A cidade é esse espaço de vida e morte, de ordem e caos, de idas e vindas, de multidões e ao mesmo tempo solidão, do calor do sol no asfalto e da frieza nos corações. Nas últimas décadas as cidades brasileiras representaram esperança para famílias do campo que migraram em massa. As cidades tornaram-se metrópoles. O crescimento desordenado inchou a periferia. Miséria, abandono, drogas, exploração sexual, criminalidade, desemprego e todo tipo de problema social foi recebido com certa complacência pelos dirigentes públicos e poderosos das cidades. Sob a justificativa do desenvolvimento, todo tipo de programas e produtos de consumo encontrou mercado. Hoje, no Brasil a miséria é um negócio que rende bilhões. O desmatamento na Amazônia, a seca no nordeste e as favelas jamais poderão ter fim, pois servem de justificativa para alimentar cofres sem fundo de tiranos vorazes e insaciáveis. Tiranos que manobram o poder político e comandam a direção ideológica da grande mídia.
O templo de Ártemis na antiga cidade de Éfeso (Atos 19) foi uma das sete maravilhas do mundo antigo. O templo dava muito lucro. Muita gente passava por ali levavando algum suvenir de lembrança. A idolatria geralmente tem dimensões ignoradas por grande parte do povo. Uns poucos se beneficiam. São os promotores de um ídolo que a grande massa segue num fanatismo obscurantista e ignorante. A sinceridade da busca humana por Deus e por condições melhores de vida representa prato cheio a quem não tem escrúpulos para tirar disso algum proveito.
Depois de alguns poucos anos de anúncio corajoso de um Evangelho libertador, as coisas em Éfeso já não eram mais as mesmas. Um dos grandes parasitas da sociedade dos efésios se levanta num discurso ao povo: “Senhores, vocês sabem que temos uma boa fonte de lucro nesta atividade e estão vendo e ouvindo como este indivíduo, Paulo, está convencendo e desviando grande número de pessoas aqui em Éfeso e em quase toda a província da Ásia. Diz ele que deuses feitos por mãos humanas não são deuses” (Atos 19. 25, 26). Ou, que deuses produzidos nos corações humanos não são deuses. E qual foi a reação do povão? “Grande é a Ártemis dos efésios!” E hoje, como reage a ‘opinião pública’ diante dos eloqüentes discursos do deus mercado? “Todos contra a AIDS”; “Abaixo ao preconceito”; “Deixa o homem trabalhar”; “Salve Rainha”; “Roubou, mas fez”; “deus nos fez cabeça e não cauda”; “Jesus é 10, Jesus é 10”; “Aleluia”; “Viva a modernidade”; “Tudo pelo desenvolvimento”.
Na época, as ruas, praças e os templos eram lugares onde os oradores tinham acesso ao povo. Hoje a TV, rádio, revistas e jornais encontram uma tribuna de honra dentro das nossas próprias casas para manobrar as nossas mentes como bem entendem!
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