Muitas pessoas confundem fé, crença e religiosidade. Costumam dizer que o Brasil é um país religioso, de crenças muito fortes e presentes no dia-a-dia das pessoas. É verdade. O Brasil é um país onde é possível identificar inúmeras crenças e propostas religiosas. E, tudo isso num convívio pacífico e tolerante. Devido ao testemunho negativo de muitos fiéis religiosos, outros preferem se declarar ateus ou sem religião. O que não significa que essas pessoas estejam livres da religiosidade. Afinal, todos acabam encontrando a sua própria maneira de enxergar algum sentido para aquilo que não compreendem racionalmente. Dentre o povo mais cético eu destacaria os cristãos.
O cristão não acredita na força de simpatias, nas previsões do horóscopo e nem na força dos trabalhos feitos nas encruzilhadas. O seguidor de Jesus Cristo não é adepto da crença que se baseia na numerologia, astrologia e teosofismo. O cristão é descrente quanto a existência da reencarnação, da necessidade de boas obras para a salvação, da mediação de santos entre o ser humano e Deus. Os cristãos são céticos com relação às benzeduras, poderes de gurus espirituais e das visões oferecidas por tarôs, búzios e leituras de mãos. Um cristão não acredita no azar da sexta-feira treze, não se importa em passar debaixo de escadas e nem fica perturbado após quebrar um espelho ou cruzar com um gato preto. Cristãos não acreditam na necessidade de terem que agradar a Deus com correntes, campanhas e dízimos para serem merecedores das bênçãos de Deus. A fé cristã não vive dependente de ritos, amuletos, passes e despachos para cultivar o relacionamento com Deus. Os verdadeiros cristãos não vivem na dependência de líderes que se acham mais próximos de Deus, que se julgam detentores de orações fortes e autorizados a abençoar ou amaldiçoar em nome de Deus. O cristão não acredita no ser humano, no poder da razão, no progresso tecnológico e científico capazes de criarem o mundo perfeito!
Os cristãos que cultivam um espírito aprendiz, humilde e aberto sabem que Deus está acima de todas as carências e neuroses humanas. Por isso, são livres para agir em amor e misericórdia. Livres para seguir os ensinamentos de Cristo sem muletas religiosas. Nossas ‘muletas’ são o próprio Cristo. E, não importa se nossa fé é forte ou vacilante. Em Cristo temos liberdade até para duvidar, expor nossos questionamentos, abrir o coração. E mesmo que passemos por crises tamanhas que nos façam duvidar da própria existência de Deus por vezes, ainda assim, Ele não duvidará. Assim como o sol continua a brilhar num dia de nuvens escuras e pesadas, Deus não deixa de ser Deus por maiores que sejam as tempestades em meu coração. Quanto mais céticos formos, mais reconheceremos a nossa dependência de Deus! E, ao mesmo tempo, mais livres seremos!
2 comentários:
"E, não importa se nossa fé é forte ou vacilante. Em Cristo temos liberdade até para duvidar, expor nossos questionamentos, abrir o coração. E mesmo que passemos por crises tamanhas que nos façam duvidar da própria existência de Deus por vezes, ainda assim, Ele não duvidará. Assim como o sol continua a brilhar num dia de nuvens escuras e pesadas, Deus não deixa de ser Deus por maiores que sejam as tempestades em meu coração. Quanto mais céticos formos, mais reconheceremos a nossa dependência de Deus! E, ao mesmo tempo, mais livres seremos!"
Rodomar, todo seu texto é fantástico, mas esse últimos parágrafos me tocaram muito pois traduzem a fé ainda tão insípida que possuo... e que já me fizeram tanto sofrer crendo que estava desagradando a Deus! Mas lendo o seu texto vejo que comigo ocorre justamente isso: a minha total insegurança e fraqueza me tornam menos autosuficiente e mais dependente do meu Deus. Obrigada por me ajudar a compreender essa verdade.
Gostei muito desse texto.
Um abraço. Seu blog é muito bom mesmo.
Inté!
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