
De acordo com o ditado ‘filho de peixe peixinho é’ ou ‘tal pai tal filho’, os filhos estão condenados a ser uma réplica dos seus progenitores. Será que todo filho de pai alcoólatra será um alcoólatra? Seria mesmo verdade que todo aquele que tem pai íntegro e honesto vai refletir na vida esses mesmos valores? Uma mãe ausente e desequilibrada vai necessariamente determinar que sua filha seja igualmente problemática? Os filhos de uma pessoa sensata, regrada e econômica serão também comedidos nas decisões e administração financeira? Quem de nós nunca ouviu ou mesmo pronunciou a frase ‘nem parece que é filho de fulano’!?
A crença por trás de mentiras aceitas como esta, impede as pessoas de lutar por mudança. Paralisam toda e qualquer intervenção que possa influenciar a ética, o comportamento e poder de iniciativa das pessoas. Alguém ouve falar de um adolescente que cometeu seu primeiro furto e já vai largando: ‘Ah, esse aí teve a quem puxar, olha o pai, já foi preso várias vezes!’ Assim, nos conformamos com um futuro que parece inevitável, dadas as circunstâncias presentes. Com isso, não estamos dizendo que o exemplo dos pais não exerça influência na vida e educação dos filhos. Muito pelo contrário. Porém, não é determinante a ponto de considerarmos que os filhos automaticamente serão iguais a seus pais em tudo no que diz respeito a valores, princípios, atitudes e comportamentos. Mudar é algo inerente às características do ser humano. Mesmo que eu sinta fortes inclinações a reproduzir distorções de caráter do meu pai, existe a possibilidade de fazer diferente.
Filho de peixe, peixinho é. Esse ditado pode se aplicar ao mundo animal. Ou, se considerado às espécies: filho de ser humano, ser humano é. O que passar disso é mentira. E, acreditar nessa mentira pode acabar fazendo dela uma verdade. Quando alguém acredita que assim está determinado, dificilmente vai buscar forças para ser diferente. Eu posso não ser melhor e nem pior do que foi o meu pai. Mas, com certeza, eu não sou ‘peixinho’.
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