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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Venham, Vamos Refletir Juntos

Uma tendência em muitas igrejas brasileiras é o crescente uso de ritos, objetos e alusões ao Antigo Testamento Bíblico. Não há dúvidas de que se trata de texto importante na compreensão do cristianismo e sem ele ficaríamos limitados no entendimento do propósito de Deus para a humanidade. O problema, no entanto, começa quando textos são interpretados para legitimar uma série de equívocos de forma proposital. O mercado religioso tem se inspirado no Antigo Testamento para criar imagens, rituais, fetiches, amuletos, campanhas, sacrifícios, fórmulas e todo tipo de produto que sirva para manter girando a roda do consumo religioso. Assim como se faz a escolha pelo Antigo em detrimento do Novo Testamento, também continua a seleção de livros, textos e versículos de acordo com a conveniência quando se utiliza, principalmente, os profetas e a lei de Moisés.
A Bíblia não é um livro para ser lido de maneira irresponsável. Não se trata tampouco de um livro de regras, mandamentos ou fonte de inspiração dos marqueteiros da fé. É claro que qualquer pessoa pode utilizar seu texto a bel prazer (e muitos o tem feito) para manipular a boa fé do povo menos informado. Por isso, Martinho Lutero já lutou no século XVI para que as Escrituras fossem traduzidas para a linguagem comum do povo e estivesse ao alcance de todos. Consequentemente, o movimento da Reforma contribuiu para o desenvolvimento da educação e de toda civilização ocidental, uma vez que para o povo ter acesso à Bíblia precisariam antes saber ler. Ainda hoje a igreja protestante mantêm instituições de ensino em todo o mundo prezando a educação. O acesso às Escrituras deve ser democrático, porém responsável.
Eis parte de um texto do Antigo Testamento que pode nos inspirar positivamente diante das aberrações religiosas dos nossos dias: “’Para que me oferecem tantos sacrifícios?’, pergunta o SENHOR. ‘Para mim, chega de holocaustos de carneiros e da gordura de novilhos gordos. Não tenho nenhum prazer no sangue de novilhos, de cordeiros e de bodes! Quando vocês vêm à minha presença, quem lhes pediu que pusessem os pés em meus átrios? Parem de trazer ofertas inúteis! O incenso de vocês é repugnante para mim. Luas novas, sábados e reuniões! Não consigo suportar suas assembléias cheias de iniqüidade. Suas festas da lua nova e suas festas fixas, eu as odeio. Tornaram-se um fardo para mim; não as suporto mais! Quando vocês estenderem as mãos em oração, esconderei de vocês os meus olhos; mesmo que multipliquem as suas orações, não as escutarei! As suas mãos estão cheias de sangue! Lavem-se! Limpem-se! Removam suas más obras para longe da minha vista! Parem de fazer o mal, aprendam a fazer o bem! Busquem a justiça, acabem com a opressão. Lutem pelos direitos do órfão, defendam a causa da viúva. Venham, vamos refletir juntos’, diz o SENHOR” (Isaías 1. 11-18).

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Saudade do Que Virá

Tem coisas do passado que não lembramos mais. Outras surgem em determinados momentos em nossas lembranças quando achávamos que jamais nos lembraríamos novamente. Impressionante como algumas coisas simples podem despertar a memória: uma paisagem; uma pessoa estranha que vemos passar; o cantar dos pássaros; uma música antiga que chega a ser capaz de nos arrebatar para os detalhes de um tempo que ficou pra trás; um cheiro... Tantas coisas capazes de despertar a nostalgia!
Dizem que a saudade é uma palavra da Língua Portuguesa que não tem igual no mundo em sentido, em significado ou força. Mesmo assim, talvez não se encontre no mundo alguém que jamais tenha experimentado esse sentimento misterioso. Saudade está geralmente relacionado ao passado. Como teria dito Pablo Neruda, o poeta chileno que ‘morreu de tristeza’: “Saudade é amar um passado que ainda não passou, é recusar um presente que nos machuca, é não ver o futuro que nos convida...” Às vezes, porém, a saudade parece despertar algo que nos permite um vislumbre do que ainda não vivemos. Nas palavras de Renato Russo, “saudades de tudo que ainda não vi”. Uma saudade do futuro que tem relação com o passado. Não com o meu passado. É algo maior que eu.
Na história da humanidade perdemos algo. A saudade do futuro é algo que resta da origem que foi maculada. É saudade de algo porvir, porque não há retorno. A vida humana não é cíclica. Se “a saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar” (Rubem Alves), não se trata de um voltar no tempo. Não como no ‘nosso’ tempo cronológico. Em As Confissões, num texto intitulado Louvor e Invocação, Agostinho reconhece o grande poder e sabedoria de Deus. A revelação da grandeza e amor divinos, desperta algo em nós: “o homem, pequena parte da tua criação, deseja louvar-te. Tu mesmo o excitas a isso, fazendo com que ele se deleite em te louvar, porque nos fizeste para ti, e nosso coração está inquieto enquanto não encontrar em ti descanso”. O que seria a saudade se não um coração inquieto?
Essa saudade inquietante me permite concordar com Neruda quanto ao passado e, até, quanto ao presente. Mas, só a ‘saudade do futuro’ é que me faz lembrar de novo o convite: “Venham, pois tudo já está pronto” (Lucas 14. 17). A saudade de casa não me afunda na nostalgia deprimente. Ela me enche de esperança. A esperança permite olhar o futuro como um convite aberto. Pois “Deus existe para tranquilizar a saudade” (Rubem Alves).

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Para Pensar

A vergonha de nossa época não é que hoje exista a fome e, sim, que hoje a fome conviva com as condições materiais para resolvê-la (Josué de Castro).

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Vermelho Sangue

Na busca por um sentido na vida acabamos nos ocupando. Logo percebemos que o fazer pode levar ao ter. Quanto mais trabalharmos, mais posses nós conseguiremos adquirir. E, como os bens de consumo parecem não se esgotar nunca, mais precisaremos trabalhar para continuar adquirindo. Logo estaremos com uma bela casa cheia de tralhas de última tecnologia e, com um carrão na garagem sendo invejados por muitos. Para manter tudo isso: trabalho, correria e ativismo.... Temos muito e não desfrutamos de nada. Trabalhamos para ter. De tão ocupados vivemos como se nada tivéssemos. A mesma coisa acontece com a busca incessante por conhecimento. Quanto mais achamos saber mais descobrimos que existe por aprender. Alguém pode passar a vida estudando e pesquisando sem experimentar se todo aquele conteúdo é viável no dia a dia. No fim sobra a sensação de ser importante e admirado pelos vários títulos. ‘Somos‘ muito, trabalhamos muito e temos muito... Seria esse o proveito que o ser humano pode tirar de todo o trabalho com que se afadiga debaixo do sol? (Eclesiastes 1. 3).
Atualmente a palavra vaidade é utilizada mais no âmbito da aparência. A indústria do entretenimento procura evitar ao máximo que a pessoa pense e levante grandes questionamentos sobre a vida. Muitos se contentam com o ‘me engana que eu gosto’. O problema estoura mesmo quando cansamos do ópio, quando um acidente ou doença nos prendem, quando uma esperança em alguém é frustrada, quando ‘não tem nada prá fazer’... O problema são aqueles chatos que sempre nos lembram de que “tudo é vaidade e correr atrás do vento” (Eclesiastes 2. 17). Eles compreendem a vaidade como algo relacionado com questões mais essenciais da vida. A vaidade a que se refere o autor em Eclesiastes que também pode ser traduzido por ilusão. Mas, afinal, qual o problema em se viver uma ilusão? Numa cena da trilogia Matrix encontramos o personagem Cypher falando com o agente Smith: “Sabe, sei que este bife não existe. Sei que quando eu o coloco na boca, a Matrix diz ao meu cérebro que ele é suculento e delicioso. Após nove anos sabe o que percebi? A ignorância é maravilhosa”. Anatole France teria dito que “a ignorância é a condição necessária da felicidade dos homens”.
Se até mesmo pensar e escrever tudo isso é vaidade, o que restará? Eclesiastes é fruto das reflexões de Salomão, que – após viver de tudo e desfrutar de tudo, depois de alcançar o trono de Israel, poder e riquezas – conclui que a vida não passa de “vaidade”. Mas, não se trata da palavra final. Este pensador, aparentemente tão mal-humorado, termina o livro de forma surpreendente: “Agora que já se ouviu tudo, aqui está a conclusão: Tema a Deus e obedeça aos seus mandamentos, porque isso é o essencial para o homem” (Eclesiastes 12. 13). Parece que existe mesmo uma espécie de pílula vermelha!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

“...agora que provaram que o Senhor é bom”

O povo de Deus é um povo que tem provado da bondade de Deus. O cristão é alguém que se reconhece perdoado, acolhido, amado pelo Senhor da Criação. Em Cristo encontramos a nossa verdadeira identidade, nosso real valor e viva esperança.
O apóstolo Pedro em sua primeira carta evoca uma passagem do profeta Isaías que diz: “toda humanidade é como a relva, e toda a sua glória como as flores do campo. A relva murcha e cai a sua flor, quando o vento do Senhor sopra sobre eles; o povo não passa de relva. A relva murcha, as flores caem, mas a palavra do nosso Deus permanece para sempre” (Isaías 40. 6-8).
Diante da bondade de Deus e da efemeridade da vida humana Pedro inicia sua carta falando do louvor a Deus por uma esperança viva. Com o texto de Isaías, parece querer nos lembrar de que nossas picuinhas, brigas, vaidades e disputas são bobagens perto do grande valor que Deus confere à vida humana. Do ponto de vista humano, somos passageiros. Nascemos, crescemos, vivemos para conquistar pessoas, dinheiro, status e poder. Sem Deus, logo nos encontraremos na reta final a lamentar por termos perdido tanto tempo com coisas secundárias.
Também a vida cristã, em comunidade, pode ser marcada pelo vazio de uma existência que ignora Deus. Quantas coisas dizemos sem pensar e que ferem o nosso próximo? Quantas maldades espalhamos, com fofocas e calunias, denegrindo a imagem de alguém? Quanto tempo de nossa vida passamos ajuntando tesouros que traça e ferrugem vão destruir? Quantas vezes nos envolvemos em disputas onde encaramos o outro como adversário em vez de alguém que integra a mesma relva no jardim do Senhor?
Por mais belas que sejam as flores, logo elas murcham e caem. Pessoas vêm e vão. A vida é breve. Que possamos dar menos valor às glórias passageiras e, antes de pisar, lembrar que também somos relva. “A relva murcha, as flores caem, mas a palavra do nosso Deus permanece para sempre”. Tendo provado da bondade do Senhor (I Pedro 2. 3), sejamos multiplicadores dessa bondade. Pedro lembra que o sacrifício de Cristo nos redime da maneira vazia de viver.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Apesar das Circunstâncias

Muitas das orações encontradas na Bíblia expressam louvor, gratidão e alegria pela certeza do amor e da presença de Deus mesmo quando as circunstâncias e eventos imediatos pareciam evidenciar o contrário. Jó, após receber a notícia de que perdera todas as suas posses e também seus filhos, declara: “Saí nu do ventre da minha mãe, e nu partirei. O SENHOR o deu, o SENHOR o levou; louvado seja o nome do SENHOR” (Jó 1. 21). O Apóstolo Paulo, depois de orar por três vezes a Deus pedindo livramento de um problema (o espinho na carne) e ouvir não como resposta, conclui: “Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim. Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco é que sou forte” (2 Co 12. 9, 10). No Salmo 23, o mais famoso deles, lemos: “Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não temerei perigo algum, pois tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me protegem” (Salmo 23. 4).
Esses testemunhos são frutos de uma fé que não repousa em si mesma. Não se trata simplesmente de fé na fé. Mas, uma fé que se traduz num relacionamento com um outro. Um Deus pessoal, real, vivo com quem se relacionar. Alguém que apesar das circunstâncias sabemos que está lá: “Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte...” Deus, nesses casos não é fruto da imaginação de ninguém, não se trata de uma construção mental, nem mesmo um ídolo... Não é algo que eu produzo, embora muito do que eu possa conceber de Deus reflita algo de mim. O Deus que me faz lembrar que Foi Ele quem me criou à SUA imagem e semelhança.
Falar de gratidão a Deus, louvor apesar das circunstâncias, pode soar como simples fuga da realidade. As pessoas podem criar e fantasiar com a religião de modo a escaparem da vida real. A religião como ópio do povo. Embora essa seja uma situação possível, não é essa a realidade dos salmistas e demais personagens bíblicos. O verdadeiro louvor e gratidão brotam do reconhecimento da soberania de Deus. Apesar das circunstâncias nada, nem por um segundo sequer, foge ao cuidado de Deus. Quando deixarmos Deus ser Deus e buscarmos conhecê-lo, compreenderemos o salmista que diz: “Tu me alegras, Senhor, com os teus feitos; as obras das tuas mãos levam-me a cantar de alegria. Como são grandes as tuas obras, SENHOR, como são profundos os teus propósitos! O insensato não entende, o tolo não vê” (Salmo 92. 4-6). Assim, se posso atrever-me a expressar o meu salmo, pediria: ‘liberta-me, Senhor, de minha insensatez; ajuda-me a enxergar além de minhas tolices!’

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O Que a Bíblia Diz Sobre o Perdão

O perdão é central na fé cristã. Falar sobre o perdão é falar da cruz. Somente o perdão liberta da culpa e possibilita a reconciliação. Sem perdão não há paz. O perdão quebra algumas lógicas. Perdoar é um gesto, uma decisão alicerçada no amor. Perdoar é agir por graça. E a graça é algo que não compreendemos muito bem. A graça quebra a lei da causa e efeito. Por isso, nas palavras de Bono Vox, “se eu viver por meio do ‘Karma’ estou com grandes problemas”. A história da graça é a história de Cristo. O perdão é o amor em ação. A liberdade para deixar o amor agir sem que o outro tenha feito por merecer é graça. Essa liberdade só pode experimentar quem se reconhece amado e perdoado graciosamente. O perdão quebra as correntes. É o gesto que subverte a lei da causa e efeito. “Perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem como o Senhor lhes perdoou” (Colossenses 3. 13).
Além de falar a respeito do perdão a Bíblia também apresenta vários exemplos concretos de pessoas que perdoaram e foram perdoadas. Genesis 33 relata o reencontro entre Esaú e Jacó. Mais adiante, o capítulo 45 relata o emocionante momento quando José se revela aos seus irmãos que anos antes o tinham vendido como escravo. A emoção escancarada de José e suas palavras revelam que nenhuma mágoa ou ressentimento existe em seu coração. Nos Evangelhos vemos que mesmo sabendo da traição de Judas, Jesus o continua chamando de amigo (Mateus 26. 50). Outro traidor foi Pedro que negou Jesus três vezes. E, após sua ressurreição foi a Pedro que Jesus disse: “Cuide das minhas ovelhas” (João 21. 17). A experiência de ser amado e perdoado libertou Pedro para cumprir o seu chamado apostólico.
No famoso sermão da montanha encontramos Jesus ensinando: “eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem” (Mateus 5.44). Na cruz Jesus mostrou o que isso significa. Toda humanidade rebelde e inimiga de Deus estava sendo redimida, absolvida, perdoada. Entre sangue, suor e dor lancinante, o Mestre enxerga curiosos e algozes zombadores a rodear o madeiro. Lá de cima, palavras que expressam o improvável: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo” (Lucas 23. 34). Um dos dois bandidos que foram crucificados com Jesus compreendia bem a lei do carma: “Nós estamos sendo punidos com justiça, porque estamos recebendo o que os nossos atos merecem”. As palavras seguintes que ele ouviu de Jesus revelam o amor, o perdão, a graça que vira essa visão de cabeça para baixo: “Eu lhe garanto: Hoje você estará comigo no paraíso” (Lucas 23). Assim Ele me ensina a orar: “Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores” (Mateus 6. 9-13).

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