
Dois milênios atrás, numa terra distante do lugar que conhecemos hoje como Brasil, um povo aguardava por um novo tempo. Sua esperança estava depositada na vinda de um novo rei. A história de vida e compreensão de mundo de cada pessoa fazia com que as expectativas fossem também diferentes: libertação, poder, fama, riquezas, perdão, sucesso, sentido, felicidade, etc. Iria depender muito dessas expectativas a capacidade que cada um teria de reconhecer a inauguração do novo reino e a chegada do grande rei. Um império dominava. Taxas pesadas eram cobradas. Havia uma religião mancomunada com o poder do império, o que aumentava a opressão ao povo. Um contexto como tantos que faz as pessoas ansiarem por mudanças.
Não se pode atender a todas as expectativas. Nem todas as idealizações correspondem às melhores respostas que se busca no mais íntimo de cada ser. Quanto mais cegos e apegados às próprias expectativas e pressupostos, maiores serão as chances de frustração. E, quando a resposta, a solução, a esperança finalmente surge concreta, mesmo aqueles que mais ansiosamente esperavam algo novo são incapazes de reconhecer a oportunidade. Ignorantes, cansados de esperar pelo que já veio, seguem-se construindo as próprias pontes de escape. A incapacidade de perceber o travesseiro macio, impele à correria desengonçada atrás da pluma ao vento. E, quando finalmente achamos tê-la, a pluma se revela uma bolha de sabão. Tudo se desfaz ao mais leve toque.
Duas possibilidades: reconhecer que a correria é vã ou, deixar-se encantar pelas inúmeras outras bolhas: leves, coloridas, brilhantes todas ali, à disposição, por um preço acessível... Mais algum esforço e logo mais outra poderá ser alcançada! Não é curioso como algumas coisas só fazem sentido enquanto não às temos!? Ninguém é dono de uma bolha de sabão! Existem épocas do ano quando aumentam as bolhas a colorir as paisagens das nossas janelas de tela plana. Fazem-nos acreditar que seu brilho e colorido são a resposta para o lixo interior que apontam em nós. O mundo está em crise? Ignore, corra agora às caixas borbulhantes, magníficas, mágicas... Você merece, tem todo o direito, pegue agora mesmo a sua bolha de sabão!
Sobre os acontecimentos de dois milênios atrás? Ora, quem ainda quer saber sobre essa velha história!? Estamos todos muito ocupados com a busca da verdadeira felicidade, a carreira, os presentes, as ceias, as férias... Ah, as férias, um mês inteiro para ser feliz de verdade...! Ih! Estourou a minha bolha de sabão!
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