Para alguém que considera apenas a realidade espiritual como o ideal, toda a matéria é má. É como se este mundo físico no qual vivemos não fosse a boa criação de Deus. Logo, a tendência será viver uma vida que aguarda ansiosamente escapar deste mundo. Não surpreende que também entre os cristãos, a frase ‘volta logo Jesus’ seja tão comum. Na realidade, o que se espera não é um encontro com o nosso Salvador ou a instauração plena do Reino de Deus, mas, simplesmente escapar dos desafios que temos diante de nós todos os dias. Muitos acreditam que com a volta de Jesus não teremos mais a responsabilidade dada por Deus aos seres humanos em Genesis 1. 28-30; 2. 15, 19-20. Essa crença ignora que responsabilidades envolvendo o trabalho e o desenvolvimento da cultura já estão lá, antes mesmo da Queda (Gênesis 3).
A principal consequência da Queda e do pecado não é que agora o ser humano teria que trabalhar, mas que e o seu trabalho viria acompanhado de cansaço e fadiga. Ao dispensar Deus e rebelar-se contra Ele, o ser humano passa a ter que conviver com o sofrimento. E, a morte passou a ser uma ameaça constante (Gênesis 2. 17). Desde então, os seres humanos lutam por tornar a vida mais confortável e escapar ou, pelo menos adiar ao máximo, a realidade da morte. Isso tanto na ciência quanto na religião. Trata-se de um esforço louvável, embora, no final, tenhamos que nos render diante do inevitável.
Ao ressuscitar, Jesus venceu a morte. Ele “é o princípio e o primogênito dentre os mortos” (Colossenses 1. 18). A tentação de não morrer gera formulações religiosas diferentes como a doutrina da reencarnação. O problema é que, neste caso, continua-se acreditando na versão da serpente que, para enganar o ser humano, chama Deus de mentiroso e assegura: "Certamente não morrerão!” (Genesis 3.4). A vida é encarada como uma sucessão de encarnações dadas como chance de driblar a morte e finalmente conseguir escapar do mundo físico. Afinal, entende-se que é este o problema. É a matéria que deteriora e morre. É ela que gera o sofrimento. Nenhuma possibilidade de redenção é possível. Jesus pode ser apenas um grande guru ou um espírito iluminado, mas, jamais o Redentor e, muito menos Deus. Como na velha história do Éden, continua-se acreditando que o melhor é dispensar Deus e conquistar pelos próprios méritos a salvação.
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