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sábado, 16 de fevereiro de 2019

Discipulado Não Combina Com Legalismo

No texto anterior falamos que o discipulado não é para voluntários. Baseado no texto de Lucas 9. 57-62 diríamos que o discipulado também não combina com o legalismo. O legalismo ou a religiosidade, quando colocados em primeiro plano, sempre serão obstáculo e desculpa para um verdadeiro compromisso com Jesus.

Depois de Jesus tratar com o voluntário, surge um segundo personagem. A este Jesus estende o convite: “siga-me” (v. 59). É uma situação diferente daquela diante do voluntário. Aqui Jesus vê alguém e lança o convite. A iniciativa é de Jesus.

Aquele homem era mais um dos seguidores casuais de Jesus. Estava ali, na multidão. De repente, Jesus lhe permite um encontro pessoal e direto. Esta pessoa, num primeiro momento, parece não ter dúvidas de que se trata de um convite e tanto. Não poderia negá-lo! Ele sabe que não basta responder algo do tipo, “mas, Senhor, eu já o sigo!” Não. Ele sabe que o negócio agora é diferente: "Ele olhou pra mim! Ele me viu! Ele se dirigiu diretamente a mim! Ele me identificou e me chama dentre a multidão!" “Caramba! Agora a coisa ficou séria!”

Qual foi, no entanto, sua resposta ao ‘siga-me’ de Jesus? “Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai” (Lucas 9.59).

Para Dietrich Bonhoeffer este homem se encaixaria no perfil do legalista. Se o primeiro candidato a discípulo é o voluntarioso, este, agora, é o legalista. Por que? O judaísmo sempre enfatizou fortemente a importância da obrigação com os pais. Aquele homem, portanto, parece apresentar uma justificativa legítima para adiar sua resposta ao convite de Jesus. Havia uma obrigação a ser cumprida!

É evidente que não estava acontecendo um velório naquele exato momento. Se assim fosse, aquele homem não estaria ali, às voltas com Jesus, mas, envolvido com os preparativos de um funeral. Mas, que resposta foi aquela, então? O que ele realmente estava dizendo era que precisava esperar a velhice e a morte dos pais. Teria que viver para cuidar deles. E, só depois, regressaria para atender satisfatoriamente o desafio de Jesus. ‘Senhor, eu não posso ser seu discípulo enquanto meu pai ainda estiver vivo’. Aquela resposta passava um ar honrado, piedoso, até mesmo justo. Como poderia ser tão irresponsável a ponto de abandonar a família para seguir Jesus!? Certamente nem é isso que Deus requer! Mas, por quanto tempo ele adiaria uma resposta ao convite de Jesus!? O que tudo o mais haveria de cumprir antes de poder tornar-se um discípulo de Cristo? Quantas justificativas podem ser dadas para adiar um compromisso total!?

Você já parou para imaginar o quanto pode estar entre a multidão que se ocupa com as doutrinas, os estatutos e burocracias eclesiásticas de modo que pode estar utilizando muitas destas coisas para adiar um compromisso radical com Jesus!? O quanto estamos envolvidos com as coisas de Deus sem nos deixarmos envolver pelo próprio Deus!? Nós nos damos por satisfeitos por já carregarmos um rótulo de Cristão, por termos sido batizados, sermos frequentadores dos programas da igreja...

Transformamos nossa vida cristã num conjunto de preceitos e regras, num seguir de certas tradições... Estamos convencidos de que existem certas coisas que precisamos cumprir. Afinal, é preciso fazer certo as coisas certas! Como reagiríamos se, de repente, Jesus nos identificar em meio a todo serviço religioso com o convite: ‘Ei, você, siga-me!’

São dois os riscos que envolvem o legalista: o primeiro é confundir seu legalismo, sua capacidade de seguir direitinho as leis, com discipulado. Achar que por viver conforme um conjunto de regras e doutrinas já é um bom cristão e isso basta. O segundo risco é substituir aquele que realmente é capaz de salvar por algo que depende de si mesmo: seu apego e capacidade de seguir leis que lhe passam um falso sentimento de poder, conhecimento e autonomia.

Bonhoeffer diria que o legalista coloca o cumprimento às leis acima da obediência ao chamado de Jesus. Ignoramos, assim, que sobre aquele a quem Jesus chamou, a lei já não possui mais qualquer direito.

Qual foi a resposta de Jesus ao legalista? “Deixe que os mortos sepultem os seus próprios mortos; você, porém, vá e proclame o Reino de Deus” (Lucas 9.60). Mais uma vez, a exemplo do que aconteceu com o voluntário anteriormente, Jesus pega pesado. Palavras duras!

Eu sou do estado do Espírito Santo. Quando meu pai adoeceu e, posteriormente veio a falecer, eu residia em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Há quase 2.500 Km eu não pude acompanhar esse processo. Sequer fui ao sepultamento. Eu sei o quanto é complicado! Eu gostaria de encontrar palavras para amenizar um pouco essa fala de Jesus! Mas, só piora! Quando eu ouço Jesus dizendo que “se alguém vem a mim e ama o seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até sua própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo” (Lucas 14.26), não me restam dúvidas de que sim, há um preço!

O discipulado tem o seu custo para quem se entrega totalmente. Mas, quem encontra a vida, não se amedronta nem se ocupa mais com a morte. O discípulo é um mensageiro do reino de Deus. O discípulo sabe que encontrou a vida. Por mais justificáveis que pareçam nossas desculpas, nada que se possa imaginar perdido por seguir a Cristo é de fato uma perda!

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