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segunda-feira, 28 de abril de 2014

Quando a Igreja Deixa de Ser Igreja

Vez e outra nos deparamos com questões referentes à natureza da igreja e todas as questões que envolvem a sua organização. Não é necessário dizer muito mais sobre a diferença entre as instituições eclesiásticas, as igrejas locais e a diferença destas para o verdadeiro corpo de Cristo, a comunhão dos santos. É inevitável para nós, seres humanos, criarmos algum tipo de estrutura para nos organizarmos em sociedade. Assim como na política, na educação, na arte, na economia e etc., também sobre questões de fé temos nos organizado de diferentes maneiras. Por isso, além de utilizarmos o termo 'igreja' para designar os cristãos, aqueles que creem, que seguem Jesus Cristo como Senhor e Salvador, igreja é também uma forma de organização. Daí surgiram as denominações e é também como nos referimos às comunidades locais. A Igreja Católica Apostólica Romana, por exemplo, é uma denominação, assim como a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, a Igreja do Evangelho Quadrangular e etc. Essas denominações estão espalhadas e organizadas pelo Brasil nas suas diversas paróquias, comunidades, congregações, células e etc. Estas comunidades e congregações locais são, também, chamadas de igrejas. São, portanto, igrejas completas, uma igreja local é templo de Deus. Há ainda uma outra utilização da palavra igreja como referindo-se ao templo ou prédio. Portanto, é comum ouvir alguém dizendo que vai à igreja no domingo à noite.

É importante que tenhamos isso em mente para que não façamos leituras equivocadas quanto ao propósito e razão de ser da igreja. Quando surge uma comunidade como uma igreja local, temos ali, um grupo, uma pequena "igreja" que se encontra a fim de celebrar, adorar a Deus, cultivar a comunhão entre os irmãos, vivenciar a fé, prestar auxílio e servir. A pregação da Palavra de Deus e a ministração dos Sacramentos (batismo e santa ceia) são as marcas centrais da igreja, especialmente na tradição protestante. O propósito central da igreja, neste sentido, portanto, é fortalecer a fé dos fiéis, anunciar a palavra da graça de Deus, convidar a todos para que se arrependam e creiam no evangelho da salvação. Só isto já justifica a existência da igreja e constitui sua relevância social e espiritual na sociedade.

Como organização (internacional, nacional ou local), as igrejas precisam de uma estrutura mínima para que se organizem e atuem como corpo de Cristo na pregação da Palavra e ações de misericórdia. A questão fundamental aqui é que a estrutura deve estar sempre a serviço desta missão da igreja e nunca o contrário. Quando isso é mantido na perspectiva correta, então, não haverá crise ou grandes conflitos a cada vez que a estrutura tiver que ser modificada, reformada e adaptada. A estrutura, diferente do evangelho, é circunstancial, temporária, útil enquanto servir aos propósitos da igreja. Portanto, nenhuma estrutura pode ser sacralizada, tornando-se um fim em si mesma. O propósito da organização, da estrutura, é servir à igreja, é favorecer a missão da Igreja, é ser um vaso de barro, um instrumento, um meio. E, como tal, deve estar sempre sujeito à revisão, reforma, adaptação, e, até, extinção. Extinguir uma instituição não significa, jamais, extinguir a Igreja ou uma igreja. Portanto, é sábio que toda forma de organização eclesiástica, bem como suas programações, podem e devem ser constantemente avaliadas, remodeladas e melhoradas. Lembrando sempre, é claro, que a organização visível em algum tipo de instituição é inevitável!

Sempre que um modelo de organização eclesiástica com todo o seu aparato e formas se torna um fim, a igreja tende a perder o seu diferencial na sociedade. Logo, perde também a sua relevância. Uma igreja local, por exemplo, pode se tornar um clube, uma associação com outros interesses, um clube étnico, um grêmio recreativo, uma espécie de sindicato, uma ONG, etc. Não que qualquer destes outros interesses, em si, sejam ruins. O fato é que a igreja não existe para isso. Para todos os fins na sociedade existem outros meios, outras instituições que, não raro, cumprem com suas funções com muito mais competência que uma igreja que está desvirtuada daquilo que ela deveria ser. Logo, quando uma igreja (como denominação ou como comunidade local) está mais concentrada em obter dinheiro e se dedica a promover eventos e desenvolver produtos com este fim, ela está atuando na esfera do mercado, o que, definitivamente, não é seu papel. Não que uma igreja, seja ela uma organização local ou nacional não precise de recursos financeiros. Mas, em sua esfera de atuação, estes recursos devem ser levantados através da doação e contribuição voluntária de pessoas, nunca fruto de negociações, venda de produtos e promoção de eventos. Cabe aqui mais um esclarecimento: não estamos dizendo que é necessariamente errado que se levante recursos com eventos e venda de produtos e promoções, etc. para os mais diversos fins na sociedade em geral. O caso é que quando uma igreja faz disso o seu "carro chefe", o que temos não é mais uma igreja, mas qualquer outra instituição social que, embora ainda possa se denominar igreja, se degenerou em alguma outra coisa.

Uma igreja, portanto, deve ser conhecida e respeitada na sociedade pelo amor com que os seus membros demonstram uns pelos outros e pelo serviço que estes mesmos membros estão dispostos a dispensar para com a realidade à sua volta (Atos 2. 42-47). Com isso, sugiro que você faça uma pesquisa em sua cidade. Saia pelas ruas e pergunte às pessoas o que elas pensam da tua igreja local. Como a tua comunidade é conhecida na cidade? Obviamente você obterá respostas de pessoas que vão querer desabafar seu ódio e frustração contra toda e qualquer igreja, mas, na maioria dos casos, obterá uma impressão que a tua igreja está causando ali. Se a tua comunidade for mais conhecida, por exemplo, como a igreja das "boas festas do chopp e da linguiça", com certeza alguma coisa está errado. E, não que o erro esteja em que haja boas festas, ou, que exista algum problema em apreciar um bom chopp ou gostar de pão com linguiça. Afinal de contas, sempre poderemos encontrar boas festas, bons chopps e boas linguiças. Mas, onde as pessoas encontrarão, quando quiserem ou precisarem, uma boa igreja? Se a igreja se degenerar em qualquer outra coisa, dificilmente a farmácia, o açougue, o supermercado, o hospital, a rádio, o banco, o clube social, o sindicato, a cooperativa, e etc., cumprirão o papel que somente uma boa igreja, fundamentada no evangelho, pode cumprir. Por mais que em todas as instituições da sociedade existam cristãos espalhados, testemunhando e servindo à partir de suas vocações, as igrejas locais, como a assembleia dos santos, continuam como essenciais para um mundo caído (Mateus 5. 13-14 e Hebreus 10. 24-25).

Alguns outros textos que já publicamos sobre o tema "igreja" e que podem servir àqueles que querem complementar a reflexão:

Três Lições Sobre Igreja
O Que é Igreja?
Aos Líderes Que Ainda Desejam Edificar Igrejas Relevantes
A Igreja e as igrejas
Ser Discípulo - Ser Igreja

2 comentários:

vitor renato lang disse...

Excelente reflexao !!!

Unknown disse...

Profunda reflexão. Muito relevante repensar no ser igreja!!! Parabéns .

Veja Também:

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