Dentre os textos mais populares da Bíblia está o relato da queda. Após Deus ter criado todas as coisas Ele as avaliou e conclui que tudo havia ficado muito bom (Genesis 1. 31). Tudo se desenvolvia numa perfeita harmonia até que algo acontece quebrando o clima de paz no relacionamento entre os seres humanos com Deus e a criação. É comum ouvirmos que tudo aconteceu por culpa de Adão e Eva, pois eles resolveram fazer algo que era proibido. Essa compreensão equivocada faz com que muitas pessoas possuam uma visão distorcida do Cristianismo e da igreja. Tendem a logo relacionar um crente, evangélico ou cristão com alguém que aderiu a uma religião onde não se pode fazer certas coisas, sob pena de ser punido ou condenado ao inferno se desobedecer.
No entanto, um olhar mais cuidadoso no relato de Genesis 3 nos ajuda a compreender que a fé ou a vida cristã não consiste num manual de regras que garantem recompensas e/ou punições. Antes de Adão e Eva comerem do fruto da árvore do bem e do mal, Deus os havia alertado da seguinte maneira: "Coma livremente de qualquer árvore do jardim, mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá" (Genesis 2. 17). Lendo assim, alguém pode interpretar a passagem como um alerta ou como uma ordem. Pergunto a você, leitor: Como você lida com teus filhos? O que diz a eles quando saem de casa, principalmente a noite? Você faz isso num tom autoritário ou com o carinho de pais amorosos e preocupados com o bem dos filhos? Mesmo assim, sabemos o que geralmente acontece quando o conselho não é ouvido.
Agora, vejamos a maneira como a voz do tentador surge na narrativa: "Foi isso mesmo que Deus disse: 'Não comam de nenhum fruto das árvores do jardim'?" (Genesis 3. 1). Olhando para Genesis 2. 17 qualquer leitor atendo verá que não foi isso que Deus disse. O 'qualquer' foi reinterpretado como 'nenhum'. Na continuidade, a voz desmente Deus quanto às consequências dos atos: "Certamente não morrerão!" E, finalmente, vem a grande questão: "Deus sabe que, no dia em que dele comerem, seus olhos se abrirão, e vocês, como Deus, serão conhecedores do bem e do mal" (Genesis 3. 4, 5). Penso que a grande questão não está tanto numa 'quebra de regras arbitrárias', mas, na quebra de confiança. Duvido de quem me ama. Desejo ser igual a Ele e ver algo que Ele está escondendo de mim. A desconfiança é uma pequena fresta que pode tornar-se num abismo. A grande tentação é a de sermos algo que não somos. Somos humanos querendo ser deuses! E, para isso, temos que tirar Deus do nosso caminho!
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