Champignon e Claudia Campos |
É sempre muito difícil falar sobre as tragédias na vida humana. Podemos facilmente julgar e agir com insensibilidade. Teríamos o direito de especular sobre os dilemas existenciais na vida de quem resolve, de repente, tirar a própria vida? Champignon havia se casado há poucos meses, sua esposa está grávida de cinco meses e eles tinham acabado de chegar do restaurante onde jantaram juntos. Assim que entraram em casa, ele vai para o quarto e tudo que sua esposa escuta é um estampido, um tiro de pistola. Uma overdose, um salto, um tiro, uma corda... Enfim, consumado. Quais seriam os sinais de uma trajetória suicida que certamente começa bem antes do momento fatídico?
Nenhuma bela frase dita no esforço de compreender tais atitudes drásticas ameniza a dor de quem fica. Não resta apenas um mundo frio e inerte, mas, corações quentes, amorosos e que além da saudade podem sentir-se culpados. O que eu fiz de errado? O que eu poderia ter feito para ajudar? Eu falhei em alguma coisa? A carreira bem sucedida, uma bela mulher, a expectativa de ser pai novamente, nada disso foi suficientemente significativo para impedir que Champignon encerrasse prematuramente a sua vida. Enquanto alguém pode imaginar que até mesmo deixar de viver pode ser algo a que uma pessoa tem direito, fica a dúvida quanto às implicações disso para com aqueles que compartilhavam com ele a vida. É justo pedir simplesmente compreensão? Não sei.
A música certamente fala fundo aos corações. “...a vida cobra muito sério e você não vai fugir. Não pode se esconder e não deve se iludir. Somos herdeiros da evolução. Mas se o mundo é tão desumano. Será que essa ilusão é a nossa herança. Não somos problemas sem solução. Mas se o mundo é tão desumano. Será que essa ilusão é a nossa herança” (Ninguém Entende Você - Charlie Brown Jr.).
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