As igrejas hoje falam a respeito de Jesus. Estudamos seus ensinamentos. Até oramos e lemos a Bíblia. Lotamos templos e buscamos o alívio divino para as nossas dores. No entanto, uma das questões chave da vida, ministério e encarnação de Cristo nós ignoramos: a historicidade desse evento. Jesus foi Deus encarnado. Ele morreu na cruz pelo pecado da humanidade. Jesus foi exemplo de vida e seus ensinamentos um reflexo daquilo que viveu.
Hoje, nós também vivemos dentro de um período real da história. O que significa ser humano hoje? Quais são as lutas, desafios, problemas, conquistas e sonhos de uma vida? Que alegrias e tristezas você tem vivido? Será que foi mais fácil para Jesus? A questão ignorada, pois poucos refletem sobre ela, é a humanidade, a historicidade, o contexto familiar, social, político e humano de Jesus de Nazaré. Ignoramos que ele trabalhava com o seu pai, teve uma profissão, cresceu brincado com outras crianças, viu pessoas queridas morrerem à sua volta, passou pela erupção de hormônios e todos os desafios da fase adolescente. Algumas vezes foi contra as intenções de sua mãe e se desentendia com seus irmãos... Quando adulto, os desafios só aumentaram. Não fugiu de pagar os impostos ao Império, tinha obrigações como cidadão, caminhava, se cansava, suava, tomava banho, trabalhava, se indignava com as injustiças. Havia uma sociedade, havia um contexto religioso corrompido e um império tirânico. Jesus também foi tentado!
A igreja hoje fala e conhece um Jesus místico, transcendental, espiritual, quase fantasmagórico. O que conhecemos e sobre o que falamos está mais para um Jesus idealizado. Ignora-se o Jesus homem, imanente, real, que caminhava, se sujava, suava; o Jesus sentimento, emoção, pele, carne, osso, chicote, lágrima... Sim, Jesus é Deus. Ele se encarnou e foi também plenamente humano. A igreja hoje possui os seus cultos, ritos e orações. Lotamos templos, buscamos soluções para os nossos problemas, lemos a Bíblia, realizamos grandes encontros. Mas, na maioria dos casos, a igreja que se revela não passa de uma imagem desfigurada de um Jesus que ela mesma produziu: um Jesus idolatrado, projetado segundo suas próprias expectativas. Uma igreja alienada, isolada, irrelevante no seu contexto cultural, social e político.
Jesus nasceu, mas não fez da manjedoura o seu berço esplêndido. O desafio, então, não está em fugir da realidade fechando os olhos ou criando guetos cristãos. Sair da manjedoura é arriscar-se a ganhar a cruz. O que significa viver como Cristo em nossa realidade hoje? Quais são os desafios a que podemos e deveríamos responder enquanto cristãos neste mundo?
Um comentário:
hum, me lembrei da tua última pregação na São João (muito comentada e elogiada entre os membros), onde também falaste da humanidade de Jesus. Gostei do texto.
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