A palavra reforma é muito comum no vocabulário cotidiano das pessoas. Reformar é algo que todos acabam fazendo, seja com uma peça de roupa, um carro, um móvel e de uma casa. Uma coisa certa em qualquer reforma é que se conserva uma estrutura básica. Diante do objeto a ser reformado a questão primeira é: o que é originalmente esta peça ou edificação que desejo reformar? Por mais que a ação do tempo tenha desfigurado uma casa que se deseja reformar, uma coisa é certa: ela continua sendo uma casa. E, depois da reforma é isto que teremos: uma casa. Uma casa reformada, para sermos mais precisos. E quem já encarou uma reforma dessas sabe que isso envolve muito trabalho. Há quem diga que é melhor começar algo do zero do que reformar a partir do que já existe.
A Igreja de Jesus Cristo é um organismo vivo composto por pessoas que creem na revelação das Escrituras. Assim, é um povo que está espalhado pelo mundo e se organiza em diversas instituições. Dentre estas temos as diferentes tradições que se desdobram em denominações, congregações ou comunidades de fé. Existe toda uma estrutura que os seres humanos acabam criando como igreja. E, importa destacar que há também doutrinas e confissões que ajudam a forjar uma identidade em torno daquilo que se crê. No caso da Igreja Cristã tais confissões e doutrinas baseiam-se na Bíblia. Assim, o movimento de Reforma que ocorreu na igreja no século 16 tinha por objetivo exatamente resgatar o sentido da verdadeira igreja segundo as Escrituras. Foi neste sentido que Gisbertus Voetius (1589-1676), um teólogo holandês, teria cunhado a famosa frase “Ecclesia Reformata et Semper Reformanda est” (Igreja Reformada está Sempre se Reformando).
Reforma é movimento. Reformar exige trabalho. Consiste em encarar desafios, barreiras, oposição. Velhas estruturas costumam impor resistência, pois desejam permanecer de pé. Reformadores como Martim Lutero (1483-1546), Ulrico Zuínglio (1484-1531), Felipe Melanchthon (1497-1560), Martim Bucer (1491-1551) e João Calvino (1509-1564), para citar alguns dos nomes mais proeminentes, enfrentaram muita resistência. Eles estiveram profundamente envolvidos e atuantes nos eventos que sacudiram a Europa 500 anos atrás. Um grupo de pessoas com grandes ideais que foram capazes de transformar a história do mundo ocidental. Com o retorno à bíblia, diversas consequências se espalharam de modo que se tornou impossível dimensionar os efeitos da Reforma Protestante no mundo. Além das mudanças na igreja e na relação das pessoas com a fé e com Deus, questões como a justificação pela fé, a mudança nos sacramentos, a doutrina da predestinação e tudo o mais acabou gerando repercussões para além dos muros eclesiásticos.
Hoje, cinco séculos depois daquele movimento espetacular, a Igreja permanece viva, atuante, espalhada pelo globo terrestre. Ninguém duvida das distorções e da necessidade de se manter vivo o slogan de Voetius: Igreja Reformada está Sempre se Reformando. Perto de celebrarmos os 500 anos da Reforma, a necessidade de retornar às Escrituras e perguntar pela igreja de Jesus Cristo continua. Não se trata de buscar meramente a mudança pela mudança. Mas, que o movimento de Reforma permaneça. E, para isso é fundamental que a Igreja retorne às origens em busca de seu fundamento. Continuemos o movimento. Um movimento de retorno às Escrituras com vistas a reforma constante da igreja em busca da fidelidade ao Senhor da Igreja!
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