Apesar do avanço da medicina o mundo continua diariamente testemunhando a forma como várias doenças acabam com a vida das pessoas. Além da AIDS e do câncer, muitos outros terríveis problemas de saúde continuam assombrando e atormentando a vida de muita gente. Nos tempos bíblicos, uma das doenças mais terríveis e com a qual Jesus constantemente se deparava era a lepra. Além do sofrimento físico causado pela doença, a pessoa leprosa ainda era submetida a todo um procedimento religioso que relegava o doente ao isolamento. Quem apresentasse os sintomas da doença deveria viver fora das cidades. Deveriam ainda andar descabelados, com roupas rasgadas e toda vez que alguém se aproximasse deveriam bater no peito e gritar: “impuro, impuro!”
O Novo Testamento relata alguns episódios onde Jesus, contrariando a lei judaica, permitiu-se um contato próximo às pessoas vítimas da lepra. Certa vez, enquanto percorria a Galiléia, um homem coberto de lepra ajoelhou-se diante de Jesus e suplicou pela cura (Marcos 1.40-45). O que chama a atenção não é o fato de que o doente quer ser curado. Afinal, seja hoje ou dois mil anos atrás, qual é o doente que não quer ser curado!? De fato Jesus realizou muitas curas e milagres embora isso não representasse a essência da Sua missão e propósito maior para a humanidade. Mais do que um pedido, as palavras daquele homem – que a Bíblia sequer menciona o nome – expressam a sua fé em Jesus Cristo: “Se queres, podes purificar-me!”
A forma como o homem se aproxima, a maneira como distingue Jesus entre os seus discípulos, o modo humilde e reverente em sua postura e a convicção em suas palavras revelam que, apesar de ser esse o seu primeiro encontro com o Cristo, ele já havia reunido muitas informações à Seu respeito. Informações suficientes sobre as características humanas e divinas de Jesus, a ponto de não se enganar quanto à pessoa nem quanto ao amor de Deus.
Além das doenças, hoje as pessoas sofrem com os mais variados tipos de problemas: vícios, brigas, desemprego, violência e etc. Assim como na distante Galiléia, também hoje falam de um tal Jesus que é poderoso, capaz de muitas coisas, inclusive milagres dos mais espetaculares. Se os avanços tecnológicos e científicos ainda não conseguiram eliminar as doenças, certamente aumentaram em muito a capacidade de espalhar notícias. Porém, o triste hoje é que o Jesus de quem muitos estão ouvindo falar não passa de um deus curandeiro ou do tipo gênio da lâmpada de Aladim. Divulga-se um Deus despersonalizado que não passa de uma força ou energia pronta a ser ativada, desde que usemos os recursos, fórmulas ou palavras certas.
Na ânsia de resolver os problemas, muitos se iludem com as informações distorcidas daqueles que se especializaram em explorar a desgraça e a mesquinharia humana. O resultado esperado até pode ser imediato ou instantâneo, porém nunca experimentaremos algo parecido com aquilo que o leproso vivenciou na presença de Jesus: “cheio de compaixão, Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse: ‘Quero, seja purificado’”.
A vontade de Jesus é antes de mais nada resgatar a dignidade e o valor do ser humano. Antes da cura física, Jesus fez pelo leproso o que ninguém mais ousava há muito tempo fazer. Uma cura, as dívidas pagas, um carro novo, nada se compara à compaixão e ao amor de Deus. Vida com Deus é relacionamento. E num relacionamento as partes envolvidas dispõem de autonomia para expressar suas vontades com relação às decisões que serão tomadas. Por isso, hoje mais do que nunca, precisamos compreender a soberania, o amor e a Sabedoria de Deus. Mais do que ouvir falar, a vontade de Deus é que possamos conhecê-lo como Senhor e Salvador de nossas vidas.
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