior. É responsabilidade de cada um zelar por ela. A minha responsabilidade pela vida envolve também a liberdade e o direito à vida de outras pessoas. A lei seca é apenas uma medida entre outras que devemos apoiar para ajudar as pessoas. A proibição da propaganda de bebidas alcoólicas na televisão seria outra boa sugestão. A influência desses anúncios na iniciação de jovens e adolescentes no álcool é fato. Casas de recuperação, os Alcoólicos Anônimos e grupos de apoio são de fundamental importância para quem deseja sair do vício. Como cristão, conheço um Jesus que diz: “eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente” (João 10. 10). O álcool é um fator que contribui para sofrimento e morte. Os exemplos eu encontro na minha própria família.


Para maiores Informações:
A Lei Seca no Grande Recife

Projeto de Lei Seca no RS

Entrevista com o secretário da Segurança Pública do RS, José Francisco Mallmann

Orkut: Comunidade Contra a propaganda de Bebida alcoólica na TV

Cruz Azul no Brasil

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Sou Amado, Logo Existo

“criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gênesis 1. 27). O que significa para nós humanos sermos criados como Deus, ou seja, parecidos com o nosso criador? O que há em nós que reflete essa imagem e semelhança de Deus? A singularidade humana aparece em dois momentos na criação: 1) De tudo o que Deus criou, o ser humano é o único com o qual Ele se comunica. Somos a única parte da criação de Deus com a qual Ele procura estabelecer um relacionamento. 2) É confiado à humanidade a administração e o cultivo de tudo quanto Deus criou. Se Deus nos criou para a sua glória (Isaías 43. 7) e, apenas um pouco menor do que Ele nos criou (Salmo 8. 5), então isso deveria nos encher de dignidade e amor próprio.
Nós, humanos, somos diferentes, únicos, especiais... Mas, o que nos torna diferentes? O que em nós é parecido com Deus? Por que nós temos condições para dominar esse mundo (Gn 1. 28)? Deus nos deu uma maior força física? Somos maiores que aos outros animais? Uma beleza maior, mais cativante? Maior rapidez, agilidade? Poderes mágicos? Não. É mais e melhor do que tudo isso. O autor John Stott diz é ser agraciado por Deus com a capacidade para pensar, escolher, criar, amar e adorar.
1. Racionalidade autoconsciente. Somos capazes de levantar dúvidas e questionamentos. Podemos olhar para dentro de nós mesmos e nos avaliar, somos autocríticos. Podemos gerar novos pensamentos, propor reflexões sobre a vida e tantas outras questões que julgamos importantes. Somos parecidos com Deus em nossa capacidade de pensar.
2. Capacidade de fazer opções morais. Podemos discernir entre o certo e o errado. Foi por isso que Deus pôde dizer ao primeiro casal humano de quais árvores os frutos eram bons e comestíveis e de qual não se deveria comer. Deus sabia que eles eram perfeitamente capazes de diferenciar e escolher.
3. Criatividade artística. Basta olhar a nossa volta para constatarmos quantas coisas o ser humano já foi capaz de criar. Deus é criador. Ao sermos criados à imagem e semelhança de Deus, ele nos deu o desejo e a capacidade de sermos também criadores.
4. Relacionamentos de amor. Deus é amor. E, a nossa capacidade de amar é um reflexo da nossa semelhança com Ele. É nos relacionamentos que desfrutamos uma vida plena. O ser humano não foi criado para viver só (Gênesis 2. 18). A integridade humana está em viver numa relação com Deus e com o próximo.
5. Todos os seres humanos possuem consciência de que existe algo mais, um ser supremo, uma realidade além de si mesmo. Todos vivemos em busca do ser supremo. Sem Deus estamos perdidos, a vida não faz sentido. Nossa maior nobreza está nessa capacidade de conhecer a Deus, de nos relacionarmos pessoalmente com Ele, de amá-Lo, de adorá-Lo. Seremos verdadeiramente humanos somente quando nos relacionarmos com nosso criador.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Eu li "MARAVILHOSA GRAÇA"

Autor: Philip D. Yancey
Editora Vida
277 páginas

Apenas algumas das frases do livro que me fizeram parar e pensar:


"As grandes revoluções cristãs", disse H. Richard Niebuhr, "não vêm por meio da descoberta de alguma coisa que não era conhecida antes. Elas acontecem quando alguém aceita radicalmente uma coisa que sempre esteve aí"

“Alguns de nós parecemos tão ansiosos em fugir do inferno que nos esquecemos de celebrar a nossa viagem para o céu”

"O mundo pode fazer quase tudo tão bem ou melhor do que a igreja", diz Gordon MacDonald. "Você não precisa ser cristão para construir casas, alimentar os famintos ou curar os enfermos. Há apenas uma coisa que o mundo não pode fazer. Ele não pode oferecer graça."

“Rejeitei a igreja durante algum tempo porque encontrei bem pouca graça ali. Voltei porque não descobri graça em nenhum outro lugar”

“Os cristãos gastam muita energia debatendo e decretando a verdade; cada igreja defende sua versão particular. Mas o que dizer da graça? Como é difícil encontrar uma igreja que esteja competindo com suas rivais para superá-las na graça”

Um pai espanhol decidiu reconciliar-se com seu filho que havia fugido para Madri. Cheio de remorso, o pai publica este anúncio no jornal El Liberal: "PACO, ENCONTRE-SE COMIGO NO HOTEL MONTANA TERÇA-FEIRA AO MEIO-DIA. ESTÁ TUDO PERDOADO, PAPÁ". Paco é um nome comum na Espanha. E quando o pai vai ao local combinado, encontra oitocentos jovens chamados Paco à espera de seus pais

“O caminho de oito passos do budismo, a doutrina hindu do karma, a aliança judaica, o código da lei muçulmana — cada um deles oferece um caminho para alcançar a aprovação. Apenas o cristianismo se atreve a dizer que o amor de Deus é incondicional”.

“O passado deve ser lembrado antes de ser vencido”

"Todos nós somos esquisitos, mas Deus nos ama mesmo assim"

“A prova da maturidade espiritual não é quanto você está ‘puro’, mas, sim, a conscientização de sua impureza. Essa mesma conscientização abre a porta para a graça”

“Se você quer liberdade de palavra, fale abertamente. Se você ama a verdade, fale a verdade”

“Com demasiada freqüência, a igreja levanta um espelho refletindo a sociedade que a cerca, em vez de uma janela revelando um caminho diferente”

“A igreja deveria ser um porto para as pessoas que se sentem horríveis”

“O mundo tem sede de graça. Quando a graça desce, o mundo fica em silêncio diante dela”

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Não Por Méritos

Você alguma vez já parou para refletir sobre as razões que te levam as discussões e disputas com outras pessoas? No Evangelho de Lucas, encontramos os discípulos de Jesus numa discussão acerca de qual deles seria o maior (Lucas 9. 46). Essa disputa começou lá com os doze em volta de Jesus, mas até hoje o assunto ainda está bem presente. É claro que a maioria de nós não ousa falar assim tão abertamente sobre o caso e, muito menos nos atrevemos a reivindicar status assim, na ‘cara dura’. No entanto, basta prestarmos atenção a nossas motivações internas para logo concluirmos que sempre queremos ser o primeiro, o maior, o mais importante.
Jesus percebeu o que estava acontecendo. E Ele mais uma vez toma de exemplo uma criança para dizer que “aquele que entre vocês for o menor, este será o maior” (v. 48). Essa é a lógica desconcertante de Deus. Aliás, a lógica de Deus muitas vezes é totalmente sem lógica. É por isso que muitos sábios ensinam que as Escrituras são para serem ouvidas, precisamos meditar e acolher a Palavra em nossos corações. É meditar e deixar as nossas vidas se moldarem ao padrão de Deus. Mas, o que acontece? Nós queremos encaixar Deus dentro de um padrão aceitável à nossa própria lógica. Estamos sempre nos precipitando. Metemos os pés pelas mãos e nos orgulhamos de coisas que não fizemos. Estamos sempre em busca da grandeza, dos méritos, do aplauso e do elogio.
Jesus era realmente muito paciente e amoroso. Lidar com os discípulos não devia ser fácil. Era cada ‘furo’, cada pisada na bola! No texto de Lucas 9. 46 – 56 são três mancadas: 1) A ‘discussão entre os discípulos acerca de qual deles seria o maior’ – Vaidade. 2) “Mestre, vimos um homem expulsando demônios em teu nome e procuramos impedi-lo, porque ele não era um dos nossos” – Precipitação. 3) Ao verem que Jesus não foi recebido pelo povo, ‘os discípulos Tiago e João perguntaram: “Senhor, queres que façamos cair fogo do céu para destruí-los?”’ – Arrogância.
Esses discípulos eram mesmo umas peças! Conseguiam sair com cada uma! E Jesus sempre aproveita para ensinar algo novo. Ele não desistiu dos doze discípulos, mas insistiu com eles. E, logo depois, lá estão eles novamente tentando eliminar a concorrência e querendo mostrar serviço para ganhar uns pontinhos com o Mestre! Que reconfortante é descobrir esse Deus gracioso nas Escrituras. Ah! Como eu sou parecido com os discípulos quando se trata de pisar na bola e de dar mancada! Como é bom saber que o amor de Deus o faz insistir comigo! Pois Cristo “não veio para destruir a vida dos homens, mas para salvá-los”.

domingo, 2 de setembro de 2007

A História de John Newton e Amazing Grace

Por volta de 1750, John Newton era o comandante de um navio negreiro inglês. Os navios faziam o primeiro pé de sua viagem da Inglaterra quase vazios até que aportassem na costa africana. Lá os chefes tribais entregavam aos Europeus as "cargas" compostas de homens e mulheres, capturados nas invasões e nas guerras entre tribos. Os compradores selecionavam os espécimes mais finos, e comprava-os em troca de armas, munições, licor, e tecidos. Os cativos seriam trazidos então a bordo e preparados para o "transporte". Eram acorrentados nas plataformas para impedir suicídios. Colocados lado a lado para conservar o espaço, em fileira após a fileira, uma após outra, até que a embarcação estivesse "carregada", normalmente até 600 "unidades" de carga humana. Os escravos eram "carregados" nos navios para a viagem através do Atlântico. Os capitães procuraram fazer uma viagem rápida esperando preservar ao máximo a sua carga, contudo a taxa de mortalidade era alta, normalmente 20% ou mais. Quando um surto de disenteria ou qualquer outra doença ocorria, os doentes eram atirados ao mar. Uma vez chegados ao Novo Mundo, os negros eram negociados por açúcar e melaço que os navios carregavam para Inglaterra no pé final de seu "comércio triangular." John Newton transportou muitas cargas de escravos africanos trazidos à América no século XVIII. Numa das suas viagens, o navio enfrentou uma enorme tempestade e afundou-se. Foi nesta tempestade que Newton ofereceu sua vida a Cristo, pensando que ia morrer. Após ter sobrevivido, ele converteu-se verdadeiramente ao Senhor Jesus e começou a estudar para ser um Pastor”. Nos últimos 43 anos de sua vida ele pregou o evangelho em Olney e em Londres. Em 1782, Newton disse:  "Minha memória já quase se foi, mas eu recordo duas coisas: Eu sou um grande pecador, Cristo é o meu grande salvador." No túmulo de Newton lê-se: "John Newton, uma vez um infiel e um libertino, um mercador de escravos na África, foi, pela misericórdia de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, perdoado e inspirado a pregar a mesma fé que ele tinha se esforçado muito por destruir". O seu mais famoso testemunho continua vivo, no mais famoso das centenas de hinos que escreveu:


* Sublime graça
1. Sublime graça que alcançou
Um pobre como eu,
Que a mim, perdido e cego achou,
Salvou e a vista deu!

2. De vãos temores e aflição
A graça me livrou
E doce alívio ao coração
Em Cristo me outorgou.

3. Se lutas vêm, perigos há,
Se é longo o caminhar,
A graça a mim conduzirá
Seguro ao santo lar.

4. A Deus, então, adorarei
Ali, no céu de luz,
E para sempre cantarei
Da graça de Jesus.

In http://bacaninha.globo.com

Trailer do Filme Amazing Grace
Ouça a música no Youtube.

Vídeo: Graça que Restaura  

Leia outros textos sobre a Graça de Deus clicando aqui.

sábado, 25 de agosto de 2007

DEPENDÊNCIA OU MORTE

No mês de setembro o Brasil comemora a sua independência. O primeiro grito de independência aconteceu num jardim. O casal não se conformava com a sujeição a Deus. “Isso não é justo! Só porque Ele nos criou não significa que pode ficar se metendo na nossa vida. E ainda dizer o que pode e não pode! Isso é demais! Chega: Viva a serpente! Viva a liberdade! Deliciemo-nos com o fruto proibido!”
A história continua. Apesar da desobediência, Deus ainda continua presente. A realidade do povo mudou, é claro. Morte, dor, sofrimento, injustiças e opressão se tornaram uma constante. Assim, a busca pela felicidade só aumentava. Havia esperança, afinal, aquele jardim ainda deveria estar por aí, em algum lugar. Quem sabe, possa ser reencontrado!
Como as coisas não melhoravam, talvez fosse hora de um novo grito de independência. Afinal, “esse tal Deus continua presente se intrometendo com seus atrevidos sacerdotes, juizes e profetas. Um povo realmente independente precisa ter o seu próprio rei”. Apesar das advertências de Deus quanto às implicações em ser uma monarquia, o povo insiste e Saul é ungido rei (1 Samuel 8-10).
No desenrolar da história muitos outros contribuem para a afirmação dessa independência. No segundo milênio da era cristã os grandes pensadores afirmam a supremacia da razão. Se a rebelião contra Deus acontecera somente por parte da vontade, então a razão permanecera intacta, sendo boa. Finalmente, Deus é completamente desnecessário. A mente humana é o centro do conhecimento, levando o mundo ao “progresso inevitável”. “Viva a revolução industrial!”.
Mas, vem o século XX: guerras, catástrofes, miséria, fome, exploração, epidemias... Que desilusão! Se Deus não servia como alternativa, a razão humana tampouco. Nem Deus, nem razão suprema. Outro grito de independência se faz necessário. “Mas, o que resta? Eu. Sim, eu mesmo! Nada de dar satisfações. Viva o individualismo. Viva a geração do ‘cada um na sua’! Já que a vida é curta, o importante é ser feliz aqui e agora. Que ninguém me atrapalhe. Preciso correr atrás do sucesso e, quem sabe, virar celebridade. ‘Dá licença!?’ Ah, finalmente a independência! Experimentar, curtir, até... até a morte! Mas, espere aí! Morte? Ora, eu tinha mesmo que me lembrar dela? Pronto. Começou tudo de novo. Será que nunca serei de fato independente!?”
- “Ei, psiu...” - O quê!? - “... a morte é o salário do pecado, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus... (Romanos 6.23)”. - O quê? Jesus?? Vida eterna?? Mas, o que tu estás me dizendo?: “Quem ouve a minha Palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não será condenado, mas já passou da morte para a via” (João 5,24). Sendo assim, o que me resta senão bradar em fé: Dependência ou morte!

sábado, 18 de agosto de 2007

Geração Orkut

Você tem Orkut? Essa é uma pergunta comum entre jovens e adolescentes hoje. Quem possui acesso à internet deve conhecer ou já ouviu falar. São poucos os internautas sem Orkut. Trata-se de um site de relacionamentos onde a pessoa cria um perfil próprio. Nesse perfil ela pode colocar foto e dados pessoais. Pode também colocar informações totalmente falsas e se passar por outra pessoa. Existem dois atrativos principais no Orkut. O fato de a pessoa adicionar outros perfis, compondo assim seu grupo de amigos. E, as comunidades de interesse, onde existe a possibilidade de debater todo tipo de assunto em fóruns (os tópicos) criados por alguém da comunidade. Algumas comunidades chegam a ter tópicos com debates que passam de mil participações. É cada polêmica! Impressionante como as pessoas têm assunto e opinião sobre tudo. Não é difícil percebermos o efeito orkut no dia-a-dia das pessoas. Até mesmo quem nunca acessou a internet já está vacinado. Basta acontecer algo, surgir um novo tema, e pronto, todos tem uma opinião. É como a multiplicação dos especialistas em futebol na época de Copa do Mundo. Basta entrarmos num boteco e lá estão eles. O Orkut é o boteco pós-moderno. O lugar onde todo mundo tem uma opinião sobre tudo. A diferença, é que ninguém precisa ‘encher a cara’ primeiro para dizer bobagem ou partir para ofensas pessoais. O mundo virtual concede naturalmente essa sensação de coragem, poder e sabedoria... No Orkut você pode encontrar até mesmo comunidades ‘cristãs’ de pessoas que se dizem apaixonadas por Jesus. Porém, os tópicos, as ofensas e os relacionamentos não diferem muito de qualquer outra comunidade. Aliás, isso está cada vez mais comum no mundo real também. Lendo o Apóstolo Paulo é que me lembrei do Orkut: “Aceitem o que é fraco na fé, sem discutir assuntos controvertidos” (Romanos 14. 1). Numa época onde todos têm uma opinião a dar sobre tudo, nenhum assunto escapa. E, ninguém parece estar preocupado com os irmãos que podem ser confundidos com tanta polêmica. Não que não devemos argumentar e dar a nossa contribuição. Mas, Paulo alerta: “Cada um deve estar plenamente convicto em sua própria mente”. O quanto nós estamos dispostos a ler, estudar e pesquisar para depois darmos a nossa opinião? Muitas pessoas simplesmente seguem o argumentador com melhor retórica. Poucos se dispõem a refletir criticamente para discernir a verdade. A mídia é um poder extraordinário nos dias de hoje. Basta vermos como facilmente o povo é usado como massa de manobra para os mais diversos interesses. Ofensas, acusações gratuitas, opiniões levianas... Como nós temos visto essas coisas? O Reino de Deus tem preocupação primordial com as pessoas. “Por isso, esforcemo-nos em promover tudo quanto conduz à paz e à edificação mútua” (Romanos 14. 19). Isso vale para todos os nossos relacionamentos, inclusive no Orkut.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Quem está na direção?

A viagem de Pelotas à Florianópolis foi bastante tranqüila. Além de mim, estavam no carro a minha esposa Débora e o casal de amigos Deloir e Elizete com a filhinha Isabelle. O Encontro, que este ano foi no Hotel Morro das Pedras, é para mim prioridade todos os anos desde 2004. A viagem de volta corria no mesmo ritmo de tranqüilidade até às 11 horas da noite. Em pouco mais de uma hora estaríamos em casa. A chuva aumentara e a visibilidade da pista era bastante ruim. Os vidros molhados do carro e a luz dos veículos que vinham na direção contrária quase me fizeram perder o controle por duas vezes. De repente, uma pisada no acelerador e o carro não responde. Sim! Estávamos sem gasolina. Uma grande reta no meio da escuridão. Parei no acostamento. Estávamos ali, nós cinco, sem acreditar que isso pudesse ter acontecido. Fui surpreendido por confiar no histórico de consumo do carro e numa luz do painel que não acendeu. É claro que as condições de pista, o tempo e o cansaço também contribuíram para a desatenção. Mas, não adiantava nada buscar justificativas. Deloir e eu saímos do carro. Deixei o pisca alerta ligado e coloquei o triangulo sinalizador. Á frente havia sinal de vida. Uma esperança de socorro. Uma claridade no horizonte que indicava luzes acesas. Embora os celulares estivessem pegando, não sabíamos para quem poderíamos ligar a essas alturas. Decidi então caminhar em direção à luz. Saí entre passos de caminhada e corrida no escuro e debaixo de chuva. O frio nessa hora era apenas um detalhe.
O alívio começou quando a luz fortalecia e revelava vir de um posto de gasolina. Só mais uns 80 metros e chego lá. Toca o celular, é a Débora. Mal dou atenção a ela, já digo que tem um posto. O Deloir compartilhou depois que nessa hora foi alegria no carro: ‘Deus é fiel!’. O celular estava molhando, desliguei. Mal sabiam eles lá no carro que à medida que eu me aproximava mais do posto constatava a decepção: Fechado. Ao lado uma Lancheria: Fechado. Mas, ainda havia alguns clientes e a porta ainda não estava trancada. Entrei, molhado e ofegante... Olharam-me meio assustados. Logo expliquei o meu problema. Sugeriram-me ligar para o Posto Coqueiros que fica aberto 24 horas. O problema é que havíamos passado por ele uns 8 quilômetros. ‘Não tem problema, basta ligar que eles vêm e trazem gasolina’. Passei o telefone do Coqueiros para Débora e ela ligou. Enquanto isso, eu consegui uma carona de volta até o nosso carro. O motorista ainda se ofereceu para me levar até o Coqueiros para pegar gasolina. Mas, a Débora já me ligava dizendo que o posto já havia mandado alguém. Agradeci a carona e voltei ao carro no acostamento para esperar. Piadas e risadas para tentar disfarçar o nervosismo. Já calculávamos o quanto o cara do posto iria nos cobrar pelo socorro. Antes já havíamos conversado sobre dificuldades financeiras. O tempo passava e nada. Ligamos novamente. Descobrimos que o homem saiu do posto, mas, em direção contrária a nós. Falha de comunicação. Mais suspiros nervosos. Conversando, chamei a atenção para como as coisas estavam dando errado: acaba a gasolina, encontro logo um posto, mas está fechado, o socorro do outro posto sai na direção contrária... Lembrei então da expressão ‘largar a maçaneta’. Fiquei tranqüilo: ‘Deus está no controle’. As palestras do Encontro de Obreiros falaram sobre isso. Mal sabia eu que ainda tinha mais pela frente.
Depois de mais de uma hora esperando surge finalmente atrás de nós a luz que pisca sinalizando que vai encostar. Cinco litros de gasolina. É pouco. Não dá para arriscar seguir em frente e contar que vamos encontrar um posto aberto antes de o combustível acabar novamente. Disse ao homem que voltaríamos atrás dele até o Coqueiros. Sua caminhonete é rápida e logo some na chuva e na escuridão a nossa frente. Acelero e cinto o carro ziguezaguear... Aqua-planagem!? Diminuo a velocidade. Vejo a caminhonete parada nos esperando. Afinal, nós não havíamos pagado o combustível que ele trouxe, me disse o homem depois. Dei sinal de luz e ele logo desaparece novamente a nossa frente. Sim, ele tinha o pé pesado. Tento acelerar, mas, as coisas estão estranhas. Logo ouvimos o barulho: pneu furado. Atrás de mim ouço a expressão típica do Deloir: ‘Mas, o que é que é isso!?’ O apelo no carro era um só: “Não pare! Vamos até o posto!’ Tudo escuro, chovendo, vidros cada vez mais embaçados. Atrás, o risco de vir um caminhão que não conseguiria parar ao ser surpreendido com a nossa baixo velocidade... Que situação! Tirei para o acostamento ao ver uma luz a minha frente que poderia ser o posto e outra atrás de nós, que confirmou ser uma enorme carreta. No acostamento, poças de água que escondiam enormes buracos. E, finalmente, o Posto Coqueiros, mas, do outro lado da pista. Sem visibilidade, pneu furado, caminhões e carretas por todos os lados... atravessamos a BR. Nos arrastamos até a cobertura do posto onde os frentistas estavam nos aguardando. O pneu sobressalente estava debaixo das bagagens. O vento gelado cortava minha roupa molhada. Rapidamente os frentistas trocaram o pneu. A roda estava amassada. Provavelmente os buracos do acostamento. Confesso que fiquei com a pulga atrás da orelha quando vi que o pneu furado era o traseiro direito, bem abaixo da entrada de combustível. Mais ainda quando no dia seguinte descobri que o furo foi um prego bem no meio do pneu... Por causa da chuva e do frio ficamos dentro do carro lá no acostamento enquanto o frentista que nos socorreu colocava a gasolina. Lembrei de novo do que ele me disse sobre ter esperado quando ficamos para trás: ‘Eu parei, você não tinham pagado, aí eu esperei pra ver...’ Mas, o importante agora era abastecer, e seguir viagem. O sono já se fora mesmo!
Deixei uma gorjeta para o frentista que saiu ao nosso socorro. Ele só cobrou mesmo o combustível que abastecemos. Partimos. Se soubesse teria dado mais um tempo ali. O desembaçador não dava conta de manter os vidros secos e a chuva aumentou ainda mais. Um caminhão guincho a nossa frente serviu de referência um bom trecho do caminho. A uma velocidade de 60 KM/h muitas carretas e carros iam passando em ultrapassagem dupla. Devagar e sempre. Chegamos em casa as duas horas da madrugada. Duas horas depois do que imaginávamos caso tivesse corrido tudo bem.
Enquanto tudo isso acontecia e todos os adultos se preocupavam, a pequena Isabelle dormia sossegadamente em sua cadeirinha no banco traseiro. Quando ela acordou já estávamos entrando em Pelotas. Isso me lembrou aquele episódio onde os discípulos estavam apavorados no barco em meio à tempestade. Enquanto isso, Jesus dormia (Marcos 4. 35 – 41). Esse mesmo Jesus que falou sobre sermos mais semelhantes às crianças (Mateus 18). Em Florianópolis ouvi sobre ‘largar as maçanetas’ do poder. Deus está no controle. Maçanetas ou volantes... Como é difícil largar! Como é difícil esperar e confiar!


“Entregue o seu caminho ao SENHOR; confie nele, e ele agirá” (Salmo 37. 5)

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