Lendo J. P. Moreland e William Lane Craig em Filosofia e Cosmovisão Cristã deparei-me com uma frase que me fez pensar: “O estudo em si mesmo é uma disciplina espiritual, e o simples ato de estudar pode mudar o eu”. No dia anterior eu conversava com alguém sobre o crescimento dos evangélicos, a intolerância religiosa, o crescimento do Islã e a maneira como os cristãos, apesar do crescimento no Brasil, muito pouco influenciarem a sociedade e, o que é pior, acabam envolvidos em escândalos que denigrem a fé cristã. E, a minha explicação ou, solução, se é que existe uma, para essa irrelevância e mau testemunho dos cristãos é falta de ‘ensino’. A maioria dos cristãos lê pouco, ou lê mal. Acabamos entrando na mesma onda da preguiça para os estudos, o que nos deixa rasos e sem capacidade de discernimento. Se por um lado as pessoas naturalmente resistem ao estudo, por outro as igrejas e suas lideranças também não se preocupam muito em incentivar e oferecer oportunidades para tal. E, assim, acabamos não refletindo sobre as questões mais profundas e não somos capazes de responder de maneira consistente aos dilemas da sociedade. Logo, a nossa insegurança nos isola em guetos onde todos falam a mesma linguagem. Tornamo-nos corporativistas. Na ânsia de nos preservarmos do mal, acabamos por nos retirar do mundo (João 17.15). A nossa ética e o nosso caráter, no entanto, escancaram que não só estamos no mundo como sequer nos livramos do mal.
Embora a minha leitura não se deparasse com nenhuma novidade, o que me chamou a atenção é que é muito raro ver nos círculos cristãos alguém, em nossos dias, apontando o estudo como uma disciplina espiritual. A obra contemporânea mais conhecida sobre as disciplinas espirituais talvez seja Celebração da Disciplina de Richard Foster. Felizmente Foster dedica um capítulo ao estudo e também o considera uma disciplina espiritual. Referindo-se a Romanos 12. 2 e Filipenses 4. 8 ele diz que “a mente é renovada quando se dedica às coisas que a transformam”. Porém, a ênfase e toda a consideração parecem recair sempre em algumas poucas disciplinas como a oração, a meditação (ou mera leitura superficial da Bíblia), o jejum ou mesmo a participação em programas religiosos. Seria isso fruto da compreensão de que algumas atividades seriam mais espirituais enquanto outras mais “mundanas”? Talvez. O dualismo espírito x matéria proveniente da filosofia grega exerce grande influência sobre a teologia cristã desde os primeiros séculos e parece longe de ser superada.
Eu poderia deduzir de tudo isso, então, que uma realidade ou um mundo transformado dependerá sempre de mentes transformadas. Porém, se a mente é um departamento separado, que não diz respeito à espiritualidade, então, ela será moldada não por Deus, mas, por aqueles que mantêm o monopólio do pensamento na cultura vigente. Não podemos ignorar, no entanto, que ideias têm consequências. A pergunta então é: as consequências que vemos à nossa volta são fruto de quais ideias? (Mateus 7. 17 e 20). Sem transformação de mentes, como seremos capazes de experimentar a boa, perfeita e agradável vontade de Deus? (Romanos 12. 2). E, sem estudo, como uma mente poderá ser transformada? Por falta de espaço para mais, finalizo sugerindo a leitura de um pequeno livro: A Mente Cristã Num Mundo Sem Deus, de James Emery White.
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